Filosofia Da Arte

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A DIMENSÃO ESTÉTICA

ANÁLISE E COMPREENSÃO DA EXPERIÊNCIA ESTÉTICA

FILOSOFIA DA ARTE
Experiência estética
é algo de que o ser humano é capaz e que se
dá na presença de certos objetos. Distingue-
se de outras experiências humanas por ter
como matiz o agrado ou desagrado que
partem da contemplação.
Estética
INTRODUÇÃO
é uma das disciplinas da filosofia, inserida na
À FILOSOFIA área da teoria dos valores, que estuda, de
uma maneira genérica, os sentimentos
DA ARTE conceitos e juízos resultantes da nossa
apreciação da classe de objetos capazes de
proporcionar uma experiência estética.
Filosofia da arte
Foca-se nos objetos artísticos, isto é,
produzidos para proporcionar uma
experiência estética. Dependendo da
perspetiva, pode ou não estar incluída na
estética.
01 02 03
O problema da Teorias Teorias não
definição de essencialistas: a essencialistas: a
arte. arte como teoria
representação, a institucional e a
arte como teoria histórica.
expressão e a
arte como forma.

CONTEÚDOS DA UNIDADE
O PROBLEMA DA DEFINIÇÃO DE ARTE

Como podemos definir a arte?


Existe um conjunto de
características comuns a todas
as obras de arte? Se existe,
quais são?

Nota: Não se trata de distinguir


a boa da má arte.
RESPOSTAS AO PROBLEMA DA DEFINIÇÃO DE ARTE
UMA PRIMEIRA DISTINÇÃO

Teorias essencialistas Teorias não essencialistas

Defendem que não é possível definir a arte a


Defendem que é possível definir a arte a
partir de características intrínsecas aos objetos
partir das características dos próprios
de arte, mas apenas a partir de características
objetos. Analisaremos as seguintes teorias
ou condições extrínsecas e relacionais.
essencialistas:
Analisaremos as seguintes teorias não essencialistas:
- A arte como representação (ou imitação) - Teoria institucional da arte

- A arte como expressão - Teoria histórica da arte

- A arte como forma significante


A ARTE COMO
REPRESENTAÇÃ
O
ARTE COMO REPRESENTAÇÃO OU IMITAÇÃO

Se é arte, então é imitação.

“Toda a arte é imitação.”


Platão, Livro X, República
Aristóteles, Poética
O CÂNONE REPRESENTACIONISTA
Segundo Aristóteles, a pintura, a escultura,
a música e a poesia são formas de mimesis.
A palavra mimesis traduz-se habitualmente
como imitação.
O QUE É SER É mais apropriado traduzir-se como
representação.
MIMESIS DE
Toda a imitação é representação, mas nem
ALGO? toda a representação é imitação.
A imitação funciona por semelhança. A
representação, refere.
Por isso, é imitação aquilo que refere
outra coisa.
SÃO TODAS Referem algo diferente
REPRESENTAÇÕES? de si mesmas?
Platão apresenta apenas uma condição necessária.
ATENÇÃO Não apresenta uma verdadeira definição. Para o
fazer, era requerido que apresentasse condições
necessárias e suficientes.
Sabemos que se for arte é uma representação.
Mas é óbvio que nem toda a representação é arte.

Assim, o que devemos dizer é que a teoria da


arte como representação distingue aquilo
que pode ser arte daquilo que não é.
A representação foi durante muito tempo o
principal cânone da criação artística. Basta
visitarmos um museu de arte antiga para
confirmarmos isso mesmo.
ARGUMENTOS A arte tem sido largamente apreciada pela sua
A FAVOR capacidade para representar fielmente
diferentes aspetos da realidade.
A representação oferece um critério
reconhecível, aplicável, para avaliar a
qualidade artística das obras de arte. (quanto
mais fiel a representação, melhor a obra de
arte).
OBJEÇÕES
◼ A op arte, alguma música instrumental, e algumas obras de
arquitetura, entre outras, não parecem tentar representar
algo.

◼ Se, numa tentativa de evitarmos estes contra-exemplos,


procurarmos entender o conceito representação de uma
forma mais abrangente (aquilo que pode ser interpretado),
então a noção de representação torna-se vazia e inaplicável
enquanto característica definidora de arte.

◼ Se a arte for essencialmente uma representação da realidade


as pinturas impressionistas são obras de arte menores que
qualquer fotografia. Ora, sustentar quer qualquer fotografia é
melhor do que qualquer pintura ou música, entre outras,
parece muito pouco razoável, pelo que devemos aceitar que
representar algo, pelo menos de uma forma fiel, está longe
de ser uma característica essencial da arte.
A ARTE COMO
EXPRESSÃO
(TOLSTOI, SÉC XIX)
A ARTE COMO EXPRESSÃO

Algo é arte se e só se

1) foi produzido por alguém com o intuito de


exprimir os seus sentimentos pessoais,
2) de modo a contagiar os outros com o mesmo
tipo de sentimentos.
O público
experimenta o
O artista cria algo
O artista sente mesmo tipo de
que expressa
algo. sentimentos no
esses sentimentos.
contacto com a
obra de arte.
A relação entre arte e emoção é inegável e permite
explicar o enorme poder que a arte exerce sobre as
pessoas.

O poder emocional da arte é frequentemente a melhor


ARGUMENTOS justificação para explicar por que razão o contacto direto
com as obras de arte é insubstituível (nenhuma descrição
A FAVOR de uma dada obra de arte, por mais precisa e completa
que seja, substitui o contacto direto com a mesma).

A capacidade expressiva é frequentemente um critério


reconhecível para avaliar a qualidade das obras de arte.
OBJEÇÕES
Dificilmente todos os artistas que contribuem para
obras de arte coletivas experimentam a mesma
emoção; e é improvável que os romancistas, que
chegam a levar anos a escrever as suas obras, o
façam sempre sob o mesmo efeito emocional.
Para sabermos se há realmente uma emoção a ser
expressa teríamos de ter acesso à mente do criador,
incluindo artistas do passado distante.

Há muitos tipos de obras que habitualmente


entendemos como arte que não parecem exprimir
coisa alguma: pintura abstrata geométrica, op arte,
algumas obras arquitetónicas, alguma música, etc.
ARTE COMO
FORMA
ARTE COMO FORMA (CLIVE BELL, SÉC. XX)

Algo é arte se e só se apresenta uma forma significante.

O autor defende que a condição necessária e suficiente é a exibição de uma


forma significante, isto é, uma forma interessante em si mesma, capaz de
suscitar uma emoção estética, um tipo particular de emoção que todas as
pessoas sensíveis experimentam perante artefactos artísticos.
São as características formais da obra que permitem apreciar a obra de
arte. O conteúdo é irrelevante.
A EMOÇÃO (E O
VALOR) DEVEM SURGIR
APENAS DA FORMA

Note-se que esta obra expressa


emoções da vida e, segundo
Bell, não é essa a emoção
específica despertada pelas
obras de arte.
O valor desta obra é descritivo.
Tem inclusivamente um certo
desequilibrio formal.
Por isso, no limite, esta não é
uma obra de arte.
Evita contraexemplos como os que geralmente
são apontados às definições anteriores.

Explica por que razão a arte é objeto de


contemplação absorta (desinteressada).
ARGUMENTOS
A FAVOR A mesma história contada de formas diferentes
gera em nós um efeito diferente, pelo que é a
forma que é relevante e não o conteúdo.

É compatível com a ideia de que muita arte tem


conteúdo representacional e expressivo.
OBJEÇÕES

◼ É demasiado inclusiva (abrangente), pois há coisas que


não são arte e cuja forma é percetualmente indistinguível
de outras (algumas obras de Warhol, ready-made de
Duchamp, etc.) e que são classificadas como arte.

◼ A definição cai em circularidade, pois explica-se a noção


de forma significante como algo aquelas propriedades que
causam emoção estética e explica-se a emoção estética
como aquilo que é causado pela forma significante.
◼ Assenta numa conceção elitista da arte, ao reconhecer que
a sensibilidade para se emocionar esteticamente e a
capacidade para a apreensão da pura forma não estão ao
alcance de todos (nem todas as pessoas estão aptas a
apreciar a arte).
O CEPTICISMO
A PASSAGEM PARA O NÃO ESSENCIALISMO
M. WEITZ

◼ Em meados do século XX, Weitz escreve um artigo a questionar se será


possível ou não definir a arte a partir de características intrínsecas à
mesma e conclui que tal não é possível.
◼ Segundo Weitz, apenas os conceitos fechados podem ser definidos a
partir da sua essência e arte é um conceito aberto.
◼ Os conceitos abertos são suscetíveis a mudanças e, como tal, não
podem ser definidos por condições necessárias e suficientes construídas
a partir da sua essência.
◼ Embora Weitz defendesse a impossibilidade de definir a arte, na
realidade o seu artigo não termina a discussão acerca da arte, mas
marca o início de tentativas não essencialistas de resposta ao problema.
TEORIA
INSTITUCIONA
L DA ARTE
(G. DICKIE, SEC. XX)
TEORIA INSTITUCIONAL

Algo é arte se e só se

1) É um artefacto

2) foi-lhe conferido o estatuto de candidato a apreciação por parte


de alguma pessoa ou pessoas que atuam em nome de uma dada
instituição (o mundo da arte).
NOTAS À DEFINIÇÃO

◼ Artefacto é entendido num sentido lato. Um conjunto de


movimentos ou um conjunto de melodias podem ser entendidos
como artefactos.
◼ Do mundo da arte fazem parte os artistas, os críticos, os galeristas
e o público, ou outros que tenham relevância no contexto artístico.
◼ É de notar que esta já não é uma teoria essencialista. Por isso,
embora Dickie defenda a existência de condições necessárias e
suficientes para definir o objeto de arte, estabelece-as a partir do
contexto em que a obra de arte surge e não a partir das
características do próprio objeto.
É uma definição prática e, possivelmente,
bastante próxima da verdade: é arte o que o
mundo da arte considera como tal.

São os entendidos que têm mais conhecimento


ARGUMENTOS e experiência para distinguir arte de não arte e
A FAVOR esta teoria permite que sejam os mesmos a
distinguir a arte do que não o é.

É uma teoria bastante ampla, que permite a


inclusão de variadíssimos tipos de arte.
◼ Apresenta uma definição circular: O estatuto de
arte é atribuído por representantes do mundo da
arte. Ora, para saber o quem pertence ao mundo
da arte, temos de saber o que é a arte. Assim, só
podemos perceber o que é a arte se definirmos o
que é o mundo da arte e só podemos saber o que é
o mundo da arte se definirmos o que é a arte.
◼ Impossibilita a existência de arte primitiva e arte
solitária: como foi criada a arte primitiva, a primeira
obra? E se for criada uma obra fora dos circuitos
institucionais da arte, não pode tratar-se de arte?

OBJEÇÕES ◼ Tem como consequência um dilema, em que


nenhuma das opções é favorável à teoria: ou
qualquer coisa pode ser arte desde que lhe seja
atribuído o estatuto, ou nem tudo pode ser arte,
pois esse estatuto não pode ser atribuído a tudo. Se
qualquer coisa pode tornar-se arte, desde que esse
estatuto seja atribuído, então ser classificado como
arte é arbitrário e, nesse sentido, não há razões
sequer para tentarmos definir uma regularidade
qualquer. Se nem tudo pode ser arte, então há
certas características que permitem a distinção, e
são essas as características que devem ser
apresentadas na definição.
A TEORIA HISTÓRICA DA ARTE (LEVINSON, SEC. XX)
TEORIA HISTÓRICA DA ARTE

Algo é uma obra de arte se, e só se, há ou houve, da parte


do titular a intenção séria de que seja encarado como as
obras de arte pré-existentes são ou foram encaradas.
NOTAS À DEFINIÇÃO

A teoria histórica apresenta, assim, três condições:


1) O titular do objeto ou acontecimento deve ter a séria intenção de que o mesmo seja
perspetivado como arte;

2) Quem apresenta a obra de arte deve ser o seu justo titular;

3) Devem existir obras de arte anteriores que estabeleçam o contexto à obra proposta, i.e., a
nova obra de arte deve poder ser inserida num certo contexto de obras de arte ou ser
perspetivada de uma certa forma como outras obras foram. Isto significa que o artista conhece a
história da arte e procura inserir conscientemente a sua obra numa determinada conceção de
arte ou o artista não conhece a história da arte, mas pretende que a sua obra seja perspetivada
como outras obras no passado foram.
Permite enquadrar uma grande
diversidade de objetos ou
acontecimentos artísticos.

Dá relevância ao papel do artista


ARGUMENTOS
que é quem permite ou não a
A FAVOR classificação de algo como arte.

Dá um contexto mais preciso do que


“mundo da arte” para situar
relacionalmente os objetos artísticos.
OBJEÇÕES
◼ O critério recursivo (ser visto como o eram as obras
anteriores, e as anteriores como as anteriores, e
assim sucessivamente) em que se baseia a definição
de Levinson gera o problema de explicar a existência
da primeira obra de arte, dado não haver outras
anteriores com as quais estabelecer qualquer relação.
◼ Há obras de arte cujos autores nunca tiveram a
intenção de que elas fossem sequer vistas (por
exemplo, as Cartas Portuguesas, da Soror Mariana
Alcoforado; alguma obras de Kafka).
◼ Há obras que são habitualmente classificadas como
arte e cujos proprietários não têm qualquer relação
com o seu autor, nem de modo algum o representam
ou com ele negociaram direitos (arte mural, graffiti)

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