Slides Epidemiologia

Fazer download em pptx, pdf ou txt
Fazer download em pptx, pdf ou txt
Você está na página 1de 42

Universidade Zambeze

Faculdade de Ciências de Saúde-Tete


 Curso de Licenciatura em Nutrição
Cadeira de Epidemiologia
2º Ano 
8o Grupo
Tema: Sistema de Informação em Saúde (SIS)
Trabalho de pesquisa por
apresentar à disciplina de
Epidemiologia, como requisito
parcial de avaliação.
   
 
Tete, 2021
DISCENTES:
ANA PAULA AFONSO
CARLOS MORRA
FRANCISCA ALBERTO
IVONE JOSÉ DOS SANTOS MANTEIGA
MARIA DA CONCEIÇÃO AMÉRICO ARMANDO SOARES
MIAMI AGOSTINHO TSAMBA
MARINO JOÃO JOAQUIM SOZINHO
ODETE VASCO MARIANO MUGUERRIMA
ROGÉRIA MARIA DA CONCEIÇÃO LAISSE
ANA PAULA AFONSO
INTRODUÇÃO

O presente trabalho de pesquisa tem como objectivo abordar acerca


do sistema de informação em saúde, especificamente a transição
epidemiológica, nutricional e alimentar, incluindo a vigilância em
saúde. A fim de incrementar os conhecimentos sobre a cadeira de
epidemiologia, do curso de licenciatura em nutrição.
O Sistema de Informação em Saúde é conjunto de instrumentos,
normas e actividades relacionadas entre si e que produz informação
útil para a tomada de decisões na área de saúde. Permitindo que os
trabalhadores de saúde e (outros) possam tomar as melhores
decisões possíveis de acordo com as suas responsabilidades.
TRANSACÇÃO EPIDEMIOLOGICA

 Entende-se por transição epidemiológica as mudanças ocorridas no tempo nos padrões de

morte, morbidade e invalidez que caracterizam uma população específica e que, em geral,
ocorrem em conjunto com outras transformações demográficas, sociais e econômicas
(Omram, 2001; Santos-Preciado et al., 2003 apud Schramm et al, 2004). A definição do
termo transição epidemiológica deve, dessa forma, ser integrado à um conceito mais amplo
apresentado por Schramm (2004) apud Pereira et al (2015), como transição de saúde.
  Uma das principais características do processo de transição epidemiológica é o aumento

na prevalência de doenças crônicas não transmissíveis. A transição da saúde pode ser


classificada em duas vertentes: uma delas contempla a transição das condições de saúde na
qual refere-se às mudanças na frequência, magnitude, amplitude e condições de saúde. A
outra diz respeito a resposta social organizada a estas condições que se articulam e se
materializam por meio dos sistemas de atenção à saúde.
Cont.
O processo de transição da saúde engloba três mudanças básicas:
 Substituição das doenças transmissíveis por doenças não-transmissíveis e causas

externas;
 Deslocamento da carga de morbi-mortalidade dos grupos mais jovens aos grupos mais

idosos; e
 Transformação de uma situação em que predomina a mortalidade para outra na qual a

morbidade é dominante.

A modificação no perfil de saúde da população em que as doenças crônicas e suas


complicações são prevalentes resulta em mudanças no padrão de utilização dos serviços
de saúde e no aumento de gastos, considerando a necessidade de incorporação
tecnológica para o tratamento das mesmas. Estes aspectos ocasionam importantes
desafios e a necessidade de uma agenda para as políticas de saúde que possam dar conta
das várias transições em curso.
 Omram (1971 e 1996) apud Pontes et al (2009); Oliveira (2004), propôs 5 grandes
eras, ou estágios, para a transição epidemiológica, apresentadas a seguir:
 A “Era da Pestilência e da Fome”, que se estenderia até o final da Idade Média,
caracterizada por uma mortalidade elevada e flutuante, com predominância da
desnutrição, das situações relacionadas à saúde reprodutiva e das doenças
infecciosas e parasitárias.
 A “Era do Declínio das Pandemias”, que se estenderia da Renascença até o início
da Revolução Industrial, caracterizada pela redução progressiva das grandes
pandemias e epidemias, apesar de as doenças infecciosas e parasitárias continuarem
a ser uma das principais causas de morte.
 A “Era das Doenças Degenerativas e das Provocadas pelo Homem”,
caracterizada pela redução ou estabilização da mortalidade em níveis baixos, queda
relativa das doenças infecciosas e parasitárias e pelo fato de as doenças crônico-
degenerativas (doenças cardiovasculares e neoplasias) e as causas externas se
tornarem cada vez mais frequentes.
 A “Era do declínio da mortalidade por doenças cardiovasculares, modificações no
estilo de vida, doenças emergentes e ressurgimento de doenças;
 A “Era da longevidade paradoxal, emergência de doenças enigmáticas e
capacitação tecnológica para a sobrevivência do inapto.
CARLOS MORRA
TRANSIÇÃO NUTRICIONAL E ALIMENTAR

Segundo Pontes et al (2009), podemos definir transição nutricional como um


fenômeno caracterizado por modificações importantes no padrão de nutrição e
consumo de uma dada população, que acompanham mudanças econômicas,
sociais, sanitárias e demográficas, associando-se a alterações na magnitude bem
como no risco atribuível a agravos vinculados ao padrão de determinação de
doenças do “atraso” e da “modernidade”, expressando-se como uma alteração e
mesmo uma inversão no perfil de distribuição dos problemas nutricionais das
populações, em geral, um trânsito da desnutrição para a obesidade.

Essencialmente as mudanças nos padrões nutricionais das populações em transição


nutricional, são determinados por alterações na estrutura da dieta e na
composição corporal dos indivíduos, resultando em importantes modificações no
perfil de saúde e nutrição.
Mudança de Padrões Nutricionais e Alimentares
1º Estágio

Primeiramente, a mudança que caracteriza a transição nutricional poderia ser definida como a
passagem de um estágio bem primitivo, simbolizado pela ocorrência de formas graves de carências
globais (kwashiokor, marasmo nutricional) ou específicas (hipovitaminose A, escorbuto, beribéri,
raquitismo, osteomalacia, pelagra), constituindo manifestações de caráter dominantemente agudo,
para outro em que predominam Doenças Cronicas Não-Transmssiveis.

Entram, também, nesse estágio os processos carenciais caracteristicamente crônicos, como o


nanismo nutricional, a idiotia iodopriva, as sequelas esqueléticas de deficiências vitamínicas e
minerais e as anemias que, eventualmente, podem ser agudas. É pertinente enfatizar a associação
das carências nutricionais com um variado conjunto de doenças infecciosas e parasitárias,
compondo um modelo bem estabelecido de morbi-mortalidade. Em termos deliberadamente
simplificados, pode-se convencionar que a redução ou desaparecimento das formas graves de
desnutrição energético-proteica (kwashiorkor e marasmo) constitui o indicativo epidemiológico do
processo de transição em seu estágio inicial..
2º Estágio
Em um segundo momento, que caracterizaria a transição propriamente dita, as endemias e
manifestações epidêmicas das carências nutricionais passam a apresentar uma
diminuição progressiva em sua ocorrência. Em uma representação convencional,
desapareceriam os casos clínicos graves de Desnutrição Energético-Proteica (DEP), de
carência de iodo e de hipovitaminose A. Pode-se eleger o início da recuperação da
estatura em escala populacional como o evento mais representativo desta fase.
Simultaneamente, reduz-se a incidência do Baixo Peso ao Nascer – BPN (menos de
2.500 g nos nascidos vivos). Com base nos indicadores mais genéricos do processo
saúde-doença, descreve-se uma redução marcante da mortalidade infantil em especial por
doenças infecciosas. A base demográfica da pirâmide populacional passa a ter sua
estrutura expressivamente modificada, com a queda da mortalidade por doenças
facilmente evitáveis e curáveis, e da natalidade, prolongando-se a expectativa de vida a
um ritmo que, em muitos países, implicou ganhos médios de cinco a dez anos, em apenas
uma década. Com o prolongamento da vida, a modificação dos hábitos alimentares e a
FRANCISCA ALBERTO
3º Estágio
O terceiro estágio seria representado pela correção do ‘déficit’ da estatura,
resgatando-se, fenotipicamente, o potencial genético do crescimento humano, até
então dificultado pelas adversidades socioambientais. Evidencia-se, por
tendências históricas e mudanças sociais, uma outra característica desta etapa: a
instalação do sobrepeso/ obesidade, como um processo pangeográfico e
transsocial. Esta etapa da transição nutricional corresponde à construção de um
conjunto de co-morbidades reunidas em torno de fatores comuns de riscos: o
diabetes mellitus, principalmente do tipo 2, as doenças cardio e cerebrovasculares
e alguns tipos importantes de neoplasias, como o câncer de mama, da próstata, do
cólon e do reto, correlacionados com o estado de nutrição, com características do
regime alimentar e hábitos de vida não saudáveis. Por sua natureza e implicações,
pode-se agregar a esse complexo de patologias as doenças osteoarticulares.
Cont...

Estima-se que as DCNT, que representam entre 70% e 80% da carga de morbi-mortalidade
nos países desenvolvidos e já alcançam o primeiro patamar de importância epidemiológica
nas nações em desenvolvimento, poderiam ser substancialmente reduzidas com a prática
da alimentação e estilos de vida saudáveis (Opas/OMS, 2003; Sandhi et al., 2005). A
perspectiva plenamente evidenciada de mudar a situação que se define no estágio 3 da
transição epidemiológica constitui o próprio fundamento da Estratégia Global da
Alimentação Saudável, apoiada em alguns procedimentos, como a ingestão diária de 450 a
700 g de frutas, verduras e legumes, redução do consumo de sal, de gorduras animais,
ácidos graxos na forma trans, de açúcares industrializados e de excedente calórico da dieta
em relação às necessidades normais do organismo. A aplicação, em escala populacional,
dessas recomendações, ao lado das medidas de promoção de hábitos de vida saudáveis,
com o controle do tabagismo, do alcoolismo e do sedentarismo, poderia constituir uma
variante ou uma característica peculiar da transição epidemiológica: a “compressão de
morbidades crônicas” (Fries, 1983, 2000).
Cont…

A transição nutricional ocorrida neste século resultou na chamada “dieta


ocidental” caracterizada pelos altos teores de gorduras, principalmente de
origem animal, de açúcares e alimentos refinados e baixos teores de
carboidratos complexos e fibras (Monteiro et al, 2000). A dieta ocidental
e o aumento da obesidade estão amplamente associados com a alta
prevalência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e a
diminuição da qualidade de vida da população (Ferreira et al, 2005).
Enquanto na Europa e nos países asiáticos a mudança de hábitos ocorreu
de forma gradual, o que se observa no ocidente é um acelerado ritmo de
mudanças, tendo como consequência doenças como diabetes, hipertensão
e cardiopatias, que atingem todas as faixas etárias e são configuradas
como problemas de saúde pública (Batista-Filho & Rissin, 2003;
IVONE JOSÉ DOS SANTOS MANTEIGA
Cont…

O consumo de gorduras saturadas está fortemente associado à ocorrência de doença


coronariana, assim como estudos evidenciam que o consumo de gordura de
origem animal está ligado à ocorrência de câncer de cólon, próstata e mamas.
Ainda envolvendo a composição lipídica da dieta, há evidências de que a
obesidade possa se relacionar à proporção de energia proveniente de gorduras,
independentemente do total calórico da dieta (Monteiro et al, 2000; Oliveira &
Fisberg, 2003; Queiroz, 2008).

Por outro lado, há igualmente evidências de que dietas ricas em legumes, verduras e
frutas cítricas encontram-se associadas à ocorrência menor de alguns tipos de
câncer, como os de pulmão, cólon, esôfago e estômago (Kag & Velasquez-
Mendelez, 2003). Embora os mecanismos subjacentes à associação não estejam
completamente esclarecidos, sabe-se que essas dietas são usualmente pobres em
gordura saturada e ricas em fibras e diversas vitaminas e minerais (Kag &
cont…

A transição nutricional em curso na maioria dos países em desenvolvimento, expressa


no grande aumento da obesidade e sua coexistência com o baixo peso, constitui um
dos fatores mais importantes para explicar o aumento da carga dessas doenças em
tais realidades. No âmbito da Saúde Pública, coloca-se um desafio de grande
complexidade, exigindo análise de como se constituem os padrões alimentares, bem
como dos padrões de atividade física. As evidências disponíveis relacionadas aos
padrões de atividade física apontam para um baixo gasto energético e para o
crescimento do sedentarismo (Pontes, 2009).

A evolução do estado nutricional das populações é indicativa de um importante


aumento do sobrepeso, com tendência especialmente preocupante entre as crianças
em idade escolar e os adolescentes, bem como na população de baixa renda. No que
se refere ao sobrepeso, a prevalência global revela-se elevada (Pontes, 2009).
Cont…

Como consequência de novos estilos de vida impostos por um lado,


pelo acesso a certos recursos e, de outro, a má distribuição de
renda, o desemprego, o confinamento resultante da violência, a
expansão do consumo de alimentos de alta densidade calórica,
baixo custo e, igualmente, baixo valor nutricional, e a propaganda
de alimentos pelos meios de comunicação evidenciam que, apesar
dos esforços no setor alimentar-nutricional, há ainda a necessidade
de intervenções em diferentes níveis/setores para que se possa
erradicar a fome e conter o avanço acelerado da obesidade como
problema sócio-sanitário (Pontes, 2009).
MARIA DA CONCEIÇÃO AMÉRICO ARMANDO SOARES
 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE

O termo vigilância entendido como um instrumento de saúde pública tem dois


significados consagrados internacionalmente, um deles, introduzido no final do
século XIX, com foco no acompanhamento de potenciais fontes de infecção e
outro, que passa a ser usado em meados do século passado, com a finalidade e
analisar o comportamento de doenças na comunidade e recomendar
oportunamente, medidas efetivas de controlo (Thacker & Berkelman 1988 apud
Waldman, 2012). Esses dois conceitos, assim como, os principais marcos
históricos do desenvolvimento da vigilância serão comentados a seguir
(Waldman, 2012).

Pode ser entendido também como a “observação dos comunicantes durante o


período máximo de incubação da doença, a partir da data do último contato
destes com um caso clínico ou portador, ou da data em que o comunicante
abandonou o local em que se encontrava a fonte primária da infecção” (Schmid
cont…

Vigilância em saúde ou ainda Vigilância epidemiológica é definida como


a contínua e sistemática coleta, análise e interpretação de dados, seguida
de ampla disseminação da informação analisada a todos que dela
necessitam, com a finalidade de fundamentar e de tornar ágeis as
intervenções de saúde pública (Porta 2008 apud Waldman, 2012).

A vigilância epidemiológica é uma das mais importantes e úteis aplicações


da epidemiologia na prática sanitária e um dos instrumentos de uso mais
consagrados nesse campo, em todo o globo, sendo considerado um
importante elo entre os serviços de saúde e a pesquisa, voltados à
contínua atualização das bases científicas das estratégias de controlo de
doenças (Waldman 1991 apud Waldman, 2012).
Vigilância em saúde pública e suas funções essenciais

No elenco de funções consideradas essenciais e próprias do campo da saúde pública,


destacam-se a vigilância epidemiológica, a regulação e fiscalização sanitária, ambas
integradas com a denominação única de vigilância sanitária, assim como a pesquisa voltada
à avaliação da eficácia/efetividade de intervenções, acessibilidade e qualidade dos serviços
de saúde e a investigação e desenvolvimento de soluções inovadoras em saúde pública.

O adequado controle sanitário de produtos, insumos, tecnologias médicas, riscos ambientais e


serviços, pressupõe a utilização, de forma articulada, de algumas funções essenciais de
saúde pública, merecendo destaque: a vigilância epidemiológica, a regulação, a fiscalização
sanitária e a pesquisa (Muñoz e cols 2000; Waldman & Freitas 2008 apud Waldman, 2012).
Exemplifica-se, comentando as potenciais implicações em saúde pública, da introdução de
novas técnicas de criação intensiva de animais para produção de alimentos de consumo
humano e a necessidade da aplicação articulada da regulação, fiscalização sanitária - ambas
englobadas na vigilância sanitária -, vigilância epidemiológica e da pesquisa.
MIAMI AGOSTINHO TSAMBA
Abrangência da vigilância

A vigilância em saúde foi originalmente aplicada às doenças


infecciosas, mas progressivamente sua abrangência foi se
ampliando para outros tipos de agravos, entre os quais podemos
citar: malformações congênitas, traumas e lesões, eventos
adversos associados ao uso de tecnologias de saúde, doenças
associadas às exposições ambientais e doenças crônicas.
Constitui também importante instrumento para identificar doenças
novas, comportamentos modificados de doenças já conhecidas,
doenças que ocorrem em situações inusitadas, assim como para
o monitoramento do impacto de intervenções (Waldman, 2012).
Cont…
A crescente importância em saúde pública das doenças de decurso crônico
(infecciosas e não infecciosas) e o fato das mesmas apresentarem longos
períodos de latência entre a exposição e a doença, torna necessário o
acompanhamento de mudanças na prevalência de determinadas exposições na
população ou em grupos populacionais definidos, que possam a médio ou
longo prazo, modificar a tendência da ocorrência dessas doenças. Em
consequência, tivemos a ampliação da abrangência da vigilância que além
de eventos adversos à saúde, passa também a acompanhar a prevalência de
fatores de risco com o objetivo de fundamentar estratégias de prevenção,
avaliar sua efetividade e prever o aumento da incidência de doenças, como por
exemplo, a elevação da obesidade e de doenças cardiovasculares (Morabia
1996 apud Waldman, 2012).
Características gerais dos sistemas de vigilância

A vigilância deverá adequar-se às peculiaridades de cada sistema de saúde, no entanto, deverá


apresentar três características que lhe são próprias: ser simples, de baixo custo e contínua,
esta última característica a diferencia da pesquisa. Por outro lado, deve ter obrigatoriamente
três componentes: i) coleta de dados; ii) análise dos dados; iii) a ampla distribuição das
informações analisadas (Waldman 1991; Lee et al 2010 apud Waldman, 2012).

As características de um determinado evento adverso à saúde assim como da intervenção


necessária para o seu controle, condicionam o delineamento e a estratégia de
desenvolvimento do sistema de vigilância correspondente. Por exemplo, se o objetivo é
prevenir a disseminação de uma doença como a SARS-CoV, será indispensável que a
vigilância seja global e necessário que ela obtenha informação com agilidade e tão
completa quanto possível, disseminado diariamente as informações já analisadas. Para
tanto, deverá identificar as fontes de informação mais adequadas e os usuários preferenciais
das informações disseminadas.
MARINO JOÃO JOAQUIM SOZINHO
Cont…

Quando se trata de doença com caráter crônico, onde o comportamento da


mesma e a prevalência dos fatores de risco mudam mais lentamente ao
longo do tempo, a periodicidade da coleta da informação, assim como da
disseminação das mesmas já analisadas poderá obedecer a intervalos mais
amplos. Em resumo, para diferentes sistemas de vigilância com diferentes
objetivos e ações necessárias para atingi-los, necessitamos distintas fontes
e fluxos de informações (Nsubuga et al 2006 apud Waldman, 2012).

O princípio básico da vigilância é o de que deve ser delineada e


implementada para oferecer às autoridades sanitárias informações válidas
(verdadeiras), no momento oportuno e ao menor custo possível (Nsubuga
et al 2006 apud Waldman, 2012).
Cont…

 O uso da vigilância em um determinado sistema de saúde deverá ter uma ou mais das

seguintes finalidades (Lee et al, 2010 apud Waldman, 2012):

1. Identificar novas doenças ou eventos adversos à saúde.

2. Detectar epidemias e documentar a disseminação de doenças.

3. Estimar a magnitude da morbidade e mortalidade causadas por determinados agravos.

4. Identificar grupos e fatores de risco envolvendo a ocorrência de doenças, assim como


resíduos de fontes de infecção e de suscetíveis.

5. Recomendar, com bases objetivas e científicas, as medidas necessárias para prevenir ou


controlar a ocorrência de específicos agravos à saúde.

6. Avaliar o impacto de medidas de intervenção e a adequação das táticas e estratégias


aplicadas.

7. Revisar práticas antigas e atuais de sistemas de vigilância com o objetivo de propor novos
instrumentos metodológicos.
Cont…

Ao planejarmos um sistema de vigilância é importante considerarmos que o mesmo


poderá variar em metodologia, abrangência e objetivos, sendo também necessária
a sua adequação ao nível de complexidade e grau de desenvolvimento tecnológico
dos sistemas de saúde em que será implantada (CDC 1992 apud Waldman, 2012).

O uso regular da vigilância como instrumento de saúde pública pressupõe a


existência de programas continuados de formação e treinamento de recursos
humanos, especialmente, de epidemiologistas de campo. Por outro lado, é
indispensável a avaliação periódica do desempenho dos sistemas de vigilância,
pois se de um lado, constitui instrumento simples e de baixo custo, por outro, seu
uso somente se justifica, caso fique demonstrada a sua utilidade. A avaliação de
sistemas de vigilância dispõe de metodologia própria, a qual será apresentada mais
à frente, neste capítulo (Waldman, 2012).
ODETE VASCO MARIANO MUGUERRIMA
Critérios de identificação de prioridades
Para a identificação de prioridades para o desenvolvimento de sistemas de
vigilância em saúde devemos utilizar três critérios:

i. A magnitude do dano que toma como indicadores, taxas de incidência e


prevalência e de mortalidade, assim como a letalidade associada ao evento sob
análise;

ii. A vulnerabilidade do dano, que avalia a existência de grupos ou de fatores


de risco ou fatores de prognóstico suscetíveis a medidas específicas de
intervenção, ou seja, a existência de medidas específicas e eficazes de
profilaxia e controle;

iii. Gravidade do dano, que avalia o impacto social e econômico da doença ou


evento adverso à saúde (índice de Produtividade Perdida; dias de Incapacidade
no leito, dias de trabalho perdido).
Aplicações da Vigilância Epidemiológica

São comuns às diferentes aplicações da vigilância em saúde. No


entanto, como a vigilância é um instrumento de uso abrangente no
campo da saúde pública, existem alguns aspectos particulares que
devem ser observados conforme o foco de sua aplicação.
Buscaremos assinalar resumidamente as especificidades das
principais aplicações da vigilância epidemiológica (Waldman,
2012). a Vigilância de Doenças Infecciosas, a Farmacovigilância,
a Vigilância ambiental, a Vigilância de traumas e lesões e a
Vigilância de doenças crônicas. .
Vigilância de Doenças Infecciosas
As doenças infecciosas constituem não só a área de aplicação mais tradicional da
vigilância, mas também aquela em que o seu uso se faz de maneira mais
extensa e diversificada, em virtude de algumas características de seu
comportamento, que consideradas em seu conjunto justificam a sua
manutenção na agenda de prioridades em saúde pública, a despeito de, em
termos relativos, a sua magnitude ter diminuído em comparação aos demais
grupos de doenças. Entre tais características, duas merecem destaque entre as
que justificam a afirmação feita no parágrafo anterior: a sua imprevisibilidade
e o potencial para criar situações de grande impacto global, seja em termos de
morbi-mortalidade com repercussões até na estrutura demográfica de países
mais vulneráveis, seja em termos econômicos (Faucci & Morens 2012 apud
Waldman, 2012).
Farmacovigilância
 A farmacovigilância é o principal instrumento disponível pela saúde pública para

conhecer o perfil de segurança das tecnologias de saúde, constituindo hoje uma das mais
importantes aplicações da vigilância em saúde (Waldman et al 2011 apud Waldman,
2012). A sua origem está de certa forma vinculada a investigação, em 1961, de uma
epidemia de uma má-formação congênita, extremamente rara, conhecida como
focomelia, que atingiu milhares de crianças em vários países. Os resultados dessa
investigação apontaram a associação dessa má-formação com o uso da talidomida
durante a gravidez (Lenz 1962 apud Waldman, 2012). A revisão dos protocolos das
pesquisas realizadas previamente a comercialização deste fármaco, revelou que os
resultados eram insuficientes para sua aprovação e, alem disso, teriam sido erroneamente
interpretados (Laporte & Tognoni 1993 apud Waldman, 2012). Esse evento determinou
mudanças significativas na regulamentação dos procedimentos para o licenciamento e
comercialização de novos medicamentos e vacinas (WHO 2002 apud Waldman, 2012).
ROGÉRIA MARIA DA CONCEIÇÃO LAISSE
Vigilância ambiental

A vigilância ambiental requer a coleta, análise e disseminação de


informações sobre exposições ambientais potencialmente de risco e
desfechos. Os desfechos de saúde de interesse podem ser tanto
óbitos como doenças, as exposições ambientais potencialmente de
risco abrangem os agentes químicos, físicos e biológicos
encontrados no ar, água, solo e alimentos. Estabelecer a associação
entre esses desfechos e específicas exposições ambientais
potencialmente de risco, é um dos principais objetivos dessa
aplicação da vigilância (Nsubuca et al. 2006 apud Waldman, 2012).
Vigilância de traumas e lesões
Traumas e lesões constituem atualmente um dos mais relevantes problemas
de saúde pública, situando-se entre as dez principais causas de mortalidade
em todo o mundo, sendo responsável por cerca de cinco milhões de óbitos
anualmente e causa de elevadas taxas de incapacidade. Indivíduos de todos
os estratos socioeconômicos estão sujeitos a risco de traumas e lesões,
porem as taxas de óbitos, por essa causa, são mais elevadas em países em
desenvolvimento (Nsubuca et al. 2006 apud Waldman, 2012).

A vigilância de traumas e lesões inclui o monitoramento da incidência,


causas e circunstâncias em que ocorrem casos fatais e não fatais, que
podem ainda, ser classificados em não intencionais e intencionais. (Holder
et al 2001 apud Waldman, 2012).
Vigilância de doenças crônicas
O desenvolvimento de políticas de promoção da saúde pressupõe avaliações confiáveis da
magnitude de doenças e de eventos adversos à saúde, assim como de informações do
custo efetividade de intervenções e de estratégias. Todos esses pontos são críticos
quando tratamos de doenças não infecciosas, em sua maioria de evolução crônica
(Nsubuga et al 2006 apud Waldman, 2012).

Hipertensão, hipercolesterolemia, tabagismo, alcoolismo, obesidade e inúmeras doenças


associadas a esses fatores de risco, constituem problemas relevantes em saúde pública
em todo o globo.

A vigilância de fatores de risco, até recentemente, era desenvolvida somente em países


industrializados, no entanto, por iniciativa da OMS, temos assistido uma expansão da
utilização desse instrumento de forma a permitir a comparabilidade de dados entre
diferentes países, no entanto, os resultados ainda se mostram frágeis nos países em
desenvolvimento (WHO 2003 apud Waldman, 2012).
CONCLUSÃO
Afim de responder aos objectivos do trabalho, concluímos que a transição nutricional
refere-se a modificações no perfil nutricional da população, caracterizada pela redução
da prevalência de desnutrição e aumento da prevalência da obesidade. Em meio a essa
mudança no perfil nutricional, destaca-se como causa e consequência a transição
epidemiológica, marcada por um modelo polarizado de transição que se caracteriza
pela coexistência de doenças infecciosas e não transmissíveis. A transição nutricional
pela qual a sociedade tem passado é caracterizada por uma dieta extremamente
calórica, rica em açúcares e gorduras, e insatisfatória quanto ao aporte nutricional,
revelando as consequências que uma alimentação sem qualidade pode trazer do ponto
de vista da saúde. O surgimento e/ou agravamento de patologias como a obesidade, a
desnutrição, as dislipidemias, hipertensão, diabetes, cardiopatias, dentre outras, além
da diminuição qualidade de vida da população, estão intimamente ligadas à
alimentação do indivíduo.
Referências bibliográficas
Batista Filho, M.; Souza, A. I.; Miglioli, T. C.; Santos, M. C. (2008). )Anemia e obesidade: um paradoxo da
transição nutricional brasileira. Cad. Saúde Pública. Vol.24.
Francischi, R. P. P. et al. (2000). Obesidade: atualização sobre sua etiologia, morbidade e tratamento. Rev. Nutr.
vol.13.
Kac, G; e Meléndez, G. V. (2003). A transição nutricional e a epidemiologia da obesidade na América Latina. Cad.
Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19 (Sup. 1):S4-S5.
Monteiro, C. A.; Mondini, L.; Costa R. B. L. (2000). Mudanças na composição e adequação nutricional da dieta
alimentar nas áreas metropolitanas do Brasil (1988-1996). Revista de Saúde Pública, v. 34, n. 3, p.251-58.
Oliveira, R. C. (2004). A transição nutricional no contexto da transição demográfica e epidemiológica. Rev. Min.
Saúde púb., a.3 , n.5 , p.16-23 – Jul./Dez.
Pereira, R. A; Alves-Souza, R. A; e Vale, J. S. (2015). O processo de transição epidemiológica no brasil: uma revisão
de literatura. Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente 6(1): 99-108, jan-jun.
Pinheiro, A. R. O; Freitas, S. F. T; e Corso, A. C. T. (2004). Uma abordagem epidemiológica da obesidade. Rev.
Nutr., Campinas, 17(4):523-533, out./dez.,
Pontes, R. J. S; Júnior, A. N. R; Kerr, L. R. S; e Bosi, M. L. M. (2009). Transição Demográfica e Epidemiológica.
em: https://www.researchgate.net/publication/275336326.
Queiroz, F. L. N. (2008). Alimentação regional saudável em unidades produtoras de refeições do sudeste brasileiro.
2008. 119 f. Dissertação (Mestrado em Nutrição Humana)-Universidade de Brasília, Brasília.
Schramm, J. M. A; Oliveira, A. F; Leite, I. C; Valente, J. G; Gadelha, A. M. J; Portela. M. C; e Campos, M. R.
(2004). Transição epidemiológica e o estudo de carga de doença no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, 9(4):897-908.
Waldmam, E. A. (2012). Vigilância como prática de saúde pública: Conceitos, Abrangência, Aplicacações e
Estratégias. In: Campos, GWS, Minayo, MCS, Bonfim JRA, Akerman, M, Drumond Júnior, M e Carvalho, YM
(orgs). Tratado de Saúde Coletiva, cap 15, pag 513-555, Hucitec Editora Ltda, São Paulo.

Você também pode gostar