Português Jurídico 1º Período 2023.2
Português Jurídico 1º Período 2023.2
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APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
1.Aulas expositivas-dialogadas;
2.Leitura e discussões de textos, previamente indicados aos alunos;
3.Realização de atividade para fixação do conteúdo, com trabalhos;
4.Metodologia Ativa (sala de aula invertida e aprendizagem baseada em problema).
5. Produção de textos jurídicos.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
MARTINS, Marco Antonio; VIEIRA, Silvia Rodrigues; TAVARES, Maria Alice (Orgs.). Ensino de português e sociolinguística.
São Paulo: Contexto, 2014.
MEDEIROS, João Bosco; TOMASI, Carolina. Português forense: língua portuguesa para o curso de direito. 9.ed.. São Paulo: Atlas,
2018.
Já é sabido e, mesmo, consabido que o ser humano sofre compulsão natural, inelutável
necessidade de se agrupar em sociedade, razão por que é denominado ens sociale. Cônscio de suas
limitações, congrega-se em sociedade para perseguir e concretizar seus objetivos; assim, o ser
humano é social natura sua, em decorrência de sua natureza.
Daí, a propensão inata do homem em colocar o seu em comum com o próximo. Tal colocar em
comum é o comunicar-se, é a comunicação. Já o latim communicare se associa à ideia de
convivência, relação de grupo, sociedade. O objetivo da comunicação é o entendimento; como
disse alguém, a história é uma constante busca de entendimento.
A comunicação ultrapassa o plano histórico, vai além do temporal; por isso, assistiu razão ao
poeta latino Horácio dizer que ele não morreria de todo e a melhor parte de seu ser subsistiria à
morte.
PROF. VIVIANE APARECIDA 7
Linguagem corporal
Na crítica cinematográfica é comum dizer que o corpo fala por
Charles Chaplin e, constantemente, ressalta-se a expressividade dos
olhos de Bette Davis. No romance O processo Maurizius, Jakob
Wasermann fala em olhos interrogativos, olhar inquiridor, olhar sombrio
e hostil etc. Sabe-se que os olhos mereceram especial atenção de
Machado de Assis, pois lhe retratavam a natureza íntima – boa ou má –
das pessoas. Para ficar com apenas uma obra, encontram-se em Dom
Casmurro, olhos dorminhocos (Tio Cosme); olhos curiosos (Justina);
olhos refletidos (Escobar); olhos quentes e intimativos (Sancha); olhos
policiais (Escobar); olhos oblíquos e de ressaca (Capitu).
Na debatida questão do adultério de Capitu, entre os argumentos,
todos indícios, embora alguns veementes, há o olhar de Capitu perto do
esquife de Escobar. Frente aos fatos trágicos da vida, desfivelam-se as
máscaras e frustramse as dissimulações; é o que acontece com Capitu.
Ela fita o defunto com olhos de viúva e revela, então, que o homem
dela, seu marido, de facto, era Escobar.
PROF. VIVIANE APARECIDA 8
Interessante alertar o profissional do Direito para o código cultural
das expressões gestuais. Assim, o abaixar dos olhos e o desviar
insistente do olhar podem ser decodificados tanto como timidez
excessiva quanto por ausência de caráter, espírito mentiroso.
Por outro lado, o olhar persistente assume, não raro, o sentido de
desafio e, muitas vezes, de cinismo. O olhar voltado para cima, com a
cabeça levemente inclinada, principalmente quando os olhos ficam
descobertos pelos óculos posicionados quase na ponta do nariz, em
geral revela um espírito inquisitivo e perspicaz.
Empregadas essas expressões no interrogatório do réu, em
depoimentos de testemunhas e na ação dos profissionais jurídicos, os
destinatários dessa comunicação não verbal irão recebê-la de acordo
com o código cultural que interfere nos usos e costumes de uma
sociedade.
Bom de dizer que o código cultural implica significações corporais
compartilhadas por uma sociedade ou grupo social. Na cultura
brasileira, quando alguém desvia o olhar durante a conversação com o
destinatário, expressa mensagem de falsidade, dissimulação e outras
significações negativas.
PROF. VIVIANE APARECIDA 9
Interessante alertar o profissional do Direito para o código cultural das expressões gestuais. Assim,
o abaixar dos olhos e o desviar insistente do olhar podem ser decodificados tanto como timidez
excessiva quanto por ausência de caráter, espírito mentiroso.
Por outro lado, o olhar persistente assume, não raro, o sentido de desafio e, muitas vezes, de
cinismo. O olhar voltado para cima, com a cabeça levemente inclinada, principalmente quando os
olhos ficam descobertos pelos óculos posicionados quase na ponta do nariz, em geral revela um
espírito inquisitivo e perspicaz.
Empregadas essas expressões no interrogatório do réu, em depoimentos de testemunhas e na ação
dos profissionais jurídicos, os destinatários dessa comunicação não verbal irão recebê-la de acordo
com o código cultural que interfere nos usos e costumes de uma sociedade.
Bom de dizer que o código cultural implica significações corporais compartilhadas por uma
sociedade ou grupo social. Na cultura brasileira, quando alguém desvia o olhar durante a conversação
com o destinatário, expressa mensagem de falsidade, dissimulação e outras significações negativas.
Ao contrário disso, quando olha fixamente, o destinatário expressa código cultural de cinismo,
arrogância, entre outras impressões negativas da linguagem corporal.
Por isso, cumpre ao profissional jurídico investigar as significações culturais da linguagem
corporal para empregá-la adequadamente em seu intuito comunicativo de convencimento.
PROF. VIVIANE APARECIDA 10
Por isso, cumpre ao profissional jurídico investigar as
significações culturais da linguagem corporal para empregá-la
adequadamente em seu intuito comunicativo de
convencimento.
Há de se dizer, como remate, que mesmo o calar-se é um
ato de comunicação. Eugênio Coseriu considera o calar-se
como o “ter deixado-de- falar” ou “o não falar ainda”. É, pois,
determinação negativa de falar, o que constitui, também, uma
prerrogativa do ser humano.
Tanto o é que os latinos, pelo menos até a época clássica,
tinham dois verbos para o ato de calar-se: silere, para os seres
irracionais, e tacere, para os seres racionais.
No Direito, fala-se em “tácita aceitação”, “tácita
recondução”, “renúncia tácita”, “confissão tácita”, “tácita
ratificação (confirmar)”.
Tanto é verdade que o direto de o acusado permanecer em
silêncio, na esfera criminal, quase sempre direciona a decisão
do julgador contra
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Elementos da Linguagem
Mas e Mais
PROF. VIVIANE APARECIDA 22
Que? Quê?
QUE