INTERTEXTUALIDADE

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INTERTEXTUALIDADE

A intertextualidade pode ter várias


finalidades dentre elas afirmar, negar,
criticar ou trazer um tema anterior para a
sua realidade fazendo as alterações que
julgar necessárias. Preste atenção, essa
relação não pode ser confundida com
o plágio que nada mais é do que a
utilização de partes de uma obra que
pertença a outra pessoa sem colocar os
créditos para o autor original, um crime.

Exemplos de intertextualidade em
textos
 Provérbios populares
 “Uma boa noite de sono combate os males”
“Quem espera sempre alcança”
“Faça o que eu digo, não faça o que eu
faço"
“Pense, antes de agir”
“Devagar se vai
longe”
“Quem semeia vento,
colhe tempestade”
 Canção de Chico Buarque
Bom Conselho
Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor
não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança
Venha, meu amigo
Deixe esse regaço
Brinque com meu fogo
Venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes
de pensar
Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai longe
Eu semeio vento na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade
(Chico Buarque, 1972)
 Quadrilha
 João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o
convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e
Lili casou-se com J. Pinto Fernandes que não tinha
entrado na história.
(Carlos Drummond de Andrade)
 Quadrilha da sujeira

 João joga um palitinho de sorvete na


rua de Teresa que joga uma latinha de
refrigerante na rua de Raimundo que
joga um saquinho plástico na rua de Joaquim que joga
uma garrafinha velha na rua de Lili.
Lili joga um pedacinho de isopor na
rua de João que joga uma embalagenzinha
de não sei o quê na rua de Teresa que
joga um lencinho de papel na rua de
Raimundo que joga uma tampinha de
refrigerante na rua de Joaquim que joga
um papelzinho de bala na rua de J.Pinto
Fernandes que ainda nem tinha entrado na
história.
Ricardo Azevedo
(”Você Diz Que Sabe Muito, Borboleta Sabe Mais”,
Fundação Cargill)
Exemplos de intertextualidade em
imagens
Intertextualidade Explícita e Implícita
De acordo com a referência utilizada pela
intertextualidade ela pode ser explícita, donde
nota-se logo o intertexto na superfície textual, ou
seja, geralmente há citação da fonte original; ou
implícita a qual não se encontra de imediato o
intertexto aplicado, ou seja, é necessária maior
atenção do leitor uma vez que não aparece a
citação do texto-fonte.
Trecho do poema de “Sete Faces” de Carlos Drummond de
Andrade
“Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.”

Trecho do poema “Até o fim” de Chico Buarque


“Quando nasci veio um anjo safado
O chato do querubim
E decretou que eu estava predestinado
A ser errado assim”
Trecho da música “Ai que saudade da Amélia” de Ataulfo Alves e
Mário Lago
“Ai meu Deus que saudade da Amélia
Aquilo sim que era mulher
As vezes passava fome ao meu lado
E achava bonito não ter o que comer
E quando me via contrariado dizia
Meu filho o que se há de fazer
Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia que era a mulher de verdade”
Trecho da Música “Desconstruindo Amélia” de Pitty
“E eis que de repente ela resolve então mudar
Vira a mesa
Assume o jogo
Faz questão de se cuidar
Nem serva nem objeto
Já não quer ser o outro
Hoje ela é o também”
Tipos de Intertextualidade
• Paródia: perversão do texto anterior que aparece
geralmente, em forma de crítica irônica de caráter
humorístico. Do grego (parodès) a palavra “paródia” é
formada pelos termos “para” (semelhante) e “odes”
(canto), ou seja, “um canto (poesia) semelhante à outra”.
Esse recurso é muito utilizado pelos programas
humorísticos.
• Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a
mesma ideia contida no texto original, entretanto, com a
utilização de outras palavras. O vocábulo “paráfrase”, do
grego (paraphrasis), significa a “repetição de uma
sentença”.
Paráfrases de provérbios

•Antes com fome do que cheio de comida insípida.


(Paráfrase de "Antes só do que mal acompanhado.")
•Político que promete não cumpre.
•De depósito em depósito, a conta fica cheia de
dinheiro.
•De professora e enfermeira toda mãe tem um
pouco. (Paráfrase de "De médico e de louco todo
mundo tem um pouco.")
•A professora ajuda quem muito estuda.
Paródia de Canção do Exílio
Minha terra tem macieiras da
Texto Original Califórnia
Minha terra tem palmeiras onde cantam gaturamos de Veneza.
Onde canta o sabiá, (...)
As aves que aqui gorjeiam Eu morro sufocado em terra
Não gorjeiam como lá.” estrangeira.
(Gonçalves Dias, “Canção do Nossas flores são mais bonitas
exílio”) nossas frutas são mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.
Ai quem me dera chupar uma
carambola de verdade
e ouvir um sabiá com certidão de
idade!”
("Canção do Exílio", Murilo
Mendes)
Texto Original Paródia
“Oh! que saudades que tenho “Oh que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida, Da aurora de minha vida
Da minha infância querida Das horas
Que os anos não trazem mais! De minha infância
Que amor, que sonhos, que flores, Que os anos não trazem mais
Naquelas tardes fagueiras Naquele quintal de terra!
À sombra das bananeiras, Da rua de Santo Antônio
Debaixo dos laranjais!” Debaixo da bananeira
(Casimiro de Abreu, “Meus oito Sem nenhum laranjais”
anos”) (Oswald de Andrade)
Texto Original Paráfrase
“Minha terra tem palmeiras “Meus olhos brasileiros se fecham
Onde canta o sabiá, saudosos
As aves que aqui gorjeiam Minha boca procura a ‘Canção do
Não gorjeiam como lá.” Exílio’.
(Gonçalves Dias, “Canção do Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
exílio”) Eu tão esquecido de minha terra...
Paródia Ai terra que tem palmeiras
“Minha terra tem palmares Onde canta o sabiá!”
onde gorjeia o mar (Carlos Drummond de Andrade,
os passarinhos daqui “Europa, França e Bahia”)
não cantam como os de lá.”
(Oswald de Andrade, “Canto de
regresso à pátria”)
•Epígrafe: recurso bastante utilizado em obras, textos científicos,
desde artigos, resenhas, monografias, uma vez que consiste no
acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha alguma relação
com o que será discutido no texto. Do grego, o termo “epígrafhe”
é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) e “graphé”
(escrita). Como exemplo podemos citar um artigo sobre
Patrimônio Cultural e a epígrafe do filósofo Aristóteles (384 a.C.-
322 a.C.): "A cultura é o melhor conforto para a velhice".
•Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa produção
textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem expressa
entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro
autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação
sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim,
o termo “citação” (citare) significa convocar.
•Alusão: Faz referência aos elementos presentes em outros
textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por
dois termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
Abaixo está uma Epígrafe utilizada num artigo sobre educação:
“Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens
se educam entre si, mediatizados pelo mundo”.
(Paulo Freire, “Pedagogia do Oprimido”)

Exemplo de citação
Em entrevista à revista Veja
(1994) Milton Santos aponta: “A
geografia brasileira seria outra
se todos os brasileiros fossem
verdadeiros cidadãos. O volume
e a velocidade das migrações
seriam menores. As pessoas
valem pouco onde estão e saem
correndo em busca do valor que
não têm”.
Citação direta e indireta
Citação direta é aquela que transcreve parte de uma obra, com as
palavras do autor. Quando usamos esse tipo de citação devemos
colocar entre parênteses o sobrenome do autor, o ano da
publicação da obra e o número da página (tudo separado por
vírgulas).
Citação indireta: é aquela que se baseia em uma
obra, com as nossas palavras. Neste caso, indicamos
o sobrenome do autor e o ano da publicação da
obra (o número da página é opcional).
Exemplo de alusão
Ele me deu um “presente de grego”. (A expressão faz alusão à Guerra
de Troia, indicando um presente mal, o qual pode trazer prejuízo)

O combate a pandemias no mundo globalizado


A chegada dos europeus ao Brasil foi um marco histórico, os portugueses
chegaram e logo afirmaram domínio sobre os índios locais. Conquanto, a
dominância explorada não foi a única desavença, trouxeram também,
somado à violência, doenças que infectaram uma grande parcela dos
indígenas, que por não possuírem anticorpos acabaram morrendo.
Analogamente, com a globalização do mundo no século XXI, pandemias
como as que assolaram os tupiniquins anteriormente são ainda mais
preocupantes. Embora a medicina esteja mais evoluída, há ainda diversos
obstáculos que impedem a erradicação dessas enfermidades, como
políticas públicas falhas e uma não obediência populacional para com
medidas preventivas básicas.
Monte Castelo (Legião Urbana) É cuidar que se ganha em se perder
Ainda que eu falasse É um estar-se preso por vontade
A língua dos homens É servir a quem vence, o vencedor
E falasse a língua dos anjos É um ter com quem nos mata a
Sem amor eu nada seria lealdade
É só o amor! É só o amor Tão contrário a si é o mesmo amor
Que conhece o que é verdade estou acordado e todos dormem
O amor é bom, não quer o mal Todos dormem, todos dormem
Não sente inveja ou se envaidece Agora vejo em parte
O amor é o fogo que arde sem se ver Mas então veremos face a face
É ferida que dói e não se sente É só o amor! É só o amor
É um contentamento descontente Que conhece o que é verdade
É dor que desatina sem doer Ainda que eu falasse
Ainda que eu falasse A língua dos homens
A língua dos homens E falasse a língua dos anjos
E falasse a língua dos anjos Sem amor eu nada seria
Sem amor eu nada seria
É um não querer mais que bem querer
É solitário andar por entre a gente
“Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se e contente;
É um cuidar que ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo
Amor?”
Luís Vaz de Camões
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse
amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine” e “O amor é
sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com
leviandade, não se ensoberbece”.
Cor. 13, 1-4

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