7 - Clinica Medica

Fazer download em pptx, pdf ou txt
Fazer download em pptx, pdf ou txt
Você está na página 1de 37

Instituto Politécnico Médio de Moçambique

Curso de Técnicos de Medicina Geral


Dermatologia

CLÍNICA MÉDICA
(Introdução)
Introdução

• O homem está em contacto directo com


inúmeros agentes infeciosos e a pele normal é
colonizada por uma flora bacteriana “bactérias
saprófitas” que ocupa as camadas epiteliais
superficiais, bem como os folículos.
Cont.
• A flora é principalmente constituída por Estafilococos
epidermidis, Micrococos, Corynebacterias e Fungos. O
número de organismos varia consideravelmente nas
diferentes partes do corpo, com a idade do individuo, o
ambiente, e o clima

• As bactérias saprófitas são beneficiais ao corpo


humano, mas, quando a barreira da camada córnea é
alterada, estes organismos podem multiplicar-se e
causar doença
Os outros meios de defesa são:

1. Descamação fisiológica da pele: a descamação arrasta


consigo microorganismos depositados na superfície cutânea.
2. Grau de secura da pele: a maceração e a oclusão facilitam
o crescimento microbiano, por isso, uma pele mais seca
dificulta o desenvolvimento de microorganismos
patogénicos.
3. Efeito bactericida dos lípidos da pele: os lípidos entram na
constituição de uma camada fina oleosa (sebo), criam um
ambiente desfavorável a determinados microorganismos.
Cont.

4. Integridade do epitélio devido a:


 Permeabilidade selectiva da pele, que dificulta ou impede a
passagem de microorganismos.

 Características da camada córnea, nomeadamente a sua


espessura e o arranjo das células que estão intimamente
justapostas nas camadas mais profundas.
Factores de risco para surgimento de infecções
cutâneas.
• A alteração do meio interno por doenças gerais
nomeadamente diabetes, neoplasias, imunodeficiências,
podem ser factores predisponentes às infecções cutâneas,
resultantes da diminuição de defesas do hospedeiro e de
alterações da estrutura cutânea.

• As alterações da vascularização da derme como por


exemplo no caso de estase venosa e ou linfática também
associam-se as às infecções cutâneas.
Cont.

• A perda de integridade do revestimento cutâneo;


• Uma eventual dermatose preexistente (com frequência a
sarna ou a lesão da picada de um insecto);
• A carga parasitária e o poder patogénico do agente
microbiano;
• O enfraquecimento das defesas do hospedeiro.
Epidemiologia das doenças dermatológicas em
Moçambique

• Em Moçambique, as doenças dermatológicas predominantes são de


origem infecciosa. Diversos factores estão associados a este facto,
nomeadamente:
 Condições ecológicas e climáticas favoráveis (temperatura e
humidade elevadas)
 Condições de saneamento básico da população deficiente (pobreza,
aglomerações, higiene)
 Alta prevalência de outras doenças sistémicas, como a infecção pelo
HIV e a diabetes.
 Cobertura deficiente dos serviços de saúde promocionais e imuno-
preveníveis (vacinação, educação em saúde)
Principais Doenças Dermatológicas em Moçambique

• Infecções bacterianas ou piodermites: constituem as


doenças de pele mais comuns.
1. Infecções por Mycobacterium:
a) A forma mais comum da Tuberculose cutânea é a Tuberculose
Gânglionar ou Escrofuloderma. Actualmente, devido à associação
a infecção por HIV, tem-se verificado um aumento na frequência
em crianças e adultos.
b) A Lepra, é uma doença que conduz a desfiguração e deformidade
física ainda merece especial atenção, principalmente nas
províncias de Manica, Sofala, Zambézia, Nampula e Cabo
Delgado.
2. Infecções virais
• São igualmente frequentes e algumas vezes apresentam
manifestações mais severas que as dos países desenvolvidos,
como por exemplo o Herpes Zóster, sarampo, varicela, rubéola
e Molusco Contagioso.
3. Micoses
• Ocupam uma larga percentagem das doenças infecciosas, como
por exemplo a Pitiríase Versicolor
4. Tumores muco-cutâneos
• Com a epidemia do HIV, o sarcoma de kaposi ganhou bastante
relevo entre as neoplasias muco-cutâneas.
5. Doenças parasitarias: É outro grupo particularmente
importante, sendo a sarna a parasitose mais comum, endémica
em algumas áreas e tornando-se muitas vezes epidémica

6. Eczema: Por outro lado, temos também em grande


frequência de eczemas, também chamadas de dermatites. Este
é um grupo de doenças que tem como base uma inflamação da
pele, na maior parte das vezes, sem uma causa evidente.
Relação entre Lesões Dermatológicas e Algumas
Doenças Sistémicas

• Diversas manifestações cutâneas podem representar o


primeiro, ou o mais característico sinal de determinadas
doenças sistémicas subjacentes. As lesões dermatológicas
podem ser secundárias a um efeito directo ou indirecto
sobre a pele, mucosas e anexos.
Diabetes

A afecção dos nervos periféricos e dos vasos sanguíneos


leva respectivamente a uma diminuição da sensibilidade e
alteração da oxigenação na pele, conduzindo facilmente a
traumatismos com formação de úlceras nos pés (chamadas
de mal perfurante plantar) e infecções com dificuldade na
cicatrização por insuficiência na chegada de oxigénio a
pele (erisipela, celulites).
Pelagra:
• Doença por carência nutricional, deficit de vitaminas
(sobretudo ácido nicotínico e nicotinamida), tem sinais
cutâneos característicos como o aparecimento nas áreas
expostas (face, região do pescoço, face anterior dos
antebraços e pernas), de hiperpigmentação (cor mais
escura) de limites bem definidos, pele fina e seca e que se
descola facilmente. De uma forma geral, a desnutrição leva
a alterações cutâneas frequentes.
Infecção pelo HIV
• Manifestações cutâneas são muito comuns de tal maneira que pode-
se afirmar que quase todos indivíduos infectado por HIV, terão no
curso da evolução da sua infecção, uma sintomatologia
dermatológica.

• Em muitos casos, esta sintomatologia dermatológica nos leva à forte


suspeita e posterior diagnóstico da infecção pelo HIV, como por
exemplo o Prurigo, o Herpes Zóster ou o Sarcoma de Kaposi. As
doenças cutâneas associadas à infecção HIV têm uma evolução
crónica, prolongada ou rebelde ao tratamento. Em muitos casos,
mostram manifestações atípicas (sinais diferentes dos que
normalmente apresentam).
Lúpus Eritematoso Sistémico

• Manifesta-se com sinais cutâneos evidentes,


nomeadamente: mancha avermelhada na face, em asa de
borboleta, mas também em outras áreas expostas como os
antebraços e região do decote; os cabelos tornam-se finos e
com queda difusa.
 
Noções gerais de terapêutica dermatológica tópica

• A pele é um órgão muito particular na sua situação de


contacto imediato com o meio exterior o que possibilita o
acesso directo a acção terapêutica. A terapêutica
dermatológica integra um conjunto de medidas gerais e
locais, específicas e inespecíficas, que deve ser planeada.
Medidas gerais e locais, específicas e inespecífica para a terapia
dermatologica

 Situação clínica actual do doente


 Conhecimento acerca da doença
 Disponibilidade de meios
 Espírito de colaboração por parte de pacientes ou familiares.

 Significado da doença para o doente (por ex. O acne, muitas


vezes não há necessidade de tratá-lo, mas alguns adolescentes
ficam traumatizados pela presença de borbulhas na cara);
Os meios de acção local

 São todas as acções exercidas directamente sobre a pele,


nomeadamente, na sua totalidade, sobre áreas determinadas,
ou especificamente sobre as lesões. Compreendem:

• Medicação tópica com fármacos


• Pensos e ligaduras
• Meios físicos (ex. electrocoagulação)
• Cirurgia
1. A medicação tópica

• É o uso de medicamentos aplicados directamente na área


afectada da pele. Muitas vezes é a única terapêutica
necessária.
Vantagens:
• Permite acompanhar de perto o seu efeito
• Minimiza os efeitos indesejáveis do medicamento em
outros órgãos, ou outras regiões da pele
Limitações: alguns medicamentos na administração tópica
têm dificuldades de penetração local e tem efeito mínimo.
Composição Genérica do Medicamento Tópico:

• Veículo: processo através do qual se torna viável ou possível a


utilização do fármaco. Determina a forma de aplicação do
medicamento

• Aditivos: são substâncias adicionadas que facilitam ou


melhoram a preparação dos meios medicamentosos de acção
local que permitem garantir a conservação do medicamento,
ou que procuram corrigir ou diminuir aspectos desagradáveis
do medicamento, como a aparência ou o cheiro.
Formas de Aplicação da Medicação Tópica:

I. Líquidos
1) Água e Solutos Aquosos: Usam-se em: lavagens; banhos
gerais ou parciais e pensos húmidos.

i. Soro fisiológico
ii. Hipoclórito de sódio, Cetrimida e Soluto de
permanganato de potássio
iii. Água oxigenada
Cont.

a) Lavagem - aplicação do soluto com compressa ou


irrigando sobre e dentro da área afectada.
b) Banhos - fazem-se com água simples, temperatura normal
e duração máxima de 20-30 minutos.

• Os banhos podem ser gerais ou parciais.


• Os banhos parciais podem ser: Manilúvios, Pedilúvios
(eczema tipo vesiculoso) e Semicúpios (alivio de dor e o
prurido)
Cont.
c) Pensos - os húmidos consistem na aplicação de solutos na pele, por
meio de algodão ou compressas, por curtos períodos de tempo.
Executam-se com água ou solutos.
• Indicações: Limpeza de crostas, drenar secreções e assim reduzir a
inflamação da pele afectada.

2. Solutos alcoólicos ou solutos em álcool:


Iodo em álcool a 90º, resorcina a 2-5% em álcool a 70º, ácido
salicílico a 2-5-10% em álcool a 60º -70º-90º, violeta de genciana,
eosina a 2%.
Indicações: Desinfecção, remoção de escamas (ácido salicílico a 2-5-10%)
3. Pós

• São substâncias minerais ou vegetais e os mais utilizados


são o óxido de zinco e o pó de talco, podendo ser usados na
forma pura ou misturados a medicamentos diversos como
os antimicóticos – Ketoconazol.
• Eles facilitam a secura da pele e refrescam-na quando está
inflamada.
Indicações: inflamações não exsudativos, pele irritada e
prurido de grandes áreas da superfície cutânea, tendo acção
calmante e anti-pruriginosa
4. Suspensões

• É a mistura de líquidos (água e/ou álcool, glicerina) e pós


(óxido de zinco), sem dissolução destes, Podem ser
incorporadas outras substâncias, como por exemplo com acção
antiparasitária como o enxofre a 5-10%, utilizado para tratar a
Sarna.

 Indicações:
• Tratamento de grandes áreas da pele inflamada, mas não exsudativa
(sem secreções).
• Refresca e diminui a inflamação da pele
5. Gorduras e substâncias gordurosas

• São substâncias que em contacto com a pele a tornam


suave e macia. Nelas podem ser incorporadas diversos
medicamentos activos.

• Indicações: Como protectores da pele, e como


lubrificantes em acção terapêutica combinada.
6. Emulsão:

• É uma mistura de água e um ou mais óleos em que ambos


não são solúveis.
a) Creme: utilizado em situações agudas em que há
secreções e a lesões são húmidas.
b) Pomada: utilizada na pele inflamada na fase crónica e
mais seca.

NB. A diferença entre as duas formulações está no facto de


a pomada ser mais gordurosa.
Pasta

• É a mistura de um pó a uma pomada, com o fim de lhe


aumentar a consistência e promover acção mais profunda
absorvente e secante sobre a pele inflamada. Como por
exemplo a pasta de zinco.
• Indicações: Dermatite da fralda.
Classificação de Acordo com o Princípio Activo.

1. Anti-sépticos: Utilizados para a 2.Antibacterianos: Utilizados


limpeza e desinfecção da pele em caso em caso de infecções
de infecções cutâneas
bacterianas cutâneas
(Impetigo, foliculite)
• Soluto de Permanganato de
potássio
• Pomada de Bacitracina;
• Soluto de Cetrimida
• Solução aquosa de Violeta de • Solução de Eritromicina a
genciana 2% e 4%;
• Soluto de Iodo • Creme de Ácido fusídico
• Soluto de Dakin
• Solução aquosa de Eosina a 2%
Cont.

3.Antifúngicos: Utilizados nas 4.Antivirais: Utilizados nas


infecções por fungos (Tinhas, infecções por vírus (Herpes
Candidíase, Pitiríase versicolor) Simplex). Ex Aciclovir: pomada
dérmica e pomada oftálmica.
• Nistatina: em solução, 5.Antiparasitarios: utilizados
comprimidos vaginais; nas infeccoes por parasitas
• Clotrimazol: em solução, (sarna)
creme e comprimidos vaginais; • Enxofre a 5%: loção
• Ketoconazol: em solução, • Hexacloreto de benzeno: loção
shampoo e creme; • Benzoato de benzilo: loção
6. Anti-inflamatórios:

• Utilizados em afecções dermatológicas inflamatórias. (Eczemas,


Toxidermias ou reacções a medicamentos, Psoríase localizada).

 Corticóides: de acordo com a potência de acção podem ser


classificados em:
a) Fracos - ex. Hidrocortisona a 1%: creme, pomada, loção – nível 3
b) Moderados - ex. Furoato de mometasona: creme, pomada – nível 3
c) Forte - ex. Dipropionato de Betametasona: creme, pomada, loção –
nível 3
d) Muito fortes - ex. Propionato de Clobetasol: creme, pomada –
nível 4
7. Medicamentos Destrutivos

 Utilizados para a remoção de células e destruição de


tecidos (Psoríase, verrugas e calosidades, condilomas
acuminados)

Queratolíticos: substâncias que promovem a remoção mecânica das


células da camada superficial queratinizada, diminuindo a espessura
da pele.
• Pomada de Ácido salicílico a 5%, 10%, 20%,
• Cáusticos: substâncias corrosivas para os tecidos.
• Soluto de podofilina a 20% (ex. tratamento de vegetações venéreas)
9. Emolientes ou Hidratantes:
utilizados em caso de pele seca
8. Retinóides ou Análogos da
Vitamina A: utilizados no
tratamento do acne • Creme aquoso;
• Creme de Ureia a 5% e 10%;
• Tretinoína: creme a 0,025% e a • Óleo de amêndoas doces.
0,05% - nível 4
Importante

• Em Moçambique, a patologia dermatológica de natureza


infecciosa é a predominante.

• As infecções cutâneas, resultam de um desequilíbrio


ecológico local, multifactorial, onde intervêm em
proporções variáveis, a perda de integridade do
revestimento cutâneo, favorecida por uma dermatose
preexistente, a carga parasitária e o poder patogénico do
agente e o enfraquecimento das defesas do hospedeiro.
Importante

• As infecções bacterianas ou piodermites, constituem as


doenças de pele mais comuns e as secundarias são as
que ocorrem com maior frequência.
• A medicação tópica é o tipo mais frequentemente usado
em doenças dermatológicas.
• Os fármacos tópicos em dermatologia podem ser
classificados, quanto ao princípio activo, em
antissépticos, antibacterianos, antifúngicos, antivirais,
antiparasitários, anti-inflamatórios, retinóides, fármacos
destrutivos e emolientes ou hidratantes.
Bibliografia

• Canizares O. Manual de dermatologia para países em


desenvolvimento (A manual of dermatology for developing
countries). Oxford University Press; 1993.
• Cavalcanti I. Principais temas em dermotologia. 1ª Edição.
Medcel; 2006.
• Esteves JA, Baptista AP, Rodrigo FG, Gomes MAM.
Dermatologia. 2ª Edição. Fundação Calouste Gulbenkian.
Lisboa; 1992.

Você também pode gostar