Dei Verbum
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Dei Verbum
• AUTOCOMUNICAÇÃO DE DEUS
A REVELAÇÃO EM SI MESMA
• O que DEUS revelou ao homens? (O conteúdo da Revelação)
DEUS revelar-se a Si mesmo e dar a conhecer o mistério da sua vontade;
• Isto foi realizado com fidelidade, tanto pelos Apóstolos que, na sua
pregação oral, exemplos e instituições, transmitiram aquilo que tinham
recebido dos lábios, trato e obras de Cristo, e o que tinham aprendido por
inspiração do Espírito Santo, como por aqueles Apóstolos e varões
apostólicos que, sob a inspiração do mesmo Espírito Santo, escreveram a
mensagem da salvação
• Para que o Evangelho fosse perenemente conservado integro e vivo na
Igreja, os Apóstolos deixaram os Bispos como seus sucessores,
«entregando lhes o seu próprio ofício de magistério» (3).
• Portanto, esta sagrada Tradição e a Sagrada Escritura dos dois
Testamentos são como um espelho no qual a Igreja peregrina na terra
contempla a Deus, de quem tudo recebe, até ser conduzida a vê-lo face a
face tal qual Ele é (cfr. 1 Jo. 3,2).
SAGRADA TRADIÇÃO
• A Sagrada Tradição é a transmissão viva da Revelação Divina.
• O que foi transmitido pelos Apóstolos, abrange tudo quanto contribui para
a vida santa do Povo de Deus e para o aumento da sua fé; e assim a Igreja,
na sua doutrina, vida e culto, perpetua e transmite a todas as gerações tudo
aquilo que ela é e tudo quanto acredita.
SAGRADA TRADIÇÃO
• Esta tradição apostólica progride na Igreja sob a assistência do Espírito
Santo. Com efeito, progride a percepção tanto das coisas como das palavras
transmitidas, quer mercê da contemplação e estudo dos crentes, que as
meditam no seu coração (cfr. Lc. 2, 19. 51), quer mercê da íntima
inteligência que experimentam das coisas espirituais, quer mercê da
pregação daqueles que, com a sucessão do episcopado, receberam o carisma
da verdade. Isto é, a Igreja, no decurso dos séculos, tende contìnuamente
para a plenitude da verdade divina, até que nela se realizem as palavras de
Deus.
Relação entre a sagrada Tradição e a
Sagrada Escritura
• A sagrada Tradição, portanto, e a Sagrada Escritura estão ìntimamente unidas e
compenetradas entre si. Com efeito, derivando ambas da mesma fonte divina, fazem como
que uma coisa só e tendem ao mesmo fim.
• A Sagrada Escritura é a palavra de Deus enquanto foi escrita por inspiração do Espírito
Santo;
• a sagrada Tradição, por sua vez, transmite integralmente aos sucessores dos Apóstolos a
palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos Apóstolos, para que
eles, com a luz do Espírito de verdade, a conservem, a exponham e a difundam fielmente
na sua pregação; donde resulta assim que a Igreja não tira só da Sagrada Escritura a sua
certeza a respeito de todas as coisas reveladas.
• Por isso, ambas devem ser recebidas e veneradas com igual espírito de piedade e
reverência
Relação de uma e outra com a Igreja e com o
Magistério eclesiástico
• A sagrada Tradição e a Sagrada Escritura constituem um só depósito
sagrado da palavra de Deus, confiado à Igreja; aderindo a este, todo o
Povo santo persevera unido aos seus pastores na doutrina dos Apóstolos e
na comunhão, na fracção do pão e na oração (cfr. Act. 2,42 gr.), de tal
modo que, na conservação, actuação e profissão da fé transmitida, haja
uma especial concordância dos pastores e dos fiéis (7).
• Porém, o encargo de interpretar autênticamente a palavra de Deus escrita
ou contida na Tradição (8), foi confiado só ao magistério vivo da Igreja
(9), cuja autoridade é exercida em nome de Jesus Cristo. Este magistério
não está acima da palavra de Deus, mas sim ao seu serviço, ensinando
apenas o que foi transmitido, enquanto, por mandato divino e com a
assistência do Espírito Santo, a ouve piamente, a guarda religiosamente e
a expõe fielmente, haurindo deste depósito único da fé tudo quanto propõe
à fé como divinamente revelado.
• É claro, portanto, que a sagrada Tradição, a sagrada Escritura e o
magistério da Igreja, segundo o sapientíssimo desígnio de Deus, de tal
maneira se unem e se associam que um sem os outros não se mantém, e
todos juntos, cada um a seu modo, sob a acção do mesmo Espírito Santo,
contribuem eficazmente para a salvação das almas.
CAPÍTULO III
• Deus na Sagrada Escritura falou por meio dos homens e à maneira humana
(6), o intérprete da Sagrada Escritura, para saber o que Ele quis comunicar-
nos, deve investigar com atenção o que os hagiógrafos realmente quiseram
significar e que aprouve a Deus manifestar por meio das suas palavras.
SAGRADA ESCRITURA
E A SUA INTERPRETAÇÃO
• Cabe aos exegetas trabalhar, de harmonia com estas regras, por entender e
expor mais profundamente o sentido da Escritura, para que, mercê deste
estudo de algum modo preparatório, amadureça o juízo da Igreja.
• Com efeito, tudo quanto diz respeito à interpretação da Escritura, está sujeito
ao juízo último da Igreja, que tem o divino mandato e o ministério de guardar
e interpretar a palavra de Deus
SAGRADA ESCRITURA
E A SUA INTERPRETAÇÃO
• Portanto, na Sagrada Escritura, salvas sempre a verdade e a santidade de
Deus, manifesta-se a admirável «condescendência» da eterna sabedoria,
«para conhecermos a inefável benignidade de Deus e com quanta
acomodação Ele falou, tomando providência e cuidado da nossa natureza» .
• As palavras de Deus com efeito, expressas por línguas humanas, tornaram-se
intimamente semelhantes à linguagem humana, como outrora o Verbo do
eterno Pai se assemelhou aos homens tomando a carne da fraqueza humana.
CAPÍTULO IV
O ANTIGO TESTAMENTO
• Pois, apesar de Cristo ter alicerçado à nova Aliança no seu sangue (cfr. Lc. 22,20; 1
Cor. 11,25), os livros do Antigo Testamento, ao serem integralmente assumidos na
pregação evangélica (3) adquirem e manifestam a sua plena significação no Novo
Testamento (cfr. Mt. 5,17; Lc. 24,27; Rom. 16, 25-26; 2 Cor. 3, 1416), que por sua
vez iluminam e explicam.
CAPÍTULO V
O NOVO TESTAMENTO
• A palavra de Deus, que é virtude de Deus para a salvação de todos os crentes (cfr. Rom.
1,16), apresenta-se e manifesta o seu poder dum modo eminente nos escritos do Novo
Testamento. Com efeito, quando chegou a plenitude dos tempos (cfr. Gál. 4,4), o Verbo fez-
se carne e habitou entre nós cheio de graça e verdade (cfr. Jo. 1,14).
• Cristo estabeleceu o reino de Deus na terra, manifestou com obras e palavras o Pai e a Si
mesmo, e levou a cabo a Sua obra com a Sua morte, ressurreição, e gloriosa ascensão, e com
o envio do Espírito Santo. Sendo levantado da terra, atrai todos a si (cfr. Jo. 12,32 gr.), Ele
que é o único que tem palavras de vida eterna (cfr. Jo. 6,68).
• Este mistério, porém, não foi descoberto a outras gerações como foi agora revelado aos seus
santos Apóstolos e aos profetas no Espírito Santo (cfr. Ef. 3, 46 gr.) para que pregassem o
Evangelho, e despertassem a fé em Jesus Cristo e Senhor, e congregassem a Igreja. Os
escritos do Novo Testamento são um testemunho perene e divino de todas estas coisas.
O NOVO TESTAMENTO
• É preciso que os fiéis tenham acesso patente à Sagrada Escritura. Por esta razão, a Igreja logo desde os
seus começos fez sua aquela tradução grega antiquíssima do Antigo Testamento chamada dos Setenta; e
sempre tem em grande apreço as outras traduções, quer orientais quer latinas, sobretudo a chamada
Vulgata.
• Mas, visto que a palavra de Deus deve estar sempre acessível a todos, a Igreja procura com solicitude
maternal que se façam traduções aptas e fiéis nas várias línguas, sobretudo a partir dos textos originais
dos livros sagrados. Se porém, segundo a oportunidade e com a aprovação da autoridade da Igreja, essas
traduções se fizerem em colaboração com os irmãos separados, poderão ser usadas por todos os cristãos.
Investigação Bíblica
• A esposa do Verbo encarnado, isto é, a Igreja, ensinada pelo Espírito
Santo, esforça-se por conseguir uma inteligência cada vez mais
profunda da Sagrada Escritura, para poder alimentar continuamente os
seus filhos com os divinos ensinamentos; por isso, vai fomentando
também convenientemente o estudo dos santos Padres do Oriente e do
Ocidente, bem como das sagradas liturgias.
• É preciso, porém, que os exegetas católicos e os demais estudiosos da
sagrada teologia, trabalhem em íntima colaboração de esforços, para que,
sob a vigilância do sagrado magistério, lançando mão de meios aptos,
estudem e expliquem as divinas Letras de modo que o maior número
possível de ministros da palavra de Deus possa oferecer com fruto ao
Povo de Deus o alimento das Escrituras, que ilumine o espírito, robusteça
as vontades, e inflame os corações dos homens no amor de Deus
Importância da Sagrada Escritura para a
Teologia
• A sagrada Teologia apoia-se, como em seu fundamento perene, na palavra de Deus escrita
e na sagrada Tradição, e nela se consolida firmemente e sem cessar se rejuvenesce,
investigando, à luz da fé, toda a verdade contida no mistério de Cristo.
• As Sagradas Escrituras contêm a palavra de Deus, e, pelo facto de serem inspiradas, são
verdadeiramente a palavra de Deus; e por isso, o estudo destes sagrados livros deve ser
como que a alma da sagrada teologia (3). Também o ministério da palavra, isto é, a
pregação pastoral, a catequese, e toda a espécie de instrução cristã, na qual a homilia
litúrgica deve ter um lugar principal, com proveito se alimenta e santamente se revigora
com a palavra da Escritura.
Leitura da Sagrada Escritura
• É necessário, por isso, que todos os clérigos e sobretudo os sacerdotes de
Cristo e outros que, como os diáconos e os catequistas, se consagram
legìtimamente ao ministério da palavra, mantenham um contacto íntimo
com as Escrituras, mediante a leitura assídua e o estudo aturado, a fim de
que nenhum deles se torne «pregador vão e superficial da palavra de Deus.