1) Lenoir discute como as representações coletivas pré-construídas influenciam a percepção dos problemas sociais e a definição do objeto sociológico.
2) Ele argumenta que os problemas sociais devem ser estudados sociologicamente, analisando como emergiram através de lutas simbólicas e quem se beneficia de suas definições.
3) Lenoir utiliza exemplos como velhice, juventude e família para mostrar como categorias aparentemente naturais têm fundamento social e são produto das relações
1) Lenoir discute como as representações coletivas pré-construídas influenciam a percepção dos problemas sociais e a definição do objeto sociológico.
2) Ele argumenta que os problemas sociais devem ser estudados sociologicamente, analisando como emergiram através de lutas simbólicas e quem se beneficia de suas definições.
3) Lenoir utiliza exemplos como velhice, juventude e família para mostrar como categorias aparentemente naturais têm fundamento social e são produto das relações
1) Lenoir discute como as representações coletivas pré-construídas influenciam a percepção dos problemas sociais e a definição do objeto sociológico.
2) Ele argumenta que os problemas sociais devem ser estudados sociologicamente, analisando como emergiram através de lutas simbólicas e quem se beneficia de suas definições.
3) Lenoir utiliza exemplos como velhice, juventude e família para mostrar como categorias aparentemente naturais têm fundamento social e são produto das relações
1) Lenoir discute como as representações coletivas pré-construídas influenciam a percepção dos problemas sociais e a definição do objeto sociológico.
2) Ele argumenta que os problemas sociais devem ser estudados sociologicamente, analisando como emergiram através de lutas simbólicas e quem se beneficia de suas definições.
3) Lenoir utiliza exemplos como velhice, juventude e família para mostrar como categorias aparentemente naturais têm fundamento social e são produto das relações
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Aula 1
Remi lenoir: “Objeto sociológico e
problema social”: Remi lenoir • Il est professeur de sociologie à l'Université Paris 1 et directeur du Centre de sociologie européenne. • Il est l'auteur de Généalogie de la morale familiale (Paris, Seuil, Collection "Liber", 2003) et de nombreux articles, notamment dans Actes de la recherche en sciences sociales et dans Sociétés et Représentations Proposta do texto • Integra uma coletânea organizada por Patrick Champagne e colaboradores, final dos anos 1980. Encontra-se ancorada em princípios relativos ao modo de pensamento sociológico em ato, privilegiando a perspectiva comparativa.
• Apresentação dos principais conceitos da sociologia em estado
prático, isto é, utilizados concretamente nas pesquisas, a partir de exemplos diversificados de pesquisas.
• O objetivo é fornecer uma resposta a como se deve proceder para
mobilizar, na prática, a teoria e, simultaneamente, os procedimentos de observação, coleta e análise dos dados. Objeto sociológico e problema social • O texto assinala, a contribuição da sociologia para a análise de «problemas sociais» (condição feminina, imigrantes, terceira idade, etc.), delineando a gênese do que nos parece evidente nesses problemas, permitindo, relativizá-los. • O « problema social » em si não é, um problema sociológico, mas é possível estudar sociologicamente um problema social. • Diálogo com a noção de « representação coletiva » elaborada por Émile Durkheim, e com « clássicos » como Max Weber (tipos de ação social e de dominação) e os de orientação marxista como Maurice Halbswachs, incluindo a teoria de prática de Pierre Bourdieu. • Lança mão das pesquisas de Erving Goffman que empreendeu uma etnografia da vida cotidiana. Introdução
• O pesquisador na área das ciências sociais deve levar em
consideração o fato de que faz parte do mundo social que pretende descrever e compreender. Nesse sentido: • « A primeira dificuldade encontrada pelo sociológo deve-se ao fato de estar diante das representações preestabelecidas de seu objeto de estudo que induzem a maneira de apreende-lo e, por conseguinte, defini-lo e concebê-lo » (:61) • Um grande número de pesquisas ditas « sociológicas » incidem sobre « problemas sociais », isto é, sobre o que é constituído em determinado momento como uma «crise» do sistema social, quer se trate da «delinquência», «droga», situação das «pessoas idosas», «imigração», « desemprego », etc... “ A questão social” • Existe uma expectativa de que os pesquisadores resolvam um « problema » por definição « social ». Termo que segundo Lenoir, agrega diversas acepções. Seja em relação a tradição no campo da « ajuda social », seja na tradição do socialismo desde o século XIX. • Os problemas sociais englobam duas dimensões: de caso social e de problemas de sociedade. Lenoir e as pesquisas na área das ciências sociais • Seguindo Durkheim: «o ponto de partida de qualquer pesquisa é constituído por representações, isto é, um véu que se interpõe entre as coisas e nós e acaba por dissimulá-las tanto melhor quanto mais transparente julgamos ser tal véu » • O que são essas representações? De que são feitas ? Como proceder diante da força dessas « imagens sensíveis » ou de conceitos grosseiramente formados? • Trata-se do que Durkheim designava por «pré-noções» Elas têm uma função social: harmonizam nossas ações com o mundo que nos cerca; são formadas pela e para a prática. Eles se ajustam de modo prático ao mundo. Se apresentam como legítimas e evidentes. Lenoir e as Regras do método sociológico
• Como sugere Lenoir: o pesquisador deve contar
com tais «representações coletivas» que uma vez constituídas, tornam-se realidades autônomas; atuam sobre a realidade pela ação da explicação, e informação. • As representações coletivas deverão merecer atenção do pesquisador. Estão na origem do aparecimento e conteúdo das transformações objetivas que atravessam os problemas sociais. As representações: categorias de percepção e pensamento • As representações que aparecem sob a forma de problemas sociais constituem um dos obstáculos mais difíceis de superar. • Os problemas sociais se encarnam de forma realista nas populações que apresentam problemas a serem superados « mulheres », « jovens », « velhos », « excepcionais », « favelados » (62). • A construção da categoria « risco ». Inicialmente elaborada como uma categoria jurídica, se desprende de seu significado original, abrangendo uma nova categoria de percepção do mundo social. • Para o autor: operam-se mudanças na representações das causas do risco/acidente. Em que medida o que é designado por acidente de trabalho prejulga a respeito da natureza de sua causa? Realidade Pré-construída e Construção do Objeto Sociológico
• Tarefa de definir os problemas sociais não é trivial. O que é
constituído como « problemas sociais » varia segundo as épocas e as regiões e pode desaparecer como tal: « pobreza » « racismo » e « velhice » « gravidez na adolescência ». • A análise deve começar pelo estudo do processo de elaboração dessas categorias. • O suicídio: a classificação de determinada morte como suicídio deve ser problematizada, porque « as diferentes teorias do suicidio constituem, ao mesmo tempo – pelos menos parcialmente- as causas do que elas explicam». A idade: uma categoria «natural»
• Como critério de classificação, a idade cronológica apareceu na França, no século XVI. • É uma medida abstrata cujo grau de precisão é explicado sobretudo pelas necessidades da prática administrativa ».(64) • A idade dos indivíduos é dependente do contexto no qual ela toma sentido. A fixação de uma idade é o produto de uma luta que envolve diferentes gerações. • A categoria juventude no pós-guerra sofreu uma redefinição. É só uma palavra (P. Bourdieu). Categorias « naturais » e implicações sociais.
• O que constitui o objeto da pesquisa é a análise dos
agentes que travam as lutas simbólicas, as armas utilizadas e as estratégias postas em práticas. • A velhice entendida como estado de envelhecimento biológico, é o que justamente deve ser problematizado. • Atentar para o grau de manipulação das categorias: a faixa etária pode se tornar uma categoria de acusação (70). A velhice e a juventude como realidade social
• A velhice e a juventude constituem um referente
importante da organização do cotidiano que permite fazer comparações. É preciso entender as relações de força entre as gerações, isto é, a distribuição do poder e dos privilégios entre elas. • O importante é descrever os processos através dos quais os indivíduos são socialmente designados como velhos ou jovens. Isso não significa dizer que não existam pessoas idosas mas apenas registrar que não se deve reduzir a análise à questão das demarcações rígidas de idade (71). Realidade social e lutas simbólicas • O estudo da emergência de um problema social revela o trabalho de contrução social da realidade. • Em relação à velhice, existe uma avaliação diferencial da produtividade pelos empresários, isto é, agentes interessados em impor uma definição e estabelecer um valor no mercado de trabalho. • O exercicio de diversas atividades profissionais é mais precoce para os membros das classes mais baixas. Os trabalhadores braçais são considerados produtivos somente até a idade de 51-54 anos ; os operários sem qualificação até 53,5.... Os executivos até 57,9».(72) • Citando Bourdieu, Diz Lenoir : « A divisão do trabalho social é um trabalho social de divisão, isto é, uma luta entre grupos para impor princípios de uma visão do mundo social que contribua para a manutenção de sua posição no espaço social» Inconsciente semântico e objeto pré-construído: a família
• Lenoir, utiliza as observações de Françoise Heritier sobre
família: « todo mundo sabe ou julga que sabe o que é família....ela aparece a cada um como um fato natural, e por extensão como um fato universal » (73) • Família designa implicitamente um todo coerente, estruturado. • A representação da família como um todo harmonioso está ligada a essa espécie de obsessão pela permanência do grupo doméstico. Isso se expressa pela linguagem corrente que associa à noção de « família» as noções de linhagem, posteridade, origem, em suma, descendência» Fundamento social das categorias pré-construídas
• O pesquisador enfrenta a complexidade
inerente ao objeto, aliada às condições em que se processa seu estudo. • O próprio campo do qual ele participa, constitui um dos obstáculos da construção do objeto sociológico. • Há um acoplamento entre uma população [ dominadas] e um problema social ( a violência urbana e os moradores das favelas cariocas). Problema social e formas de solidariedade
• A velhice como problema social não é o
resultado do crescimento do número de «pessoas idosas », sugerida pela noção de envelhecimento demográfico. • O estudo sociológico da velhice remete à consideração dos fatores que modificaram os modos de solidariedade, isto é, a natureza dos elos que unem os indivíduos em determinados grupos. Reconhecimento e legitimação do problema social • Um problema social pressupõe um trabalho social que compreende duas etapas: o reconhecimento e a legitimação do problema como tal ( 80). • Por um lado, é preciso que se torne visível, « digno de atenção »; pressupõe a ação de grupos socialmente interessados em produzir uma nova categoria de percepção do mundo social. Por outro, é preciso de legitimação: operação para inserir o tema no campo das preocupações sociais do momento. A gênese social de um problema social
• A gênese de um problema social pressupõe identificar seus porta-vozes ,
isto é, os representantes da causa. Esses atores realizam pressões e se beneficiam de sua própria posição no campo, agindo de acordo com o interesse pessoal ( 85). • A velhice passou por uma resignificação a partir de uma nova categorização « a Terceira Idade». Essa resignificação também encontra- se atrelada á emergência do campo da gerontologia • A categoria aborto foi substituída pela expressão « interrupção voluntária da gravidez », visando excluir todas as conotações semânticas pejorativas. • A normalização do problema social: uma operação que consiste em uma reclassificação simbólica do grupo, anteriormente invisível ou desclassificado socialmente ( Goffman). Força do discurso e forças sociais
• A análise dos discursos, das representações
que veicula e das pretensões que formula, é inseparável do estudo dos porta-vozes que o enunciam e das instâncias nas quais [o problema] é pronunciado ou publicizado » • Reividicações feministas: um novo modo de viver e ser das mulheres, no início do século XX, acoplada a capacidade de colocar em cena [ publicizar] uma identidade social específica. Consagração Estatal e trabalho de legitimação
• O reconhecimento estatal de um problema integra
a caracterização dele como « problema social » • O pesquisador deve examinar os espaços nos quais as políticas são elaboradas, descrevendo as características dos especialistas que manejam a definição das medidas. • Uma nova representação coletiva da velhice emergiu a partir da adequação entre objeto científico e objeto jurídico. O especialista e o sociólogo
• Capital de perícia e competência são habilidades
requeridas para « tratar o problema social » • Exemplo : os relatórios ou pareceres • « O aparecimento de um problema social: 1- Transformações na vida cotidiana dos indivíduos na sequência de diversas reviravoltas sociais e cujos efeitos diferem segundo os grupos sociais 2- O trabalho de imposição e legitimação 3-Institucionalização para fixar categorias e evidenciá-las A institucionalização e Burocratização dos problemas sociais
• É preciso estudar como foram institucionalizados e quais as propostas
feitas no sentido de resolvê-lo. • Como se dá a gestão coletiva da velhice ? • Como funcionam os sistemas de distribuição ou retribuição ( as dádivas), equipamentos etc ; • A política social atua de duas formas. Por um lado, produz representações que têm grau de generalidade e validade legiitimado pela ciência. • Por outro lado, atua através da mudança das próprias práticas e através da operacionalização de um conjunto diversificado de instituições que atuam em certos aspectos da vida e são experimentadas pelos atores sociais. O discurso das instituições • Interesses do estado na constituição de uma situação como problema social : soluções e apropriações • « Não se trata (para o Estado) de explicar fenômeno ou fato social como tal, mas de apreender os aspectos em que o Estado poderá intervir » • Transformar a representação mental da realidade na realidade o positivismo do estado • As categorias oficiais de classificação de um problema e as soluções são apoiadas por uma doxa oficial. • Há um « humanismo » nesta operação de universalização com base científica e alcance ético de interesses particulares. • « Ao transfigurar tais interesses em grandes causas a serem defendidas, os especialistas em ciências sociais ampliam, ao mesmo tempo, o âmbito legitimo das intervenções do Estado » (104) Conclusão:
• O trabalho do pesquisador nas ciências sociais
deve consistir na desconstrução de artefatos instituídos socialmente, examinando os « custos » e « benefícios », abordando as lutas travadas pelos agentes para construírem a representação da realidade.