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Romantismo - Poesia

O documento descreve o Romantismo na Europa e no Brasil, abordando suas características e manifestações nas artes. Na literatura européia, destaca-se a obra Os Sofrimentos do Jovem Werther. Na poesia brasileira, a primeira geração romântica exaltou temas nacionais e a figura indígena, como nas obras de Gonçalves Dias.

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Renata Pereira
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Romantismo - Poesia

O documento descreve o Romantismo na Europa e no Brasil, abordando suas características e manifestações nas artes. Na literatura européia, destaca-se a obra Os Sofrimentos do Jovem Werther. Na poesia brasileira, a primeira geração romântica exaltou temas nacionais e a figura indígena, como nas obras de Gonçalves Dias.

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ROMANTISMO - POESIA

PROFª RENATA CRISTINA PEREIRA


ROMANTISMO – EUROPA

 O Romantismo surge quase simultaneamente em três países europeus, no século XIX:

Alemanha (1774) Inglaterra França


Os sofrimentos do jovem Lord Byron: obras que Onde aconteceu o grande
Werther (Johan Wolfgang revelam a exacerbação desenvolvimento do
Goethe) das paixões. Romantismo.
Sofrimento por amor e
morte como solução dos Walter Scott: romances Victor Hugo: “o
conflitos existenciais. históricos. Romantismo era o
liberalismo na arte.”
ROMANTISMO – EUROPA

 CONTEXTO HISTÓRICO

- Forte processo de industrialização na Europa.


- Revolução Francesa: altera as estruturas sociais e políticas até então vigentes.
- Aristocracia encontrava-se em plena derrocada, a burguesia estava no poder, nascia o proletariado.

O Romantismo surge como expressão artística


dessa nova classe dominante. Os valores
burgueses, sua ideologia, o liberalismo e o
republicanismo serão expressos nas obras
românticas.
ROMANTISMO – CARACTERÍSTICAS GERAIS

Fuga ou Valorização da
Subjetivismo Sentimentalismo
escapismo natureza

Sentimento de Liberdade de
Nacionalismo
missão expressão
ROMANTISMO NAS ARTES PLÁSTICAS – EUROPA

 Eugène Delacroix

Orphan Girl at the


Cemetery. Disponível em:
https://artsandculture.google.com/as
set/orphan-girl-at-the-cemetery-eug
ene-delacroix-1798-1863-paris-mus
%C3%A9e-du-louvre/hgHpv6_jKb
AV4g

Horse Frightened by Lightning. Disponível em:


https://artsandculture.google.com/asset/horse-frightened-by-lightning-eug%C3%A8ne-
delacroix/cQHYDnvp2jwJwQ
ROMANTISMO NAS ARTES PLÁSTICAS – EUROPA

 William Turner

The Shipwreck. Disponível em: Fishermen at Sea. Disponível em:


https://artsandculture.google.com/asset/the-shipwreck-joseph-mallord-william-turner/Lw https://artsandculture.google.com/asset/fishermen-at-sea-joesph-mallord-william-turner/U
Fch0SXuzBAIw wG73jK8wqshlw
ROMANTISMO NAS ARTES PLÁSTICAS – EUROPA

Caminhante sobre o mar de


 Caspar David Friedrich
névoa. Disponível em:
https://www.wikiart.org/pt/artists-by-art-movement/r
omantismo#!#resultType:masonry

Man and Woman


Contemplating the Moon.
Disponível em:
https://artsandculture.google.com/asset/man-and-wo
man-contemplating-the-moon-caspar-david-friedrich/
MQEnZQLGkuoubg
ROMANTISMO NA MÚSICA – EUROPA

 Ludwig Van Beethoven

5ª Sinfonia. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=UUQIIw_JXhY
ROMANTISMO NA LITERATURA – EUROPA

 Os sofrimentos do jovem Wherter (Johan Wolfgang Goethe)

Junho, 16
A razão por que eu não lhe tenho escrito? E é você que mo pergunta, você que se inclui entre os sábios? Pode bem adivinhar que sou feliz, e mesmo... Em duas
palavras., conheci alguém que tocou o meu coração. Eu.... eu não sei o que diga...
Não é fácil contar-lhe, metodicamente, as circunstâncias que me fizeram conhecer a mais adorável das criaturas. Sinto-me contente, feliz; serei, portanto, um mau
narrador.
É um anjo!
Bolas! Já sei que todos dizem isso da sua amada, não é verdade? Entretanto, é-me impossível dizer a você o quanto ela é perfeita, nem por que é tão perfeita. Só
isto basta: ela tomou conta de todo o meu ser.
Tanta naturalidade aliada a tão alto espírito de justiça! Tanta bondade aliada a tamanha firmeza! Uma alma tão serena e tão cheia de vida e energia! Tudo quanto
acabo de dizer não passa de pobres abstrações que não dão a menor ideia da sua individualidade. De outra vez... Não; de outra vez, não; é agora que eu quero
contar a você tudo quanto acaba de acontecer.
Se não contar agora, não contarei nunca mais. Porque, aqui entre nós., três vezes depois que comecei a escrever, estive a pique de descansar a pena, mandar
arrear o cavalo e ir vê-la. Entretanto, eu havia jurado a mim mesmo de não ir lá hoje, mas a cada momento vejo-me à janela olhando a que altura ainda está o
sol...
ROMANTISMO – POESIA NO BRASIL

- Suspiro poéticos e saudades,


de Gonçalves de Magalhães
(1836).
- Primeira corrente estética que
não vem de Portugal, mas da
França.
- Negação do lusitanismo na
Literatura Brasileira.
- Apresentou três fases.
ROMANTISMO – POESIA NO BRASIL

 CONTEXTO HISTÓRICO Dica de leitura:

 1808: chegada da família real portuguesa ao Brasil.


 1822: Independência do Brasil.
 Oligarquias cafeicultoras estão no poder.
ROMANTISMO – POESIA NO BRASIL

 Primeira geração romântica: nacionalista ou indianista

 Temas: saudade da pátria, a figura indígena, a exaltação da natureza, a


religiosidade, a impossibilidade amorosa.
 A figura indígena terá fundamental importância nesse momento como
figura heroica (de maneira idealizada).

Vista do Rio de Janeiro, Thomas Ender, 1817. Disponível em:


https://pt.wikipedia.org/wiki/Pintura_do_Romantismo_brasileiro#/media/Ficheiro:Ender-rio.jpg

Lagoa Rodrigo de Freitas, Rio de Janeiro, Nicola Facchinetti, 1884. Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pintura_do_Romantismo_brasileiro#/media/Ficheiro:Nicola_Facchinetti_-_Lagoa_Rodrigo_de_Freitas,_Rio_de_Janeiro,_ca._1884.jpg
ROMANTISMO – POESIA NO BRASIL

 Primeira geração romântica: nacionalista ou indianista

 Principal poeta: Gonçalves Dias (1823 – 1864)


 Temas: exaltação da pátria, tematização indígena e idealização do amor.

Vamos falar sobre duas obras de Gonçalves Dias: o poema Canção do


Exílio e o poema épico I-Juca Pirama.

Retrato de Gonçalves Dias, Candido Portinari, 1944.


Disponível em:
https://artsandculture.google.com/asset/retrato-de-gon%C3%A7alves-dias/KwEpRqtMf
ETKag
ROMANTISMO – POESIA NO BRASIL

 Primeira geração romântica: nacionalista ou indianista

Canção do exílio, de Gonçalves Dias


Minha terra tem palmeiras,
Minha terra tem primores,
Onde canta o Sabiá;
Que tais não encontro eu cá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Em cismar – sozinho – à noite –
Não gorjeiam como lá.
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores, Onde canta o Sabiá.
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores. Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Em cismar – sozinho – à noite – Sem que eu desfrute os primores
Mais prazer encontro eu lá; Que não encontro por cá;
Minha terra tem palmeiras; Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá. Onde canta o Sabiá
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=vYQj8yg7uvc
ROMANTISMO – POESIA NO BRASIL

 Primeira geração romântica: nacionalista ou indianista Lá em Londres, vez em quando me sentia longe daqui
Back in Bahia, de Gilberto Gil Vez em quando, quando me sentia longe, dava por mim
Puxando o cabelo nervoso, querendo ouvir Celly Campelo pra não
Lá em Londres, vez em quando me sentia longe daqui
Vez em quando, quando me sentia longe, dava por mim cair
Puxando o cabelo nervoso, querendo ouvir Celly Campelo pra não cair Naquela fossa em que vi um camarada
Naquela fossa em que vi um camarada Meu de Portobello cair
Meu de Portobello cair Naquela falta de juízo que eu não
Naquela falta de juízo que eu não Tinha nem uma razão pra curtir
Tinha nem uma razão pra curtir
Naquela ausência de calor, de cor, de sal,
Naquela ausência de calor, de cor, de sal,
De sol, de coração pra sentir De sol, de coração pra sentir
Tanta saudade preservada num velho baú de prata dentro de mim Tanta saudade preservada num velho baú de prata dentro de mim
Digo num baú de prata porque prata é a luz do luar Digo num baú de prata porque prata é a luz do luar
Do luar que tanta falta me fazia junto do mar Do luar que tanta falta me fazia junto do mar
Mar da Bahia cujo verde vez em quando me fazia bem relembrar Mar da Bahia cujo verde vez em quando me fazia bem relembrar
Tão diferente do verde também tão lindo dos gramados campos de lá
Tão diferente do verde também tão lindo dos gramados campos de
Ilha do Norte onde não sei se por sorte ou por castigo dei deparar
Por algum tempo que afinal passou depressa, como tudo tem de passar lá
Hoje eu me sinto como se ter ido fosse necessário para voltar Ilha do Norte onde não sei se por sorte ou por castigo dei deparar
Tanto mais vivo de vida mais vivida, dividida pra lá e pra cá Por algum tempo que afinal passou depressa, como tudo tem de
passar
Hoje eu me sinto como se ter ido fosse necessário para voltar
Tanto mais vivo de vida mais vivida, dividida pra lá e pra cá
ROMANTISMO – POESIA NO BRASIL

 Primeira geração romântica: nacionalista ou indianista Dica de leitura:


I-Juca Pirama, de Gonçalves Dias

Disponível em:
https://www.editorapeiropolis.com.br/wp-content/uploads/
2020/02/ijuca1.png
ROMANTISMO – POESIA NO BRASIL

 Segunda geração romântica: ultrarromântica

 Temas: dramas existenciais, a subjetividade, as paixões, os desejos mais


profundos, o sofrimento, a inadequação ao mundo real.
 Há nessa geração a presença muito forte do exagero e do egocentrismo.
 Todos os poetas dessa geração morreram muito jovens.
 Principais poetas: Álvares de Azevedo e Casimiro de Abreu.

Ophelia, John Everett Millais, 1851.


Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Pintura_do_Romantismo_brasileiro#/media/Ficheiro:Ender-rio.jpg
ROMANTISMO – POESIA NO BRASIL

 Segunda geração romântica: ultrarromântica

 Álvares de Azevedo (1831 – 1852)


 Temas: a morte, o amor impossível, o tédio da vida, os sofrimentos e
conflitos internos, tratados com humor irônico.

Vamos falar sobre o poema Lembrança de morrer

Álvares de Azevedo, GARNIER, M. J. Disponível em:


https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81lvares_de_Azevedo#/media/Ficheiro:Alvares_de
_Azevedo_(Iconogr%C3%A1fico).jpg
ROMANTISMO – POESIA NO BRASIL
ROMANTISMO – POESIA NO BRASIL

 Segunda geração romântica: ultrarromântica

Lembrança de morrer, de Álvares de Azevedo Só levo uma saudade — é dessas sombras Beijarei a verdade santa e nua,
Quando em meu peito rebentar-se a fibra Que eu sentia velar nas noites minhas... Verei cristalizar-se o sonho amigo....
Que o espírito enlaça à dor vivente, De ti, ó minha mãe, pobre coitada Ó minha virgem dos errantes sonhos,
Não derramem por mim nem uma lágrima Filha do céu, eu vou amar contigo!
Em pálpebra demente.
Que por minha tristeza te definhas!

E nem desfolhem na matéria impura De meu pai... de meus únicos amigos, Descansem o meu leito solitário
A flor do vale que adormece ao vento: Poucos — bem poucos — e que não zombavam Na floresta dos homens esquecida,
Não quero que uma nota de alegria Quando, em noite de febre endoudecido, À sombra de uma cruz, e escrevam nelas
Se cale por meu triste passamento. — Foi poeta — sonhou — e amou na vida.—
Minhas pálidas crenças duvidavam.
Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto, o poento caminheiro Se uma lágrima as pálpebras me inunda,
— Como as horas de um longo pesadelo Se um suspiro nos seios treme ainda
Que se desfaz ao dobre de um sineiro; É pela virgem que sonhei... que nunca
Como o desterro de minh'alma errante,
Aos lábios me encostou a face linda!
Onde fogo insensato a consumia:
Só levo uma saudade — é desses tempos Só tu à mocidade sonhadora
Que amorosa ilusão embelecia. Do pálido poeta deste flores...
Se viveu, foi por ti! e de esperança
De na vida gozar de teus amores.
ROMANTISMO – POESIA NO BRASIL

 Segunda geração romântica: ultrarromântica

 Casimiro de Abreu (1839 – 1860)


 Temas: lamento sentimental, sem grandes arroubos emocionais, retorno
ao passado (infância).

Vamos falar sobre o poema Meus oito anos.

Casimiro de Abreu, GARNIER, M. J. Disponível em:


https://pt.wikipedia.org/wiki/Casimiro_de_Abreu#/media/Ficheiro:Casimiro_de_Abreu
_(Iconogr%C3%A1fico).jpg
ROMANTISMO – POESIA NO BRASIL

 Segunda geração romântica: ultrarromântica

Meus oito anos, de Casimiro de Abreu


Que auroras, que sol, que vida, Livre filho das montanhas, Oh! que saudades que tenho
Oh! que saudades que tenho
Que noites de melodia Eu ia bem satisfeito, Da aurora da minha vida,
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Naquela doce alegria, Da camisa aberto o peito, Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais! Naquele ingênuo folgar! – Pés descalços, braços nus – Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores, O céu bordado d´estrelas, Correndo pelas campinas – Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras A terra de aromas cheia, À roda das cachoeiras, Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras, As ondas beijando a areia Atrás das asas ligeiras À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais! E a lua beijando o mar! Das borboletas azuis! Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
De despontar da existência! Oh! dias de minha infância! Naqueles tempos ditosos
– Respira a alma inocência
Oh! meu céu de primavera! Ia colher as pitangas,
Como perfumes a flor;
O mar é – lago sereno,
Que doce a vida não era Trepava a tirar as mangas,
O céu – um manto azulado, Nessa risonha manhã! Brincava à beira do mar;
O mundo – um sonho dourado, Em vez das mágoas de agora, Rezava às Ave-Marias,
A vida – um hino d’amor! Eu tinha nessas delícias Achava o céu sempre lindo,
De minha mãe as carícias Adormecia sorrindo
E beijos de minha irmã! E despertava a cantar!
[…]
ROMANTISMO – POESIA NO BRASIL

 Segunda geração romântica: ultrarromântica E por você eu largo tudo


Exagerado, de Cazuza Vou mendigar, roubar, matar
Até nas coisas mais banais
Amor da minha vida
Pra mim é tudo ou nunca mais
Daqui até a eternidade
Nossos destinos Exagerado
Foram traçados na maternidade Jogado aos teus pés
Eu sou mesmo exagerado
Paixão cruel desenfreada
Te trago mil rosas roubadas Adoro um amor inventado
Pra desculpar minhas mentiras E por você eu largo tudo
Minhas mancadas Carreira, dinheiro, canudo
Exagerado
Até nas coisas mais banais
Jogado aos teus pés Pra mim é tudo ou nunca mais
Eu sou mesmo exagerado Exagerado
Adoro um amor inventado Jogado aos teus pés
Eu nunca mais vou respirar Eu sou mesmo exagerado
Se você não me notar Adoro um amor inventado
Eu posso até morrer de fome Jogado aos teus pés
Se você não me amar Com mil rosas roubadas
Exagerado
Eu adoro um amor inventado
Jogado aos teus pés
Bem melhor, eu sou mesmo exagerado
Adoro um amor inventado, eh
ROMANTISMO – POESIA NO BRASIL

 Terceira geração romântica: condoreira

 Temas: engajamento social, com finalidade prática de protesto contra as


injustiças sociais, principalmente, a escravidão.
 Nessa geração, percebemos um forte apelo abolicionista por parte dos
poetas.

Navio negreiro, Johann Moritz Rugendas, 1830. Disponível em:


https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/71/Navio_negreiro_-_Rugendas_1830.jpg

Planta de um navio negreiro. Disponível em: http://prosa-regional.blogspot.com/2014/04/o-brasil-no-seculo-xix.html


ROMANTISMO – POESIA NO BRASIL

 Terceira geração romântica: condoreira

 Principal poeta: Castro Alves (1847 – 1871)


 Temas: poesia social - injustiças sociais, abolicionismo, poesia como
instrumento da igualdade, liberdade e fraternidade, engajamento social,
linguagem grandiloquente;
poesia amorosa – mulher atingível, amor concretizado, caráter donjuanesco.

Vamos falar sobre o poema Navio negreiro.

Castro Alves. Disponível em:


https://pt.wikipedia.org/wiki/Castro_Alves#/media/Ficheiro:CastroAlves.jpg
ROMANTISMO – POESIA NO BRASIL

 Terceira geração romântica: condoreira

Navio negreiro, de Castro Alves


IV
Era um sonho dantesco... o tombadilho E ri-se a orquestra irônica, estridente... No entanto o capitão manda a manobra,
Que das luzernas avermelha o brilho. E da ronda fantástica a serpente E após fitando o céu que se desdobra,
Em sangue a se banhar. Faz doudas espirais ... Tão puro sobre o mar,
Tinir de ferros... estalar de açoite... Se o velho arqueja, se no chão resvala, Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
Legiões de homens negros como a noite, Ouvem-se gritos... o chicote estala. "Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Horrendos a dançar... E voam mais e mais... Fazei-os mais dançar!..."

Negras mulheres, suspendendo às tetas Presa nos elos de uma só cadeia, E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
Magras crianças, cujas bocas pretas A multidão faminta cambaleia, E da ronda fantástica a serpente
Rega o sangue das mães: E chora e dança ali! Faz doudas espirais...
Outras moças, mas nuas e espantadas, Um de raiva delira, outro enlouquece, Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
No turbilhão de espectros arrastadas, Outro, que martírios embrutece, Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
Em ânsia e mágoa vãs! Cantando, geme e ri! E ri-se Satanás!...
ROMANTISMO – POESIA NO BRASIL
 Terceira geração romântica: condoreira
Mulheres negras, de Yzalú Mas na lei dos justos sou a personificação da determinação Nossos traços faciais são como letras de
Navios negreiros e apelidos dados pelo escravizador um documento
Enquanto o couro do chicote cortava a carne Falharam na missão de me dar complexo de inferior Que mantém vivo o maior crime de todos
A dor metabolizada fortificava o caráter Não sou a subalterna que o senhorio crê que construiu os tempos
A colônia produziu muito mais que cativos Meu lugar não é nos calvários do Brasil Fique de pé pelos que no mar foram
Fez heroínas que pra não gerar escravos, matavam os filhos Se um dia eu tiver que me alistar no tráfico do morro
jogados
Não fomos vencidas pela anulação social É porque a lei áurea não passa de um texto morto
Não precisa se esconder, segurança
Pelos corpos que nos pelourinhos foram
Sobrevivemos à ausência na novela, no comercial descarnados
O sistema pode até me transformar em empregada Sei que cê tá me seguindo, pela minha feição, minha trança
Sei que no seu curso de protetor de dono praia Não deixe que te façam pensar que o nosso
Mas não pode me fazer raciocinar como criada papel na pátria
Ensinaram que as negras saem do mercado com produtos
Enquanto mulheres convencionais lutam contra o machismo É atrair gringo turista interpretando mulata
embaixo da saia
As negras duelam pra vencer o machismo, o preconceito, o Não quero um pote de manteiga ou de xampu Podem pagar menos pelos mesmos
racismo Quero frear o maquinário que me dá rodo e uru serviços
Lutam pra reverter o processo de aniquilação Fazer o meu povo entender que é inadmissível Atacar nossas religiões, acusar de feitiços
Que encarcera afrodescendentes em cubículos na prisão Se contentar com as bolsas estudantis do péssimo ensino Menosprezar a nossa contribuição na
Não existe lei maria da penha que nos proteja Cansei de ver a minha gente nas estatísticas cultura brasileira
Das mães solteiras, detentas, diaristas
Da violência de nos submeter aos cargos de limpeza Mas não podem arrancar o orgulho de
O aço das novas correntes não aprisiona minha mente
De ler nos banheiros das faculdades hitleristas nossa pele negra
Não me compra e não me faz mostrar os dentes
Fora macacos cotistas Mulher negra não se acostume com termo depreciativo
Pelo processo branqueador não sou a beleza padrão Não é melhor ter cabelo liso, nariz fino
DICAS DE LIVROS E FILMES

 Livros

Os sofrimentos do jovem Werther, de Goethe


Os miseráveis, de Victor Hugo
Frankenstein, de Mary Shelley
O morro dos ventos uivantes, de Emily Brontë
Noite na taverna, de Álvares de Azevedo
Orgulho e preconceito, Jane Austen
Na natureza selvagem,

 Filmes

Os miseráveis, Tom Hooper (2012)


Mary Shelley, Haifaa al-Mansour (2017)
Orgulho e preconceito, Joe Wright (2005)
Na natureza selvagem

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