2-Psicopatologia - Um Pouco História - Sabrina Serra Matos

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PSICOPATOLOGIA : UM POUCO

CONCEPÇÃOHISTÓRIA
MÁGICO-RELIGIOSA
As doenças eram vistas como sendo um fenômeno
inexplicável e as causas eram sempre de ordem
externa/maligna, relacionadas à problemas espirituais.
As idéias embrionárias sobre a “doença mental” germinaram
no Egito, Índia, Mesopotâmia e China.
ERA ANTIGA E GREGO-LATINA
A primeira “classificação” de transtorno de comportamento
foi um “tratado” oriundo da Mesopotâmia, em 2700 a.C,
aproximadamente, onde consta a “insanidade”.
Próximo de 2000 a.C., no Egito antigo, a concepção
funcional-mecanicista de histeria (um ser que deslocava
dentro do corpo).
Distingue-se das anteriores visto considerar as doenças
como sendo causadas por disfunções internas.
Hipócrates procurou “causas naturais” para as
patologias e assim possibilitar com que elas entrassem
no domínio da medicina.

Hipócrates falou de:


- epilepsia; - melancolia; - excitação; - paranóia.
Alguns de seus seguidores (Celso, Areteu da
Capadócia, Sorano de Éfeso e Galeno) falaram em:
- mania; - melancolia; - frenite ( afecções agudas).
ARETEU DA CAPADÓCIA fez uma distinção
importante:
- entre histeria e epilepsia;
- entre mania e melancolia;
- entre afecções com ou sem febre.
ERA MEDIEVAL
Retorno às concepções mágico-religiosas. Com abandono da
noção de “causas naturais”.
MOTIVO?

TEOCENTRISMO EXAGERADO.
Foi um período de hibernação e a busca pelo
conhecimento científico desapareceu.
PRIMEIRA REVOLUÇÃO DO DIAGNÓSTICO
“Escola francesa” (século XVII) - Avanço das ciências, das
artes, da literatura. Surgem os primeiros locais específicos
para cuidar dos doentes mentais. Daí a necessidade de
classificar as doenças de forma “científica”.

Fim do século XVII, PINEL desacorrentava os loucos


em Bicêtre e na Salpetrière e os observava.
Tratamento humanístico da doença mental.
- melancolia;
- mania com e/ou sem delírio;
- idiotia;
- demência.
NOMES FAMOSOS DESSA
ÉPOCA:

William Cullen: acreditava em "entidades" como


causa de doenças. Compilou um extenso livro de
nosologia (sistema classificatório para doenças). Foi
o primeiro a ver a analogia entre delírio e sonhos
ilusórios (isto é, sonhos com conteúdos
incongruentes ou bizarros). Também foi o primeiro a
cunhar o termo neurose, entretanto o utilizou de
uma forma que pouco lembra o conceito moderno
de perturbações de ansiedade.
Jean-Étienne Dominique Esquirol: discípulo de
Philippe Pinel, o sucedendo como chefe do Hospital de
Salpêtriére, em Paris. Entre vários outros notáveis
trabalhos cunhou o termo ”alucinação” e diferenciou
demência (doença mental) e amência (deficência
mental), nas palavras dele, o primeiro é louco, o
segundo é idiota. É com Esquirol que a idiotia deixa
de ser considerada uma doença e o critério para
avaliá-la passa ser o rendimento educacional. O
médico, em consequência, perde a palavra final no
que diz respeito à deficiência mental, abrindo as
portas dessa nova área de estudo ao pedagogo.
Jean-Pierre Falret: foi uma das maiores autoridades em
doenças médicas. Acreditava no dualismo da natureza do
indivíduo (na separação do corpo e da alma). Propôs que
quando a alma e uma condição de doença interagem, um
fenômeno chamado novum organon aparece, e esta
manifestação cria distúrbios na alma causando a doença
mental. Essa condição mental não poderia ser sanada por
tratamento somático por si só, mas principalmente através
de métodos "psíquicos" morais. Publicou um artigo
descrevendo uma condição que ele chamou de a loucura
circular (la folie circulaire), onde um paciente poderia
experimentar ciclos de excitação maníaca e ciclos de
depressão. A descrição de Falret é considerada como sendo
o diagnóstico mais precoce documentado do que hoje é
conhecido como uma desordem afetiva bipolar .
Jules Baillarger : discípulo de Jean-Étienne Dominique
Esquirol , foi o primeiro a descobrir que o córtex cerebral
era dividido em seis camadas de branco alternativo e
lâminas cinza. Seu nome está associado com os
interiores e exteriores das bandas Baillarger, camadas
de fibras brancas do córtex cerebral. No campo da
psiquiatria, Baillarger pesquisou a natureza involuntária
de alucinações e as dinâmicas do estado hipnagógico
(estágio intermediário entre o sono e a vigília). Forneceu
uma descrição de um transtorno bipolar que ele se
referia como loucura de dupla forma (folie à double
forme), sem que soubesse, que Jean-Pierre Falret já
havia descrito a mesma condição em um artigo anterior
à descobertas de Baillarger, referido-se ao transtorno
como loucura circular (folie circulaire).
Charles Lasègue: era versátil em muitas facetas da medicina.
Deu aulas sobre sistema nervoso e doença mental. Ele
considerou as disciplinas de fisiologia e psiquiatria como
complementares. Estava particularmente interessado na
psicossomáticas dos transtornos. Descreveu um dos
primeiros relatos de anorexia nervosa, além de realizar
pesquisas envolvendo delírios de perseguição.
Como psiquiatra, acredita que o conhecimento da história do
paciente, a causa que criou o seu desequilíbrio mental
poderia ser encontrada. Enfatizou o papel das atitudes
parentais e interações familiares como de suma importância
para o diagnóstico. Com Jean-Pierre Falret, ele introduziu o
conceito de “folie à deux“ para descrever a aparente
coincidência de sintomas psicóticos em membros da família
ou pessoas estreitamente ligadas (que viver juntos). Este
conceito é por vezes referido como o "Síndrome Lasègue-
Bénédict Augustin Morel: discípulo de Jean-Pierre Falret, foi
o primeiro a utilizar o termo démence precoce (latim,
dementia praecox ou demência precoce) que se referia ao
que hoje é conhecido como esquizofrenia. Publicou Traité des
dégénérescences physiques, intellectuelles et morales de
l'espèce humaine et des causes qui produisent ces variétés
maladives (Tratado da degeneração físicas, intelectuais e
morais da espécie humana e as causas que produzem essas
variedades doentio), argumentando que algumas doenças são
causadas por degeneração e que diversos estigmas físicos e
psíquicos degenerativos explicariam as deformidades
detectadas em loucos e delinquentes. Referida degeneração,
por sua vez, daria lugar a distintas enfermidades mentais:
epilepsia, debilidade, loucura e, inclusive, ao comportamento
delitivo (referente ao delito causador). Loucura, crime e
degeneração estariam significativamente associados.
Jacques-Joseph-Valentin Magnan: foi aluno de Baillarger e Falret e discípulos de Esquirol
e ficou conhecido por expandir o conceito de degeneração introduzido em psiquiatria por
Morel. A teoria da degeneração, influenciada pelas teorias biológicas da evolução e
pressupostos sobre hereditariedade foi reunida nos escritos “Considérations générales sur
la folie des héréditaires ou dégénérés” (Considerações gerais sobre a loucura hereditária
ou degenerativa). Ele introduziu termos como “bouffée delirante” (condição psicótica
aguda e transitória) e “evolução sistemática do delírio crônico” (delírio crônico) como
categorias descritivas de doença mental. Distinguiu indivíduos que não apresentavam
estigmas de degenerescência, supondo possuírem taras latentes que os predispunham à
surtos de loucura intermitente ou ao delírio crônico sistematizado, cujo rigor de
organização opunha ao polimorfismo dos estados precedentes. Na sua proposição com
Paul Serieux (Le délire chronique a évolution systématique) afirmou que os pacientes
atravessam quatro estágios de ansiedade (inquietação), perseguição, grandeza e
demência. Em suas investigações de absinto, ele tentou identificar um específico "efeito
absinto" que não estava presente em outras formas de alcoolismo, e sugeriu que o delírio
associado ao absinto era diferente das experiências de delirium tremens associados ao
alcoolismo. Em pesquisa com animais de laboratório utilizava essência de absinto e não a
bebida em si, que continha uma pequena percentagem do elemento ativo do absinto,
hoje identificado como Tujona. De suas experiências, ele observou que os animais
apresentaram convulsões epileptiformes quando expostos a níveis de concentrados de
absinto.
SEGUNDA REVOLUÇÃO DO DIAGNÓSTICO
“Escola alemã” (final do século XVIII) - Psiquiatras alemães
começaram a enfatizar as particularidades individuais.
Nomes famosos:
Ernst von Feuchtersleben: criou o termo ''psicose” usando
pela primeira vez em 1845 como uma alternativa à
insanidade e mania, "uma alma ou dando vida a, animando ,
despertando "e que a partir do prefixo (''psique'') = alma e o
sufixo (‘’osis''), neste caso, “situação anormal".
A palavra foi usada para distinguir distúrbios que foram
pensados ​para ser distúrbios da mente, em oposição a
"neurose", que foi pensado para conter de um distúrbio do
sistema nervoso.
As psicoses, assim, tornou-se o equivalente moderno da
velha noção de loucura, e, portanto, houve muito debate
sobre se houve apenas uma (unitário) ou muitas formas de a
nova doença.
Carl Friedrich Otto Westphal: cunhou o termo
“agorafobia", quando ele observou que três pacientes
do sexo masculino de sua ansiedade exibida extrema
e sentimentos de medo quando teve de entrar
determinadas áreas públicas da cidade. É creditado
com o fornecimento de um diagnóstico precoce de
"pseudosclerosis", hoje conhecida como
degeneração hepatolenticular; também
demonstrou uma relação entre tabes dorsalis
(degeneração do nervo na medula espinhal ) e
paralisia na mentalmente insano. Ele foi o primeiro
médico a fornecer uma descrição clínica da
narcolepsia e cataplexia.
Karl Ludwig Kahlbaum: foi o primeiro a tentar sistematizar as
formas das doenças mentais a partir de um ponto de vista
puramente clínico. Kahlbaum e Hecker introduziu um
sistema de classificação que usou termos descritivos como
distimia, ciclotimia, catatonia, parafrenia e hebefrenia .
Em sua pesquisa, eles foram pioneiros na aplicação de
modernas práticas clínicas no estudo da saúde mental.
Emil Kraeplin: deu início à criação de um sistema de classificação
dos transtornos mentais análogo ao já existente para “doenças
físicas”, pautado na diferenciação das enfermidades a partir de
suas etiologias, sintomatologias, evoluções e prognósticos. Sua
nosologia era baseada no curso natural da doença. Classificou
as mais diversas enfermidades psiquiátricas em categorias,
agrupando a catatonia, a hebefrenia e a paranóia num só grupo e
denominou de DEMÊNCIA PRECOCE.
A nosografia krapeliana foi aceita no século XX e revolucionou
a psiquiatria européia do começo desse século.
SÉCULO XX
1948 – a OMS publicou a 6ª edição da CID (Classificação
Internacional de Doenças e passa a nomeá-la de Manual
Internacional de Classificação de Doenças, Lesões e
Causas de Morte. Nessa classificação, são incluídos pela
primeira vez os transtornos mentais.
1952 – a APA, sob a influência da teoria psicalítica publica
pela primeira vez o Manual Diagnóstico e Estatístico dos
Transtornos Mentais (DSM-I). Terminologia basicamente
psicodinâmica.
1968 – DSM-II, baseado na 8ª edição da CID. Princípios
desvios da CID-8:
•retardo mental;
•Síndromes cerebrais orgânicos não-psicóticos;
•Diagnósticos múltiplo.
1980 – DSM-III, baseado na 9ª edição da CID de
1977. Pretendia ser ateórico. Princípios desvios da CID-
9:
• quadros psicóticos orgânicos;
• outras psicoses;
• transtornos neuróticos, de personalidade e outros
também não especificados.

Atualmente, a psiquiatria tem duas classificações muito


similares:
•CID - 10;
•DSM – IV.
CID – 10
 É um sistema oficial de classificações dos transtornos
mentais, publicado pela OMS.
Objetiva:

TORNAR O DIAGNÓSTICO MAIS PRECISO E


FIDEDIGNO
NÃO ENFOCA A ETIOLOGIA
 Em sua 10ª versão, contou com a participação de várias
organizações.
 sofreu influência direta da psiquiatria dos EUA.
Várias versões da CID – 10:

Descrições clínicas e diretrizes diagnósticas

Destina-se a:
•USO CLÍNICO
•USO EDUCACIONAL
•USO ASSISTENCIAL

Critérios diagnósticos para pesquisa

Destina-se a:
•PESQUISA
DESCRIÇÕES CLÍNICAS E DIRETRIZES DIAGNÓSTICAS:
 Para cada transtorno é fornecida uma descrição dos
aspectos clínicos principais.
 Diretrizes diagnósticas: indicam, na maioria dos casos, o
números de sintomas usualmente necessários para um
diagnóstico confiável.
 Quando os requisitos estabelecidos nas diretrizes
diagnósticas são claramente preenchidos, o diagnóstico pode
ser considerado CONFIÁVEL .
 Quando eles são apenas parcialmente preenchidos, ainda
assim o profissional deve registrar um diagnóstico e
acrescentar “provisório”.
 No que diz respeito à duração dos sintomas, cabe ao
profissional decidir (um pouco mais ou um pouco menos de tempo).
 É mais ampla que a CID-9.
 Ao invés de códigos numéricos (CID-9), a CID-10 usa
códigos alfa-numérico.
ISSO QUER DIZER QUE:
 Aumentou significativamente o número de categorias.
 A CID-9 tinha apenas 30 categorias (290-319).
 A CID-10 tem 100 categorias.
 A divisão tradicional entre neurose e psicose:
 na CID-9: usava mas não definia tais termos;
 na CID-10: em F40-F48 (transtornos neuróticos
relacionados ao estresse e somatoformes)
 também não define.
 Em F23 (transtornos psicóticos agudos e transitórios).
 O uso da palavra psicótico não envolve pressupostos
psicodinâmicos.
Simplesmente indica a presença de alucinações, delírios ou
de número limitado de várias anormalidades de comportamento.
Registra mais de um diagnóstico.
 É dividida em 11 categorias:
As 11 categorias
 F00 – F09 - Transtornos mentais orgânicos,
incluindo sintomáticos (demências, delirium, síndromes
amnésicas, síndromes por lesão cerebral).
 F10 – F19 - Transtornos mentais decorrentes do
uso de substância psicoativa (álcool, opióides,
canabióides, sedativos ou hipnóticos, cocaína,
estimulantes, alucinógenos, tabaco, solventes
voláteis).
 F20 – F29 – Esquizofrenia, transtornos
esquizotípicos e delirantes.
 F30 – F39 - Transtornos do humos (afetivos).
 F40 – F49 - Transtornos neuróticos relacionados
ao estresse e somatoformes.
Continuação: As 11 categorias

 F50 – F59 – Síndromes comportamentais


associadas a perturbações fisiológicas e fatores
físicos.
 F60 – F69 - Transtornos de personalidade e de
comportamento em adulto.
 F70 – F79 – Retardo mental.
 F80 – F89 – Transtornos do desenvolvimento
psicológico.
 F90 – F98 - Transtornos emocionais e de
comportamento com início, usualmente, ocorrendo
na adolescência.
 F99 - Transtorno mental não especificado.

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