Aula 05 Da Formação Dos Contratos
Aula 05 Da Formação Dos Contratos
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1. A MANIFESTAÇÃO DA VONTADE
Vontade humana se processa inicialmente na mente das
pessoas. É o momento subjetivo, psicológico,
representado pela própria formação do querer.
O momento objetivo é aquele em que a vontade se revela
por meio da declaração. Somente nesta fase ela se torna
conhecida e apta a produzir efeitos nas relações
jurídicas.
Por isso se diz que, em rigor, é a declaração da vontade,
e não ela própria, que constitui requisito de existência
dos negócios jurídicos e, conseguintemente, dos
contrato.
▪ O CONTRATO É UM ACORDO DE VONTADES QUE
TEM POR FIM CRIAR, MODIFICAR OU EXTINGUIR
DIREITOS.
▪ Constitui o mais expressivo modelo de negócio jurídico
bilateral.
▪ A manifestação da vontade pode ser expressa ou
tácita. Poderá ser tácita quando a lei não exigir que
seja expressa (CC, art. 111). Expressa é a exteriorizada
verbalmente, por escrito, gesto ou mímica, de forma
inequívoca. Algumas vezes a lei exige o consentimento
escrito como requisito de validade da avença.
▪O silêncio pode ser interpretado como
manifestação tácita da vontade quando as
circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não
for necessária a declaração de vontade expressa
(CC, art. 111), e, também, quando a lei o autorizar,
como nos arts. 539 (doação pura), 512 (venda a
contento, quando não estiver satisfeito), 432 (praxe
comercial) etc., ou, ainda, quando tal efeito ficar
convencionado em um pré-contrato.
▪ 2. NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES
▪ O contrato resulta de duas manifestações de vontade:
▪ A PROPOSTA E A ACEITAÇÃO.
▪ A primeira, também chamada de oferta, policitação ou
oblação, dá início à formação do contrato e não
depende, em regra, de forma especial.
▪ Nem sempre, no entanto, o contrato nasce
instantaneamente de uma proposta seguida de uma
imediata aceitação.
▪ Na maior parte dos casos a oferta é antecedida de
uma fase, às vezes prolongada, de negociações
preliminares caracterizada por sondagens,
conversações, estudos e debates (tractatus,
trattative, pourparlers), também denominada
fase da puntuação.
▪ Nesta, como as partes ainda não manifestaram a sua
vontade, não há nenhuma vinculação ao negócio.
▪ Qualquer delas pode afastar-se, simplesmente
alegando desinteresse, sem responder por
perdas e danos. Mesmo quando surge um projeto ou
minuta, ainda assim não há vinculação das pessoas.
▪ Tal responsabilidade só ocorrerá se ficar
demonstrada a deliberada intenção, com a falsa
manifestação de interesse, de causar dano ao
outro contraente, levando-o, por exemplo, a perder
outro negócio ou realizando despesas.
▪ O fundamento para o pedido de perdas e danos da
parte lesada não é, nesse caso, o inadimplemento
contratual, mas a prática de um ilícito civil (CC, art.
186).
Embora as negociações preliminares não
gerem, por si mesmas, obrigações para
qualquer dos participantes, elas fazem surgir,
entretanto, deveres jurídicos para os
contraentes, decorrentes da incidência do
princípio da boa-fé, sendo os principais os
deveres de lealdade e correção, de
informação, de proteção e cuidado e de
sigilo.
▪ A violação desses deveres durante o transcurso das
negociações é que gera a responsabilidade do
contraente, tenha sido ou não celebrado o contrato.
▪ Essa responsabilidade ocorre, pois, não no
campo da culpa contratual, mas da aquiliana
(extracontratual), somente no caso de um deles
induzir no outro a crença de que o contrato será
celebrado GEROU EXPECTATIVA, levando-o a
despesas ou a não contratar com terceiro etc. e
depois recuar, causando-lhe dano. Essa
responsabilidade tem, porém, caráter excepcional
▪ Na Jornada de Direito Civil realizada em Brasília em
setembro de 2002, já mencionada (STJ-CJF), foi
aprovada a Conclusão n. 25, do seguinte teor: “O art.
422 do Código Civil não inviabiliza a aplicação,
pelo julgador, do princípio da boa-fé nas fases
pré e pós-contratual”.
▪ Pode-se afirmar que, mesmo com a redação
insuficiente do aludido art. 422, nela estão
compreendidas as tratativas preliminares,
antecedentes do contrato, que podem acarretar a
responsabilidade pré-contratual.
▪ Também surgem, nas tratativas, deveres de lealdade,
decorrentes da simples aproximação pré-contratual.
▪ Censura-se, assim, quem abandona
inesperadamente as negociações já em
adiantado estágio, depois de criar na outra parte
a expectativa da celebração de um contrato para
o qual se preparou e efetuou despesas, ou em
função do qual perdeu outras oportunidades.
▪ Proclamou a 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça
que “a responsabilidade pré-contratual não decorre do
fato de a tratativa ter sido rompida e o contrato não ter
sido concluído, mas do fato de uma das partes ter
gerado à outra, além da expectativa legítima de que o
contrato seria concluído, efetivo prejuízo material”.
▪ Frisou o relator que, no caso sub judice, “houve
o consentimento prévio mútuo, a afronta à boa-
fé objetiva com o rompimento ilegítimo das
tratativas, o prejuízo e a relação de causalidade
entre a ruptura das tratativas e o dano sofrido.
▪ De outra feita, a mesma Turma decidiu que a
responsabilidade pré-contratual pode gerar dever
de indenizar despesas, mesmo que o contrato não
seja fechado.
▪ Asseverou o relator que, “na fase de nascimento,
o princípio da boa-fé objetiva já impõe deveres às
partes, ainda que não tenha ocorrido a celebração
definitiva do ato negocial.
▪ Antes mesmo da conclusão do negócio
jurídico, são estabelecidas entre as pessoas
certas relações de fato, os chamados
‘contatos sociais’, que dão origem a deveres
jurídicos, cuja violação importa
responsabilidade civil.
▪ 3. A PROPOSTA