Imp Aula 2 e 3 Desenvolvimento Humano e Pesquisa
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Pesquisa
Aula 2 e Aula 3
Maria Lúcia S. de O. Kroll
Psicóloga
Desenvolvimento Humano e Pesquisa
• Uma teoria é um conjunto de conceitos ou enunciados logicamente
relacionados que procura descrever e explicar o desenvolvimento e
predizer que tipos de comportamento poderiam ocorrer sob certas
condições.
• Uma teoria não é apenas um palpite. É um modo de organizar dados,
são as informações reunidas pela pesquisa, e também é fonte de
hipóteses, explicações ou previsões provisórias que podem ser
testadas por pesquisas posteriores.
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• As teorias são dinâmicas – mudam para incorporar novas
descobertas. As vezes a pesquisa apóia uma hipótese e a teoria sobre
a qual ela se baseia.
• O modo como os teóricos explicam o desenvolvimento depende, em
parte, do modo como eles consideram duas questões básicas:
• 1. se as pessoas são ativas ou passivas em seu próprio
desenvolvimento, e
• 2. se o desenvolvimento é mais influenciado pela hereditariedade ou
pelo ambiente.
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As pessoas são ativas ou passivas em seu desenvolvimento?
As crianças possuem seus próprios impulsos e necessidades internas
que influenciam o desenvolvimento, mas elas também são animais
sociais que não podem atingir um desenvolvimento ideal isoladamente.
Modelo Mecanicista de desenvolvimento: as pessoas são como
máquinas que reagem a estímulos ambientais. Se soubermos o
suficiente como a máquina humana é montada e conhecermos as
forças internas e externas que agem sobre ela, poderemos predizer o
que uma pessoa fará.
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• Modelo Organísmico de desenvolvimento: esse modelo entende as
pessoas como organismos ativos em crescimento que põe em marcha
seu próprio desenvolvimento. Elas iniciam eventos e não apenas
reagem. O ímpeto para a mudança é interno. Influencias ambientais
não causam o desenvolvimento, embota possam acelerá-lo ou
desacelerá-lo.
• O comportamento humano é um todo orgânico, não pode ser
previsto subdividindo-o em simples respostas `a estimulação
ambiental.
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O Desenvolvimento Humano é Contínuo ou ocorre em Estágios
Para os teóricos mecanicistas o desenvolvimento é contínuo, como
andar ou escalar uma rampa. O desenvolvimento é sempre governado
pelos mesmos processos, permitindo a predição de comportamentos
posteriores a partir dos anteriores.
O teóricos mecanicistas focalizam a mudança quantitativa, tais como
mudanças na frequência em que uma resposta é dada, em vez de
mudanças no tipo de resposta.
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• Os teóricos organísmicos enfatizam a mudança qualitativa. Para eles
o desenvolvimento ocorre numa série de estágios distintos como os
degraus de uma escada.
• Em cada estágio as pessoas lidam com diferentes tipos de problemas
e desenvolvem diferentes tipos de habilidades. Cada estágio
fundamenta-se nos anteriores e prepara o caminho para o seguinte.
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Um Consenso Emergente
À medida que o estudo do desenvolvimento humano evolui, os
modelos mecanicistas e organísmicos alteram sua influência. A maioria
dos pioneiros no campo, incluindo Freud, Erik Erikson, e Jean Piaget,
favorecia a abordagem organísmicas ou de estágios.
Muito cientistas do desenvolvimento estão chegando a uma visão mais
equilibrada sobre o desenvolvimento ativo x passivo. Existe amplo
consenso de que a influência é bidirecional: as pessoas mudam seu
mundo ao mesmo tempo em que este as transformam.
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• EX: um bebê nascido com uma disposição alegre provavelmente
receberá respostas positivas dos adultos, que fortalecem sua
confiança de que os sorrisos dele serão recompensados, o que o
motiva a sorrir ainda mais.
• As teorias geralmente se enquadram nessas perspectivas mais
amplas, cada uma delas enfatizando diferentes tipos de processos de
desenvolvimento.
• Assim, para avaliar e interpretar a pesquisa, é importante identificar a
perspectiva teórica em que ela se baseia.
Cinco Grandes Perspectivas sobre o
Desenvolvimento Humano
Perspectiva Psicanalítica:
- Teoria psicossexual de Freud
- O comportamento é controlado por poderosos impulsos
inconscientes.
- Técnicas utilizadas: observação clínica.
- Orientada por estágios.
- Ênfase Causal: fatores inatos modificados pela experiência.
- Indivíduo Passivo.
Cinco Grandes Perspectivas sobre o
Desenvolvimento Humano
Perspectiva Psicanalítica:
- Teoria psicossocial de Erik Erikson.
- A personalidade é influenciada pela sociedade e se desenvolve por
meio de uma série de crises.
- Técnicas utilizadas: observação clínica.
- Orientada por estágios.
- Ênfase Causal: Interação de fatores inatos e experienciais.
- Indivíduo Ativo.
Cinco Grandes Perspectivas sobre o
Desenvolvimento Humano
Perspectiva de Aprendizagem:
- Behaviorismo, ou teoria tradicional da aprendizagem (Pavlov, Skinner,
Watson)
- As pessoas são reativas; o ambiente controla o comportamento.
- Procedimento científico rigoroso (experimentais).
- Não é orientada por estágios.
- Ênfase Causal: Experiência.
- Indivíduo Passivo.
Cinco Grandes Perspectivas sobre o
Desenvolvimento Humano
Perspectiva de Aprendizagem:
- Teoria da aprendizagem social sociocognitiva (Bandura).
- As crianças aprendem em um contexto social através da observação e
imitação de modelos.
- Procedimento científico rigoroso (experimentais).
- Não é orientada por estágios.
- Ênfase Causal: experiência modificada por fatores inatos.
- Indivíduo Ativo e Passivo.
Cinco Grandes Perspectivas sobre o
Desenvolvimento Humano
Perspectiva Cognitiva:
- Teoria dos Estágios Cognitivos de Piaget.
- As crianças contribuem ativamente para a aprendizagem. Mudanças
qualitativas no pensamento ocorrem entre o nascimento e a adolescência. As
crianças desencadeiam ativamente o desenvolvimento.
- Técnicas Utilizadas: entrevistas flexíveis, observação meticulosa, pesquisa
transcultural, observação da criança interagindo com pessoa mais competente.
- Não é orientada por estágios.
- Interação de fatores inatos e experienciais.
- Indivíduo ativo.
Cinco Grandes Perspectivas sobre o
Desenvolvimento Humano
Perspectiva Cognitiva:
- Teoria sociocultural de Vygotsky. Teoria do processamento de informações.
- A interação social é centrada para o desenvolvimento cognitivo. Seres
humanos são processadores de símbolos.
- Técnicas Utilizadas: pesquisa de laboratório, monitoramento tecnológico de
respostas fisiológicas.
- Não é orientada por estágios.
- Ênfase Causal: Interação de fatores inatos e experienciais.
- O Indivíduo é Ativo e Passivo.
Cinco Grandes Perspectivas sobre o
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Perspectiva Evolucionista/Sociobiológica:
- Teoria do Apego de Bowlby.
- Seres humanos possuem mecanismos adaptativos para sobreviver; períodos
críticos ou períodos sensíveis são enfatizados; as bases evolucionistas e
biológicas do comportamento e a predisposição para a aprendizagem são
importantes.
- Técnicas Utilizadas: Observação Naturalista e laboratorial.
- Não é orientada por estágios.
- Ênfase Causal: Interação de Fatores Inatos e Experienciais.
- Indivíduo Ativo e Passivo
Cinco Grandes Perspectivas sobre o
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Perspectivas Contextual:
- Teoria Bioecológica de Bronfenbrenner.
- O desenvolvimento ocorre através da interação entre uma pessoa em
desenvolvimento e cinco sistemas contextuais de influências
circundantes, interligados, do microssistema ao cronossistema.
- Técnicas Utilizadas: Observação naturalista e análise.
- Não é orientada por estágios.
- Ênfase Causal: Interação de fatores inatos e experienciais.
- Indivíduo Ativo.
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• Esses diferentes modelos favorecem a construção de uma teoria,
influenciando a visão de homem dos pesquisadores, suas questões
investigativas, o método utilizado e os caminhos para o processo de
interpretação dos resultados.
• Portanto, em vez do debate polarizado do desenvolvimento humano,
pautado em modelos mecanicistas ou organicistas, há uma tendência
entre os profissionais em compreender as influencias do
desenvolvimento humano de modo bidirecional, ou seja, que as
pessoas são influenciadas por seu ambiente ao mesmo tempo que
também o influenciam por suas características próprias.
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• Os pesquisadores em desenvolvimento humano trabalham de acordo
com duas tradições metodológicas: quantitativa e qualitativa.
• A pesquisa quantitativa: lida com dados objetivamente medidos.
• A pesquisa qualitativa: envolve a interpretação de dados não
numéricos, como a natureza ou qualidade de experiências subjetivas,
sentimentos e crenças dos participantes. Baseia-se no método
científico, que geralmente caracteriza a investigação científica em
qualquer área do conhecimento.
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Método Científico: etapas usuais
1. Identificação do problema a ser estudado, geralmente com base em
uma teoria ou pesquisa prévia.
2. Formulação de hipóteses a serem testadas pela pesquisa.
3. Coleta de dados.
4. Análise dos dados para determinar se estes sustentam a hipótese.
5. Formulação de conclusões provisórias.
6. Divulgação dos resultados, de modo que outros observadores possam
verificar, conhecer, analisar, repetir e aproveitar os resultados.
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Características dos Principais Métodos de Coleta de Dados nas
pesquisas de desenvolvimento infantil
1. Auto relato: diário, entrevista ou questionário. Os participante são
indagados sobre algum aspecto de suas vidas, as perguntas podem
ser altamente estruturadas ou mais flexíveis.
Pode oferecer informação de primeira mão sobre a vida, atitudes ou
opiniões de uma pessoa.
O participante pode não se lembrar da informação com precisão ou
pode distorcer as respostas de um modo socialmente desejável, como a
pergunta é formulada ou por quem podem afetar a resposta.
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2. Entrevista semiestruturada: caracterizada pela elaboração e
organização de algumas perguntas prévias, mas que poderão ser
contempladas por outras indagações ao longo da entrevista.
3.Entrevista estruturada: as perguntas são organizadas previamente e
não há nenhuma mobilidade ou possibilidade de inserir outras
perguntas durante a entrevista.
4. Entrevista não estruturada: não há a organização de questões
previamente à entrevista, sendo que as indagações surgem ao longo da
entrevista.
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5. Aplicação de questionários: é realizado um conjunto de questões
com respostas que podem ser padronizadas (em que as alternativas já
são criadas previamente) ou não padronizadas (em que a resposta é
aberta para o participante responder o que quiser).
6. Observação naturalística: estuda-se a criança em seu ambiente real,
cotidiano.
7. Observação sistematizada: observam-se comportamentos da criança
em um outro ambiente estruturado, com o laboratório.
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Modelos básicos de pesquisa:
1. Estudo de Caso: só há um único participante, permitindo que o
pesquisador alcance níveis mais profundos de análises a respeito do caso.
2. Estudo Etnográfico: dispõem-se a estudar uma determinada cultura, com
técnicas naturalistas para acessar informações.
3. Estudos Correlacionais: busca estabelecer uma relação entre duas
variáveis ou mais, permitindo o estudo da associação de vários fatores.
4. Estudo com Experimentos: há um procedimento estruturado e controlado
em que o pesquisador manipula e controla diversas variáveis.
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A ética na pesquisa:
Para resolver dilemas éticos, espera-se que os pesquisadores sejam guiados por
três princípios:
1. Beneficência: maximizar benefícios potenciais e minimizar possíveis danos.
2. Respeito: pela autonomia dos participantes e proteção pra aqueles
incapazes de exercer seu próprio julgamento.
3. Justiça: inclusão de grupos diversos.
Ao avaliar riscos e benefícios os pesquisadores devem considerar as
necessidades de desenvolvimento da criança e ser sensível as questões e
valores culturais.
Referências Bibliográficas
• PAPALIA, Diane E. Desenvolvimento humano. 10. ed. Porto Alegre:
AMGH, 2010.