Nós Cheguemos Na Escola e Agora?

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NÓS CHEGUEMU NA

ESCOLA , E AGORA?
BORTINI-RICARDO, Stella Maris. Nós cheguemu na
escola, e agora?. Sociolingüística na sala de aula. São
Paulo: Parábola Editorial,2005.
CAPITULO UM: HETEROGENEIDADE
LINGÜÍSTICA E O ENSINO DA LÍNGUA –
O PARADOXO DA ESCOLA
• No Brasil, as diferenças lingüísticas socialmente condicionadas não
são seriamente levadas em conta. A escola é norteada para ensinar a
língua da cultura dominante; tudo que se afasta desse código é
defeituoso e deve ser eliminando.
• Os alunos que chegam à escola falando “ nós cheguemu”, “ abrido” e
“ele drome”, por exemplo, têm que ser respeitados e ver valorizadas
as suas peculiaridades lingüístico-culturais, mas têm o direito
inalienável de aprender as variantes de prestígio dessas expressõ-s.
• Essas questões lingüístico educacionais têm de ser mais discutidas e a
sua importância para a implantação de um estado democrático,
redimensionada.
CAPÍTULO DOIS: DESIGUALDADES
SOCIAIS, VARIAÇÃO LINGÜÍSTICA E O
PROCESSO EDUCACIONAL
• Ainda não se conferiu a devida atenção à influência da diversidade
lingüística no processo educacional. A ciência lingüística vem,
timidamente, apontando estratégias que visam a aumentar a
produtividade da educação e a preservar os direitos do educando.

• Das sociedades ditas tradicionais, conserva o Brasil pelo menos duas


características: a grande variação no repertório verbal e o acesso
limitado à norma padrão. Apresenta, todavia, a característica da
fluidez e permeabilidade típica das sociedades modernas, que resulta
numa situação de uma grande variedade lingüística.

• Entre os muitos mitos que se criaram e se corporificaram no Brasil,


está o da homogeneidade lingüística. Geralmente, não são
consideradas as diferenças lingüísticas diatópicas, distribuídas no
espaço geográfico, e diastráticas, distribuídas no espaço social.
. Para ilustração, vejamos:
• A regra de concordância nominal.
Exemplo: “Todos aqueles meninos”
• A marca plural aparece três vezes no sintagma.
• Nas variedades populares, o plural pode ocorrer
apenas uma vez:
Exemplo: “ Aque’is menino tudo”
A variação ao longo de um continuum horizontal
vai depender de fatores diversos, tais como a
mobilidade geográfica, o grau de instrução, a
exposição aos meios de comunicação de massa,
bem como a outras agências implementadoras da
norma culta e urbana, ao gênero, grupo etário,
mercado de trabalho do falante etc.
• A norma-padrão de qualquer língua possui preeminência
sobre as demais variedades em decorrência de fatores
históricos e culturais que determinam a sua imposição e
legitimação.
• Não se reconhece, na norma, qualquer valor inerente ou
intrínseco, mas, sim, atributos que se desenvolveram ao
longo de um processo sócio-histórico de natureza
institucional.
Implicações pedagógicas:
• A lingüística recomenda que a norma culta seja ensinada
nas escolas, mas que, paralelamente, se preservem os
saberes sociolingüísticos e os valores culturais que o aluno
já tenha aprendido antes, no seu ambiente social.
• O educando tem direito à preservação de sua identidade
cultural específica, seja ela rural ou urbana, popular ou
elitista.
• Ilustração: A professora de língua portuguesa
estava ministrando sua aula em uma 8ª série, em
uma cidade do Distrito Federal, quando foi
interpelada por uma aluna, que fez esta pugente
observação:
Professora, num diante ocê ensiná essas coisa pra
nóis: nóis num aprende mermu porque lá em
casa a gente falemu diferente e se nóis chegá lá
falanu assim, todo mundo manga de nóis, vai
dizê que nóis fiquemu doido.

CAPÍTULO TRÊS: A LÍNGUA
PORTUGUESA NO BRASIL
• A língua é, por excelência, uma instituição social e,
portanto, ao se proceder seu estudo, é indispensável que s
elevem em conta variáveis extralingüísticas —
socioeconômicas e históricas — que lhe condicionam a
evolução e explicam, em parte, sua dialetação regional
(horizontal) e social (vertical).
• Uma análise da situação da língua portuguesa no Brasil
implica a consideração de diversos fatores, dentre os quais
a autora salienta: a dualidade lingüística — modalidade
urbana versus modalidade rural, os fluxos migratórios do
século XX, a contemporaneidade de estágios diversos de
desenvolvimento e a tendência emancipacionista da
literatura brasileira moderna.
• O conceito de “erro gramatical” é tão-somente uma
questão de diferença entre dois dialetos.
CAPÍTULO QUATRO: UM MODELO
PARA A ANÁLISE SOCIOLINGÜÍSTICA
DO PORTUGUÊS BRASILEIRO
• Uma análise sociolingüística do português
brasileiro deve considerá-lo como um continuum
de urbanização que se estende desde as variedades
rurais geograficamente isoladas até a variedade
culta, que no processo histórico passou por uma
estrita padronização em Portugal e,
posteriormente, no Brasil.
• A proposta analítica deste estudo é ampliada com
a adoção de três continua: o rural-urbano, o de
oralidade-letramento e o de monitoração
estilística.
“Se o falante tiver um maior grau de apoio contextual, bem como maior
familiaridade com a tarefa comunicativa, poderá desempenha-se no
estilo monitorado com menor pressão comunicativa. A pressão
comunicativa aumenta quando o apoio contextual é menor e a temática
mais complexa.” (p.41)
• Episódio nº1
• Evento: Entrevista sociolingüística com um carpinteiro de 54 anos, de
antecedentes rurais, proveniente de Minas Gerais e radicado na
periferia de Brasília.
• Estilo: semimonitorado
• Evento de oralidade
• “ De uns tempo pra cá, ninguém qué roça mais. Num certo ponto eu dô
razão, eu mesmo fui um desses que saí da roça por causa disso, né? Que
eu não tinha terreno de meu, morava dependente de Oto, de fazendero.
Fazenderos não dão cuié de chá mesmo, né? “ ( BORTONI-
RICARDO,1985, p.99).
CAPÍTULO 5: ANÁLISE E DIAGNOSE DE
ERROS NO ENSINO DA LÍNGUA
MATERNA
• Uma das contribuições mais produtivas da
lingüística ao ensino de línguas tem sido o aparato
teórico e metodológico para a análise e diagnose
de erros.
• “Quando lidamos com alunos que têm acesso
muito limitado à norma culta em seu ambiente
social, temos de levar em conta a interferência das
regras fonológicas e morfossintáticas de seu
dialeto na aprendizagem do português-padrão.”
O que deve ser feito:
ANÁLISE DE “ERROS” → PERFIL
SOCIOLINGÜÍSTICO DOS ALUNOS
→ ELABORAÇÃO DE MATERIAL
DIDÁTICO → TRABALHO
PEDAGÓGICO → ANÁLISE DE ERROS
Cabe à lingüística nacional estudar a variação da
língua nos espaços geográfico e social, propor
solução para o impasse do anacronismo da
gramática normativa, combater o estigma
atribuído às variedades denominadas “incultas”,
levantar as atitudes dos falantes em relação à
língua, determinar as etapas evolutivas dos traços
e processos de mudança e, principalmente,
apontar caminhos e estratégias para a educação no
Brasil.
CAPÍTULO SEIS: REVISITANDO O
CONCEITO DE COMPETÊNCIA
COMUNICATIVA
• A autora revê o conceito de competência comunicativa de
Dell Hymes (1972) sugerindo o acréscimo, neste conceito,
do componente “viabilidade”.
• “Do ponto da sociolingüística educacional, um membro de
uma comunidade de fala tem de aprender o que dizer e
como dizê-lo apropriadamente, a qualquer interlocutor e
em qualquer circunstâncias.
• Competência comunicativa”: capacidade pessoal, que
inclui tanto o conhecimento de um código comum, como
a habilidade de usá-lo.
• Viabilidade: se um falante não tiver acesso a recursos
lingüísticos necessários para a implementação de um certo
ato de fala, como, por exemplo, vocabulário ou padrões
retóricos específicos, seu ato de fala se torna inviável.
CAPÍTULO SETE: LEITURA E CULTURA
– A CONTRIBUIÇÃO DA
SOCIOLINGÜÍSTICA.
• Análise da evolução da alfabetização no Brasil, valendo-se
dos dados fornecidos pelo IBGE, e comparando-os com os
dados de outros países.
• As maiores taxas de analfabetismo concentram-se, como
era de se esperar, na área rural. Na área urbana, as
estatísticas mostram que o brasileiro lê muito pouco. A
pesquisa demonstrou que enquanto 90% ouvem rádio e
assistem à televisão, 50% jamais leram um jornal, 65%
nunca leram uma revista e 47% não conhecem a
experiência de ler um livro.
• Sem acesso á leitura e à escrita, uma grande parcela de
brasileiros fica excluída de práticas sociais de letramento
que lhes proporcionariam melhor integração e condições
de exercício de sua cidadania.
CAPÍTULO OITO: A CONTRIBUIÇÃO DA
ANÁLISE DE REDES AO ENSINO DA
LÍNGUA MATERNA
• Apesar das mudanças no ensino brasileiro não se cuidou
ainda de repensar (ou elaborar) uma política educacional
mais realista e mais adequada aos alunos que já não
provém quase que exclusivamente das classes média e
alta, mas também da classe trabalhadora e até dos
segmentos considerados marginais ao sistema de
produção.
• Sugestão da autora : Uma análise de redes. A
caracterização socioantropológica da clientela fornece
elementos para a elaboração do perfil sociolingüístico dos
alunos. Esse perfil, por sua vez, é indispensável na
preparação de estratégias pedagógicas e material didático
adequados , bem como na própria formulação de uma
política de ensino de idiomas.
CAPÍTULO NOVE: A MIGRAÇÃO
RURAL-URBANA NO BRASIL – UMA
ANÁLISE SOCIOLINGÜÍSTICA
• Neste capítulo, a autora discute a aplicação da análise de
redes sociais no estudo de variação e mudança lingüística,
procurando demonstrar sua utilidade no caso de
comunidades jovens onde há um intensivo e variado
contato dialetal.
• Em sentido amplo, a análise de redes sociais é o estudo
das relações que existem em um dado sistema. Quando se
trata de sistemas sociais, a análise de redes é uma
estratégia estrutural aplicada ao estudo das relações entre
os indivíduos do grupo.
• O paradigma de redes nas ciências humanas desenvolveu-
se principalmente na psicologia e na antroplogia social, e
seu emprego na lingüística é relativamente recente.
CAPÍTULO 10: POR QUE A
TRADUTOLOGIA PRECISA DA
SOCIOLINGÜÍSTICA?
• Toda língua deve ser estudada no contexto do
comportamento social da comunidade que a usa, pois os
componentes funcionais e interacionais do processo de
comunicação condicionam a estrutura lingüística.
• A utilidade da análise lingüística inserida no universo
cultural para a tradutologia é particularmente relevante no
estudo comparativo dos vocabulários, pois “o léxico da
língua é que mais nitidamente reflete o ambiente físico e
social dos falantes.” ( SAPIR, 1969, p. 45).
• À lingüística, aplicada à ciência da tradutologia, cabe
implementar os estudos das técnicas de formação de
palavras, visando à superação dos problemas decorrentes
da falta de equivalência nos vocabulários técnico-
científicos em línguas diversas.
CAPÍTULO ONZE: A CONTRIBUIÇÃO DA
SOCIOLINGÜÍSTICA PARA O
DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO –
DOS ANOS 1970 AOS ANOS 1990.
• Muitos estudiosos contemporâneos entendem que
a sociolingüística contribuiu pouco, na prática,
para melhorar o desempenho escolar de crianças
falantes de variedades minoritárias.
• Por causa da centralidade da língua escrita no
mundo das escolas e considerando que as crianças
vão à escola para receberem o instrumental que
lhes dará acesso à língua escrita como um meio
para o ulterior acesso a diferentes conjuntos de
conhecimentos, o ensino da leitura é fundamental
na determinação de crenças sobre como o
conhecimento e o significado são gerados na
sociedade.
CAPÍTULO DOZE: TEM A
SOCIOLINGÜÍSTICA EFETIVA
CONTRIBUIÇÃO A DAR À EDUCAÇÃO?
A contribuição da sociolingüística à educação é hoje tema
controvertido:
• A proposta educacional da sociolingüística sofre crises externas,
principalmente de sociólogos e analistas do discurso, que a vêem
dissociada de uma teoria social mais ampla.
• Outra fonte de crítica advém do ceticismo de alguns sociolingüistas,
que tendem, hoje, a subestimar a importância das diferenças dialetais
no aprendizado da língua.
• Para a autora, a sociolingüística tem papel relevante e específico a
desempenhar no processo educacional, mas sua forma de contribuir
para esse processo tem de ser revista.
Denomina “sociolingüística educacional “ todas as propostas e
pesquisas sociolingüísticas que tenham por objetivo contribuir para o
aperfeiçoamento do processo educacional, principalmente na área do
ensino de língua materna.
• PROPOSTA: A adoção de currículos
bidialetais.
• Não obstante os diversos problemas que se
apresentam no momento de sua
implementação, a educação bidialetal
comprometida com o desenvolvimento de
uma pedagogia culturalmente sensível é
viável e desejável.
CAPÍTULO TREZE: A
SOCIOLINGÜÍSTICA NA PÓS –
MODERNIDADE
Principais constatações:
• A sociolingüística nos anos 90 já não se restringe à
explicação dos processos de mudança e difusão
lingüísticos.
• A ênfase em seu papel no desvelamento das relações de
poder e dominação que constituem e perpetuam as
instituições sociais.
As dimensões micro e macro da sociolingüística
• A microssociolingüística é a que se ocupa prioritariamente
do estudo da variação e mudança.
• A macrossociolingüística abriga em sua agenda o processo
de comunicação humana que, refletindo as relações de
poder, está permanentemente construindo e perpetuando
as instituições sociais.
CAPÍTULO CATORZE: CONTRIBUIÇÕES DA
PRAGMÁTICA AO ENSINO-APRENDIZAGEM
DA LÍNGUA MATERNA
Neste capítulo a autora examina a questão da perspectiva da
sociolingüística interacional ( JOHN GUMPERZ e
associados, 1974) e da lingüística aplicada.
• A sociolingüística interacional utiliza-se do aparato
teórico metodológico de três tradições funcionalistas do
estudo da linguagem: a etnografia da comunicação, a
semântica cognitiva associada à pragmática dos atos de
fala e a análise da conversação.
• Interessa à sociolingüística interacional o efeito que a
comunicação tem na vida das pessoas, especialmente
quando essas pessoas estão em situação de desvantagem
na organização social.
CAPÍTULO QUINZE: REVISITANDO
AS MÁXIMAS DE CONVERSAÇÃO
DE PAUL GRICE
Este capítulo examina a adequação das máximas que,
segundo a teoria proposta por Grice (1975), estabelecem
as convenções básicas que governam as interações
verbais.
Máximas:
• Quantidade (informação adequada ao que o processo de
interação requer).
• Qualidade ( Não enuncie o que você considere que seja
falso; não diga aquilo para o qual não possua evidência).
• Relação: ( Seja relevante).
• Maneira: ( Seja claro, breve, ordenado, evite obscuridade
de expressão, evite ambigüidade).
CAPÍTULO DEZESSSEIS: A VARIAÇÃO
LINGÜÍSTICA COMO PROCESSO
IDENTITÁRIO
• A variação lingüística, que já foi vista na infância
da ciência lingüística como uma ruptura da
unidade do sistema, é concebida hoje como um
dos principais recursos postos à disposição dos
falantes para cumprir duas finalidades cruciais:
(a) ampliar a eficácia de sua comunicação e (b)
marcar sua identidade social.
• Quando falamos, movemo-nos num espaço
sociolingüístico multidimensional e usamos os
recursos da variação lingüística para expressar
esta ampla e complexa gama de identidades
distintas.
CAPITULO DEZESSETE: VARIAÇÃO
LINGÜÍSTICA E ATIVIDADE DE
ORALIDADE E LETRAMENTO EM SALA
DE AULA

• A aquisição da língua-padrão por meio da exposição a


modelos dessa variedade em sala de aula é um tema que
ainda não recebeu suficiente atenção, apesar da grande
ênfase que a pesquisa sociolingüística tem dedicado às
conseqüências educacionais da variação lingüística.
Seriam as escolas veículos eficientes na transmissão da
variedade-padrão da língua?
• Labov & Harris (1986), por exemplo, ressaltam a falta de
permeabilidade entre dialetos. Para eles, ou a simples
exposição a um outro dialeto no domínio da escola ou pela
mídia não acarreta mudanças no repertório básico de um
falante.
• Conclusão Se considerarmos a ação pedagógica da escola
como parte da política de planejamento lingüístico,
poderemos concluir que a influência da escola na língua
não deve ser procurada no dialeto vernáculo dos falantes,
mas sim em seus estilos formais, monitorados.
• A pergunta que deveríamos fazer, então, não é se as
escolas são veículo eficiente de transmissão da língua-
padrão, mas sim, especificamente, se as escolas
contribuem para que os alunos adquiram os estilos formais
da língua.
• Para responder a essa pergunta, a pesquisa da
sociolingüística educacional precisa concentrar-se na
linguagem usada em sala de aula. Temos que saber como
palavras usadas em sala de aula afetam o resultado da
educação (Cazden, 1988).
Na análise dos dados da autora, são identificados alguns
padrões principais na conduta do professor perante a
realização de uma regra não-padrão pelos alunos:
• - o professor identifica “erros de leitura”, isto é, erros na
decodificação do material que está sendo lido, mas não faz
distinção entre diferenças dialetais e erros de
decodificação na leitura, tratando-os todos da mesma
forma;
• - o professor não percebe o uso das regras não-padrão.
Isto se dá por duas razões: ou o professor não esta atento
ou o professor não identifica naquela regra uma
transgressão porque ele próprio a tem em seu repertório. A
regra é, pois, “invisível” para ele;
• - o professor percebe o uso de regras não-padrão e prefere
não intervir para não constranger o aluno;
• - o professor percebe o uso de regras não-padrão, não
intervém, e apresenta, logo em seguida, o modelo da
variante-padrão.
Exemplo 2:
• A: (lendo) A onça resolveu atraí-la a sua furna fazenda
corrê notícia de que tinha morrido e deitando-se no chão
da caverna fingiu-se de cadáver. Todos ós bichos vinheru
olhá a defunta contentíssamos.
• P: Contentíssimos. Ò, psi, depois de contentíssimos tem
ponto, tá?
• Todos os animais, né, vinheru olhá a defunta
contentíssimos.
Obs.O professor corrige a palavra contentíssimos e a
entonação, mas escapa-lhe a realização da forma verbal
“vinheru”, que ele próprio reproduz.
CAPITULO DEZOITO: CONSCIENTIZAÇAO
INTENCIONALIDADE NO ENSINO-
APREDIZAGEM DE ESTILOS MONITORADOS
DA LINGUA
• Questão polêmica na área da lingüística: a controvérsia
entre aprendizagem “consciente e intencional” e a que se
dá inconscientemente.
• Entende-se por aprendizagem consciente e intencional a
que se processa por meio de exercícios, explanação de
regras e correção de erros, e que desperta, no aprendiz, de
forma sistemática, consciência das regras da língua que
está aprendendo.
• No processo inconsciente, a aprendizagem deve realizar-
se pela exposição a atividades comunicativas da língua-
alvo. Primeira recomendação: usar o termo ‘aprendizagem
incidental’ para substituir ‘aprendizagem inconsciente’.
Diferente de “aprendizagem implícita” ( segunda
recomendação).
Conclusão da autora:
• Possivelmente a contribuição mais efetiva que a
sociolingüística e a lingüística aplicada podem dar no
sentido de capacitar melhor os professores não está apenas
na divulgação de teorias e dos resultados de pesquisas.
Antes, até no desenvolvimento de pesquisas colaborativas,
em que pesquisador e professor trabalham conjuntamente,
criando oportunidades para a auto-reflexão, a análise
crítica e a transformação dos participantes.
Magalhães (1994) explica que a pesquisa colaborativa,
apoiada na teoria crítica do conhecimento, ‘tem por
objetivo tornar os participantes conscientes e sujeitos na
construção de seu discurso e de sua ação, com base no
diálogo’.
CAPITULO DEZENOVE: VINTE
ANOS DE PESQUISA
ETNOGRÁFICA
O desenvolvimento da sociolingüística
variacionista, a partir da segunda metade da
década de 1960, coincide com o momento em que
a etnografia da comunicação, proposta
programática por Dell Hymes -- pouco antes --,
também estava em franco desenvolvimento (cf.
Bauman & Sherzer, 1974). Os pesquisadores
tanto de uma quanto de outra corrente partilhavam
alguns pressupostos básicos comuns, entre os
quais o da relatividade lingüística e cultural; da
relação dialética entre forma e função e da
variação inerente a toda língua e comunidade de
fala.
CAPITULO VINTE: DESENVOLVIMENTO DAS
COMPETÊNCIAS DE LETRAMENTO NA
FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA
EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL
• Em sala de aula, por meio de estratégias presenciais, os professores e
alunos constroem significados compartilhados com maior segurança,
pois o monitoramento do discurso construído durante as interlocuções
dá-se de forma contínua. Diferentemente, no contexto da educação a
distância, os sujeitos envolvidos não contam com a interação face a
face, e a negociação do significado de signos das diferentes áreas do
conhecimento precisa ser estabelecida pela competente elaboração do
material midiático.
• No sentido estrito, letramento refere-se ao conjunto de estratégias
usadas na redação e leitura de variados gêneros textuais,
especialmente os empregados na produção e divulgação do
conhecimento acadêmico. Entre essas estratégias, ressaltamos a
capacidade de elaborar um texto levando em conta os objetivos do
autor e as expectativas dos interlocutores ou leitores.
CAPITULO VINTE E UM: UMA
PERSPECTIVA ETNOGRAFICA NA
FORMAÇAO DE PROFESSORES
• O letramento deve ser entendido em sentido amplo,
incluindo habilidades, domínios e competências nas
diversas linguagens: a língua natural, as linguagens
matemáticas, tecnológicas, artísticas e a leitura social,
histórica e política do mundo. O desenvolvimento das
competências de letramento fortalecerá o professor das
series iniciais da educação básica infantil e fundamental,
municiando-o com as ferramentas para avançar na sua
formação e transitar com maior desenvoltura e confiança
na sociedade contemporânea.
• Este capitulo, portanto, teve um duplo objetivo: retomar
alguns pontos mais relevantes discutidos anteriormente e
demonstrar a aplicabilidade da pesquisa etnográfica,
sociolinguisticamente orientada, nas escolas brasileiras.

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