Direito Empresarial I. Aula 3

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TEORIA GERAL DO

DIREITO
SOCIETÁRIO
PROFESSOR EGINARDO ROLIM
INTRODUÇÃO

• Sociedades Simples X Sociedades Empresárias.


Qual a diferença?
• Sociedades simples: são aquelas que exploram
atividade econômica não empresarial, como as
sociedades uniprofissionais (médicos,
advogados...)
• Sociedades empresárias: que exploram atividade
empresarial (exercem profissionalmente
atividade econômica organizada...)
1. SOCIEDADE EMPRESÁRIA

1.1. Conceito de sociedade empresária

As sociedades podem ser:


. Empresárias
. Não empresárias

CÓDIGO CIVIL:
Art. 982. Salvo as exceções expressas,
considera-se empresária a sociedade que tem por
objeto o exercício de atividade própria de
empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples,
as demais.
1.1 CONCEITO DE SOCIEDADE EMPRESÁRIA

Característica da sociedade empresária:


modo de exploração do objeto social

Art. 966. Considera-se empresário quem exerce


profissionalmente atividade econômica organizada para a
produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único - Não se considera empresário quem
exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária
ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou
colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir
elemento de empresa.

Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro


Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do
início de sua atividade.
1.1 CONCEITO DE SOCIEDADE EMPRESÁRIA

Exceção: produtor rural

CÓDIGO CIVIL:
Art. 971. O empresário, cuja atividade
rural constitua sua principal profissão,
pode, observadas as formalidades de que
tratam o art. 968 e seus parágrafos,
requerer inscrição no Registro Público de
Empresas Mercantis da respectiva sede,
caso em que, depois de inscrito, ficará
equiparado, para todos os efeitos, ao
empresário sujeito a registro.
1.1 CONCEITO DE SOCIEDADE EMPRESÁRIA

Exceção: a sociedade anônima será


sempre empresária e a cooperativa
será simples

Art. 982. ...


Parágrafo único - Independentemente de seu
objeto, considera-se empresária a sociedade por
ações; e, simples, a cooperativa.
1.2. PERSONALIZAÇÃO DA SOCIEDADE
EMPRESÁRIA

A pessoa jurídica tem existência autônoma das


pessoas que a compõem, adquirindo personalidade
jurídica com sua inscrição.

CÓDIGO CIVIL:

Art. 985. A sociedade adquire


personalidade jurídica com a inscrição, no
registro próprio e na forma da lei, dos seus
atos constitutivos (arts. 45 e 1.150).
1.2. PERSONALIZAÇÃO DA SOCIEDADE
EMPRESÁRIA

As sociedade empresárias devem


inscrever-se na Junta Comercial e as
sociedades simples no Cartório de
Registro Civil de Pessoas Jurídicas

CÓDIGO CIVIL:

Art. 1.150. O empresário e a sociedade empresária


vinculam-se ao Registro Público de Empresas
Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a
sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas
Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas
para aquele registro, se a sociedade simples adotar
um dos tipos de sociedade empresária.
1.2. PERSONALIZAÇÃO DA SOCIEDADE
EMPRESÁRIA

Consequências da personalização:

 Titularidade negocial

Titularidade processual

Responsabilidade patrimonial
1.2. PERSONALIZAÇÃO DA
SOCIEDADE EMPRESÁRIA

Consequências da personalização:

 Titularidade negocial: Quando a sociedade


realiza negócios (compra de matéria prima,
celebra contrato de trabalho...), embora o faça
por meio de um representante, é a sociedade
que efetivamente é responsável pelo negócio.
1.2. PERSONALIZAÇÃO DA SOCIEDADE
EMPRESÁRIA

Consequências da personalização:

Titularidade processual: a pessoa jurídica pode demandar e ser


demandada em juízo; tem capacidade para ser parte processual.
1.2. PERSONALIZAÇÃO DA SOCIEDADE
EMPRESÁRIA

Consequências da personalização:

Responsabilidade patrimonial: a sociedade terá


patrimônio próprio, sendo este inconfundível e
incomunicável com o patrimônio individual de
cada um de seus sócios. Os sócios, em regra, não
responderão pelas obrigações sociais.
1.2. PERSONALIZAÇÃO DA SOCIEDADE
EMPRESÁRIA

Fim da personalização: extinção ou dissolução (3


fases):

 Ato de dissolução: ato de


desfazimento da constituição da
sociedade;
 Liquidação: realização do ativo e
pagamento do passivo da sociedade;
 Partilha: sócios participam do acervo
da sociedade.
1.3. CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES
EMPRESÁRIAS
• 1.3.1. Quanto a responsabilidade dos sócios
pelas obrigações sociais:
• ILIMITADA: todos os sócios respondem
ilimitadamente pelas obrigações sociais:
sociedade em comum (CC, art. 990) e sociedade
em nome coletivo (CC, art. 1.039).
• LIMITADA: todos os sócios respondem
limitadamente pelas obrigações sociais: sociedade
limitada (CC , art. 1.052) e sociedade anônima (CC
, art. 1.088).
• MISTA: uma categoria de sócios responde
ilimitadamente e outra categoria responde
limitadamente: sociedade em comandita simples
(CC , art. 1.045) e sociedade em comandita por
ações (CC , art. 1.091).
1.3. CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES
EMPRESÁRIAS

• 1.3.2. Quanto ao regime de


constituição e dissolução:
• Sociedades contratuais – o ato constitutivo
é o contrato social: sociedade em nome
coletivo, sociedade em comandita simples e
sociedade limitada (Ltda.).
• Sociedades institucionais ou estatutárias
- o ato constitutivo é o estatuto social:
sociedade anônima e sociedade em
comandita por ações (Lei 6.404/76).
• Sociedades despersonalizadas - não têm
personalidade jurídica: sociedade em comum
e sociedade em conta de participação.
1.3. CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES
EMPRESÁRIAS
• 1.3.3. Quanto às condições de alienação da
participação societária

• Sociedades de pessoas - o ingresso de


terceiros depende de anuência dos demais sócios
(CC, art. 1.003). Ocorre nas sociedades
contratuais. Ex: N/C e C/S.

• Sociedades de capital - há plena liberdade na


circulação das ações ou das quotas. Ocorre nas
sociedades por ações. Ex: S/A.

• A sociedade limitada pode optar pelo regime


de uma ou outra (CC, art. 1.053).
1.3. CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES
EMPRESÁRIAS

• 1.3.3. Quanto às condições de alienação da


participação societária

• OBS: A conceituação de sociedades de pessoas e


sociedades de capital leva em consideração ÚNICA e
exclusivamente o direito de o sócio impedir o ingresso de
terceiro não sócio na primeira; já na segunda, o mais
importante é o capital.
1.3. CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES
EMPRESÁRIAS

• 1.3.3. Quanto às condições de alienação da participação


societária
• Em função desta classificação é que o direito societário admite-se algumas
situações, tais como:
- Impenhorabilidade do capital social (por dívidas pessoais dos sócios) de uma
sociedade de pessoas;
- Dissolução parcial por morte de sócio, quando um dos sobreviventes não concorda
com o ingresso do sucessor do falecido;
- A LTDA é considerada de pessoas, porém, o contrato social pode lhe conferir
natureza capitalista.
1.4. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE
JURÍDICA (DISREGARD DOCTRINE)
• Conceito: teoria que autoriza o Poder
Judiciário a ignorar, episodicamente, a
autonomia patrimonial da pessoa jurídica.

• Pressuposto: fraude ou mau uso da pessoa


jurídica (não é suficiente a sua simples
insolvência), por meio da separação
patrimonial.

• Amparo legal: CDC, art. 28, Lei nº


12.529/2011 (Antitruste), art. 34, Lei nº
9.605/98 (Meio Ambiente), art. 4º e CC art. 50.
2. CONSTITUIÇÃO DAS SOCIEDADES
CONTRATUAIS
• 2.1. ATO CONSTITUTIVO

• Natureza – contrato plurilateral – em


princípio, a vontade dos contratantes
(sócios) converge para o mesmo
objetivo comum. Do contrato social
surge uma nova pessoa (sociedade),
perante a qual os sócios se obrigam.
2. CONSTITUIÇÃO DAS SOCIEDADES
CONTRATUAIS

2.2. REQUISITOS DE VALIDADE

2.2.1. Requisitos genéricos – CC, art. 104: agente


capaz, objeto lícito e possível (sociedade empresária ou
sociedade simples) e forma prescrita ou não defesa em
lei.

2.2.2. Requisitos específicos – todos os sócios devem


contribuir para a formação do capital social (CC, art. 981),
bem como participar dos lucros e prejuízos (CC, art.
1.008).

2.2.3. Pressupostos de existência – affectio societatis e


pluralidade de sócios (exceções: subsidiária integral e
unipessoalidade incidental temporária CC, art. 1.033, IV).
2. CONSTITUIÇÃO DAS SOCIEDADES
CONTRATUAIS

2.3. CLÁUSULAS CONTRATUAIS

2.3.1. CLÁUSULAS ESSENCIAIS (CC, art. 997):

a) Qualificação dos sócios


b) Nome empresarial
c) Objeto social
d) Sede e foro
e) Prazo de duração
f) Exercício fiscal
2. CONSTITUIÇÃO DAS SOCIEDADES
CONTRATUAIS

2.3. CLÁUSULAS CONTRATUAIS

2.3.1. CLÁUSULAS ESSENCIAIS (CC, art. 997):

g) Capital social: valor, distribuição e forma de


integralização.
h) Nomeação do administrador
i) Participação dos sócios nos lucros e perdas
j) Responsabilidade dos sócios, de acordo com
o tipo societário eleito.
2. CONSTITUIÇÃO DAS SOCIEDADES
CONTRATUAIS

2.3. CLÁUSULAS CONTRATUAIS


2.3.2. CLÁUSULAS ACIDENTAIS:
a) Retirada ou sucessão: ingresso de
terceiros, apuração de haveres, forma de
reembolso, prazo, procedimentos, etc.
b) Cláusula arbitral: modo de eleição do
árbitro e condições da arbitragem
c) Justa causa para exclusão de sócios
d) Funções e poderes dos administradores
e) Outras de interesse dos sócios.
2. CONSTITUIÇÃO DAS SOCIEDADES
CONTRATUAIS

FORMALIDADES:

 Assinatura de todos os sócios

 Visto de advogado
2. CONSTITUIÇÃO DAS SOCIEDADES
CONTRATUAIS

2.4. FORMA DO CONTRATO SOCIAL

Forma escrita (CC, art. 997): por


instrumento público ou particular

Hipóteses especiais:

a) integralização de capital com bens


imóveis: descrição do imóvel como exigido
para o registro imobiliário e outorga do
cônjuge (LRE – Lei nº 8.934/94, art.35, VII).
2. CONSTITUIÇÃO DAS SOCIEDADES
CONTRATUAIS

2.5. ALTERAÇÃO DO CONTRATO SOCIAL

2.5.1. Por deliberação dos sócios:


• Sociedade em nome coletivo e Comandita Simples:
unanimidade, no caso de cláusula essencial (CC, art.
999).
• Limitada: 3/4 do capital para modificação do contrato
social (CC, art. 1076, I).
Sócios dissidentes: direito de retirada e reembolso
pela valor patrimonial das quotas. O contrato pode
prever unanimidade, para todas ou algumas
cláusulas, de acordo com o interesse dos sócios.
2.5.2. Por decisão judicial:
• Obrigação de fazer determinada por autoridade
judicial
2. CONSTITUIÇÃO DAS SOCIEDADES
CONTRATUAIS

2.5. ALTERAÇÃO DO CONTRATO SOCIAL

• A alteração contratual não está vinculada à forma do


ato constitutivo (LRE, art. 53)

• Assinatura da alteração: desde que seja juntado o


instrumento de deliberação (ata de reunião ou de
assembleia) ou, ainda, juntada a decisão judicial,
bastará a assinatura de sócio ou sócios que
representam a maioria do capital social, salvo cláusula
proibitiva no contrato social. (LRE, art. 35, VI)

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