DivergVontade#Declaração

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Vontade Negocial

Negócio Jurídico = Declaração + Vontade

Declaração – corresponde ao elemento externo da


declaração negocial

Vontade – corresponde ao elemento interno da declaração


negocial

Via de regra: vontade e manifestação da


vontade coincidem na mesma declaração
negocial.
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Vontade Negocial

Divergências entre a Vontade Real e a Vontade


Declarada
(A Vontade que aparece como manifestada não existe como tal)

1º Divergências Intencionais (ou voluntárias)

2º Divergências Não Intencionais (involuntárias)

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Vontade Negocial

Em 1º , o declarante emite, consciente e livremente,


uma declaração com um sentido objetivo diverso
do da sua vontade real (divergência voluntária)

Em 2º , o declarante emite uma declaração sem se


aperceber da divergência ou é forçado irresistivelmente
a emitir uma declaração divergente da sua verdadeira
vontade.

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Vontade Negocial

Divergências Intencionais entre a Vontade Real e a


Vontade Declarada:

1 - Simulação – art. 240º CC

2 – Reserva Mental – art. 244º CC

3 – Declaração Não Séria – art. 245º CC

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Vontade Negocial

Característica comum às 3 figuras:

A posição do declarante face à declaração é sempre a


mesma:

Não quer o declarado

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Vontade Negocial

Assim:

Na Simulação – o declarante emite, de acordo com o


declaratário, uma declaração não coincidente com a
sua vontade no intuito de enganar terceiro.

Portanto ....

O declarante faz a declaração, mas não quer o


declarado
E o declaratário sabe disso; há uma atuação conjunta de
enganar ou prejudicar terceiro. 6
Vontade Negocial

E:
Na Reserva Mental – o declarante emite, sem
qualquer conluio com o declaratário, uma declaração
não coincidente com a sua vontade na intenção de
enganar o próprio declaratário.
Portanto ....
O declarante faz a declaração, mas não quer o
declarado

E o declaratário não sabe disso; a atuação isolada visa


enganar (ou prejudicar) o declaratário. 7
Vontade Negocial

E ainda :
Na Declaração Não Séria – o declarante emite, sem
qualquer conluio com o declaratário, uma declaração
não coincidente com a sua vontade na intenção de não
enganar o terceiro, nem o declaratário.
Portanto ....
O declarante faz a declaração, mas não quer o
declarado
E o declaratário não sabe disso mas o declarante está
convencido que sabia; a atuação isolada não visa enganar
(ou prejudicar) ninguém. 8
Vontade Negocial

Divergências Não Intencionais entre a Vontade


Real e a Vontade Declarada:

1 – Coação Física – art. 246º CC


2 – Falta de Consciência da Declaração – art. 246º CC

3 – Erro – art. 247º CC

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Vontade Negocial

Na Coação Física:

(ou violência absoluta), o “declarante” é um


instrumento à mercê de outrem que comanda a ação
mediante a qual se manifesta a vontade.

- O “declarante” (instrumento) faz a “declaração”, não


quer o “declarado” ou não tem vontade nenhuma.

- Não há vontade de ação nem ação do declarante.

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Vontade Negocial

Na Falta de Consciência da Declaração:

(ou falta de vontade da declaração), o “declarante” tem


vontade de ação, observa um dado comportamento mas
não quer manifestar com este nenhuma vontade
jurídico-negocial.
- O “declarante” emite uma “declaração” mas não quer
o “declarado” porque ....
- falta-lhe a consciência de fazer uma declaração
negocial (isto é, uma declaração com as características
volitivo-finais, tendentes a uma vinculação jurídica)
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Vontade Negocial

Na Erro na Declaração:

(ou erro-obstáculo), o “declarante” sem se aperceber


disso, emite uma declaração negocial não coincidente
com a sua vontade, por lapso ou engano seu.

- Há uma divergência entre a vontade real e a


declaração em virtude de um equívoco na atitude pela
qual se manifesta a vontade.
O “declarante” faz a declaração mas não quer o declarado; O próprio
declarante não sabe da divergência; Ele formula mal, engana-se no
comportamento declarativo. 12
Vontade Negocial

SIMULAÇÃO

Art. 240.º, n.1 CC

“Se, por acordo entre declarante e declaratário, e no


intuito de enganar terceiros, houver divergência entre a
declaração negocial e a vontade real do declarante, o
negócio diz-se simulado.”

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Vontade Negocial

Para que haja negócio simulado, tem de se verificar,


cumulativamente:

1º Divergência entre a vontade real e a vontade declarada;

2º Intuito de enganar terceiros;

3º Acordo entre declarante e declaratário (acordo simulatório);

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Vontade Negocial

Modalidades da Simulação

1º Simulação Absoluta – art. 240.º, n.1 CC

2º Simulação Relativa – art. 241.º, n.º 1 CC

Em 1º, as partes não querem concluir negócio nenhum;


Em 2º, as partes querem celebrar um negócio, mas um negócio
diferente do aparentemente concluído;

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Vontade Negocial

Simulação Inocente  Simulação Fraudulenta

Art. 242.º, n.1, in fine CC – “...ainda que a simulação seja


fraudulenta”

Na simulação inocente – há o intuito (apenas) de enganar


terceiros.

Na simulação fraudulenta – além de enganar, há a intenção de


prejudicar terceiros.

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Vontade Negocial

A diferença entre simulação inocente e simulação


fraudulenta não tem qualquer interesse prático para
efeitos do direito civil.
Já que os seus efeitos jurídicos são ....os mesmos

O negócio simulado é NULO – art. 240º, n.2 CC

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Vontade Negocial

A Nulidade é o regime geral e verifica-se:

- No caso da Simulação Absoluta.

- No caso da Simulação Relativa quanto ao negócio


simulado.

Exceções: casamento simulado – art.1635º,d) CC e testamento


simulado – art. 2200º CC; Nestas situações o regime é a
anulabilidade.

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Vontade Negocial

Legitimidade para invocar a nulidade resultante da


Simulação:

Regime Geral – art. 286º CC

“A nulidade é invocável a todo o tempo por qualquer


interessado e pode ser declarada oficiosamente pelo
tribunal.

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Vontade Negocial

E ainda o regime específico –art. 242º CC

A nulidade do negócio simulado pode ser arguida(até)


pelos próprios simuladores entre si ...
e ....

A nulidade pode também ser invocada pelos herdeiros


legitimários que pretendam agir em vida do autor da
sucessão contra os negócios por ele simuladamente
feitos com o intuito de os prejudicar.
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Vontade Negocial

Outros legimitados para invocar a nulidade do


negócio simulado:
- art. 605º CC

Os credores dos simuladores

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Vontade Negocial

A Simulação e os Terceiros

Terceiros – são quaisquer pessoas, titulares de uma


relação jurídica, afetada pelo negócio simulado,
pessoas essas que não sejam os próprios simuladores
ou os seus herdeiros (depois da morte do de cuius).

Terceiros estão protegidos mas apenas na relação com o


simulador – art. 243ºCC
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Vontade Negocial

Então ....
Art. 243º,n.1 CC limita Art. 286º CC na medida em
que exclui das pessoas legitimadas para invocar a
nulidade (em princípio “qualquer interessado”) os
simuladores em relação a terceiros de boa fé.

[e quem diz simuladores, diz os seus herdeiros (no caso


de sucessão)]

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Vontade Negocial

Formas de Simulação Relativa

Simulação Subjetiva – mediante a interposição fictícia de


pessoas

Simulação Objetiva – sobre o conteúdo do negócio


e pode ser:

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Vontade Negocial

Sobre a natureza do negócio – mediante a qual se


pretendem afastar em primeira linha, ou ilegitimidades
ou indisponibilidades; Ex: em vez de uma doação
proibida finge-se uma venda;

ou

Sobre o valor do negócio – mediante a qual se


pretendem vantagens económicas secundárias não
realizáveis sem a simulação; Ex: uma menor carga fiscal
por meio da ocultação de lucros realizados;
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Vontade Negocial

Validade do negócio oculto com a Simulação Relativa

- art. 241º, n.1 CC – o negócio real ou dissimulado


(oculto) terá o tratamento jurídico que teria se tivesse
sido concluído sem dissimulação.

Isto é:

Ou será plenamente válido e eficaz ou será inválido


(consoante as circunstâncias que teriam tido lugar se
tivesse sido abertamente celebrado). 26
Vontade Negocial

RESERVA MENTAL

- art. 244º CC

“Há reserva mental, sempre que é emitida uma


declaração contrária à vontade real com o intuito de
enganar o declaratário”.

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Vontade Negocial

Requisitos:

1 – A declaração recetícia cujo conteúdo é contrário à


vontade efetiva do declarante;

2 – O intuito do declarante enganar o declaratário;

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Vontade Negocial

Modalidades da Reserva:

1ª - Reserva Mental conhecida do declaratário;

2ª - Reserva Mental desconhecida do declaratário;

[É em função das suas modalidades que diferem os


efeitos da reserva mental]
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Vontade Negocial

Efeitos da Reserva Mental – art. 244º CC:

No caso da Reserva Mental desconhecida do


declaratário:


Não afeta a validade da declaração negocial, feita pelo
declarante, que produz os seus efeitos normais como se
não tivesse havido a reserva.

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Vontade Negocial

Porquê esta solução?

- Razões de justiça e segurança do tráfico jurídico, bem


como de proteção da confiança do declaratário.

- Quem declarar conscientemente uma coisa ao contrário


daquilo que realmente pretende, fica vinculado à sua
declaração.
-[quem emite, sob reserva mental, uma declaração, tem perfeita
consciência que o declaratário lhe atribui efeitos jurídicos. Há
vontade (ou consciência) da declaração; Daí a validade da
declaração feita sob reserva mental desconhecida]. 31
Vontade Negocial

No caso da Reserva Mental conhecida do declaratário:

A declaração negocial é NULA – art. 244º, n.2 CC


 remete
art. 240º, n.2 CC
(tem os efeitos da simulação)
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Vontade Negocial

DECLARAÇÃO NÃO SÉRIA

- art. 245º, n.1 CC

A declaração é feita na expectativa de que a falta da sua


seriedade não seja desconhecida por parte do declaratário

O declarante age na expectativa de que a outra parte


não se deixará enganar.

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Vontade Negocial

Requisitos:

A declaração é, simultaneamente:
1 – Não séria

2 – Não enganadora

( a declaração é jocosa, cénica, didática, etc..., feita


para gozar, para exemplificar ou para divertimento,
sem qualquer intuito de enganar).
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Vontade Negocial

Na falta dos requisitos ou de um deles, estamos perante


a Reserva Mental

Exemplo:
O gracejo jocoso feito para enganar com a convicção de
que o destinatário se convencerá da seriedade da
declaração.

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Vontade Negocial

Efeitos:

Art. 245º CC – “... Carece de qualquer fundamento”


ausência de efeitos negociais

ATENÇÃO: ausência de efeitos negociais não significa a


ausência de outros factos jurídicos, nomeadamente, quando em
presença da circunstância do n.2 do art. 245º CC.
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Vontade Negocial

Art. 245º,n.2 CC – “... Se a declaração for feita em


circunstâncias que induzam o declaratário a aceitar
justificadamente a sua seriedade ...”

“ ... Tem ele o direito de ser indemnizado pelo


prejuízo que sofrer”.

Para que haja a obrigação de indemnizar pelo


declarante, há necessidade de:

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Vontade Negocial

Pressupostos (a verificar em simultâneo):


1-O declaratário tomou a sério a declaração.

2-Esta atitude de tomar a sério foi originada pelas


circunstâncias em que a declaração foi feita.

3-A atitude do declaratário é, em virtude das


circunstâncias, justificada por elas.

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Vontade Negocial

Verificados os 3 requisitos e o nexo de causalidade entre


eles...

... Indemniza-se o declaratário pelos danos sofridos e


causados pela confiança que ele, justificadamente,
depositou na declaração não séria.

É a chamada Indemnização pelo “dano da confiança”

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Vontade Negocial

A COAÇÃO FISICA

- art. 246º CC

“ A declaração não produz qualquer efeito, se o


declarante (...) for coagido pela força física a emiti-
la”.

A falta de vontade não provém de qualquer


intencionalidade
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Vontade Negocial

Coação Física = Coação absoluta (ablativa)



No fundo, não é bem o declarante que emite a
declaração mas aquele que exerce a força física,
servindo-se do declarante como instrumento.

Este é apenas um declarante aparente, compelido a fazer a
declaração por meio da violência que exclui a vontade
própria. Falta-lhe uma vontade de ação mas também a
própria ação, isto é, falta tudo para se poder falar de uma
declaração negocial. 41
Vontade Negocial

Efeitos:

- Não produz qualquer efeito – art. 246º CC – “A


declaração não produz qualquer efeito, ...”

Diferentemente da “Declaração Não Séria” aqui


não há ......

.... qualquer dever de indemnização a cargo do


declarante!

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Vontade Negocial

FALTA DE CONSCIÊNCIA DA DECLARAÇÃO

- art. 246º CC

“A declaração não produz qualquer efeito, se o


declarante não tiver a consciência de fazer uma
declaração negocial”

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Vontade Negocial

À falta de consciência de fazer uma declaração


correspondem duas alternativas:

1ª Falta de vontade de ação.

2ª Há vontade de ação mas falta a consciência de fazer


uma declaração negocial.

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Vontade Negocial

Efeitos:

- Quando falta a vontade de ação (1ª)


não há vontade nenhuma, logo não há ação
nenhuma nem o propósito de emitir qualquer
declaração negocial – que é inexistente

Ausência de quaisquer efeitos de natureza negocial


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Vontade Negocial

Efeitos:

- Há vontade de ação mas falta a consciência de fazer


uma declaração negocial (2ª)

há vontade de ação mas não “vontade” de emitir
uma declaração negocial, se o faz, é
inconscientemente.
Ausência de quaisquer efeitos de natureza negocial
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Vontade Negocial

Contudo:

Se a falta de consciência da declaração foi devida a


culpa do declarante, fica este obrigado a indemnizar o
declaratário (que confiou na declaração) já que sob o
ponto de vista deste último trata-se de uma
verdadeira declaração negocial.


Indemnização pelo dano da confiança (nos termos do
art. 245º CC)
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Vontade Negocial

ERRO (na declaração)

- art. 247º CC

“ Quando, em virtude de erro, a vontade declarada


não corresponda à vontade real do autor, a
declaração negocial é anulável, desde que o
declaratário conhecesse ou não devesse ignorar a
essencialidade, para o declarante, do elemento sobre
que incidiu o erro”.

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Vontade Negocial

Erro = erro obstativo ou Erro-obstáculo

Verifica-se quando alguém, sem se aperceber disso,


acaba por dizer uma coisa que não quer, ou por ser ter
enganado no meio declarativo ou por se ter enganado
no significado das sua palavras.

O erro recai sobre a declaração (o elemento externo),


afecta o comportamento declarativo ao produzir uma
divergência entre a declaração e a vontade. 49
Vontade Negocial

Nota: se o erro recair sobre a vontade (elemento interno)

Não produzirá uma divergência entre a vontade e a


declaração. Esta está em perfeita conformidade com a
vontade. No entanto esta está viciada (trata-se de um
erro sobre os motivos – erro vicio).

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Vontade Negocial

Requisitos do Erro na Declaração:

É necessário que o declarante diga ...


1º uma coisa diferente daquilo que realmente queria
dizer ...
Ou ...
2º aquilo que realmente queria dizer, atribuindo
embora às palavras que emprega um significado ou
sentido diferentes dos que elas objetiva e efetivamente
têm. 51
Vontade Negocial

Em 1º há erro na própria declaração


Ex: lapsus linguae, erro ortográfico, etc...

Em 2º há erro sobre o conteúdo da declaração


Erro sobre o real significado do declarado no ambiente
em que foi proferido. Ex: A. está Coimbra, vindo de Lisboa,
encomenda num restaurante bacalhau dourado e verifica que a confeção é
diferente. 52
Vontade Negocial

Efeitos:


Princípio geral do art. 247º CC:

A anulabilidade depende do conhecimento ou


cognoscibilidade do erro pelo declaratário.
[Só sob este pressuposto se pode aceitar que uma declaração
negocial seja anulável da parte de quem a prestou].

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Vontade Negocial

Prof. Mota Pinto


Considera que o regime da anulabilidade do art.
247ºCC, pode, eventualmente, torna-se gravoso para o
declaratário.

- Nesses casos, em que se lesem com extrema injustiça


os interesses do declaratário, pode invocar-se o art.334º
CC e em consequência o abuso do direito de anular.

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Vontade Negocial

Subespécies de Erro na Declaração:


-art. 249º CC – erro de cálculo (ostensivo) ou de escrita
(dá lugar a retificação e não a anulação)

-art. 250º CC – erro na transmissão da declaração


(o declarante apenas se serviu do mensageiro como uma “boca” para a
transmissão da declaração); O mensageiro não tem qq responsabilidade
negocial, logo o risco da transmissão pertence ao declarante).

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