O Reencontro com o Núcleo

de nossa Vida, a partir do

Profeta Elias
PROF. NILSON IZAIAS PEGORINI
GRUPO EDUCACIONAL BOM JESUS
 O reencontro com o núcleo de nossa vida a partir
do Profeta Elias - 1 Reis 17-21
 Texto histórico e também muito simbólico.
 Grande crise e confusão, naquele tempo e hoje também.
 Voltar às fontes da fé em Javé.
 Converter-se à mãe terra GAIA.
 Javé – o Deus que tem o Projeto de Vida.
 Projetos de morte criam seus deuses.
 Gn 2 – O Projeto de Vida – Paraíso a ser construído.
 Gn 3 – O Projeto de Morte a ser vencido.
 Elias como pedagogo que refaz a história em sua vida e nos mostra o caminho.
 Elias como representante do Profetismo, ao lado de Moisés como representante da Lei, ambos com Jesus na
sua Transfiguração.
 Linha do Tempo da formação do povo de Israel

Reino
1030 do Reino do Sul 536 aC
1300 aC 586-536 aC
1350 aC 1250–1050 aC Norte Judá Pérsia
Deserto Exílio
Egito Ocupação da Terra Monarquia Israel Jerusalém Retorno
de da
Escravidão Tribos de Israel e Samaria 586 e
Madiã Babilônia
Profetismo 722 Babilônia Reconstrução
Assíria
Linha do Tempo da formação do povo de Israel

• Sociedade
igualitária e
fraterna
• Escravidão • Retiro – • Deus único e
• aprendizado 1250 a prática da
Moisés X Faraó
• Êx 3 – Sarça
• Ensaio 1050 justiça
1350 • Luta e
1300 Sociedade • Leis para a
Egito Enfrentamento Deserto alternativa Tribos vida
• Preço da • Autonomia
• Fuga para
liberdade
de
produtiva
Deserto
• Murmuração Israel • Mistura de
povos e
categorias
marginalizadas
 Linha do Tempo da formação do povo de Israel

• 930 – Divisão
do Reino
• Norte – Israel – • Revisão do passado • Reconstruir:
Samaria – 722 • Releitura dos fatos estruturas X
1030 – Assíria. 586-536 • Perda de tudo o que povo
536 até NT
Monarquia • Sul – Judá – • Judaísmo,
Saul + Davi Exílio conquistara: terra, Reconstruç
Jerusalém – Babilônico povo e bênção ão observância,
+ Salomão
586 - Babilônia • Ficou a Palavra - legalismo
• Profetas do Rei Sinagoga
X Profetas de
Javé
 Breve contexto da Época de Elias
 Forte desenvolvimento econômico; muita produção agrícola;
 Enriquecimento da elite da cidade e da corte – “Casa de Marfim”; “vacas de basã”;
 Capital bem fortificada (Amós chamará o Palácio “Casa de Marfim”)
 Burocracia bem organizada, modelo Finício (Jezabel);
 Exército forte;
 Religião controlada pelo Estado, defendendo seus interesses.
 Amri – pai de Acab – introduziu o culto a Baal, o deus da chuva e da fertilidade da terra, e
de Asera e Astarte, deusas da fertilidade (1Rs 16,31-33).
 Acab construiu um templo para Baal e sustentava seus sacerdotes no palácio.
 Povo: empobrecido e oprimido, confuso em relação à fé e prática religiosa.
 Quando foi escrita a história de Elias
 O exemplo, a conduta, o testemunho de Elias marcaram a história do povo de Israel e nunca foram
esquecidos.
 Porém, só foi escrita numa das maiores crises que viveu o povo, o cativeiro da Babilônia, 586 a 536 aC.
 Na crise o povo avaliou seu passado, reconheceu o seu erro, buscou inspiração para refazer sua identidade e
seu futuro.
 Nessa busca de sentido, ontem e hoje, Elias tem muito a dizer.
 Elias é cada um de nós, melhor, cada um de nós deve ser como Elias.
 Sempre à caminho e disponível, conduzido pelo Espírito de Deus;
 Não é ele que define o destino; só obedece a ordem de Deus;
 É profeta, homem de Deus, mas precisa aprender muito e ser formado por uma mulher, pecadora, pobre, viúva,
estrangeira, de quem aprende a partilha e defesa da vida;
 Tem medo, foge, quer desistir de tudo e morrer, ... Mas sempre obediente, segue em frente;
 Terá que refazer a imagem, o conceito de Deus e suas manifestações.
Percurso do Profeta Elias
 1 Rs.17: ELIAS REFAZ A CAMINHADA DO POVO
DE DEUS E VOLTA ÀS FONTES DA FÉ
 Elias desperta a “memória perigosa” do povo de Deus, a partir de uma forte experiência de Deus em sua
vida, respondendo os apelos de Deus a partir da realidade concreta.
 Assim, Elias devolve ao povo seu verdadeiro Deus e sua dignidade; devolve a Deus seu povo e sua
aliança.
 Como Elias faz isto?
 1º. Anuncia a seca (praga) a Acab (1Rs 17,1) – Como Moisés ao Faraó;
 2º. Acolhe o apelo de Deus: “parte daqui” (1Rs 17,3); ... Como Moisés ...
 3º. Partir de onde? De Galaad, isto é, da situação de injustiça criada pelo abandono de Javé (1 Rs
18,18); ... Da Casa da Escravidão – Egito;
 4º. Partir para onde? Para Karit = deserto, além do Jordão (origem do povo). Como Moisés, no deserto de
Madiã.
 5º. É alimentado com pão e carne (17,4-6); como Moisés e o povo, com Maná e Codornizes;
 1 Rs.17: ELIAS REFAZ A CAMINHADA DO POVO DE
DEUS E VOLTA ÀS FONTES DA FÉ
 Elias:
 a) obedece a ordem de Deus,
 b) refaz a caminhada do povo;
 c) revive a história do passado;
 d) inicia a volta às fontes da fé;
 e) toma o caminho do reencontro com Javé.
 DESPERTAR A MEMÓRIA ... é experiência pessoal, interior,
aprendizado longo e penoso.
 Depois de Karit Elias é enviado por Deus à casa da viúva pobre e
estrangeira (1Rs 17,8-12).
 1 Rs.17: ELIAS REFAZ A CAMINHADA DO POVO DE
DEUS E VOLTA ÀS FONTES DA FÉ
 VIÚVA = expressão do povo empobrecido que não esqueceu a
Aliança, os valores da verdadeira religião.
 Elias aprende a ser profeta com este povo, com a Viúva,
permanecendo com ela três anos, sem nenhuma atividade.
 Elias reza, a pedido da viúva, a partir das necessidades dela (1
Rs 17,22). A oração de Elias é expressão do clamor dos pobres.
 A oração de Elias é eficaz; “Deus atendeu o clamor de Elias”
(17,22), como no Egito, que Javé ouviu o clamor do povo,
desceu, viu, ...
 1 Rs.17: ELIAS REFAZ A CAMINHADA DO POVO DE
DEUS E VOLTA ÀS FONTES DA FÉ
 Elias, agora formado na escola do povo, recebe diploma: “Agora sim sei
que és um homem de Deus e que Deus fala por tua boca” (17,24).
 Assim, pode partir para a missão. Seu êxito na missão não depende do
reconhecimento do rei e dos grandes, mas dos pobres.
 Assim será com Jesus: “Pai, eu te agradeço porque escondestes estas
coisas aos sábios e entendidos e as revelastes aos pequeninos” (Mt.11,25-
26).
 1 Rs.17: ELIAS REFAZ A CAMINHADA DO POVO DE
DEUS E VOLTA ÀS FONTES DA FÉ
Elias, na sua experiência:
 Distancia-se do rei e da monarquia;
 Aproxima-se das vítimas do rei e da monarquia.

Neste processo Elias se reencontra:

 com Deus;
 com seu passado;
 com a identidade de seu povo;
 consigo mesmo;
 com sua missão.

O fim da missão não será em Karit e junto da viúva, mas no Horeb e no

enfrentamento direto com o poder.
 Jesus: Nazaré ... Galiléia ... Termina em Jerusalém e na Cruz.
 1Re.17,1-24
Projeto que o texto defende:
 Combate a injustiça, a idolatria, o desvio do projeto de Deus.
 Resgate do Projeto de Deus, a Aliança, a sociedade igualitária e tribal, com
base na partilha, na solidariedade e vida plena.
HOJE ...
 Tomada de posição frente à corrupção, às injustiças, o sistema que exclui, ...
 CF 2020 – Fraternidade e Vida. “Viu, sentiu compaixão cuidou dele”.
 Igreja em saída, ... Pacto Educativo Global ...
 1Re.18,1-46 – Luta de deuses
Qual é o Deus verdadeiro?
Conflitos:
 Seca e fome X preocupação com “cavalos” e “burros”;
 Acab X Elias
 Elias X Abdias (medo)
 “Ruína de Israel” (Elias X Acab?)
 Elias X falsos profetas
 Javé (Javismo) X Baal (idolatria)
 Monarquia X Sociedade Tribal (altar com 12 pedras)
 1Rs 18 – GUERRA DE DEUSES

 Trata da missão do profeta após sua formação.

 Elias sente a confusão instalada na cabeça do povo.
 A realidade é muito dura:
 Rei e Monarquia: Riqueza, luxo, exército forte, força bruta que persegue
e mata; religião manipulada; judiciário corrompido; ....
 Povo: insegurança, medo, fome, doença, sincretismo religioso.
 1Rs 18 – GUERRA DE DEUSES

 O capítulo 18 visa tirar a confusão da cabeça do povo. Elias faz a proposta

do sacrifício, impõe condições, e coloca o povo como juiz.
 O povo verá que Baal é surdo aos clamores do povo, dorme aos seus
anseios, conversa com gente mais importante que o povo. É o retrato do rei
e da monarquia.
 O povo verá que Javé é um Deus presente, atento e pronto diante dos
clamores do povo. No final o povo dá o veredito: “Javé é o Deus
verdadeiro!”(18,39). ELIAS = meu nome é Javé.
 1Rs 18 – GUERRA DE DEUSES

RELIGIÃO FALSA RELIGIÃO VERDADEIRA

Profetas comem à mesa de Jezabel; convivem Elias é pobre, andarilho, conduzido pelo Espírito
com o Sistema. de Deus.
Interpelação aos deuses na base da gritaria, da Javé é invocado com serenidade, a partir da
magia, superstição, ... história e da situação presente.
Ídolos dormem, ocupam-se com negócios, Javé ouve imediatamente e age com vigor como
viagens, conversas com gente mais importante sempre o fez ao longo da história.
(imagem do rei).
Os falsos profetas são manipulados pelo poder e Elias é representante de toda religião: é político,
só se ocupam dos ritos enganosos e alienantes profeta e sacerdote
A base do culto é terrena, humana (rei). A base do culto é Javé e seu Espírito.
Transe. Razão, consciência, serenidade.
Multidão de profetas (850). Só Elias.
Demora. Rapidez.
 1Rs 19 – Caminho da Mística
 O profeta, homem de Deus, entra em crise, resultado da perseguição política e também
de seus limites e defeitos.
 Perdeu a coragem e fugiu (vv 1-4). Desânimo e vontade de morrer.
 Elias refez na sua própria vida a Tradição do seu povo:
 Indo a Karit (1Rs 17,2-7);
 Indo à casa da viúva (1Rs 17,8-24);
 Indo até o Horeb (1Rs 19,8-9)
 Elias carrega a Tradição e a ela fica preso, sendo incapaz de reconhecer o verdadeiro
rosto de Deus em nova situação, obrigando Deus a se manifestar em seus esquemas do
passado.
 Parecia que Elias tinha que salvar Deus e que tudo dependia dele, que só ele tinha
sobrado, ...
 1Rs 19 – Caminho da Mística
 Elias enfrentou a luta penosa consigo mesmo, mas converteu-se.
 Aprendeu que Deus não dependia dele, mas o defendia no momento da
perseguição, da angústia e do desânimo.
 Como Paulo, podia dizer: “Quando sou franco então é que sou forte porque conto
com a força de Deus” (2Cor 12.10).
 A luta pela justiça não é só batalha de enfrentamento da sociedade, do poder, ...
Mas também, e antes, enfrentamento de si próprio, dos limites de uma consciência
e práticas errôneas.
 A abertura às surpresas de Deus é a base da fidelidade ao seguimento de Deus, da
luta pela justiça, da nossa missão.
 1Rs 19 – Caminho da Mística
 Deus se revela a Elias de forma nova e surpreendente, onde ele jamais
imaginava.
 Eliasacorda com a “brisa suave” e “encobre o rosto” = percepção da
presença de Deus.
 Eliasvai descobrir que até dentro dele Deus não vai se revelar na sua força,
valentia, vitórias, ... mas na sua fraqueza e debilidade.
 Eliascontinuará sua missão de forma renovada, convertido, como discípulo e
com a comunidade fiel de muitos que não se dobraram à falsa religião que
mantinha um sistema sóciopolítico oposto à vontade de Javé.
 As três dimensões do profetismo

 Combate da injustiça e luta pela justiça: combater o empobrecimento e atacar suas

causas.
 Elias denuncia as causas da injustiça e luta para modificar as estruturas injustas da
sociedade que geram a miséria e escondem o rosto de Javé ao povo.
 Solidariedade: Elias acolhe as vítimas do empobrecimento e da injustiça e luta pela
restauração da sociedade igualitária e fraterna.
 Mística: Elias anima a fé do povo ao perceber que Javé continua ao lado do povo que
sofre a injustiça; luta para despertar a consciência adormecida do povo que se afastou de
Deus.
 As três dimensões do profetismo
 Os três caminhos entrelaçam-se, um enriquece o outro e depende do outro.
 Justiça sem solidariedade e sem mística torna-se mera ação política sem humanidade e
não atinge o mais profundo do ser humano. Politiza e endurece a ação. Vence a razão, mas
não convence o coração.
 Solidariedade sem justiça e sem mística torna-se mera filantropia que engana a
consciência , neutraliza o grito do pobre e impede o surgimento da consciência crítica dos
oprimidos.
 Mística sem justiça e solidariedade torna-se piedade alienada, sem fundamento na
realidade e na tradição bíblica.
 Há momentos e situações que uma dimensão é mais forte que a outra.
 1 Rs 21,1-24 – A vinha de Nabot
 Leitura do texto ...
 Qual é o conflito?
 Quem são os personagens e como cada um se comporta e atua?
 Qual é a posição de Deus no conflito?
 Qual é o projeto que transparece no texto?
 Atualização ...
 1 Rs 21,1-24 – A vinha de Nabot
 Acab:
 Usurpador da terra dos pobres com propostas sedutoras (21,2);
 Furioso e acabrunhado por não poder realizar capricho injusto (21,4);
 Aceita e legitima o roubo (21,16);
 Humilhou-se e arrependeu-se (21,27).
 Nabot:
 Resistia com base na Tradição (não alienação da terra).
 Jezabel:
 Critica a atitude de medo de Acab, de não fazer valer o “direito do Rei” (21,8);
 Trama na base da injustiça (21,8);
 Usa a religião para fazer injustiça e matar o pobre (21,9-10);
 Não participa do jejum (21,14);
 Autoridades, anciões fazem o jogo de Jezabel (quem manda é gente estrangeira);
 Alegra-se com a injustiça praticada (21,15).
 1 Rs 21,1-24 – A vinha de Nabot
 Javé:
 Toma posição na defesa da vida;
 Ordena Elias (21,18-19);
 Condena a injustiça e seus praticantes (21,18-19);
 Condescendente com o arrependimento de Acab, mas mantém a condenação (21,27-29).
 Elias:
 Fiel às ordens de Javé (21,20-24);
 Faz suas as palavras de Javé (usa verbo na primeira pessoa).
 Autor do texto:
 Assina e reforça a condenação da injustiça (21,25-26).
 1 Rs 21,1-24 – A vinha de Nabot
 Projeto de Deus a partir do texto:
 Intolerância com a injustiça;
 Ataque frontal à monarquia e defesa do projeto da Aliança, da sociedade
fraterna e igualitária, personalizada na pessoa de Nabot;
 Esta posição sempre foi e sempre será a posição de Deus ao longo de toda
a revelação bíblica e histórica;
 Hoje a posição de Deus é a mesma.
 Fontes de Consultas

 MESTERS, Carlos. O Profeta Elias na Tradição Carmelitana. Disponível em

<
https://gilvander.org.br/site/o-profeta-elias-na-biblia-e-na-tradicao-carmelitan
a/
>. Acesso em: 12 abr. 2020.
 MESTERS, Carlos. Restabelecer a justiça de Deus no meio do povo. Vida e
luta do profeta Elias. Sobre a missão profética. Disponível em <
http://periodicos.est.edu.br/index.php/estudos_teologicos/article/view/1269> .
Acesso em: 12 abr. 2020.
 GASS, I. Bohn. Uma Introdução à Bíblia, vol. 4, São Leopoldo/RS: CEBI e
Paulus.
FIM