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Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA.

Desenvolvimento histórico. Estrutura da Lei 8.069/90. Fontes. Dos Direitos


Fundamentais. Da Política de Atendimento. Das medidas de proteção. Da prática
de ato infracional. Do Conselho Tutelar. Medidas pertinentes aos pais. Do acesso à
justiça. Dos crimes em espécie. Das infrações administrativas.

Profª. Ms. Irenilza Rebelo.


Advogada.
Mestre em Direitos Fundamentais.
Pós-graduada em Docência Superior.
Pós-graduanda em Direito Tributário.
E-mail: [email protected]
Estatuto da Criança e do Adolescente.
• Histórico da proteção da criança e do adolescente.
• Evolução – 2 fases:
1) Fase da absoluta indiferença (Até o séc. XIV – “pré-descobrimento”)
2) Fase da mera imputação criminal ou do Direito Penal indiferenciado (Até o séc. XIX).
Direito Penal indiferenciado é aquele que não faz diferença entre o adulto da criança e do
adolescente. Não havia normas para os menores infantes.
Após a independência do Brasil, o primeiro Código Penal de 1890 representava o Direito
Penal indiferenciado.
Prof. Sérgio Salomão Schecaira afirma “O Código de 1830 inovou ao estabeler um limite de
idade para responsabilização penal, ou seja, menores de 14 anos não poderiam ser
responsabilizados. No entanto, caso demonstrassem que agiram com discernimento deveriam ser
recolhidos às casas de correção. Assim, o critério do discernimento podia justificar a punição de
uma criança de 8 anos, por exemplo.”
Já o Código Penal de 1890, estabelecia não ser criminoso o menor de 9 anos completos. (total
inimputabilidade). Entre a idade de 9 a 14 anos, o juiz já poderia aplicar o critério do
discernimento. – Muito poder na mão do Juiz pois é uma decisão subjetiva.
Estatuto da Criança e do Adolescente.
3) Fase Tutelar – séc. XX.
● Código de Melos Matos de 1927 – Melo Matos foi o 1º juiz de menores da América Latina. Ele
organizou o 1º juizado de menores e a 1ª vara de menores
● Código de 1979 – Muito parecido como Cód. De 1927.
Ambos se referiam aos menores como “abandonados ou delinquentes” e ambos não consideravam
crianças e adolescentes como sujeitos de direito.

4) Fase da Proteção Integral – Séculos XX e XXI.


Constituição de 1988 – Proteção da maternidade e da Infância são direitos sociais.
Arts. 227 e 228 da CF/88: É dever da família, da sociedade e do Estado, assegurar à criança, ao
jovem e ao adolescente:
- Absoluta prioridade,
- Direito à vida, a proteção, alimentação, saúde,
- à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e
- à convivência familiar e comunitária.
Estatuto da Criança e do Adolescente.
Além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão.
O §1º do art. 227 da CF/88 - dispõe que o Estado promoverá programas de assistência integral à
saúde da criança e do adolescente e destinará recursos públicos voltados para isto. Ainda, Criação de
programas de prevenção e atendimento especializado para as pessoas portadoras de deficiência.
O §3º do art. 227 da CF/88 - dispõe sobre a idade de 14 anos para admissão em trabalho na
condição de Aprendiz, e, idade de 16 anos para o trabalho normal, desde que não seja noturno,
perigoso e insalubre. Logo, trabalho infantil é proibido, exceto nestas condições.
O § 4º trata sobre a punição severa do abuso, da violência, da exploração sexual de crianças e
adolescentes.
O §5º traz um incentivo a adoção.
O § 6º fala sobre a igualdade entre filhos biológicos e filhos por adoção.
Já o art. 228 da CF/88 - são penalmente inimputáveis os menores de 18 anos, sujeitos às normas
da legislação especial. Não podemos tratar crianças e adolescentes do mesmo modo que os adultos
do Direito Penal Indiferenciado.
Art. 24, XV da CF/88 – Dispõe sobre a criação de uma norma protetora da criança e do
adolescente. Posteriormente foi criado o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – Lei 8.069/90.
Estatuto da Criança e do Adolescente.
Lei 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente.

1) Princípios Gerais.
- Menores de 18 anos relativamente incapazes. Apesar da incapacidade plena (fato + direito),
ambos são titulares de direitos de
- Menores de 16 anos absolutamente incapazes. personalidade que devem ser respeitados.

- Criança Até 12 anos incompletos;


Para o ECA - Adolescente de 12 anos completos até
18 anos incompletos.

Colocação em família substituta.


Criança Deve ser ouvida e ter sua opinião considerada
Adolescente Deve ser ouvida e ter sua opinião considerada + consentir.
Consequência de ato infracional
Criança Apenas medidas de proteção
Adolescente Medidas de educação e/ou medidas socioeducativas.
Estatuto da Criança e do Adolescente.
● Reflexos das Leis da Primeira Infância, a Lei nº 13.257/2016, do Estatuto da Juventude, a Lei nº
12.852/2013 e do Estatuto do Idoso, a Lei nº 10.741/2003.
Leis da Primeira Infância protege os 6 primeiros anos de vida.
Estatuto da Juventude criou a categoria “jovem” que influenciou o ECA a classificar “crianças
e adolescentes”. “jovem” é a pessoa entre 15 anos completos e 30 anos inclompletos.
Estatuto do Idoso: Prevê várias prioridades.

- Criança: 0 a 12 anos incompletos.


- Criança na 1ª infância: 0 a 6 anos.
- Adolescente: 12 anos completos e 18 anos incompletos.
- Adolescente aprendiz: 14 anos completos.
- Jovem adolescente: 15 anos completos e 18 anos incompletos.
- Adolescente trabalhador: 16 anos completos.
- Jovem-adulto: 18 anos completos e 30 anos incompletos.
- Adulto: 30 anos completos e 59 anos incompletos.
- Idoso: 60 anos completos.
- Idoso com prioridade especial: 80 anos.
Estatuto da Criança e do Adolescente.
• Normas de interpretação do ECA – Princípios derivados (art. 100 do ECA).

1) Condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos: alinhada com a fase da proteção integral.
2) Responsabilidade primária e solidária do Poder Público: infância e juventude a responsabilidade é primária
e solidária entre todos os entes da federação.
3) Privacidade: Todo mundo tem o direito a privacidade.
4) Intervenção precoce: Quanto mais rápido eu intervenho, melhor o resultado.
5) A intervenção mínima: é a  intervenção pelos órgãos criados para atuação, e não por outros órgãos, tais
como os Conselhos Tutelares. (Não é intervir o mínimo possível, e sim pelos órgãos especializados).
6) Proporcionalidade e Atualidade: rapidez.
7) Responsabilidade Parental: os pais são responsáveis pelos seus filhos (não são donos deles) e o Estado
exige assim deles, que tenham responsabilidade.
8) Prevalência da família: Diante da possibilidade da manutenção da criança em uma família, sempre tenho
que buscar essa alternativa frente a institucionalização.
9) Obrigatoriedade de informação: a criança e o adolescente tem que ser informado sobre as suas vidas.
10) Oitiva obrigatória e participação: por exemplo, no momento da colocação em família substituta, a criança e
o adolescente devem ser ouvidos, terem suas opiniões consideradas, respeitado o estágio de
desenvolvimento, e o adolescente, mais do que isso, tem que consentir. 
Estatuto da Criança e do Adolescente.
• Disposições preliminares do ECA:
1) Fim social que o ECA se destina: garantia de direitos para crianças e adolescentes.
2) Exigências do bem comum: aquilo que a sociedade entende como valores relevantes em dado
momento histórico.
3) Direitos individuais e coletivos: já que são titulares, são titulares de direitos individuais e
coletivos, como por exemplo 78 incisos do art. 5º da CF/1988, além dos direitos fundamentais
arrolados no próprio ECA.
4) Condição peculiar da criança e do adolescente como pessoa em desenvolvimento: físico,
psíquico e moral, que goza de proteção integral, que goza de mais direitos que os adultos, como
por exemplo o direito de brincar e se divertir, que fazem parte do desenvolvimento da
personalidade do ser humano.
Estatuto da Criança e do Adolescente.

• Do Direito À Vida, À Saúde E Nascituro


• DIREITO À VIDA.
• Art. 5º da CF/88 Início da vida tem três aspectos: Existência, Integridade e Dignidade.
• ADI 3.510 (2008) – Proteção jurídica do embrião. Pesquisas com células-tronco.
• ADPF 54 (2012) - Aborto e antecipação terapêutica de parto de feto anencéfalo.
• HC 124.306 do STF – Aborto nos 3 primeiros meses de gestação.

• DIREITO À SAÚDE.
1) A criança tem direito a atendimento integral no que tange a sua saúde;
2) A criança tem direito a atendimento pelo sistema único de saúde e tem direito à assistência odontológica;
3) Vacinação;
4) Criança tem direito a fornecimento de medicamentos e próteses;
5) Acompanhante: criança e adolescente têm direito a acompanhante, Sistema Único de Saúde;
6) prática de maus-tratos seja imediatamente comunicada ao Conselho Tutelar.
Estatuto da Criança e do Adolescente.
• Lei 13. 257/16 – Direito da Mulher/gestante no ECA.
1) programas e políticas de saúde da mulher, de planejamento reprodutivo, parto humanizado, atendimento
pré-natal, perinatal - que é o momento anterior e imediatamente posterior - e o pós-natal integral no SUS;
2) Os profissionais de saúde de referência da gestante garantirão a sua vinculação ao estabelecimento em que
será realizado o parto, garantido o direito de opção da mulher;
3) Os serviços de saúde onde o parto for realizado assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos
alta hospitalar responsável e contrarreferência na atenção primária;
4) assistência psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou
melhorar as consequências do famoso estado puerperal
5) parto anônimo: a mulher pode, se quiser, encaminhar seu filho para adoção (Parto anônimo). Ela não é
obrigada a ficar com filho, e nem será punida se ela encaminhar de forma adequada o filho para adoção. Não
é crime.
6) Direito a um acompanhante da sua preferência durante o período de pré-natal, do trabalho de parto e do
pós-parto;
7) Orientação sobre o aleitamento materno, a alimentação complementar saudável, crescimento e
desenvolvimento infantil,
8) Acompanhamento saudável durante toda a gestação e ao parto natural, o famoso parto normal;
9) Busca ativa da gestante que não iniciar ou que abandonar as consultas de pré-natal, bem como da puérpera
que não comparecer às consultas de pós-parto.
Estatuto da Criança e do Adolescente.
• DIREITO À LIBERDADE.
Toque de recolher: algumas cidades brasileiras proibiam a circulação de crianças e adolescentes depois de
determinada hora na rua, por meio de portaria, o que gerou grave discussão. O CONANDA é o Conselho Nacional
dos Direitos da Criança e Adolescente em 2009 decidiu que tais decisões eram contrárias ao Direito de Liberdade,
mas somente em 2011, o STJ afirmou que tais portarias eram ilegais, tendo em vista que tal matéria deveria ser
tratada por meio de Lei e não por meio de Portaria.
Rolezinho: adolescentes começaram a combinar de se encontrar em locais públicos, especialmente, em
grandes shoppings centers. A proibição dos “rolezinhos” afetavam o direito de liberdade e o direito de reunião
pacífica estabelecida na Constituição Federal (CF/1988).

● DIREITO AO RESPEITO E À DIGNIDADE.


Resp. 509.968, SP - Vedada a veiculação de matéria jornalística que envolva crianças e adolescentes em
situação vexatória ou constrangedora, ainda que não se mostre o rosto, ainda que eu borre, que eu coloque uma
tarja no rosto.
“Bullying” - Lei nº 13.185/2015 que instituiu o programa de combate à intimidação sistemática (violência
física ou psíquica.
Lei do menino Bernardo (Lei da Palmada - 13.010/2014) - proíbe castigo físico e tratamento cruel ou
degradante em relação a crianças e adolescentes.
Estatuto da Criança e do Adolescente.
A Lei Menino Bernardo ou a Lei da Palmada institui crime?
Não, não institui crime. O máximo que pode acontecer é haver uma modificação de guarda, e, em situações
extremadas, a suspensão do poder familiar. Lembrando que os pais podem ser processados criminalmente por
lesão corporal, mas não por causa da Lei da Palmada, e sim porque o CP dispõe sobre.

● DIREITO À CULTURA, EDUCAÇÃO, ESPORTE E AO LAZER.


São direitos sociais.
LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
I – Educação Básica.

Educação Infantil: Ensino Fundamental: Ensino Médio: 1º ao 3º ano.


1) Creche e 1) Anos iniciais: 1º ao 5º.
2) Pré-escola. 2) Anos Finais: 6º ao 9º ano.

II – Ensino Superior.

Judicialização das Políticas Públicas: Se o chefe do poder executivo direcionou verbas para determinada
área, o judiciário não pode decidir sobre, pois isto é discricionariedade do poder executivo. (Separação dos
Poderes)
Estatuto da Criança e do Adolescente.
Reserva do possível: Alegação dos administradores públicos para dizer que não podem fazer tudo, pois o
dinheiro não dá. Logo, eles têm que escolher qual o destino da verba pública
Mínimo Existencial: As pessoas precisam de um mínimo para existir com dignidade. (complexo de direitos)
Georreferenciamento: os estudantes tem direito de estudar em uma escola perto da casa dele.
“O art. 53, V do ECA diz o seguinte: o acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência, garantindo-se
vagas no mesmo estabelecimento a irmãos que frequentam a mesma etapa ou ciclo de ensino da educação
básica.” (introduzido pela Lei nº 13.845/2019).
Homeschooling: desejo de alguns pais realizarem a educação ou escolarização domiciliar.
RE 888.815, de relatoria do Ministro Luís Roberto Barroso: Foi negado provimento do RE sob argumento de que
não há legislação que regulamente preceitos e regras aplicáveis a essa modalidade de ensino. Não se
pronunciaram pela (in)constitucionalidade do homeschooling.

● DO DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA.


- ECA E LEI 12.010/2009.
1 - Eudemonismo: Busca pela felicidade
Estrutura da família em 2 grandes valores 2 - Socioafetividade: o cuidado ou afeto que permeia as
relações interpessoais, organizadas dentro de uma família.

Entidades familiares (art. 226, CF/88) - Pluralismo das entidades familiares: Normal (casamento); Informal (união
estável) e monoparental (pela mãe ou pela pai).
Estatuto da Criança e do Adolescente.
ADPF 132 e ADI 4277: Reconhecimento da pluralidade das famílias, da união estável e da
homoafetividade.
Famílias extensas ou ampliadas: modalidade de família que vai além da unidade do casal, além
da unidade pais e filhos, englobando, também, parentes. (Socioafetividade e eudemonismo).
Porém, não se trata de qualquer parente, abrange apenas os parentes com os quais a
criança/adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade. Ex: avó que convive
e, "e", mantém vínculos de afinidade e afetividade.

1. Família Natural: exercício do Poder Familiar em relação a uma criança,


Classificação trinária (ECA): um adolescente;
2. Família extensa ou ampliada: Engloba parentes com vínculos de
afinidade e afetividade;
3. Família substituta: guarda, tutela e adoção.

Ex: Uma família, depois que passa pelo processo de adoção, deixa de ser uma família adotiva e
passa a ser uma família natural. 

Lógica da convivência familiar: regra é a manutenção junto a família natural. Exceção é a


retirada temporária para encaminhamento para:
Estatuto da Criança e do Adolescente.
- Família extensa ou ampliada, sob guarda ou tutela: Algum parente próximo com afinidade e afetividade.
- Terceiros, sob guarda ou tutela;
- Acolhimento familiar: algumas famílias se cadastram num programa, para serem famílias que vão tomar conta
de crianças enquanto elas estão afastadas da família natural. Não são famílias que querem adotar, são
famílias que se inscrevem em programas de acolhimento familiar, sabendo que vão ficar temporariamente
com crianças. Muitas vezes, elas recebem incentivo financeiro. Ex: Cascavel – Paraná.
- Acolhimento institucional: Abrigo.

Reavaliações a cada 3 meses da situação dos pais e da própria criança, e, a cada 18 meses definir a situação
daquela criança.

Decisões:
a) Em regra, retorno para a família natural;
b) Se não for possível o retorno, encaminhar para a família extensa ou ampliada;
c) Não sendo possível, irá para adoção.
d) Acolhimento institucional até a maioridade.

● DO PODER FAMILIAR, GUARDA E TUTELA.

Poder familiar, "autoridade parental" ou "responsabilidade parental“: os pais têm obrigação de guarda, sustento
e educação em relação aos seus filhos. (isonomia entre os gêneros)

OBS: A pobreza NUNCA será causa de suspensão ou de destituição do poder familiar.


Estatuto da Criança e do Adolescente.
Só há o encaminhamento da criança/adolescente para família substituta quando for impossível a
permanência com a família natural, ou o encaminhamento com a família extensa ou ampliada.
OBS: Famílias estrangeiras não podem exercer guarda ou tutela de crianças brasileiras. A família estrangeira só
pode ser família substituta na adoção. E mesmo assim existem regras muito específicas para que a adoção por
família estrangeira ocorra aqui no nosso país.
GUARDA.
a) Conceito: é a modalidade mais simples de colocação em família substituta. O ECA diz que a guarda significa
regularização da posse de fato da criança ou do adolescente. O guardião tem dever de prestar assistência moral,
material e educacional para a criança ou adolescente. Guardião tem poder também, tem poder de se opor a
terceiros, inclusive de se opor aos pais, porque a guarda não exige que os pais tenham sido destituídos do poder
familiar. Então, pode ser que os pais queiram interferir na atividade do guardião e o guardião pode se opor em
relação aos pais.
Resp 1141788, Rel. Ministro João Otávio Noronha – Ao menor sob guarda deve ser assegurado o benefício
da pensão por morte, mesmo se o falecimento se deu após a modificação legislativa pela Lei 9.528/97 na Lei
8.213/90.

b) Os pais Naturais tem direito a visita? Sim, eles têm direito de visita. Isso vai ser regulamentado pela
autoridade jurisdicional, a autoridade judicial com poderes judiciais. E eles continuam com a obrigação de prestar
alimentos. Se eles estão no exercício do poder familiar, não é porque a criança está sob guarda de terceiros que a
obrigação alimentar está automaticamente excluída ou exonerada.
Estatuto da Criança e do Adolescente.
c) Guarda compartilhada (Lei n. 11.698/2008): Está na categoria vinculada ao poder familiar. normalmente, em
decorrência de uma separação, de um divórcio entre os pais, em que há a determinação da guarda compartilhada;
eles vão exercer, simultaneamente, as obrigações decorrentes do poder familiar.

Guarda (modalidade de Guarda (Vinculada ao poder


família substituta) X familiar)

TUTELA.
a) Conceito: É a guarda com direito de representação. Então, o tutor exerce a guarda e ainda tem direito de
representação, em regra.
b) tutela testamentária: Imagine que num testamento consta o seguinte: "olha, no caso da minha morte, eu
quero que o meu filho seja tutelado pelo meu irmão“. manifestação testamentária tem que ser controlado
judicialmente, em até 30 dias e o juiz não é obrigado a respeitar a vontade do testador.
c) Instituto do Apadrinhamento: Destina-se àquelas crianças que dificilmente vão ser adotadas. Pessoas
apadrinham crianças e adolescentes financeiramente, levam-nas para passear, mas não é adoção. A função é
estabelecer e proporcionar vínculos externos e colaborar com o seu desenvolvimento em vários aspectos,
inclusive no financeiro. Podem ser padrinhos pessoas físicas maiores de 18 anos e Pessoa Jurídica pode
apadrinhar financeiramente.
OBS: Quem está no cadastro (fila) de adoção não pode apadrinhar, mas o contrário pode. Quem está
apadrinhando, se tiver interesse posteriormente, pode se cadastrar para adoção, só não pode adotar a criança ou
adolescente que está apadrinhando (os Tribunais tem relativizado isso).
Estatuto da Criança e do Adolescente.
• ADOÇÃO – Aspectos gerais.
1) Conceito: tem natureza de família substituta. Diante da falta de exercentes de poder familiar ou de um
exercício insuficiente do poder familiar, entram em cena as modalidades de família substituta: guarda, tutela
ou adoção.
A guarda regulariza a posse de fato; a tutela regulariza a posse de fato e ainda confere direito de representação.
Mas guarda e tutela são, por natureza, temporárias. A terceira modalidade é a adoção.
2) Espécies de adoção.
a) Quanto ao rompimento do vínculo anterior:
- Unilateral: Rompimento do vínculo com o pai e com a mãe.
- Bilateral: Rompimento do vínculo com um dos genitores, por exemplo por motivo de morte. Ex: mãe, pai e filho.
O pai morre em acidente de carro e a mãe, tempos depois casa-se novamente. O padrasto resolve adotar o filho
da esposa.
OBS: Se por ex. o pai sumiu no mundo e não registrou filho, a adoção não pode ser unilateral ou bilateral, será
alateral ou analateral, pois não precisa comprovar o rompimento do vínculo anterior.
b) Quanto a formação do novo vínculo:
- Singular: é aquela que forma um novo vínculo – Uma pessoa.
- Conjunta: é aquela que forma dois ou mais vínculos – Casal.
Estatuto da Criança e do Adolescente.
Então, uma criança que está no abrigo (Acolhimento institucional) é adotada por um casal, esta adoção é
alateral, pois a criança não tinha vínculo(s) anterior(es).
OBS: Um critério não exclui o outro.
Logo, uma mesma adoção ela pode ser unilateral e singular; ou unilateral e conjunta, depende da
combinação. os critérios de classificação são distintos. Formação de novo vínculo versus rompimento do vínculo
anterior.
3) Características.
a) Constituída por ato personalíssimo: Não pode ser por procuração
OBS: não confundir com adoção personalíssima que é aquela que eu escolho a criança/adolescente que eu quero.
b) excepcional: a regra é permanecer com a família natural.
c) Irrevogável: O juiz não pode voltar atrás, ele não pode revogar a adoção.
d) Incaducável: a morte dos pais adotivos não restabelece nenhum vínculo pré-existente com a família anterior,
em regra, a família biológica.
e) Plena: rompe completamente com os vínculos pré-existentes.
f) Constituída por Sentença Judicial: A adoção é constituída por sentença judicial, não existe adoção em cartório.
Estatuto da Criança e do Adolescente.
• ADOÇÃO –Requisitos e impedimentos.
1) Requisitos gerais.
a) Idade do adotante:
- Maioridade – 18 anos.
- Ter diferença de 16 anos entre adotante e adotado. Se for um casal adotante, a Lei não traz exceção, porém a
jurisprudência flexibiliza, podendo apenas um componente do casal quanto a diferença de idade, se ficar
comprovada a estabilidade familiar. Ex: Um casal composto de uma pessoa de 20 anos e outra pessoa com 18
anos decidem adotar uma criança de 3 anos. A pessoa de 18 tem 15 anos de diferença, entretanto, a
jurisprudência flexibiliza, já que a outra pessoa tem 20 anos, desde que comprovem a estabilidade familiar.
- Consentimento ou concordância dos pais ou destituição: a adoção não pode conviver com o poder familiar
anterior, e, para que haja a adoção, é necessário que haja a destituição do vínculo anterior.
Só se reconhece o valor ao consentimento ou concordância com adoção, após o nascimento da criança e essa
concordância ou esse consentimento tem que ser manifestado em audiência. A mãe pode se retratar até antes da
audiência e, mesmo após a audiência, a mãe pode se arrepender em ate 10 dias após a audiência. Retratação e
arrependimento tem o mesmo efeito prático
OBS: parto anônimo é quando a  mãe pode manifestar o interesse em encaminhar o seu filho para adoção.
Porém, a concordância da adoção por outra família só pode se dar em audiência.
Estatuto da Criança e do Adolescente.
2) Requisitos objetivos:
a) Consentimento do adolescente: é necessário ouvir a criança sobre a convivência familiar e ouvir +
consentimento do adolescente.

Pode ser dispensado Prazo Mínimo Prazo Máximo

Adoção Nacional Sim Não Sim, 90 dias.

Adoção Internacional Não.


No Brasil deve ser cumprido Sim, 30 dias. Sim, 45 dias.
preferencialmente na Prazo prorrogável por
comarca onde reside a igual período, uma única
criança ou adolescente, ou, vez, mediante decisão
a critério do juiz em fundamentada.
comarca limítrofe.

b) Pré-cadastramento à habilitação:
- Prazo: 3 anos (reciclagem)
Estatuto da Criança e do Adolescente.
• Exceções ao cadastramento:
- Adoção unilateral: precisa se cadastrar, mas não precisa entrar na fila de adoção.
- Adoção por membro da família extensa;
- Detentor da guarda legal ou tutela + criança maior de 3 anos + afinidade e afetividade + ausência de má-fé ou
fraude.
3) Requisitos Subjetivos.
- Reais vantagens/ Motivos legítimos/ Desejo de filiação: Não se pode adotar uma criança porque fez uma
promessa.
- Ascendentes não podem adotar descendentes: avós não podem adotar netos ou bisnetos. Irmão não pode
adotar outro irmão.
- Tutor ou curador podem adotar, desde de que prestem contas da tutela ou curatela. Não podem adotar por
questões patrimoniais.
Estatuto da Criança e do Adolescente.
• Parentalidade biológica, socioafetiva e multiparentalidade.
- Parentalidade biológica: genética.
- Parentalidade socioafetiva: Não é genética. É por afetividade.
RE 898. 060, STF - “A paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro - perceba, não há necessidade
dela está declarada em registro - não impede o reconhecimento do vínculo de filiação concomitante, baseado na
origem biológica com os efeitos jurídicos próprios.”
- Multiparentalidade: É quando tem reconhecimento do registro, então, uma criança ou adolescente pode ter
registrado o pai biológico e o socioafetivo + a mãe biológica = 3 ou mais pessoas.
Art. 48, ECA – o adotado tem direito de conhecer sua origem biológica e registrar.
Lei n. 12.010/2009 - Adoção por ex-cônjuges ou ex-companheiros: Admite que pessoas que não estão mais
casadas, não estão mais vivendo em união estável, adotem juntas, conjuntamente. (art. 42, §4º, ECA).
Adoção póstuma: Adoção pós-morte. já tinha o início do processo de adoção e a pessoa que já estava
convivendo com a criança/adolescente e já tendo manifestado vontade de adotar, falece, posso realizar a adoção
póstuma.
Adoção Homoafetiva: Adoção por casais homoafetivos. STF já reconheceu a união estável homoafetiva.
Adoção Poliafetiva: Não há impedimento. A criança pode ser adotada por um pai, uma mãe e uma terceira
pessoa.
Estatuto da Criança e do Adolescente.
OBS: No parto anônimo, a mãe não pode escolher com quem ficará a criança. A criança ficará com quem está
previamente cadastrado.
● DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO. – Art. 86 e ss do ECA.
Fundamentos nos artigos 204 e 227 da CF/88 e tem dois princípios básicos: o da participação e o da exigibilidade.
P. Da participação: participação do poder público + sociedade (por meio de seus representantes).
P. Da deliberação e da exigibilidade: aquilo que for decidido, será vinculado, inclusive para o poder público.
“ A sua execução será feita através de um conjunto articulado de ações, quer seja governamentais (englobando as
esferas federal, estadual e municipal), quer seja não governamentais.
Ex: imagine um adolescente, autor de ato infracional, que esteja em cumprimento de medida socioeducativa de
liberdade assistida. Esse adolescente dependerá, então, dos trabalhos de uma entidade de atendimento, vai
depender de um atendimento psicológico, vai depender do município para outros atendimentos de saúde, vai
precisar da atenção básica, vai precisar de escola e assim por diante.
Linhas de atuação:
- Políticas voltadas a garantia de direitos fundamentais, ditas políticas sociais básicas, tais como a saúde.
- Políticas assistenciais voltadas a grupos vulneráveis, tal como alimentação.
- Políticas voltadas a criança e adolescente em risco pessoal (políticas de proteção especial).
Estatuto da Criança e do Adolescente.
• Diretrizes da política de atendimento – art. 88, ECA:
- Municipalização do atendimento;
- Criação de conselhos nacionais, estaduais e municipais, vinculados aos respectivos Conselhos de Direitos.
- Criação dos fundos nacionais, estaduais e municipais.

OBS: Conselho de Direito é diferente de Conselho tutelar.


Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente: Compõe este conselho a OAB com
representante da sociedade civil.

• Atribuições do Conselho: Tem função deliberativa (vinculante)


A atuação dos conselhos obedecem dois princípios:
a) Paridade: o número de representantes do governo e da sociedade civil são iguais.
b) Deliberação: decisões tomadas são vinculantes.
Os Fundos são dotações orçamentárias, doações, e vários recursos que são aplicados conforme deliberação
dos conselhos de direitos.
Estatuto da Criança e do Adolescente.
• Os conselhos de direitos municipais tem uma atribuição importante:
- É responsável por deflagrar e realizar o processo de escolha dos conselheiros tutelares.
- são responsáveis por registrar as entidades de atendimento voltadas a ações e programas ligados à criança
e ao adolescente.
- Responsáveis por inscrever os programas de atendimento.
Entidades não governamentais devem registrar-se junto ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e
do Adolescente como condição para o seu funcionamento. Entidades, de um modo geral (governamentais ou não
governamentais), devem inscrever os seus programas junto aos Conselhos municipais dos Direitos da Criança e do
Adolescente.
Resolução nº 113 do CONANDA – Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente): Dispõe logo
no art. 1º que o sistema é de garantia e constitui-se em ação integrada das políticas governamentais e não-
governamentais.
O sistema de garantias tem 3 eixos:
a) Eixo de defesa: Conselho Tutelar, Ministério Público, Vara da Infância e
Juventude, Polícia Militar, Polícia Civil, entre outros órgãos.
b) Eixo de controle:
c) Eixo de promoção: promoção de política pública.
Estatuto da Criança e do Adolescente.
• DA PRÁTICA DE ATOS INFRACIONAIS:
a) Conceito: Ato Infracional é toda conduta prevista na lei como crime ou contravenção penal praticada por
criança ou adolescente.
Há diferenças entra o ato infracional praticado pela criança e pelo adolescente.

Logo, não se encaminha de imediato a criança ou adolescente para o abrigo pelo cometimento de ato
infracional. Só será encaminhada quando houver risco existente. Não existirá um processo com o devido processo
legal e contraditório. Haverá uma análise de risco e posteriormente verificar a viabilidade da aplicação de
determinada medida protetiva.
Estatuto da Criança e do Adolescente.
Estatuto da Criança e do Adolescente.
Tratando-se de adolescente, a ação socioeducativa tramitará perante a Vara da Infância e da Juventude. Assim:
- Só será iniciada pelo MP;
- Não se admite a intervenção de terceiros para prejudicar o adolescente;
- Será observado as garantias processuais, tais como contraditório e ampla defesa, defesa técnica por um
advogado, citação e etc.
• Aplicação de sanções (rol exemplificativo):
a) advertência;
b) Obrigação de reparar o dano;
c) Prestação de serviços à comunidade;
d) Liberdade assistida;
e) Inserção em semiliberdade ou internação.

Art. 107, ECA – Apreensão: A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido, serão
comunicados à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada.
Internação Provisória: É a internação decretada pelo juiz antes da sentença, fundamentada é uma internação
como uma medida de cunho cautelar, prevista no art. 108 do Estatuto, cujo prazo máximo será de 45 dias.
Estatuto da Criança e do Adolescente.
Súmula nº 342 do STJ: No procedimento de aplicação de medida socioeducativa, é nula a desistência de
outras provas em face de confissão.
Em resumo: ato infracional, conduta prevista na lei como crime ou contravenção penal praticada por criança
ou adolescentes. Se praticado por criança, teremos a viabilidade da aplicação de medidas protetivas. Se praticado
por adolescente, teremos a viabilidade da aplicação das chamadas medidas socioeducativas, entre elas, nós
temos as medidas socioeducativas que são impróprias, que são as medidas protetivas.
• Providências da autoridade policial:
a) Lavrar o auto de apreensão (sem violência ou grave ameaça à pessoa) ou boletim de ocorrência;
b) Requisitar exames/ perícias;
c) Comunicar a autoridade judiciária, e, também à família.
Encontrando os pais ou responsáveis haverá a liberação do adolescente, ou, para segurança pessoal do
adolescente ou para a garantia da ordem pública, o adolescente não será liberado e será encaminhado para o
Ministério Público (art. 174, ECA).
O MP ouvirá informalmente o adolescente, responsáveis, vítimas e testemunhas para saber como conduzir
da melhor forma, podendo:
d) Ser arquivado;
e) Oferecer representação (provas de materialidade e autoria)
f) Oferecer remissão (pode ser judicial ou ministerial).
Estatuto da Criança e do Adolescente.
- Remissão judicial: suspensão ou extinção do processo.
- Remissão ministerial: exclusão do processo.
• A Remissão pode ser cumulado com medida socioeducativa.
• O oferecimento da representação terá a notificação do adolescente, dos pais ou responsáveis, com relação ao
início da ação socioeducativa. Haverá designação de audiência de apresentação.
• Na audiência de apresentação terá a oitiva do adolescente (equiparado ao interrogatório), se fazendo
necessário a presença de defensor, quer seja constituído, quer seja nomeado. É possível que haja o
requerimento de concessão de remissão, ou que a remissão seja concedida de ofício pela autoridade
judiciária. Se não for isso, teremos a necessidade da audiência de instrução em continuação, observando-se a
Súmula nº 342 do STJ. Nessa audiência de apresentação não é possível, por conta da confissão do
adolescente, que o juiz aplique, de imediato, a internação ou qualquer outra medida.
• Na audiência de continuação, haverá produção de provas e alegações finais (ou memoriais escritos).
• Sentença pode ser de improcedência ou procedência da representação. Se ocorrer procedência (materialidade
e autoria), o juiz escolherá a melhor medida socioeducativa, sendo esta a que terá menor déficit
socioeducativo. Se aplicou internação ou semiliberdade, haverá necessidade da intimação do defensor e
também do adolescente. 
• Recurso: Havendo recurso, o adolescente não pode recorrer em liberdade, devendo cumprir a medida
socioeducativa, mesmo com recurso em tramite.
Estatuto da Criança e do Adolescente.
Só gravidade da infração não justifica a aplicação de uma determinada medida, é necessário que o juiz
verifique as particularidades (a capacidade para cumprimento, as circunstâncias em que praticada a infração, a
gravidade e verifique, também, se a medida socioeducativa vai promover essa ressocialização).
Estatuto da Criança e do Adolescente.

I – Prática de ato infracional cometido com violência ou grave ameaça a pessoa;


• Internação II – Reiteração de prática de ato infracional grave;
III – Descumprimento reiterado e injustificável.

Ex: Se praticou homicídio, é um ato infracional cometido com violência ou grave ameaça à pessoa. Tráfico não é,
conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Ex 2: Então vamos imaginar, praticou um furto, o juiz aplicou a ele uma prestação de serviço à comunidade.
Praticou na sequência, um ato infracional equiparado a tráfico de entorpecentes. Nesse caso - praticou tráfico de
entorpecentes-, teremos aqui a viabilidade da aplicação da internação, se considerarmos aqui esses atos como
graves. 
Sum. 492, STJ – O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à
imposição de medida socioeducativa de internação do adolescente.
• As medidas socioeducativas podem ser:
a) Próprias e impróprias: Em razão da prática de ato infracional
b) Medidas em meio aberto e medidas restritivas de liberdade.
c) Medida de gestão municipal e de gestão estadual
d) Medidas de execução imediata e de execução prolongada.
e) Medidas que exigem instauração de processo de execução
Estatuto da Criança e do Adolescente.
• Substituição das medidas socioeducativas: Tais medidas tem caráter de fungibilidade e precariedade. Podem
ser substituídas pelo juiz, desde que exista necessidade pedagógica.
• Prescrição das medidas socioeducativas (Sum. 338, STJ) – Aplica-se a prescrição penal às medidas
socioeducativas, até o limite máximo do prazo da medida – art. 109, VI c/c art. 115 ambos do Código Penal.
• CONSELHO TUTELAR:
1) Conceito: órgão, permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de pelo
cumprimento dos direitos da criança e do adolescente.
Por serem autônomos podem decidir, porém tais decisões podem ser revistas a pedido do interessado pela
autoridade judiciária.
Princípio da Desjudicialização do Atendimento: Antes do ECA, esse atendimento era prestado pelo juiz de
menores. Com o ECA, nós tivemos aí a  desjudicialização e esse acompanhamento mais próximo passou a ser feito
pelos conselheiros tutelares.
2) Instalação do Conselho Tutelar: depende de Lei municipal que irá dispor sobre horário de funcionamento;
estrutura administrativa e institucional; remuneração dos conselheiros; suspensão ou cassação de mandato; e,
outras condições de elegibilidade.
3) Condições de elegibilidade dos conselheiros: O ECA dispõe de 3 condições, quais sejam:
a) Idade mínima de 21 anos;
b) Idoneidade moral;
c) Residência fica no município.
O STJ já entendeu que Lei municipal pode prever outras condições de elegibilidade.
Estatuto da Criança e do Adolescente.
3) Composição: 5 conselheiros, escolhidos pela população local para o exercício de 1 mandato de 4 anos,
admitida reconduções (submetidos a processo de escolha, novamente).
4) Impedimentos:
a) Marido e mulher não podem servir no mesmo Conselho Tutelar;
b) Ascendentes e descendentes (Pai e filho) não podem servir no mesmo Conselho Tutelar, mas podem atuar
em conselhos tutelares diversos na mesma comarca;
c) Sogro, genro ou nora, irmãos cunhados;
d) Padrasto ou madrasta e enteado;
e) Impedimentos acima estendidos para a autoridade judiciária e membros do MP, atuantes na Justiça da
Infância e juventude.

5)Atribuições:
f) Atender crianças e adolescentes em situação de risco.
g) Atender crianças e adolescentes autoras de ato infracional, aplicando-lhes as medidas protetivas (Não pode
aplicar as medidas de acolhimento institucional, acolhimento familiar e colocação em família substituta,)
h) Atender e aconselhar os pais ou responsáveis
i) promover a execução de suas decisões, podendo requisitar determinados serviços públicos: área de saúde,
educação, previdência, serviço social, trabalho e segurança.
Estatuto da Criança e do Adolescente.
e) Pode promover a execução de suas decisões, relatando  ao juiz  se acaso houver descumprimento.
f) Encaminhar ao MP comunicação, notícia de fato que constitua infração administrativa ou penal praticada
contra os direitos da Criança e do Adolescente.
g) Encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência.
h) Providenciar as medidas protetivas que forem aplicadas ao adolescente autor de ato infracional.
i) Requisitar certidões de óbito de crianças ou adolescentes, quando necessário.
OBS: Não é atribuição do Conselho Tutelar requisitar certidão de nascimento, pois este registro é requisitado pela
autoridade judiciária.
j) Assessorar o Poder Executivo local na elaboração de proposta orçamentária. Essa não é uma atribuição do
Conselho de direitos, é uma atribuição dos Conselhos Tutelares. 
l) Representar, em nome da família, em razão de programa de rádio ou televisão que não respeita os princípios da
CF/1988.
m) Representar ao MP para fins de perda do poder familiar, quando entender adequado.
n) Representar ao MP para afastamento de criança ou adolescente do convívio familiar.
o) E também fiscalizar as entidades governamentais e não governamentais responsáveis pela execução de
programas socioeducativos de proteção.
Estatuto da Criança e do Adolescente.
6) Cassação do mandato do conselheiro: mediante processo administrativo, que vai tramitar perante o Conselho
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, como também, poderá ser afastado a partir de decisões
judiciais, geralmente proferidas em tutela coletiva.
Pode ter improbidade administrativa; Ação popular; Ação Civil Pública; Ação para a cassação de mandato;
Ação para impugnação de candidatura; atos de improbidade; atos de má fé, que podem justificar esse
afastamento. Estas Ações tramitarão perante a Vara da Infância e da Juventude.

• COMPETÊNCIA EXCLUSIVA OU CONCORRENTE DA VARA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE.


Súmula 108, STJ - A aplicação de medida socioeducativa em razão da prática de ato infracional é de
competência exclusiva do juiz.
OBS: Aplica-se subsidiariamente as medidas socioeducativas, as disposições constantes no CP, e, para perda ou
suspensão do Poder Familiar, aplica-se subsidiariamente as disposições do CPC.
Das sentenças poderá haver recurso que não dependa de preparo recursal, salvo se interpostos por pessoas
jurídicas de direito privado. Em todos os recursos, salvo os embargos declaratórios (5 dias), o prazo será sempre
de 10 dias.
Estatuto da Criança e do Adolescente.
Estatuto da Criança e do Adolescente.
• Autorização para viagens:
Diplomas normativos: Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), com a alteração ocorrida em 2019, e,
também, duas Resoluções do CNJ: Resolução nº 131/2011, que trata da viagem internacional, e temos, também,
a Resolução nº 295/2019, que trata das viagens nacionais.
• Viagem dentro do território nacional:
- Nenhuma criança ou adolescente, menor de 16 anos pode viajar desacompanhada dos pais, sem autorização
judicial. Se acompanhada por apenas um dos pais, não há necessidade de autorização do outro, se for viagem
para cidade contígua à região metropolitana de residência da criança.
- Não há necessidade de autorização para menor de 16 anos, que viaja com ascendente (avó), ou colateral
maior, até o terceiro grau, acompanhado de documentação que comprove o parentesco.
- Não há necessidade de autorização para menor de 16 anos quando viajar com pessoa maior, expressamente
autorizado por pai, mãe ou responsável, por meio de Escritura Pública ou de Documento Particular com Firma
Reconhecida por semelhança ou autenticidade.
• Viagem Internacional - fora do território nacional:
OBS: não há diferenciação se é criança ou adolescente.
- Não há necessidade de autorização para menor de 16 anos quando o infante apresentar passaporte válido
que conste expressa autorização para que viagem desacompanhados dos pais.
- Para que criança e adolescente possam viajar para outro país há a necessidade de que estejam acompanhados
dos pais, estejam acompanhados daqueles que constam da filiação
Estatuto da Criança e do Adolescente.
- Se acompanhados apenas por um deles, o outro precisa ter autorizado (pelo menos, deve constar essa
autorização do passaporte). Se não, haverá necessidade da autorização judicial.
OBS: se emancipado, pode viajar sem autorização dos pais.

• Trabalho Infantil.
Art. 7º, XXXIII, CF/88 + Convenção 182 da OIT + ECA + Convenção internacional.
Trabalho infantil é o trabalho do menor de 16 anos, salvo na condição de aprendiz aos 14 anos.
Jornada de trabalho do menor será de 8 h por dia, e 44h semanais, sem a possibilidade de Horas extras, podendo
ultrapassar as 8 h diárias em caso de compensação durante a semana, não podendo ultrapassar as 44 H
semanais, ou, por motivo de força maior, podendo chegar até 12 h diárias ( 2 hipóteses excepcionais).
Contrato de aprendizagem – art. 428 da CLT: contrato de trabalho de adolescente com 14 anos ou mais, até
24 anos, podendo ser prorrogado caso seja portador de deficiência. Prazo máximo de 2 anos, com exceção do
PCD. É requisito essencial estar regularmente matriculado em escola e prestar as provas.
É proibido receber salário diferente por causa da idade. No Contrato de aprendizagem, ganha o salário é
menor porque o adolescente trabalha 6h por dia, porém, a hora do trabalho não pode ser inferior aos do salário
mínimo.
Aos menores de 18 anos é proibido trabalho perigoso, insalubre e noturno.
Estatuto da Criança e do Adolescente.
Urbano: Das 22h de um dia até as 5h do dia seguinte.
• Noturno: Rural:
- agricultura: Das 21h de um dia até as 5h do dia seguinte.
- Pecuária: Das 20h de um dia até 4h do dia seguinte.

• Art. 3º da Convenção 182 da OIT.


“Artigo 3º - Para os fins desta Convenção, a expressão as piores formas de trabalho infantil compreende:

a) todas as formas de escravidão ou práticas análogas à escravidão, como venda e tráfico de crianças, sujeição por
dívida, servidão, trabalho forçado ou compulsório, inclusive recrutamento forçado ou obrigatório de crianças para
serem utilizadas em conflitos armados;

b) utilização, demanda e oferta de criança para fins de prostituição, produção de pornografia ou atuações
pornográficas;

c) utilização, recrutamento e oferta de criança para atividades ilícitas, particularmente para a produção e tráfico
de entorpecentes conforme definidos nos tratados internacionais pertinentes;

d) trabalhos que, por sua natureza ou pelas circunstâncias em que são executados, são suscetíveis de prejudicar a
saúde, a segurança e a moral da criança.”
Estatuto da Criança e do Adolescente.
• Exemplos de trabalhos proibidos para menores:
a) Office-boy que carregue valores, não pode ser executado por quem tem menos de 18 anos.
b) Trabalho rural: o apanhador lá na cana-de-açúcar, também não pode ser realizado essa atividade por quem
tem menos de 18 anos.
c) O trabalho doméstico também não pode
O menores de idade não podem trabalhar com venda de bebidas alcoólicas.
Art. 405 da CLT - Não pode o menor trabalhar em locais prejudiciais como teatros, cinemas, casas de show,
cabarés e etc.
Trabalhos do artista mirim é entendido como manifestação artística e liberdade, assim, deve ser autorizado pelo
juízo da Vara da infância e juventude. – Convenção 138 da OIT.
Obs: ADIN 5326 – competência é do juízo da Infância e juventude e não da justiça do trabalho.
Ainda, o limite máximo de peso para adolescente – art. 390 da CLT.
- limite habitual para carregamento: 20 kg
- limite eventual para carregamento: 25 kg.
Trabalho educativo: desenvolvido por programa social (governamental ou não ), sem fins lucrativos que
assegurará ao adolescente condições de capacitação para o futuro exercício da atividade remunerada, além de
receberem aprendizado. EX: Orquestra sinfônica.

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