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Demonstrações

Financeiras

FLEURIET

Professor:Cláudio César
Guimarães
O Modelo Fleuriet

No final da década de 70, com o intuito de desenvolver métodos


e sistemas gerenciais apropriados ao ambiente brasileiro, a Fundação
Dom Cabral trouxe para o Brasil o Prof. Michel FLEURIET, criando um
convênio de parceira com o Centre d'Enseignement Supérieur des
Affaires (CESA - França).
Fleuriet conduziu um grupo de trabalho para desenvolvimento
de um método de análise da dinâmica financeira das empresas, mais
coerente com a realidade operacional brasileira, cuja abordagem
permitiria, segundo o autor, uma tomada rápida de decisões com a
mudança do enfoque da análise contábil tradicional, privilegiando uma
visão menos estática
da empresa conhecida como Modelo Fleuriet.
O Modelo Fleuriet

O modelo propõe uma nova classificação gerencial para


as contas de ativo e passivo circulante, segundo sua natureza
financeira ou operacional, sendo essa segregação essencial para
o processo de avaliação das necessidades de capital de giro.
Segundo Fleuriet, certas contas apresentam uma
movimentação tão lenta quando analisadas isoladamente ou em
relação ao conjunto de
outras contas que, numa análise de curto prazo, podem ser
consideradas como permanentes ou não cíclicas, enquanto
outras apresentam um movimento contínuo e cíclico, ou mesmo
descontínuo e errático.
Para a operacionalização do modelo Fleuriet torna-se
necessário reclassificar o balanço patrimonial:
O Modelo Fleuriet

A partir da reclassificação do balanço patrimonial é possível


estabelecer as variáveis empresariais que compõem o modelo
Fleuriet, conforme se segue:

Variáveis empresariais Fórmula Significado


dinâmicas:
NCG – Necessidade de NCG = ACO – PCO Operacional (cíclica)
capital de giro
T – Tesouraria T = ACF – PCF Financeira (errática)
CDG – Capital de giro CDG = AC – PC Recursos para giro

Variáveis que compõem o modelo de Fleuriet.


Com base nos saldos obtidos nos cálculos das três
variáveis - NCG, CDG e ST - Fleuriet, Kehdy e Blanc (1978),
estabelecem um quadro comparativo de quatro situações
possíveis a serem vividas pela empresa e, que posteriormente foi
aperfeiçoado por Marques & Braga (1995), conforme se pode
visualizar abaixo:
Necessidade de Capital de giro

O conceito de Necessidade de Capital de Giro, segundo Fleuriet,


decorre da necessidade de caixa, no momento em que, no ciclo financeiro,
as saídas de caixa ocorrem antes das entradas.

Recebimento
Pagamento
da Venda

Período de
Contas a Pagar NCG
NCG = ACO – PCO

Período de Período de Contas


Estoque a Receber
Compra Venda
Capital Circulante Líquido

Capital Circulante Líquido (CCL) representa a diferença


entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante, também
denominado Capital de Giro, constituindo-se em uma medida
estática da folga financeira de que a empresa dispõe para liquidar
seus compromissos de curto prazo.
Cálculo do Saldo de Tesouraria

A diferença entre o Ativo Circulante Financeiro (ACF) e


Passivo Circulante Financeiro (PCF) é denominada de Saldo de
Tesouraria (T ou ST).
Este saldo representa “uma reserva financeira da empresa
para fazer frente a eventuais expansões da necessidade de
investimento operacional em giro, principalmente aquelas de
natureza sazonal”. A condição fundamental para que a empresa
esteja em equilíbrio financeiros é que seu saldo de tesouraria seja
positivo.

T = ACF – PCF

ou ainda pode ser representado pelo valor residual decorrente da


diferença entre o Capital de Giro e a Necessidade de Capital de
Giro, conforme a expressão abaixo:

T = CDG – NCG
Termômetro Financeiro

Essas variáveis empresariais permitem uma análise


prospectiva da verdadeira situação econômica-financeira das empresas,
inferindo, portanto, a real situação de liquidez das empresas mediante a
seguinte relação:

TF = ( |T| / NCG)
Efeito Tesoura
O acompanhamento da evolução da NCG e do CCL é
fundamental para a realização de uma adequada avaliação da saúde
financeira de uma empresa. É comum ocorrer o desempenho
desequilibrado destes indicadores, ocasionando assim um crescimento
da atividade empresarial acima de sua capacidade de financiamento.
Este descompasso decorre da expansão dos negócios com uma
elevada aplicação de recursos no capital de giro, ultrapassando o nível
do CCL, que pode simplesmente ser apurado através do que
denominamos Saldo de Tesouraria. T = CDG – NCG
Efeito Tesoura
Quando o Saldo de Tesouraria apurado for menor do que zero
(NEGATIVO), significará que a empresa possui dívidas vencíveis no curto
prazo, contraídas normalmente junto a instituições financeiras para
financiar suas atividades de capital de giro.
Ocorrendo por sucessivos exercícios um crescimento do NCG
superior ao do CCL, dizemos que ela convive com o que se convencionou
chamar de "efeito tesoura".
À medida que as necessidades de giro são financiadas por
dívidas de curto prazo, há um aumento na diferença entre o NCG e o
CCL.
Em uma situação de efeito tesoura, a empresa é incapaz de
financiar adequadamente seus investimentos operacionais em giro,
operando com recursos de maturidade incompatível com suas efetivas
necessidades financeiras.
Este comportamento é um forte indicativo de que a empresa
está trilhando o caminho para sua insolvência, o que exige dos gestores
uma rápida intervenção nos prazos operacionais, bem como a
renegociação do perfil de vencimento da dívida.
Efeito Tesoura

O efeito tesoura pode ocorrer por várias razões, destacando-se:

• Crescimento elevado do nível de atividade empresarial


(overtrade) ou tendência do ciclo operacional deficitário;

• Decisões de imobilizações sem que haja recursos próprios ou


recursos de longo prazo disponíveis;

• Desvio de recursos do giro para imobilizações;

• Sucessivos prejuízos, levando a empresa a captar recursos de


curto prazo para financiar suas atividades;

• Inflação etc.
Overtrade ou Overtrading
O overtrade ocorre quando constatamos uma situação em que
a companhia esteja operando além de sua capacidade financeira.
Nesta situação, ela não possui capital de giro suficiente para
financiar suas atividades de curto prazo, de forma que o endividamento
passa a ser o caminho para o financiamento dos estoques e das contas
a receber, geralmente com vencimento no curto prazo.
Desta forma, quando o Ciclo Operacional da empresa segue
uma tendência deficitária, a empresa caminha para uma situação de
overtrade.
Neste momento, podemos deduzir que a companhia entrou em
um estágio pré-falimentar em decorrência da falta de equilíbrio
financeiro, em que o volume de atividades é bastante superior ao
Capital de Giro disponível.
O overtrade não é um problema tão incomum, já que acontece
freqüentemente nos empreendimentos em fase de implantação ou em
situações de expansão de atividades nas quais não se tenha realizado
um adequado plano de negócios no que diz respeito às previsões de
fluxo de caixa.
Overtrade ou Overtrading

Outras situações que sinalizam a entrada da empresa em um nível de


overtrading são os seguintes:

• Constantes quedas nos indicadores de liquidez;


• Crescimento da Necessidade de Capital de Giro;
• Excesso de Imobilizado em relação ao Circulante, sem uma clara
justificativa;
• Queda acentuada nas vendas;
• Crescimento acentuado dos estoques em relação ao crescimento das
vendas;
• Crescente aumento do Ciclo Financeiro;
• Aumento das despesas financeiras;
• Dificuldades para efetuar o pagamento dos salários, impostos e
despesas fixas;
• Permanência de itens obsoletos no ativo imobilizado; e
• Alto nível de devolução de vendas.
Fontes de Financiamento

As principais fontes de financiamento da Necessidade de


Capital de Giro são:

• Capital Circulante Próprio;


• Duplicatas descontadas;
• Cheques descontados;
• Empréstimos bancários de curto prazo;
• Empréstimos e financiamentos bancários de longo prazo.
Capital de Giro Próprio
O Capital de Giro Próprio (CGP), diferentemente do Capital
Circulante Líquido (CCL), representa a capacidade da empresa em
financiar seu ciclo operacional com recursos próprios.
A diferença entre o valor total dos recursos investidos no Ativo
Permanente e Patrimônio Líquido permite identificar o volume de carência
ou folga de Capital de Giro da empresa.

+ Patrimônio líquido
. - Ativo Permanente .
= Capital de giro próprio

Estudos sobre as variações do Capital de Giro observam que


considerando que a obtenção da variável CDG resulta da subtração do
Ativo Permanente do Patrimônio Líquido e, portanto, podemos afirmar
que todas as operações que impliquem em aumento das contas do Ativo
Permanente, bem como as que impliquem diminuição do Patrimônio
Líquido, reduzem o CDG.
Por outro lado, todas as operações que acarretam diminuição do
Ativo Permanente e/ou aumento do Patrimônio Líquido, aumentam o
CDG.
Capital de Giro Próprio

A partir destas considerações, apresentam um elenco de


atividades que atuam diretamente sobre o nível das variações descritas.

Atividades que enfraquecem o Capital de Giro (CDG):

• Prejuízos;
• Aquisição de ativo imobilizado;
• Aquisição de investimentos;
• Aplicações de recursos no ativo diferido; e
• Distribuição de lucros.
Atividades que fortalecem o Capital de Giro (CDG):
• Lucros;
• Venda de bens do ativo permanente;
• Aporte de recursos de sócios para aumento de capital;

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