Aula 1 EMC - Introdução À Compatibilidade Eletromagnética

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COMPATIBILIDADE E INTEFERÊNCIA

ELETROMAGNÉTICA (EMC)

Prof. MSc. Felipe Mendes de Vasconcellos


E-mail: [email protected]
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0508094462424211
CONTEXTUALIZAÇÃO
 Você pode não perceber, mas os problemas causados pela interferência
eletromagnética e suas soluções têm um grande impacto em sua vida;

 Devemos observar que, nos últimos 50 anos, houve um dramático aumento no


número de fontes que emitem ondas de rádio. Computadores pessoais, rádios
portáteis, telefones celulares e dispositivos wireless se tornaram mais
prevalentes no ambiente contemporâneo;

 Pela evidência de ganhos na produtividade proporcionada pelo uso de tais


dispositivos, é muito improvável que a utilização de instrumentação e
tecnologia wireless diminua (de fato, um uso muito maior é o esperado);

 Junto com os benefícios que esses dispositivos proveem, há, por outro lado,
grandes chances de ocorrer aumento de interferência entre dispositivos com
consequências fatais, por exemplo, se considerarmos um ambiente hospitalar.

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CONTEXTUALIZAÇÃO
 É de grande importância que a área da engenharia e os profissionais estejam
atentos às complexas interações que esses dispositivos estabelecem entre si;

 Soluções em compatibilidade eletromagnética reduzem significativamente as


chances de falha por interferência e podem garantir a prevenção de
fatalidades.

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ESTRUTURA DA DISCIPLINA
 Unidade 1: História da compatibilidade eletromagnética, conceitos de técnicas
de medição e análise, para obter uma visão geral sobre os requisitos, e normas
de compatibilidade eletromagnética;

 Unidade 2: Fontes de interferência eletromagnética, elementos passivos de


circuitos sujeitos à interferência eletromagnética e soluções em aterramentos,
blindagens e filtros;

 Unidade 3: Princípios básicos de propagação em guias de onda retangulares,


equações de campo em guias de onda e sistemas de comunicação por fibra
óptica;

 Unidade 4: Propriedades gerais e os tipos de antenas, além de, finalmente, a


equação de transmissão e radares.

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UNIDADE 1
 Seção 1.1 - Introdução à compatibilidade eletromagnética

 A interferência eletromagnética pode ser vista como um tipo de poluição


ambiental com possíveis consequências, que podem ser comparáveis a
poluentes químicos tóxicos, emissões pela exaustão de veículos e outras
descargas que ocorrem no ambiente;

 De forma mais técnica, a interferência eletromagnética induz tensões e


correntes indesejáveis nos circuitos de algum equipamento não protegido;

 Essa interferência pode provocar ruído no áudio dos receptores de rádio ou


degeneração da imagem em um receptor de TV.

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 A figura ilustra exemplos mais comuns de fontes de interferência. Quando
enlaces vitais de comunicação, centros computacionais ou equipamentos
industriais estão suscetíveis a interferência, há chances de ocorrer
consequências desastrosas;

 Infelizmente, a interferência eletromagnética não pode ser cheirada, provada


ou vista pelas pessoas que produzem ou consomem equipamentos eletrônicos;

 Há, portanto, a tendência de se negar que a interferência eletromagnética é um


problema sério do mundo moderno.

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 Como consequência, é natural para leigos arguir que os custos para conseguir
um ambiente eletromagneticamente compatível são desnecessários;

 Por outro lado, a existência harmônica de um mundo de sistemas elétricos é


possível apenas pela existência do tema Compatibilidade Eletromagnética;

 A definição formal de compatibilidade eletromagnética é: “A habilidade de um


dispositivo, equipamento ou sistema de funcionar satisfatoriamente em seu
ambiente eletromagnético sem introduzir distúrbios eletromagnéticos
intoleráveis a outrem”;

 Uma maneira primária para gerenciar a interferência é limitar a quantidade de


energia intencional e não intencional que “vaza” dos equipamentos para o
espectro eletromagnético, seja por via aérea ou por condutores.

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 Historicamente, o
espectro eletromagnético tem sido progressivamente
ocupado pelo homem ao longo dos últimos 100 anos;

 A maior parte do desenvolvimento ocorreu nos últimos 50 anos, apenas com o


advento do serviço público de difusão, comunicações móveis e ponto a ponto;

 Os eletrônicos trouxeram grandes benefícios econômicos e sociais, mas, por


outro lado, a vida moderna se tornou muito dependente de sistemas que
podem potencialmente poluir o espectro eletromagnético;

 Portanto, a compatibilidade eletromagnética é uma ferramenta importante para


satisfazer as pressões feitas pela demanda dos novos usos desse recurso, assim
como para manter um funcionamento harmônico entre equipamentos
eletrônicos.

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 Um dos primeiros esforços para debater a questão da existência harmônica de
sistemas eletrônicos foi o Comitê Especial Internacional em Interferência de
Rádio (International Special Committee on Radio Interference - CISPR);

 Em 1933, uma conferência de interesse de organizações internacionais, foi


promovida em Paris para decidir sobre como o assunto da interferência de
rádio deveria ser tratado internacionalmente;

 O primeiro encontro do CISPR foi em junho de 1934, em Paris, com


representantes de vários comitês: International Eletrotechnical Comission (IEC)
(Belgica, Holanda e Luxembourgo), International Union of Producers and
Distributors of Electrical Energy (UNIPEDE), International Conference on Large
High Tension Electric Systems (CIGRE), International Union of Railways (IUR);

 Durante o primeiro encontro, dois subcomitês foram fundados, um para


estabelecer limites e o outro para estabelecer métodos de medidas.

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 A proposta era medir a voltagem interferente de alta frequência nos terminais
de utensílios interferentes e avaliar a atenuação da interferência entre a fonte e
a entrada de um receptor, com base em dados estatísticos experimentais;

 Em 1933, uma conferência de interesse de organizações internacionais, foi


promovida em Paris para decidir sobre como o assunto da interferência de
rádio deveria ser tratado internacionalmente;

 O primeiro encontro do CISPR foi em junho de 1934, em Paris, com


representantes de vários comitês: International Eletrotechnical Comission (IEC)
(Belgica, Holanda e Luxembourgo), International Union of Producers and
Distributors of Electrical Energy (UNIPEDE), International Conference on Large
High Tension Electric Systems (CIGRE), International Union of Railways (IUR);

 Durante o primeiro encontro, dois subcomitês foram fundados, um para


estabelecer limites e o outro para estabelecer métodos de medidas.

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 Enquanto o Comitê Especial Internacional sobre Interferência de Rádio estava
enfrentando diversos problemas entre sistemas em receptores de difusão
desde 1934, as soluções em EMC para sistemas militares de comunicação
foram o foco por muito tempo;

 Sistemas de tecnologia militar eram armas críticas e havia uma alta demanda
por soluções baseadas em EMC para cada nova tecnologia que surgia;

 Em 1944, equipamentos de comunicação em alta frequência (AF) e super alta


frequência (SAF) (em inglês high frequency – HF, e very high frequency – VHF,
respectivamente) eram suscetíveis a ruídos originados da radiação de cabos
de alimentação conectados a máquinas com motores elétricos potentes;

 Em 1947, sabia-se que muitos problemas ligados à interferência


eletromagnética eram relacionados a um aterramento inadequado ou uma
solda de má qualidade.

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 Em 1950, época de um aumento dramático no uso de sistemas elétricos,
descobriu-se que grande parte das interferências se originavam dos
barramentos de energia elétrica;

 Em 1954, sistemas sofisticados de radar começaram a operar e,


consequentemente, também apresentaram problemas de interferência em
sistemas de comunicação;

 Radares métricos causavam interferência em equipamentos de comunicação


HF. Em 1958, transportes militares de grande porte tinham um sistema de
geração de energia que operava em 400 Hz;

 Durante esse período, houve um grande aumento no uso de equipamentos


servomotores para, por exemplo, controlar armas. Nessa época, uma falha de
acoplamento ocasionava falha em sistemas de mira, bombardeamento e
navegação.

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 Para harmonizar a existência desses sistemas num ambiente tão restrito, novas
bandas de frequência foram usadas. Além disso, o sonar, radar e novas
adaptações eletroeletrônicas foram trabalhados para resolver as questões de
interferência;

 O resultado do uso crescente destes sistemas elétricos foi o aumento da


interferência geral e mudanças foram feitas para acomodar um uso mais
complexo do espectro eletromagnético;

 Entre 1955 e 1965, a mudança de comutadores de potência de 400 Hz para um


sistema trifásico de 60 Hz resultou em uma melhora geral no ambiente
eletromagnético dos transportes militares de grande porte;

 Por outro lado, por exemplo, a tentativa de diminuir o custo pela substituição do
revestimento dos cabos de metal para plástico resultou na perda da proteção
natural proporcionada pelo tipo metálico.

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 De 1965 em diante, o desenvolvimento da tecnologia de semicondutores
aumentou muito o grau de sofisticação dos equipamentos eletrônicos e a
atenção sobre as formas de compatibilizar estes sistemas
eletromagneticamente;

 A introdução dos computadores digitais e a telegrafia automatizada


requereram uma maior vigilância no gerenciamento do espectro e no controle
de emissão espúrias desses dispositivos;

 No Brasil, mais de 30 anos depois dos primeiros debates sobre a questão da


existência harmônica de sistemas eletrônicos, surgiu o primeiro diploma legal
codificador das telecomunicações: o código brasileiro de telecomunicações,
Lei nº 4.117/62, decretado em 1963;

 O documento dispunha dos serviços de telecomunicações em sentido amplo,


como transmissão, emissão ou recepção de qualquer tipo de significado por
processo eletromagnético, divisando entre a transmissão de escritos por meio
de um código de sinais (telegrafia) e a transmissão da palavra falada ou de
sons (telefonia).

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 Felizmente, o texto do Código Brasileiro de regulação já refletia a conceituação
internacional recomendada pelo CISPR e o CCIR. A base de regulamentos
nacionais não destoou do regulamento de telecomunicações internacionais;

 Por outro lado, na regulamentação da Lei nº 4.117/62, o Decreto nº 52.026/63


remetia indistintamente aos conceitos de telecomunicações e serviços de
telecomunicações;

 Posteriormente,a imprecisão conceitual que associava serviços de


telecomunicações foi ajustada pela nova Lei Geral de Telecomunicações (Lei nº
9.472/97);

 Desta forma, a lei firmou um entendimento de que a disciplina normativa


estaria centrada em serviços. O conceito de serviços passaria a ser entendido
como o “conjunto de atividades que possibilita a oferta de telecomunicação”.

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 No geral, o serviço passa a ter um significado mais amplo, que contempla as
atividades suficientes para o funcionamento das telecomunicações. Assim, as
atividades que contemplam o controle das funções orientadas à transmissão,
emissão e recepção por via eletromagnética se apresenta como um complexo
que garante o funcionamento harmônico de sistemas;

 Dimensionar a quantidade de interferência em sistemas elétricos é um dos


requisitos mais importantes que um projetista deve considerar. Por isso, a
representação de valores em decibéis (dB) é uma ferramenta versátil na hora
de avaliar quantidades;

 O dB é um número adimensional que expressa uma relação entre dois níveis de


potência. Essa relação pode ser definida por:

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 Os níveis de P1 e P2 formam uma razão em escala logarítmica. Se a potência P2
for maior que P1, o valor em dB é positivo. Por outro lado, se P1 for maior que
P2, o valor em dB é negativo. Outra relação importante que podemos fazer é a
partir da seguinte expressão de potência:

 E, quando as tensões são medidas por um ou de resistores iguais, o número de


dBs é dado por:

 Uma definição robusta de voltagem em dB não faz sentido, a menos que os dois
valores em consideração sejam em relação às mesmas impedâncias. Portanto,
desconsiderando-se que há algumas impedâncias que variam muito, para uma
dada faixa de frequência, a medida em dB é dada apenas em função dos níveis
de potência.

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 O Watt é a unidade usada para descrever a quantidade de potência gerada por
um transmissor. Microvolts por metro ( µV/m ) é a medida utilizada para
descrever a intensidade do campo elétrico criado pela operação de um
transmissor;

 Um transmissor em particular que gera um nível constante de potência pode


produzir campos elétricos de intensidades diferentes, dependendo, entre
outras coisas, do tipo de linha de transmissão ou antena conectada;

 O limite de emissão dos dispositivos é geralmente especificado em


intensidade de campo, uma vez que uma intensidade de campo elétrico não
corresponde diretamente a um nível particular de potência transmitida;

 De fato, a intensidade de campo pode causar interferência em comunicações


de rádio autorizado, tais como comunicadores de curto alcance ou receptores
de difusão FM.

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 Embora a relação precisa entre potência e intensidade de campo dependa de
um número de fatores adicionais, uma equação geralmente utilizada para
aproximar essa relação é:

 Nela, P é a potência do transmissor em Watts, G é um ganho numérico da


antena transmissora relativa a um ponto isotrópico, d é a distância de medida
entre o ponto de medida e o centro elétrico da antena e 4пd² é a intensidade
de campo em volts/metro. 4пd² é a área da superfície de uma esfera centrada
na fonte de radiação e d é o raio. 120 п é o valor de impedância característica
no espaço livre;

 Outra representação frequentemente utilizada é o dBW, que é o decibel acima


de 1W. Assim, essa é a medida que expressa o nível de potência P2 em relação
ao nível de potência P1 com um valor de referência de 1W.

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 Similarmente, o sinal da unidade será positivo se P2 for menor que 1W ou vice-
versa. Outra variação de unidade relativa a um valor constante é o dBm, que é o
decibel acima de 1 mW sob uma impedância de 50 ohms. A justificativa da
existência do dBm se dá pelo fato do nível de sinal em receptores ser muito
baixo e o dBm ser uma forma conveniente para a representação destas
medidas;

 Uma unidade relativa frequentemente utilizada para níveis de tensão é o dBµV,


que representa um nível de tensão V2 em relação a um nível de tensão V1 igual
a 1µV . Essa é uma relação de voltagem adimensional e é normalmente
utilizada em medidas de voltagem para a avaliação de interferência
eletromagnética;

 Outras unidades de medida importantes são listadas no Quadro 1.1:

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 Além disso, as seguintes relações são importantes e devem ser lembradas:

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 Solucionando um caso de interferência eletromagnética
industrial

Uma indústria acabou de adquirir um motor de alta potência capaz de produzir


uma emissão eletromagnética muito alta, e a chance de haver falhas em
equipamentos próximos é perigosa. O manual desse motor sugere que a peça
seja colocada a uma distância mínima segura em relação a equipamentos
sensíveis de sensoriamento. O manual ainda fornece o parâmetro G=1,5x10^-12 ,
que representa o ganho numérico equivalente a uma antena transmissora relativa
a um ponto isotrópico. Além disso, uma consulta a outro manual revela que a
interferência sobre os sensores da indústria não pode estar sujeita a uma
intensidade de campo maior que E=100µV/m . Assim, encontre a distância
mínima que o motor deve estar dos sensores para que haja um funcionamento
seguro de todos os equipamentos.

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 Para solucionar esse problema, é preciso recorrer à relação aproximada entre
potência emitida e intensidade de campo elétrico

 Neste caso, já podemos utilizar os parâmetros disponíveis: G=1,5x10^-12 e


E=100µV/m . Se reordenarmos a equação anterior para encontrar a distância
mínima, teremos:

Substituindo os valores, temos:

Assim, o motor deve ser posicionado a uma distância mínima de 1,5 m


dos sensores para que não haja problemas de interferência.

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ATIVIDADE AVALIATIVA
 Resolução das questões da seção “Faça valer a pena” do Livro
Didático Digital da Seção 1.1
 Entrega: Próxima aula

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