Saúde, Cultura e Sociedade
Saúde, Cultura e Sociedade
Saúde, Cultura e Sociedade
• A realidade contextual de que falamos abrange desde sua unidade social mais micro –
os sujeitos e a família – até as relações sociais mais amplas, em nível macro,
como, por exemplo, o processo de globalização na sociedade.
• Portanto, propomos que, ao pensar na realidade dos sujeitos e das famílias, pensemos
sempre nas suas inter-relações e mesmo num contexto político, social e cultural.
Saúde e Sociedade
• Isto quer dizer que propomos conhecer a realidade, sim, porém de modo
crítico, questionador e criativo.
Saúde e Sociedade
• Assim, convidamos você a entrar no mundo das ideias, práticas, conflitos, desafios e
realizações que compõem os marcos conceitual e contextual do SUS e da sociedade
brasileira.
• Estudaremos/Refletiremos:
• Então, vamos desenvolver com vocês essas duas questões que se colocam: a
primeira, sobre as diferentes formas de ver a saúde, e a segunda, sobre os
modelos conceituais em saúde.
Saúde e Sociedade
• O que ocorreu na Inglaterra entre 1870 e 1970 que possa estar relacionado à
diminuição de mortes por tuberculose?
• Nesse período, surgiram serviços públicos de saúde, melhores condições para a classe
trabalhadora, com melhorias nas condições salariais/econômicas, habitações melhores,
projetos de saneamento e urbanização, empoderamento das classes populares, ampliação
da democracia; questões que significam promoção da saúde e prevenção de doenças, bem
como a ampliação da qualidade de vida. Com esses dados, já podemos ver a realidade de
outra maneira.
1- Modelos conceituais em
saúde
1.1 A Epistemologia da Saúde: as diversas formas de pensar a saúde
• Se for verdade que não podemos absolutizar a determinação social na hora de
executar um tratamento individual, também é verdade que, se quisermos efetivamente
ser profissionais de saúde, e não de doença, temos que começar a pensar
de outro jeito, a ver as coisas de outra forma.
• A maneira biomédica nos foi imposta de tal modo e está tão incorporada ao nosso
jeito de ver que nos sentimos desconfortáveis de pensar em mudar.
1- Modelos conceituais em
saúde
1.1 A Epistemologia da Saúde: as diversas formas de pensar a saúde
• GRÉCIA ANTIGA Surge a teoria Hipocrática, que centrava nos fatores externos
ambientais (clima, geografia, alimentação, trabalho excessivo) as causas das doenças;
Saúde e Sociedade
• Surge também,a teoria social da Medicina com alguns revolucionários como Virchow e
Neumann que buscam a explicação da doença nas condições de vida e de trabalho.
Saúde e Sociedade
1- Modelos conceituais
em saúde
• ATUAL: Multicausalidade/Multifatorialidade – processo saúde doença
Saúde e Sociedade
Modelo Biomédico
• Tal modelo foi chamado de modelo flexneriano, porque Flexner foi quem
centralizou uma pesquisa nos EUA, em 1910, patrocinada pela Fundação Carnegie,
concluindo que o bom modelo de ensino de medicina deveria ser o da Rockefeller
Foundation.
• Isto tem como consequência uma posição autoritária, unidisciplinar e com intenso uso do
aparato que lucra com a doença: hospitais, exames, remédios, medicina altamente
especializada - o chamado complexo médico-industrial.
Saúde e Sociedade
• O movimento de medicina social foi hegemônico, na Europa, entre 1830 e 1870, quando
ascende a teoria pasteuriana unicausal. A partir daí, há um declínio, só persistindo residualmente
em alguns países, como a Itália, até a Segunda Guerra Mundial.
• No mundo, as ideias de determinação social foram retomadas por Henry Sigerist (1942) e
Georges Canguilhem (1943/1968), mas ficaram restritas na área das ciências sociais, pouco
modificando a tendência norte-americana, do modelo unicausal (flexneriano).
• Henry Sigerist (1891- 1957) – filho de pais suíços, nasceu em Paris e formou-se em Medicina pela Universidade de
Zurique. Foi professor de História da Medicina nas Universidades de Zurique, Leipzig e, posteriormente, na
Universidade John’s Hopkins.
• Georges Canguilhem (1904- 1995) – nasceu no sul da França, percorreu a carreira acadêmica em instituições de
ensino e pesquisa francesas como filósofo. Sua tese de doutorado, defendida no curso de Medicina, feito
posteriormente à licenciatura em Filosofia, foi impressa sob o título O normal e o patológico.
Saúde e Sociedade
• Em 1942, Sigerist dizia que o médico tem quatro grandes tarefas: promover
saúde, prevenir doenças, restabelecer o doente e reabilitá-lo.
□ E que promover saúde era ter condições de vida, trabalho, educação, cultura física,
distração e descanso, chamando políticos, sindicatos, indústrias, educadores e médicos
para essa tarefa;
Saúde e Sociedade
Determinação social da doença X Modelo Biomédico
Flexibilidade X Rigidez
Saúde e Sociedade
Determinação social da doença X Modelo Biomédico
Centro de saúde/comunidade X Hospital / Indivíduo
Promoção da Saúde
Promoção da Saúde
• Isto inclui diversos conceitos novos, que estão, por exemplo, no coração de programas da
Estratégia Saúde da Família, mas que não fizeram parte dos nossos currículos tradicionais,
tais como: tecnologia-leve e cidadania.
• Uma vigilância que cada um de nós deve exercer sobre si mesmo (VERDI; CAPONI,
2005).
Saúde e Sociedade
1- Modelos conceituais em
saúde Promoção da Saúde
• Esta tendência, identificada por Buss (2003) como mais moderna, considera fundamental
o papel protagonista dos determinantes gerais sobre as condições de saúde, cujo amplo
espectro de fatores está diretamente relacionado com a qualidade de vida individual e
coletiva.
Saúde e Sociedade
1- Modelos conceituais em
saúde Promoção da Saúde
• Por fim, promover a saúde implica □ uma abordagem mais ampla da questão da
saúde na sociedade.
Saúde e Sociedade
1- Modelos conceituais em
saúde Promoção da Saúde
• Como tínhamos afirmado antes, as tendências para a discussão de promoção da saúde
têm em comum a importância do social.
Promoção da Saúde
• Carta de Ottawa
Documento emblemático no movimento da Promoção da Saúde resultante da I
Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, realizada na cidade de Ottawa,
Canadá, em 1986. Neste documento, Promoção da saúde consiste em proporcionar
aos povos os meios necessários para melhorar a sua saúde e exercer um maior
controle sobre a mesma. São apresentados como campos de ação da promoção da
saúde: políticas públicas saudáveis, ambientes favoráveis à saúde, fortalecimento da ação
comunitária, desenvolvimento de habilidades e atitudes pessoais e reorientação do
sistema de saúde.
Saúde e Sociedade
Promoção da Saúde
• Nesse contexto, saúde deve ser entendida como a capacidade para viver a vida de modo
autônomo, reflexivo e socialmente responsável, cujo núcleo de intervenção do setor da saúde
deve ser em torno dos “serviços e territórios”.
• Entender saúde através da politização das práticas sanitárias, tendo como objetivo a produção
de bens e serviços, a produção de sujeitos (usuários e trabalhadores) e a democratização
institucional.
• Estas histórias muitas vezes nos foram contadas da forma que gostariam que
entendêssemos, mas nem sempre apresentaram toda a verdade, ou todas as possíveis
interpretações.
• Nesta unidade, vamos resgatar tais histórias e analisá-las com mais atenção.
• Desejamos assim explicitar a complexidade da organização da sociedade e sua relação
com o processo saúde-doença.
Saúde e Sociedade
• Apesar de termos essa dependência (subordinação) aos países hegemônicos, temos nossas
características próprias, derivadas dos arranjos histórico-culturais que construíram nossa
formação social.
Saúde e Sociedade
• Podemos dizer que nossa sociedade, hoje, é organizada sob a lógica capitalista e, desta
lógica, a sua face moderna, chamada neoliberalismo.
• Então, para entender essa situação, podemos utilizar Marx, um pensador do século XIX,
cuja teoria econômica voltou a ser considerada, depois do início da última crise.
• Ele utiliza, como questão central para análise das sociedades, o entendimento de como
se organiza a economia. A partir dela, entendemos como se conforma a hegemonia, as
relações internacionais e mesmo as relações contraditórias entre regiões do país ou,
mesmo, as internas, numa mesma cidade.
• Nossa cultura, nossa história, nossa forma de encarar o mundo medeia essas relações,
mas não as modifica.
(MARX. 2008).
Saúde e Sociedade
• Dizer, portanto, que o Brasil é um país capitalista é uma obviedade e uma simplificação.
• Mas, por outro lado, é importante lembrar isso sempre que raciocinarmos sobre o
conceito de saúde e sobre políticas sociais (entre elas, as da saúde, nosso tema).
• A base para estudar uma economia capitalista é a existência de duas classes sociais
fundamentais (não únicas, mas fundamentais): os donos do capital (ou dos meios de
produção) e os que vendem suas forças de trabalho, configurando a burguesia e o
proletariado.
Saúde e Sociedade
• Isso tem implicações diretas no sistema de saúde pública, para o povo do nosso país.
• A hegemonia assume também papéis nos órgãos de imprensa, na lógica das igrejas e
impregna sua ideologia.
Para isso, não bastam os saberes e as práticas tradicionais - como dizia David
Capistrano - este exercício requer ir muito além da sabedoria e da técnica,
pressupõe uma férrea persistência e mesmo pertinácia.
OBRIGADO!