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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

O PAPEL DO SERVIÇO SOCIAL COM A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO


DE RUA

GRADUANDA: ALIENE RIBEIRO DE JESUS


ORIENTADOR (a):

2016
INTRODUÇÃO

O presente trabalho busca retratar a realidade sobre o processo de trabalho do


assistente social com a população em situação de rua. Discorrer sobre o
trabalho do Serviço Social demanda compreensão da natureza do espaço que
materializa a política pública de assistência social, e clareza da potencialidade
profissional no intuito de entender as particularidades que perpassam a
atuação do assistente social neste campo sócio ocupacional. e estudo tratou
da acessibilidade aos medicamentos essenciais nos serviços públicos de
saúde.

O objetivo geral da pesquisa é compreender como se dá o processo


profissional sobre o atendimento prestado a população em situação de rua, e
como objetivos específicos conhecer a realidade da população em situação de
rua, analisar as políticas públicas direcionadas a População em Situação de
Rua verificar qual o papel do Serviço Social, destacando o atendimento
prestado a população em situação de rua.
METODOLOGIA

TIPO DE ESTUDO

Para a abordagem do tema a metodologia utilizada foi


através de pesquisa bibliográfica.
DESENVOLVIMENTO

POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA: ASPECTOS


GERAIS

De acordo com o Decreto nº 7.053, de 23 de dezembro de


2009, que institui a Política Nacional para a população em
situação de rua, trata-se de um grupo populacional heterogêneo
que possui em comum a pobreza extrema, os vínculos familiares
fragilizados ou rompidos e a inexistência de moradia
convencional regular.
O Surgimento da População em Situação de Rua no Brasil

Historicamente o fenômeno da população em situação de rua


sempre esteve presente no seio e no cotidiano de nossa sociedade
brasileira, porém com outras denominações, conhecida entre as
décadas de 1970 a 1980 por “mendigos”; esta a nomenclatura
aplicada para as pessoas que habitam as ruas.
De acordo com Bottil et al (2009), no Brasil uma grande parcela da
população tem a sua realidade marcada pela pobreza extrema e
utilizam a rua ou locais inapropriados para a sua moradia. Este autor
afirma também que existem “endereços tão precários (áreas
faveladas, ocupações de áreas próximas a estradas e rodovias,
ocupações de áreas de eminente risco, etc.) que, em última análise,
facilmente rivalizam sob o ponto de vista da precariedade com
qualquer logradouro público” (BOTTIL et al, 2009, p. 164).

No ano de 2007 à 2008, realizou-se um estudo, que buscou levantar


dados acerca da caracterização socioeconômica da população em
situação de rua no Brasil, por meio de entrevistas aplicadas às
pessoas que estavam vivendo nesta realidade de risco social. Este
estudo foi nomeado por Pesquisa Nacional sobre População em
Situação de Rua.
De acordo com o que foi apresentado nos dados da Pesquisa Nacional Sobre
População em Situação de Rua (2008), dentre o total de pessoas que
participaram deste levantamento, 71,3% delas informaram pelo menos um
desses três motivos, como sendo o principal fator que fortemente influenciou a
sua inserção à esta condição de vulnerabilidade, problemas relacionados ao
alcoolismo ou drogas 35,5%, desemprego 29,8% e desavença com familiares
(pai/mãe/irmão) 29,1%. Os demais informaram que os motivos seriam outros,
além destes apresentados, não sabendo ou não querendo especificar quais as
causas para estarem vivendo nessa realidade.

Com estas informações é possível avaliar que as principais causas que levam
as pessoas a morar e sobreviver nos espaços da rua estão em sua maioria
relacionados aos fatores de origem estrutural e biográfica.
POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS PARA A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO
DE RUA.

Tomando como referência a carta magna de 1988 que se tem início em nosso país a
construção de um processo democrático, em que os direitos sociais passam, de fato, a
serem considerados. Direitos esses preconizados em nossa Assistência Social,
incluídas na Seguridade Social e regulamentada pela LOAS (Lei Orgânica de
Assistência Social) que em dezembro de 1993, a partir dos artigos 203 e 204 da
Constituição Federal, reconhece a Assistência Social como política pública, direito do
cidadão e dever do Estado, além de garantir a universalização dos direitos sociais.
Diante disso, partindo da Constituição Federal de 1988 até a inserção da Assistência
no âmbito da Seguridade, em 1993, temos um grande avanço, pois a partir dessa
inserção a mesma se configura como política de proteção social articulada a outras
políticas do campo social voltadas à garantia de direitos. Há ainda uma mudança
significativa no conceito de assistência social, que agora passa a ser vista como
política pública, não obstante seus limites, e não mais como mero assistencialismo,
benesse ou filantropia.
Algumas normas voltadas especificamente para pessoas em situação de rua
seguiram-se após o reconhecimento da Assistência como política púbica, a
partir da LOAS em 1993.
Em dezembro de 2005, a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) passou
por uma alteração, no que se refere à inclusão da obrigatoriedade da
formulação de programas de amparo à população em situação de rua, por
meio da Lei 11.258. No mesmo ano, ocorre o I Encontro Nacional para
discussão sobre este segmento social, a partir do qual, institui-se o Decreto
de 25 de outubro de 2006, que constitui o Grupo de Trabalho Interministerial
(GTI), com a finalidade de elaborar estudos e apresentar propostas de
políticas públicas para a inclusão social da população de rua.

Em 12 de dezembro de 2006, o Ministério de Desenvolvimento Social (MDS)


lançou a Portaria n. 381, que prevê o cofinanciamento de serviços
continuados de acolhimento institucional para população de rua, com
municípios com mais de 250 mil habitantes. Durante 2007 e 2008, realizou-
se a Pesquisa Nacional para mensuração em dados estatísticos dessa
população e, finalmente, no ano de 2009, promulga-se a Lei 7053 de 23 de
dezembro de 2009, instituindo a Política Nacional para População em
Situação de Rua. A partir desta trajetória há o processo de construção dos
direitos sociais para população em situação de rua.
A Importância do Serviço Social

O Serviço Social tem o grande desafio de superar as práticas conservadoras que


imprimiram a identidade assistencialista à profissão por muitas décadas. Hoje, mesmo
após o Movimento de Reconceituação, ocorrido na década de 1960 cujo resultado foi o
rompimento da profissão com as práticas tradicionais conservadoras e o
comprometimento de defesa a classe trabalhadora ampliando seu espectro de atuação
intervindo em espaços institucionais e no campo político, sobretudo nas políticas
públicas, a profissão vê ainda em sua categoria a diversidade de formas de atuação.
(RIBAS, 2009, p.23).

Neste processo evidenciamos a importância de constante aprimoramento intelectual dos


assistentes sociais, pois a especificação do trabalho coletivo, a incidência do poder
hegemônico sobre a atividade profissional, desafia a concretização dos valores e
princípios defendidos pelo Serviço Social.
O desafio profissional é buscar responder às demandas da população
com o compromisso no projeto ético-político da profissão através de
princípios e valores fundados na concepção de superação das
desigualdades sociais, com direitos sociais universais na reafirmação
da cidadania, ou seja, no seu caráter emancipatório (NEVES, SANTOS,
SILVA, 2012).

No exercício profissional o assistente social deve objetivar desenvolver


essa habilidade de leitura dos aspectos políticos, econômicos que
condicionam o espaço de atuação da instituição e a possibilidade de
intervenção real do profissional da assistência. Valer-se do debate,
como espaço democrático, na busca pela definição e delimitação das
ideias que se comporão o projeto profissional e explicitar a capacidade
de compreensão da realidade, clarificando sobre o posicionamento
político da equipe e da importância da coesão do grupo.
O profissional de Serviço Social tem um papel muito importante a
desempenhar, pois é no dia a dia de sua prática e da convivência
social que pode construir e fazer a história da profissão, na medida
em que a atuação comprometida de cada assistente social com a
dimensão ético-política aponta uma direção social que poderá, de
forma efetiva, responder às necessidades dos usuários na
intervenção das políticas públicas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se concluir através dessa Monografia que, a população em situação de
rua ocupa de forma desordenada um espaço no qual se encontram casas,
prédios, ruas e bairros. Essas divisões limitam o espaço da casa enquanto
habitação e da rua como área de circulação, entretanto para a população em
situação de rua esses espaços se misturam a casa é a rua e a rua é a casa,
sendo assim as atividades das duas áreas são realizadas no mesmo espaço.
No que tange à participação no mercado de trabalho, a população em situação
de rua não é só uma pessoa desempregada, no sentido formal, como está
fadado a ser cronicamente desempregado.

Viver nas ruas quase sempre significa estar em risco. Risco que se transforma
em medo cotidiano de ter os pertences roubados, de ser agredido por alguém
entre os iguais da rua em alguma briga por espaço ou em uma desavença, de
ser vítima de violência sexual, de ser alvo de agressões inesperadas vindas de
setores preconceituosos da sociedade para com esse público, ou mesmo dos
órgãos oficiais responsáveis pela segurança.
O problema social da situação de rua é complexo. Para enfrentá-lo é preciso
estar num meio termo, entre a utopia, de achar que medidas simplórias
resolverão o problema, e a distopia de achar que não há solução a ser
encontrada, que a situação de rua nunca será resolvida. O Estado vem agindo
para solucionar o problema da situação de rua. Editou normas e implementou
políticas públicas. Mas para que as políticas públicas atinjam um resultado
satisfatório é necessário ter conhecimento sobre o alvo da política pública.

Na práxis em foco, contrapõem-se questões importantes, as quais o


profissional precisa lidar no cotidiano: a necessidade de efetuar trabalho
técnico de qualidade. O assistente social tem grandes desafios a enfrentar:
lidar com as dificuldades do presente momento; exercer seu potencial de
atuação, conquistando espaço e o devido reconhecimento; bem como defender
alternativas viáveis para o Serviço Social, na busca de sua consolidação como
apoio importante na garantia de direitos aos usuários.
O assistente social utiliza-se das competências para revelar sua ótica acerca de
cada situação social em foco. Esta não se manifesta isenta de preconceitos,
valores e sentimentos, considerando-se que é uma pessoa humana que está a
analisar, embora haja esforços no sentido de que a responsabilidade técnica
sobressaia às questões pessoais. Por ser preparado para a função, o
profissional tem condições de compreender as diversas instâncias que estão a
interferir na sua análise e mostrar o contexto social de forma objetiva.

assistente social destaca-se como um profissional capaz de desvendar os


aspectos sociais que envolvem a vivência do usuário, instigando o debate
crítico, e desenvolvendo ações politizantes. Esta politização e compreensão
crítica da realidade social também por parte das pessoas em situação de rua
confirmam a importância da intervenção profissional, e do trabalho do Serviço
Social. O envolvimento do aluno/estagiário nesse processo possibilitará a
construção da identidade profissional, através do aprimoramento teórico-
metodológico e técnico-operativo.
É preciso a inserção direta dos profissionais do Serviço
Social nas lutas sociais, uma vez que a atuação tem por
objetivo promover ações que legitimem o enfrentamento às
fragilidades que acometem as pessoas em situação de rua,
mediante a elaboração de propostas que venham facilitar o
acesso destes as Políticas Públicas.
REFERÊNCIAS
BESSA, Décio. Cidadãos e Cidadãs em situação de rua: uma análise de discurso crítica da questão social. P.54-121. Tese (doutorado em
linguística) – Curso de Pós-Graduação em Linguística, Universidade de Brasília, Brasília, 2009.

BRASIL. Caderno de Orientações técnicas sobre o Centro de Referência Especializado para a população em Situação de Rua (Centro Pop) e
sobre o Serviço Especializado para pessoas em Situação de Rua. Ministério do Desenvolvimento Social.Setembro de 2011.

BRASIL. Pesquisa Nacional Sobre População em Situação de Rua. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à fome. Brasília, DF. Abril
de 2008.

Brasil. Ministério Público de Minas Gerais. Direitos do morador de rua: um guia na luta pela dignidade e cidadania. Belo Horizonte: Ministério
Público do Estado de Minas Gerais; 2010. p. 29.

BOTTIL, Nadja Cristiane Lappann; CASTRO Carolina G.; FERREIRA, Mônica; SILVA, Ana Karla; OLIVEIRA, Ludmila C.; CASTRO, Ana
Carolina H. O. A.; FONSECA, Leonardo L. K. Condições de Saúde da População de Rua da Cidade de Belo Horizonte. Cadernos brasileiros
de saúde mental. Vol. 1 N.2. Out/Dez de 2009.

BULLA, Leônia Capaverde. Relações sociais e questão social na trajetória histórica do serviço social brasileiro. Revista virtual Textos &
Contextos, nº 2, dez. 2003.

CARDOSO, Luis Antonio. A categoria trabalho no capitalismo contemporâneo. Tempo social, revista de sociologia da USP, V.23, N.2, p. 265 -
295.

Costa APM. A população em situação de rua: contextualização e caracterização. Textos Contextos (Porto Alegre). 2005;4; 1-15.

DURÃES, Bruno José Rodrigues. Trabalho informal, Sofrimento e alienação no século XXI: O trabalho nas ruas de Salvador. Monografia de
Conclusão do Bacharelado em Ciências Sociais. UFBA. Salvador, 2004.

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