Direito Das Coisas Aula 2

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Direito das Coisas

Prof: Sandro Souza


Tel: 98876-4432
[email protected]
DIREITO DAS COISAS

CLASSIFICAÇÃO DA POSSE

Quanto ao exercício e gozo (posse direta e posse indireta) Posse direta é


aquela exercida mediante o poder material ou contato direto com a coisa,
a exemplo daquela exercida pelo locatário(quem aluga); por outro lado, a
posse indireta é aquela exercida por via oblíqua, a exemplo daquela
exercida pelo locador(dono do imóvel), que frui ou goza dos aluguéis, sem
que esteja direta e pessoalmente exercendo poder físico ou material sobre
o imóvel locado.
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CLASSIFICAÇÃO DA POSSE

No Código Civil:
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu
poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou
real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo
o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.
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Confira-se, nesse ponto, julgado do Superior Tribunal de Justiça: RECURSO


ESPECIAL. CIVIL. LOCAÇÃO. AÇÃO DE DESPEJO AJUIZADA POSTERIORMENTE AO
ABANDONO DO IMÓVEL PELA LOCATÁRIA.
POSSIBILIDADE. OBJETIVO: EXTINÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA. RECURSO ESPECIAL
CONHECIDO E IMPROVIDO.

SEGUE EMENTA
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Celebrado o contrato de locação, opera-se o fenômeno do


desdobramento da posse, pela qual o locador mantém para si a
posse indireta sobre o imóvel, transferindo ao locatário a posse
direta, assim permanecendo até o fim da relação locatícia.
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CLASSIFICAÇÃO DA POSSE

Enquanto válido o contrato de locação, o locatário tem o direito de uso,


gozo e fruição do imóvel, como decorrência de sua posse direta.
Nessa condição, pode o locatário, sem comprometimento de seu direito,
dar ao imóvel a destinação que melhor lhe aprouver, não proibida por lei
ou pelo contrato, podendo, inclusive, se assim for sua vontade, mantê-lo
vazio e fechado.
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Quanto à existência de vício (posse justa e posse injusta)


Temos, aqui, um dos mais importantes critérios
classificatórios.
Nos termos do art. 1.200, do CC, é justa a posse que não for
violenta, clandestina ou precária.
Por consequência, será considerada injusta quando for
violenta, clandestina ou precária.
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Esbulho: retirada forçada do bem de seu legítimo possuidor com uso da


força.

A turbação é uma ofensa menor ao direito de posse. Consiste em um


esbulho parcial no qual o possuidor perde somente parte da posse de um
bem, sem que haja perda de contato com o bem turbado. Exemplo: João
leva seus cavalos todos os dias para pastar na fazenda que é de
propriedade de Jorge.

AÇÃO CABÍVEL = CPC, artigos 920 a 933. São elas a ação de reintegração de
posse, a ação de manutenção de posse e a ação de interdito proibitório.
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SALOMÃO VIENA, com seus capangas, invadiu o imóvel rural de CARMELO


LUIS, no dia 2 de abril de 2016. Durante três dias, CARMELO, lançando mão
de meios legítimos de autodefesa, tentou resistir à invasão. Infelizmente,
no dia 5, cessados os atos de violência, SALOMÃO consolidou o esbulho,
expulsando o legítimo possuidor. A teor do art. 1.208, enquanto os atos de
violência estavam sendo perpetrados, entre os dias 2 e 5 de abril, durante
o esforço defensivo do esbulhado, não haveria posse de SALOMÃO por
estarem os mesmos em disputa (briga pela posse).
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CLASSIFICAÇÃO DA POSSE

Mas, uma vez cessada a violência, SALOMÃO passaria a exercer


uma posse injusta, na medida em que derivada de atos de
violência.
O mesmo raciocínio seria aplicado se, em vez de ocorrer uma
invasão violenta, a ocupação se desse por clandestinidade,
caso em que SALOMÃO e os seus capangas adentrassem
furtivamente o imóvel, permanecendo ocultos por alguns dias
e revelando-se, surpreendentemente, após, impedindo que
CARMELO exercesse o seu legítimo direito sobre o bem.
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CLASSIFICAÇÃO DA POSSE

Mas, uma vez cessada a violência, SALOMÃO passaria a exercer


uma posse injusta, na medida em que derivada de atos de
violência.
O mesmo raciocínio seria aplicado se, em vez de ocorrer uma
invasão violenta, a ocupação se desse por clandestinidade,
caso em que SALOMÃO e os seus capangas adentrassem
furtivamente o imóvel, permanecendo ocultos por alguns dias
e revelando-se, surpreendentemente, após, impedindo que
CARMELO exercesse o seu legítimo direito sobre o bem.
Na mesma linha, a posse de SALOMÃO seria injusta, derivada
da clandestinidade.
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Por fim, merece especial análise a denominada posse precária. O referido


art. 1.200 admite a existência dessa modalidade de posse, considerando-a
injusta.
Esse aspecto deve ser adequadamente compreendido. A concessão da
posse precária, aquela deferida a título de favor, é lícita.

É o que se dá no comodato (empréstimo gratuito de coisa infungível). Um


exemplo ilustrará: eu lhe empresto o meu apartamento. Esta posse,
licitamente concedida em seu favor, é, tipicamente, precária.
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O vício da precariedade surge, tornando a posse precária injusta,


quando, em violação à cláusula de boa-fé objetiva, o titular do direito
exige o bem de volta, e o possuidor precário, em nítida e reprovável
“quebra de confiança”, recusa a sua devolução.
Opera-se, no caso, uma alteração na natureza da posse exercida, até então
lícita, por meio do fenômeno da interversio possessionis (interversão da
posse).
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ACORDÃO SOBRE O TEMA

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. ALEGAÇÃO DE OFENSA AO


ART. 535, II, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. OMISSÃO NÃO CONFIGURADA.
DESCARACTERIZAÇÃO DE COMODATO. REEXAME DE PROVA.VEDAÇÃO. SÚMULA 07 DO
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA RECUSA NA ENTREGA DO IMÓVEL. POSSE PRECÁRIA.
ESBULHO QUE JUSTIFICA AÇÃO POSSESSÓRIA.
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ACORDÃO SOBRE O TEMA

III – A recusa do comodatário em restituir a coisa após o


término do prazo do comodato, mormente quando notificado
extrajudicialmente para tanto, implica em esbulho pacífico
decorrente da precariedade da posse, podendo o comodante
ser reintegrado na mesma através das ações possessórias.
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Quanto à legitimidade do título ou ao elemento subjetivo (posse de boa-fé


e posse de má-fé)

a boa-fé subjetiva consiste em uma situação psicológica, um estado de


ânimo ou de espírito do agente, que realiza determinado ato ou vivencia
dada situação, em estado de inocência.

Em geral, esse estado subjetivo deriva da ignorância a respeito de


determinada circunstância, como ocorre na hipótese do possuidor de boa-
fé que desconhece o vício que macula a sua posse.
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Segundo o art. 1.201, “é de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício,


ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa”, como se dá, por
exemplo, na hipótese em que o sujeito desfruta da posse de uma fazenda
que lhe fora transmitida por herança, após a morte do seu tio, ignorando o
vício existente no formal de partilha, na medida em que o falecido havia
falsificado o registro imobiliário, sem que o herdeiro de nada soubesse.
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Note-se que, neste caso, dada a existência de um justo título


(o formal de partilha), milita, em favor do possuidor, segundo
o parágrafo único do mesmo dispositivo, uma presunção
relativa de boa-fé:
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a
presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei
expressamente não admite esta presunção.
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Outro exemplo de justo título é a escritura de compra e venda ou de


doação, que contenha vício ignorado pelo possuidor.
Sobre o tema, merece referência o Enunciado 303, da IV Jornada de Direito
Civil, claramente inspirado pelo princípio da função social:

Art. 1.201: Considera-se justo titulo, para a presunção relativa da boa-fé́


do possuidor, o justo motivo que lhe autoriza a aquisição derivada da
posse, esteja ou não materializado em instrumento público ou particular.
Compreensão na perspectiva da função social da posse.
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Nessa perspectiva socializante, e até mesmo sob a influência do princípio


da boa-fé, um “recibo”, documento tão comum, especialmente nas
relações negociais travadas entre pessoas mais humildes em nosso país,
poderia ser considerado um justo título para efeito de firmar a presunção
de boa-fé.
Finalmente, sobre o momento em que a posse passa a ser de má-fé, dispõe
o art. 1.202:

Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o


momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não
ignora que possui indevidamente.
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CLASSIFICAÇÃO DA POSSE

Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o


momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não
ignora que possui indevidamente.

É o que se dá, por exemplo, quando o possuidor, que até então ignorava o
vício na sua posse, é citado na ação reivindicatória, passando a ter ciência
do fato
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Quanto ao tempo (posse nova e posse velha)

Posse nova ou de força nova é a que tem menos de ano e dia.


Posse velha ou de força velha é a que tem mais de ano e dia.

Essa distinção tem relevância no plano processual, na medida em que, a


teor do art. 558 do CPC/2015, caso a posse do terceiro seja nova, poderá o
demandante, ao lançar mão do respectivo interdito possessório, na defesa
do seu direito, requerer o provimento liminar previsto no art. 562 da Lei
Processual.

Uma vez ultrapassado o prazo de ano e dia (posse velha), posto a demanda
não perca o caráter possessório, o deferimento da medida liminar com
amparo no referido art. 562 não será mais Possível.

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