Aula 2

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ESCOLA SUPERIOR DE ECONOMIA E GESTÃO-CHIMOIO

CURSO DE LICENCIATURA EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


2o ANO

CADEIRA: HISTÓRIA DE MOÇAMBIQUE E


UNIVERSAL
Transição e consolidação da independência
nacional (1974-1977)
Transição e consolidação da independência
nacional (1974-1977)
Com o cessar-fogo e a assinatura dos ‘Acordos de Lusaka’ em
Setembro de 1974, sucede-se a criação de um governo de
transição, composto por representantes da FRELIMO e do
governo português, cuja duração se estende até à independência
nacional de Moçambique, a 25 de Junho de 1975.
O hiato provocado pela saída massiva dos portugueses que
haviam preenchido a maior parte dos lugares do quadro da
administração e do aparelho económico, depois da proclamação
da independência nacional, teve que ser preenchido e assumido
pela FRELIMO. As mudanças operadas em Moçambique pelo
sistema de administração portuguesa em finais do período
colonial, não foram suficientemente abrangentes de molde a
criarem uma elite negra educada.
Transição e consolidação da independência
nacional (1974-1977)
• Na altura da independência, Moçambique tinha uma população
com uma percentagem de 90% de analfabetos, um número
reduzido de técnicos e pessoas com formação superior.
• No geral, havia poucas pessoas preparadas para preencherem os
lugares abruptamente deixados pelos portugueses. É importante
registar que o êxodo de portugueses e de alguns indianos neste
período entre a transição e pós-independência, foi acompanhado
por uma ‘sabotagem’ da economia de Moçambique, que pode ser
caracterizada pelo esvaziamento das contas bancárias, fraudes na
importação de mercadorias e exportações ilegais de bens (carros,
tractores, maquinaria,etc).
• Na mesma altura, empresas e bancos portugueses procederam ao
repatriamento do activo e dos saldos existentes, criando assim um
rombo na economia de Moçambique
Transição e consolidação da independência
nacional (1974-1977)
Logo após os primeiros anos de independência, a África
do Sul iniciou um processo de repatriamento de
trabalhadores moçambicanos com contratos nas minas, e
o fluxo de recrutamento de trabalhadores sofreu uma
redução nos anos seguintes (de 120 000 para 40 000 num
só ano) Este processo foi acompanhado por um
redireccionamento da utilização dos serviços dos portos e
caminhos-de-ferro de Lourenço Marques, pela África do
Sul (recorde-se que por altura da independência nacional,
mais de 90% dos serviços prestados pelos portos e
caminhos de ferro de Moçambique eram direccionados
para os países vizinhos).
Transição e consolidação da independência
nacional (1974-1977)
• Em 1976,Moçambique adere às sanções das Nações Unidas contra a
Rodésia (Zimbabwe) e encerra as suas fronteiras com este país.
Recorde-se que a Rodésia era uma importante fonte de captação de
divisas para Moçambique, não só através da utilização do porto e
dos caminhos-de-ferro da Beira, para o transporte de mercadorias
de trânsito, mas também através do consumo de derivados do
petróleo provenientes da refinaria em Maputo, para suprir os
problemas de uma economia embargada.

• O Zimbabwe deixou de utilizar as vias moçambicanas que dão


acesso ao oceano e isso veio reduzir as receitas obtidas através da
prestação de serviços ao Zimbabwe. Essa situação agravava o défice
da balança de transacções correntes.
Transição e consolidação da independência
nacional (1974-1977)
Com uma economia largamente dependente dos
serviços prestados aos países vizinhos, e na sequência do
novo tipo de relações agora existentes com a Rodésia e a
África do Sul, Moçambique viu assim drasticamente
diminuída a entrada de divisas para o país.
As calamidades naturais que afectaram o país entre 1977
e 1978, os efeitos da depressão sobre a economia
moçambicana, de base agrícola, agravados pelos
aspectos acima mencionados, levaram o país a um
declínio económico em espiral
PLANO PROSPECTIVO INDICATIVO (PPI)
Com a realização do III Congresso da FRELIMO em 1977 foi
elaborado o Plano Prospectivo Indicativo (PPI), um mega
plano com objectivo de acabar com o subdesenvolvimento
no país em 10 anos que replicava o modelo de
desenvolvimento dos países socialistas, criava-se uma
ilusão do real possível alcançável.
A economia começou a dar sinais de crescimento, mais
ainda estava-se longe de atingir o pico de produção de
1973. Os sectores das pescas, transportes e de energia
registaram taxas de crescimento assinaláveis.
No seio da elite política começou a acreditar que era
possível acabar com o subdesenvolvimento em dez anos.
PLANO PROSPECTIVO INDICATIVO (PPI)
O PPI era considerado como instrumento base para a construção do
desenvolvimento razoável no âmbito da economia socialista. Para a
concretização do plano foram definidos seguintes acções:
• Socialização do campo e desenvolvimento agrário através do
desenvolvimento acelerado do sector estatal agrário, mecanização da
agricultura, introdução das cooperativas no campo e criação de aldeias
comunais.
• Industrialização rápida através do desenvolvimento da indústria pesada.
• A formação e qualificação de força de trabalho através da massificação
da formação formal e da alfabetização.
Sobre a formação e qualificação de força de trabalho através da
massificação da formação formal e da alfabetização o PPI tinha como base a
educação para impulsionar o desenvolvimento e foi nesta óptica que foi
introduzido o Sistema Nacional de Educação (SNE).
PLANO PROSPECTIVO INDICATIVO (PPI)
Com aprovação do PPI foi adoptado oficialmente o programa específico
de industrialização. O Governo centrou as acções em:
• Melhorar o aprovisionamento das empresas em matéria primas e
matéria auxiliares indispensáveis,
• Reorganização das principais linhas de produção e indústrias e
• Elaboração de projectos para o desenvolvimento para indústria
básica,
Como resultado da reorganização ao rápido declínio da produção do
sector no período 1974-76, seguiu-se um período de recuperação
sensível dos índices de produção. Entre 1977 e 1981 a produção da
indústria transformadora cresceu em 18% a uma taxa média de 4%.
Nos transportes aconteceu a formação de três empresas de transporte de
passageiros a ROMOS, ROMOC e a ROMON, para além da DETA, actual
LAM.
Formação das Aldeias Comunais

• As aldeias comunais tinham dentre outros objectivos aglomeração das


pessoas dispersas onde podiam colocar uma escola, um hospital e força de
trabalho e formação.
• As aldeias comunais mostram como as populações viveriam organizadas para
desenvolverem a produção colectiva, promovendo o intercâmbio dos
conhecimentos.
• Os enquadramentos dos camponeses nas aldeias comunais de forma
económica e sociopolítica eram consideradas para o desenvolvimento rural
aprendida pela FRELIMO nas zonas libertadas.
• O processo estava dentro de uma plataforma estrutural agrária que
enquadrava as cooperativas formando verdadeiro complexo económico que
garantiam o conjunto de funções económicas e serviços administrativos,
sociais e culturais.
• Esse processo pretendia definir a restruturação da organização da produção
do meio rural nos moldes socialistas partindo das aldeias comunais e
cooperativas como forma colectiva na produção e de vida.
Formação das Aldeias Comunais
• A FRELIMO concebeu algumas partes do país, apoios
técnicos, intervenção estatal para o trabalho
cooperativo. A cooperativa era considerada uma
organização socioeconómica de massa que constituía
parte integrante do sector popular da economia social.
Neste contexto, a cooperativa sem autonomia ficando
subordinada ao Estado à planificação económica estatal.
• Em algumas aldeias teoricamente todos os aldeões
eram considerados membros da cooperativa, sendo
destacado para o trabalho de cooperativa, um individuo
para cada família, três vezes por semana
Plano Económico Central
O Plano Económico Central (PEC) tinha como objectivo de
gestão de empresas estatais uma vez que todas as
empresas estavam nas mãos do Estado.
Na agricultura criou-se a MECANAGRO, que controlava
todo o equipamento agrícola então pertencente as
empresas estatais e os parques de máquinas das
Direcções Provinciais da Agricultura (DPA), exercendo as
funções de:
• Prestação de serviços (aluguer e assistência técnica),
• Colocação de encomendas de pecas sobressalentes,
• Gestão de parques de máquinas espalhadas pelo país.
Plano Económico Central
Ainda na agricultura criou-se a empresa AGRICOM,
que tinha como objectivo de:
• Realizar a comercialização agrícola
• Aquisição de excedentes aos camponeses,
• Armazenagem e transporte entre as zonas
excedentárias e deficitárias, sobretudo do
campo para cidade.
• Controlar os preços oficiais dos produtos
agrícolas
Problemas das cooperativas
• A grande preocupação dos aldeões era a obrigatoriedade
do trabalho colectivo, fazia lembrar o trabalho obrigatório
no período colonial.
• Após dois anos de vida nas aldeias os restabelecimentos da
sua base económica era deficitária
• Os campos familiares ficavam longe
• Os rendimentos eram precários e as lojas (cooperativas de
consumo) não abasteciam com regularidade
• Comprar produtos da primeira necessidade no mercado ou
na cantina do povo era cada vez mais difícil e complicado.
Os problemas com a mecanização acelerada

• A redução de oportunidades de emprego


• Aumento da forca do trabalho sazonal
• Destruição precoce de equipamento por falta da adequada
manutenção
• Falta de pecas sobressalentes
• Avarias constantes resultantes da negligência, uso menos
cuidadoso do equipamento
• O sector agrário tornou-se economicamente inviável dado
que a mecanização não resultou em retornos crescentes de
investimento
• Os custos unitários aumentaram
• Houve problemas de gestão
Fraquezas do PPI
• O programa (PPI) apresentava algumas
fraquezas que consistiam na falta de recursos
financeiros internos para realizar um
investimento de vulto e era demasiado
dependente a recursos externos, com uma
orientação comercial e económica centralizada
no mercado interno, uma gestão
macroeconómica desequilibrada e
excessivamente centralizada com uma
articulação não efectiva com o sector agrário.

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