Aplicabilidade Das Normas Constitucionais
Aplicabilidade Das Normas Constitucionais
Aplicabilidade Das Normas Constitucionais
Constitucionais
Profa. Laura Marques
APLICABILIDADE DAS NORMAS
CONSTITUCIONAIS:
Eficácia Plena (direta e imediata)
Eficácia Contida (direita e imediata, mas sujeita a restrições)
Eficácia Limitada (princípios instituitivos ou programáticos com aplicabilidade reduzida).
Eficácia Plena
Por lei (art. 5º, XIII, cf/88) – restrição ao exercício do trabalho ou ofício, que poderão ser
impostas pela lei que estabelecer as qualificações profissionais.
Por normas constitucionais – (art. 139, cf/88) restrições a alguns direitos fundamentais
durante o Estado de sítio.
Por conceitos éticos-jurídicos – geralmente pacificados pela comunidade jurídica, e por
isso acatados, (art. 5º, XXV, em que o conceito de “iminente perigo público” atua como
uma restrição imposta ao poder do Estado de requisitar propriedade particular).
Eficácia Limitada
São aquelas que só produzem efeitos depois de exigida a regulamentação. Elas asseguram
determinado direito , mas este não poderá ser exercido enquanto não for regulamentado.
Enquanto não for regulamentado o exercício do direito permanece impedido. São por isso
dotadas de aplicabilidade:
Mediata – pois somente produzem seus efeitos essenciais ulteriormente, depois da
regulamentação
Indireta – porque não asseguram , diretamente, o exercício do direito, dependendo de
norma regulamentadora
Reduzida- eis que com a promulgação da constituição sua eficácia é meramente
“negativa”.
Com efeito, as normas de eficácia limitada foram divididas pelo Professor José Afonso da
Silva em dois grupos: as definidoras de princípios institutivos (organizativos ou
orgânicos)e as definidoras de princípios programáticos.
As normas de eficácia limitada definidoras de princípios institutivos (organizativos ou
orgânicos) são aquelas pelas quais o legislador constituinte traça esquemas gerais de
estruturação e atribuições de órgãos ou entidades, para que o legislador ordinário os
estruture posteriormente, mediante lei.
São exemplos: “a lei disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos
territórios” (art. 33, CF/88); “a lei disporá sobre a criação, estruturação e atribuições dos
ministérios”(art. 88, CF/88); “a lei regulará a organização e o funcionamento do conselho
de defesa nacional”(art. 91, $ 2º, CF/88); “a lei disporá sobre a Constituição, investidura,
jurisdição, competência, garantias e condições de exercício dos órgãos da justiça do
trabalho" (art, 113, CF/88).
As normas de eficácia limitada definidoras de princípios programáticos são aquelas pelas
quais o constituinte, em vez de regular, direta e imediatamente, determinados interesses,
limitou-se a lhes traçar os princípios para serem cumpridos pelos seus órgãos (legislativos,
executivos, jurisdicionais e administrativos), como programas das respectivas atividades,
visando à realização dos fins sociais do Estado.
Exemplo: o inciso LXXIV do art. 5º, CF/88, estabelece que o Estado prestará assistência
jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos. Trata-se,
conforme já decidiu o STF, de norma de aplicabilidade imediata (eficácia plena), isto é, o
indivíduo pode, com a simples promulgação da CF/88, pleitear essa assistência gratuita,
sem necessidade de aguardar qualquer regulamentação por lei.
Por outro lado, é norma que exige uma prestação positiva por parte do poder público, que
deverá, por meio das defensorias públicas (art. 134, CF/88), concretizar essa determinação
constitucional.
Princípio da supremacia da Constituição
Normas constitucionais põem-se acima das demais normas jurídicas (hierarquia) e essa
preeminência é que vai constituir superioridade da Constituição.
Não por outra razão, em decorrência da supremacia da Constituição e da Rigidez de seu
texto, é possível questionar a constitucionalidade dos diplomas infraconstitucionais (e das
emendas constitucionais) por intermédio do controle de constitucionalidade.
Princípio da interpretação conforme a
Constituição
Postulado que não se presta à interpretação das normas constitucionais propriamente, e sim
da legislação infraconstitucional”, encontra sua morada nas chamadas normas polissêmicas
ou plurissignificativas, isto é, aquelas que podem ser interpretadas de maneiras diversas.
Segundo Virgílio Afonso da Silva, “(...) é fácil perceber que quando se fala em
interpretação conforme à constituição não se está falando de interpretação constitucional,
pois não é a constituição que deve ser interpretada em conformidade com ela mesma, mas
as leis infraconstitucionais. A Interpretação conforme a constituição pode ter algum
significado, então, como um critério para a interpretação das leis, mas não para a
interpretação constitucional”
Imaginemos que uma norma “A” possua três leituras normativas possíveis: de todas, deve-
se escolher aquela que seja mais conforme à Constituição, que esteja em consonância com
o texto da Carta Maior, pois, dessa forma, mantém-se à norma no ordenamento jurídico,
evitando sua declaração de inconstitucionalidade.
É, pois, um princípio que prestigia o ideal de presunção relativa de constitucionalidade das
leis e opera a favor da conservação da norma legal, que não deve ser extirpada do
ordenamento se à ela resta um sentido que se coaduna com a Constituição,
Conforme Gomes Canotilho: “a interpretação conforme a Constituição só é legítima
quando existe um espaço de decisão (espaço de interpretação) aberto a várias propostas
interpretativas, umas em conformidade com a Constituição e que devem ser preferidas, e
outra sem desconformidade com ela”.
Há, no entanto, regras a serem observadas ante a utilização da interpretação conforme à
Constituição:(1) primeiro, se o texto do dispositivo é unívoco, isto é, não tolera
interpretações múltiplas, não há que se falar em interpretação conforme.
Conforme esclareceu o STF, a interpretação conforme só é “utilizável quando a norma
impugnada admite, dentre as várias interpretações possíveis, uma que a compatibilize com
a Carta Magna, e não quando o sentido da norma é unívoco”.
Segundo, não são aceitáveis violações à literalidade do texto, afinal o intérprete encontra
seu limite de atuação no perímetro que envolve as possibilidades hermenêuticas do texto,
não podendo, jamais, atuar como legislador positivo, criando norma nova a partir da tarefa
interpretativa.
Tampouco está o intérprete autorizado a ferir a finalidade inequivocamente pretendida e
desejada pelo legislador, haja vista os objetivos da lei terem de ser considerados.
Em outras palavras: a vontade do juiz-intérprete não pode simplesmente substituirá do
legislador, de forma que a interpretação funcione como um princípio de autolimitação
judiciária”.
Nesse sentido é a síntese do STF: “se a única interpretação possível para compatibilizar a
norma com a Constituição contrariar o sentido inequívoco que o Poder legislativo pretende
dar, não se pode aplicar o princípio da interpretação conforme a Constituição, que
implicaria, em verdade, criação de norma jurídica, o que é privativo do legislador
positivo”.
Princípio da presunção de constitucionalidade
das leis
Como os poderes públicos extraem suas competências da Constituição, por consequência
presume-se que eles agem estritamente em consonância com esta.
Isso confere às norma produzidas pelo Poder Legislativo (e também pelos demais poderes,
no exercício da função atípica de natureza legislativa) a presunção de serem
constitucionais, de terem sido engendradas em conformidade com o que prescreve à Carta
Maior
Acaso não existisse essa presunção, não se poderia falar em imperatividade das normas
jurídicas, característica necessária para impor a obediência delas a todos.
Ressalte-se que essa presunção é apenas relativa, isto é, admite prova em contrário, o que
autoriza que as normas (infraconstitucionais ou constitucionais derivadas) submetam-se ao
controle de constitucionalidade, que tem como objetivo precípuo manter a higidez do
ordenamento jurídico e assegurar a supremacia da Carta constitucional.
Princípio da unidade da Constituição
Idealizado por Konrad Hesse, preceitua ser função do intérprete sempre “valorizar as
soluções que possibilitem a atualização normativa, a eficácia e a permanência da
Constituição”.