A Destruição de Monumentos Como Forma de Protesto em Discussão (Destruir Ou Preservar?)

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A destruição de monumentos como forma de

protesto em discussão

(Destruir ou preservar?)  
PROFA. MILENE GASPARINI
No começo deste mês (JUNHO), a derrubada de uma estátua em
Bristol, na Inglaterra, reacendeu um debate de anos sobre
a destruição de monumentos históricos como forma de protesto.
Mas, diferentemente de alguns anos atrás, o assunto agora parece
estar ganhando mais espaço e partindo para um debate que vai
além da classificação do ato como vandalismo, especialmente por
parte da mídia.

Na cobertura dos protestos que resultaram na derrubada da


estátua, um repórter da Rede Globo destacou que a figura que
rodou rio abaixo, Edward Colston* (1636-1721), era traficante de
escravos e foi responsável pela retirada de 84 mil pessoas da África
no final do século 17. O monumento em sua homenagem ocupava
aquele lugar em Bristol desde o século 19. 
Edward Colston (02/11/1636 – 11/10/1721) foi um comerciante de
escravos inglês, filantropo e membro do Parlamento Britânico.
Ele apoiou e doou escolas, esmolarias, hospitais e igrejas em
Bristol (Londres) e em outros lugares. É homenageado em
vários locais de Bristol, como ruas, três escolas e comércios de
Colston. Muitas de suas fundações de caridade ainda
sobrevivem. Sua riqueza foi adquirida majoritariamente através
do comércio e exploração de escravos.
Estátua de Edward Colston é substituída por uma de manifestante negra
O lugar onde estava a figura do comerciante de escravos, na Inglaterra, agora é ocupado pela
estátua da manifestante Jen Reid

Jean Reid havia sido fotografada durante as manifestações do


Black Lives Matter.
A cena da mulher negra sobre o pedestal e com o punho
levantado viralizou depois dos protestos.
A escultura foi feita pelo artista plástico Marc Quinn, usando
resina e aço.
A atitude dos manifestantes ingleses, que saíram às ruas na
onda do movimento Black Lives Matter* , despertou o
questionamento sobre o tema em outros lugares do mundo.

Nos Estados Unidos, o Museu de História Natural de Nova York


anunciou que a estátua do ex-presidente americano Theodore
Roosevelt** será retirada da entrada principal da instituição.

No caso, o problema não é Roosevelt, reconhecido como um


pioneiro da conservação ambiental, mas o monumento, que traz
simbologias racistas.
Theodore Roosevelt, presidente
dos Estados Unidos de 1901 a 1909, é
considerado um dos primeiros
conservacionistas e naturalistas
americanos.

Sua estátua de bronze, desde a


inauguração, em 1940, em frente ao
Museu de História Natural de Nova York, o
apresenta poderoso, a cavalo, com um
negro e um indígena ao lado, o que
simboliza, para muitos, o colonialismo e a
discriminação racial.
* Black Lives Matter (em português: "Vidas Negras Importam") é um
movimento ativista internacional, com origem na comunidade afroamericana,
que campanha contra a violência direcionada às pessoas negras.

BLM regularmente organiza protestos em torno da morte de negros causada


por policiais, e questões mais amplas de discriminação racial, brutalidade
policial e a desigualdade racial no sistema de justiça criminal dos Estados
Unidos.

Em 2016, o movimento, que começou nos Estados Unidos, chegou a países


como Brasil, África do Sul e Austrália, onde ativistas tomaram as ruas e as
redes sociais em solidariedade às vítimas da violência policial. Eles
adotaram o grito de guerra “Black Lives Matter” para amplificar suas lutas
em seus próprios países e para apontar o que consideram uma abordagem
hipócrita da imprensa e do governo
Na Bélgica, a estátua do rei Leopoldo 2º, responsável pela morte de 10
milhões de pessoas no Congo Belga, antiga colônia de propriedade
pessoal do monarca, também caiu pela mão de manifestantes.

No Brasil, há um projeto de lei apresentado pela deputada estadual Érica


Malunguinho (PSOL-SP) para a remoção de monumentos que
homenageiam figuras escravagistas em todo o estado de São Paulo. 

Mesmo com o avanço dessas ações, a destruição de monumentos não


deixa de suscitar contradições.

Para argumentar sobre o assunto em uma redação de vestibular, é preciso


resgatar a origem e as demandas desses movimentos, como eles se
expressam ao redor do mundo e as possíveis soluções.
O professor Raphael Tim dá aulas de História, no curso Anglo-SP, e traz
algumas considerações:

Argumento por exemplificação 

Um tipo de argumento que funciona muito bem, em redação, é usar


exemplos que demonstrem que determinado acontecimento não é um caso
isolado e que, portanto, possui raízes mais profundas e está relacionado a
uma estrutura. = contexto histórico / repertório sociocultural produtivo

Então, vale começar sublinhando que, apesar de ter ganhado mais


destaque com as manifestações antirracistas das últimas semanas, a
destruição de monumentos como forma de protesto não é coisa nova em
outros países, nem no Brasil. 
África do Sul, em 2015

Em 2015, estudantes da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul,


iniciaram um movimento chamado Rhodes Must Fall (Rhodes deve cair), em
referência a uma estátua em homenagem ao inglês Cecil Rhodes, presente no
campus da universidade.

Nascido mais de um século depois de Colston, Rhodes, outro nome


proeminente na história do neocolonialismo, fez fortuna explorando diamante
em países africanos. Mesmo depois de a estátua ter sido removida, ainda em
2015, o movimento continuou a instigar outras universidades a questionar
suas heranças colonialistas: os alunos da Universidade de Oxford, por
exemplo, que também tem uma estátua do inglês, aderiram ao Rhodes Must
Fall e lutam há cinco anos para a retirada do monumento.

Apenas agora, na esteira do Black Lives Matter, os funcionários da


universidade votaram pela retirada. 
Estados Unidos em 2017

Do outro lado do Atlântico, nos Estados Unidos, a estátua de


um polêmico líder da Guerra Civil Americana, o general Robert
Lee, provocou a marcha racista de Charlottesville (Virgínia).
Em 2017, o poder público local havia aprovado a remoção de
um monumento a Lee de um dos parques públicos da cidade.
Supremacistas brancos não aceitaram muito bem a decisão de
retirar a homenagem ao general, um notório escravagista, e
iniciaram suas manifestações.

O poder local aprovou, em fevereiro, a retirada da estátua do


general, construída em 1924, por considerar que ela fomenta a
divisão entre os habitantes, e mudou o nome do parque onde se
localizava.
Posteriormente, a justiça suspendeu a transferência do
monumento e fortes protestos foram realizados por parte da
extrema direita.
No último sábado, dezenas de supremacistas brancos se
manifestaram na cidade, o que resultou em confrontos com
grupos antifascistas e do movimento negro. Um
neonazista atropelou um grupo de manifestantes com seu
carro, matando uma pessoa.
Brasil em 2013

Como as bancas de vestibular (especialmente do Enem) valorizam o enfoque nacional,


saiba que o Brasil não só já foi palco de protestos semelhantes, como isso ocorreu antes
dos exemplos citados até agora.

Em 2013, o Monumento às Bandeiras, em São Paulo, acabou manchado de tinta vermelha e


com uma pichação com os dizeres “bandeirantes assassinos”, depois de uma manifestação
contra um projeto de lei que tirava do governo federal a autonomia para demarcação de
terras indígenas. 

O monumento é uma obra do escultor Victor Brecheret (1894-1955) e retrata bandeirantes à


frente, em cavalos, conduzindo negros e indígenas que realizam trabalhos pesados atrás
deles. Embora muitos defendam se tratar de uma homenagem aos diferentes povos
participantes da construção do país, é sabido que os bandeirantes atuaram na captura de
escravos, destruição de quilombos e aprisionamento de indígenas.

O protesto contra o monumento, em 2013, não foi o último, e ele e outras homenagens a
bandeirantes, como a estátua de Borba Gato, também em São Paulo, voltaram a amanhecer
pichadas em outras ocasiões, como em 2016.
No monumento, estão
representadas 29 figuras
humanas, entre
portugueses, negros,
mamelucos e índios.

Eles puxam uma canoa de


monções, utilizada nas
expedições fluviais.
Com 240 blocos de granito
de 50 toneladas, a
escultura foi encomendada
pelo governo paulista em
1921 e inaugurada em
1954.
Revisionismo* ou reparação?

Há uma linha em comum que liga todos esses monumentos alvos de


protestos: em sua maioria, homenageiam homens brancos que participaram
de alguma maneira de processos de colonização e escravidão.

O professor Raphael Tim explica que essas estátuas foram levantadas nos
séculos 19 e 20, quando a parcela dominante da sociedade considerava
positivo homenagear esse tipo de figura.

Segundo ele, essa era uma maneira também de heroicizar esses homens,
além de uma estratégia de apagamento da história. E é aqui que entra a
questão do revisionismo. 

*https
://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/negacionismo-historico-no-brasil-atu
al-por-que-estamos-negando-os-fatos.phtml
Muitos apontam que a derrubada ou a simples remoção dessas estátuas dos
lugares onde estão deveria ser lida como uma tentativa de revisionismo
histórico – uma negação e silenciamento do passado.

Mas, para Tim, o uso do termo nesse contexto é equivocado, pois a


construção dessas estátuas é que deveria ser lida como uma tentativa de
silenciar os acontecimentos históricos: “você está pegando uma passagem
do passado, de assassinato, de opressão, escravidão e falando que ela é
algo bonito”.

Seria preciso reconhecer, portanto, que as pessoas que se opõem a essas


imagens fazem um pedido de reparação: que seja reconhecida uma outra
versão da história, que evidencie qual foi, de fato, a atuação desses homens
outrora homenageados.
Ou seja, os bandeirantes tiveram papel preponderante na formação do Brasil,
na consolidação do território e no desenvolvimento do interior. Mas eles,
notoriamente, fizeram isso a um custo humano muito alto. Esse outro lado da
história, de pilhagem, escravidão e morte, não aparece nos monumentos.

Segundo o professor, o debate quase inexistente sobre história faz com que,
hoje, uma parcela da população defenda a manutenção desses monumentos
como e onde estão pela simples defesa de um patrimônio do qual ela
desconhece a história.

E, nesse sentido, Tim também apresenta o argumento de que o caso brasileiro


é ainda mais emblemático que o americano ou o inglês, já que aqui a maior
parte da população descende justamente daqueles que foram oprimidos pelos
homenageados nas estátuas.  
A queda das estátuas é reparação histórica? (21/6/2020)
Na discussão entre perpetuação da opressão ou preservação do legado, estátuas têm tombado e
documentos históricos têm sido apagados
(...)
O historiador Sérgio Duarte é professor adjunto na Universidade Federal de Goiás (UFG) e
pesquisador no Kulturwissenschaftliches Institut, em Essen, Alemanha. Ele afirma:
“Se cada grupo que surge começar a destruir documentos históricos (e é isso que estátuas
são), nós ficaremos vazios, sem referência. Em Goiânia isso é ainda pior, porque temos
poucos monumentos”. (...)

Afinal, as estátuas nos mostram de onde viemos, e não para onde desejamos ir.

Nada impede que se mude a relação com a memória

Do ponto de vista prático, Sérgio Duarte afirma ser cético quanto ao poder que estátuas têm
de educar as pessoas que passam diante delas todos os dias – mas este ceticismo também se
aplica quando se afirma que a estátua de um bandeirante tem o poder de oprimir os
descendentes de indígenas que a contemplam.

“Na prática, para que serve uma estátua? É só uma exaltação simples do passado que dá
dinheiro para quem a constrói.”
Então, de onde vem a defesa das homenagens que Sérgio Duarte teceu quando propuseram
sua destruição?
Não de um apego material às figuras de bronze, mas da rejeição ao impulso mal-informado
de destruição.

“É uma ideia frágil, infantil, porque não é orientada pelos parâmetros da história da arte,
semiótica, psicologia, ou coisa que sirva para reconstruir uma relação com a memória. Por
este paradigma, uma vez que as estátuas forem ao chão, você terá de encontrar outra coisa
para destruir e satisfazer sua sanha desorientada por justiçamento.”

Isso não significa, segundo o historiador, que estamos condenados a idolatrar ídolos
construídos com propósitos românticos há muito esquecidos. “Nada impede que se mude a
relação com a memória”. 

Assim, a forma desejável de se relacionar com documentos do passado, de acordo com a


historiografia, talvez fosse  a seguinte: Vejam, o Monumento ao Bandeirante foi construído
em 1942, por Armando Zago, quando Goiânia tinha apenas nove anos de idade. Eles
precisavam de mitos inspiradores para simbolizar a Marcha para o Oeste e unificar o
território nacional.
“O que isso nos diz sobre as pessoas que o fabricaram? Talvez a relação dessas pessoas
com o passado tenha de ser rediscutida, talvez não nos ajude mais”.
https://www.jornalopcao.com.br/reportagens/a-queda-das-estatuas-e-reparacao-historica-262618 /”.
NEGACIONISMO / REVISIONISMO HISTÓRICO:
POR QUE ESTAMOS NEGANDO OS FATOS?
https
://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/negacionismo-historico-no-brasil-atual-por-que-estamos-negando-o
s-fatos.phtml

Nos últimos anos, o mundo tem vivenciado uma crescente negação de fatos históricos.

Frases como “o Holocausto nunca existiu”, “o nazismo é de esquerda”, “a ditadura militar


foi branda” e “não houve genocídio indígena” estão se tornando comuns em conversas
diárias, seja em redes sociais, seja em uma mesa de bar numa sexta à noite.

O negacionismo não existe apenas nas humanidades, mas também nas ciências geológicas
(teorias que negam o formato do planeta) e nas ciências biológicas — afirmações bíblicas e
criacionistas em detrimento da evolução por seleção natural, segundo a teoria de Darwin.

(...)
Independentemente de posições políticas, o debate sobre esses conteúdos deve ser
mantido por todos os cidadãos dentro de termos racionais, e construído com base em
argumentos sólidos – afinal, a História é uma ciência como todas as outras.
Revisionismo histórico ou negação ideológica?

Revisar a história através de novas fontes é um método eficaz, que movimenta a comunidade
científica. Assim como descobertas sobre a ação de uma bactéria no organismo levam à
criação de novos medicamentos, evidências documentais, objetos históricos e relatos dos
que viveram em determinado período levam à mudança ou ampliação no entendimento
histórico. Esse é um revisionismo necessário, baseado em argumentos solidificados.

Segundo o professor de História do Brasil Independente, Marcos Napolitano, “quando


falamos de revisionismos, a palavra sempre tem um peso muito grande no debate público. E
aí temos uma contradição interessante, pois o trabalho do historiador é sempre uma revisão
do passado diante de evidências, diante de novas questões, diante de novas demandas que
são colocadas. Mas uma das marcas do negacionismo é negar evidências. Não é a ampliação
do conhecimento, mas a sua negação”.

O que vem ocorrendo, inclusive entre acadêmicos, intelectuais e políticos, é uma tentativa de
revisar a história através de ideologias, onde se olha para um fato (por exemplo, os dados
sobre genocídio indígena no Brasil) a partir de um prisma ideológico.
 “Quais as fronteiras entre o revisionismo historiográfico e o ideológico?

O que deve pautar a revisão historiográfica, e qual a relação entre isso e uma
perspectiva ideológica?

Não se trata de inibir opiniões sobre a História, mas deixar claro que o
conhecimento histórico tem que ir além da opinião. Ele pode compor opinião,
mas é sobretudo resultado de um trabalho, de um método, de uma reflexão
sobre evidências e fontes, que obviamente não visa silenciar as opiniões
sobre o passado.

Mas é preciso que se estabeleça um critério para se entender o que é


evidência, o que é fato, e o que é efetivamente uma negação de tudo isso”,
afirma o professor.
Proposta de intervenção:

A FAVOR OU CONTRA: resta defender a derrubada ou permanência das estátuas?

Não necessariamente. Apesar de alguns discordarem das homenagens a essas figuras, a


destruição delas não é o ideal para Raphael Tim nem para Érica Malunguinho. Ambos
apontam como saída a realocação dessas estátuas de vias públicas para outros locais,
como museus e centros de conservação. Assim, ainda poderiam ser objeto de estudo e
poderiam servir como exemplo e lição para que esses eventos históricos não voltem a se
repetir.

Tim aponta que já existem movimentos semelhantes que visam a rememorar fatos
relacionados a populações oprimidas, como a instalação de placas em centros históricos
relatando episódios que se passaram ali. Foi nessa linha de preservação da memória que o
governo federal, junto a organizações sociais, ativistas e o Iphan mobilizaram-se, a partir de
2014, para que o Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, fosse restaurado e preservado.

Reconhecido pela Unesco, em 2017, como patrimônio da humanidade, o local é considerado


o maior porto escravagista da história da humanidade, por onde, estima-se, 2,4 milhões de
pessoas escravizadas tenham chegado ao Brasil.
Tânia Andrade Lima, uma das arqueólogas coordenadoras da escavação que descobriu os
escombros do porto, reforça a importância do resgate da história ocorrida no local:

“A exposição ao público da materialidade do Valongo funciona como uma denúncia, nos leva a
lidar abertamente, a sentir e a reviver os horrores da escravidão de africanos. Essa é uma
história que não pode ser esquecida. Deve ser lembrada, lembrada sempre, para que nunca
mais se repita”, afirmou em entrevista ao UOL.

Embora o caso do Valongo não seja diretamente comparável ao das estátuas de escravagistas e
colonizadores, agora alvos de protesto –  já que elas nasceram unicamente como uma
homenagem – o historiador do Museu Paulista da USP (Museu do Ipiranga), Paulo César Garcez
Marins, disse, em entrevista ao UOL Tab, que uma medida semelhante a essa fosse
implementada.

“Não consigo aceitar que monumentos permaneçam sem placas, textos, código QR, que
respondam por que foram feitos, por que são contestados e por quem. Ferramentas que
favoreçam posicionamentos e construções de memória. Uma gestão pública deve manter a
polêmica explícita para estimular o debate“, defende Marins.
Por fim, o professor Tim pondera que, apesar de considerar que o ideal seria
o recolhimento e preservação dessas peças, não é possível controlar a
destruição de estátuas nem fazer um debate maniqueísta.

Para ele, a derrubada desses monumentos deve ser lida não como
destruição da história, mas como parte dela, e impedir esse movimento de
questionamento representaria um silenciamento não só do passado, como
também do presente.

“Se no passado as pessoas que colocaram essas homenagens acreditaram


que elas deveriam ser mantidas eternamente, as pessoas do presente desse
negócio vivo chamado História não acreditam mais nisso.
Então elas exigem de variadas formas, seja por meio da derrubada física de
uma estátua, seja por meio de petições, que essas pessoas não sejam mais
homenageadas da forma como foram no século 19 e 20”.
Este também é o alerta dado por Heloísa Starling, professora do
Departamento de História da Universidade Federal de Minas Gerais e coautora
de “Brasil, uma biografia”.

Segundo Starling, o movimento é legítimo e “correto”, mas é necessário evitar


o risco de uma possível consequência: a de “reescrever ou apagar a história”.

Para a docente, “quanto mais nós soubermos sobre o passado, mais forte
será o tipo de ação que nós vamos construir para que não se repita. É mais
importante construirmos uma ação política que detenha o conhecimento do
que simplesmente destruir”.
É por esse caminho que Starling aponta para a necessidade de olhar e conhecer esse passado
sem as emoções e os valores do presente, justamente para não apagar a história: “nós não
podemos esconder também essa história”. 

“Quanto maior for o nosso debate e a garantia desse direito à memória, melhor será nossa
ação para qualificar os espaços públicos com essas histórias.

Os gregos diziam que o esquecimento é pior do que a morte.

Então, quando você apaga a memória das populações originárias ou das populações
afrodescendentes, você está condenando a um destino pior do que a morte.

Qual é a história que nós vamos contar e como nós vamos contar essa história?”, questiona
Starling.

https://www.brasildefato.com.br/2020/06/15/o-que-significa-retirar-estatuas-de-escravocratas-do-espaco-publico
https://guiadoestudante.abril.com.br/redacao/tema-de-redacao-a-destruicao-de-monumentos-como-forma-de-protesto/

https://revistaoeste.com/o-assassinato-da-historia/

https://
www.pragmatismopolitico.com.br/2020/06/laurentino-gomes-explica-por-que-e-contra-a-derrubada-de-estatuas-de-escravo
cratas.html

https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/luiz-felipe-ponde/derrubando-estatuas/

https://racismoambiental.net.br/2020/06/15/remover-estatuas-nao-e-apagar-a-historia-pelo-contrario-e-escreve-la/

https://www.dw.com/pt-br/opini%C3%A3o-vamos-derrubar-est%C3%A1tuas-para-descolonizar/a-53862190 *

https://www.brasil247.com/ideias/derrubada-de-estatuas-pode-ser-indicio-de-uma-revolucao
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