Romualdo 1

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SEMINÁRIOS DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL

ÓLEOS PESADOS NO BRASIL E NO


MUNDO

Palestrante: Dr. José Romualdo D. Vidal


Engenheiro de Petróleo Senior

Local: NUPEG
Data: 31/03/2006
Sumário

1. Definições

• O que é óleo pesado e qual a sua importância?


• O que é grau API do Petróleo?
2. Óleos pesados no mundo
3. Óleos pesados no Brasil

4. Desafios enfrentados na produção de óleos pesados

5. Novas tecnologias

6. Conclusões
1. Definição

ÓLEO PESADO
Definição Geral:
Óleos pesados possuem alta viscosidade nas condições de
reservatório e não fluem com facilidade.
Sua densidade API é inferior a 20º API, apresentando alto
teor de enxofre, asfaltenos e de metais.
1. Definição

GRAU API:
Indica a densidade dos produtos petrolíferos líquidos e é
representado pela fórmula:
141,5
GRAU API  - 131,50
SP GR

SP GR= SPECIFIC GRAVITY (Gravidade Específica)


a 60º F e 1 atm
1. 1. Definições particularizadas de óleo pesado e extra-
pesado

- Governo do Canadá: <27,5ºAPI = óleo pesado

- ANP: <22ºAPI = óleo pesado


<10ºAPI = óleo extra-pesado

- mais comum: <20ºAPI= óleo pesado

- Petrobras offshore: <19ºAPI, res> 10 cP = óleo pesado


<14ºAPI, res>100 cP = óleo extra-pesado

- Nos campos de terra da Petrobras, normalmente


ºAPI<18 e res>500 cP = óleo pesado
2. Óleos pesados no mundo

1.7 Tri bbl


óleo extra-
pesado e
2 Tri bbl betume
óleo
convencional
no mundo

0,85 Tri bbl 1.2 Tri bbl


óleo óleo extra-
convencional pesado e
no mundo já betume
consumido
2. Óleos pesados no mundo
Canadá= óleo imóvel e portanto minerado
2. Óleos pesados no mundo
Canadá

- óleos extra-pesados e betume (°API de 8 a 12)

- baixas temperaturas no reservatório (10 a 15°C)

- óleores > 10,000 cP, podendo chegar a 5,000,000 cP (imóvel)

- areias homogêneas inconsolidadas (wormholes)

- altas permeabilidades (1 a 10 D)

- processos mais utilizados*:


- mineração (60%)
- produção a frio (13%)
- injeção de vapor (27%)
* Fonte: L. B. Cunha, “Recent In-Situ Oil-Recovery Technologies for Heavy-Oil Fields”,
IX LACPEC, Rio de Janeiro, 2005, SPE 94986
2. Óleos pesados no mundo

Venezuela= o óleo é móvel


2. Óleos pesados no mundo

Venezuela
- óleos extra-pesados e betume (°API de 8 a 12)

- temperaturas moderadas no reservatório (40 a 50°C)

- óleores > 1,000 cP

- areias inconsolidadas, altas permeabilidades (1 a 15 D)

- reservatórios complexos (Faja)

- processos mais utilizados:


- produção a frio
- injeção de vapor
3. Óleos pesados no Brasil

Adaptado de: The Challenge of Improved oil Recovery in Brazilian Onshore and Offshore Fields.
F. S. Shecaira, Brazil-Canada Heavy Oil Workshop, 2004
3. Óleos pesados no Brasil
Sergipe/Alagoas (UN-SEAL)

Fonte: Injeção de vapor na Petrobras, C. R. C. Holleben, 2004


3. Óleos pesados no Brasil
Sergipe/Alagoas (UN-SEAL)
• viscosidade óleo morto: 500cP a 3000cP
• permeabilidade média : 200 a 2000 mD
• 27 geradores de vapor
- capacidade total de 7600 ton/d
• principalmente injeção contínua, com eventuais injeções
cíclicas
• qualidade do vapor = 75% (saída do GV)
• 52 injetores de vapor
• produção média de óleo por vapor: 730 m3/d
• razão vapor/óleo (SOR): 6,7
• RAO: 6,5 m3/m3

Fonte: Injeção de vapor na Petrobras, C. R. C. Holleben, 2004


3. Óleos pesados no Brasil
Rio Grande do Norte/Ceará (UN-RNCE)

Fonte: Injeção de vapor na Petrobras, C. R. C. Holleben, 2004


3. Óleos pesados no Brasil
Rio Grande do Norte/Ceará (UN-RNCE)

• viscosidade do óleo no reservatório: 1000cP


• permeabilidade média: 1000 mD
• 24 geradores de vapor
- capacidade total de 8400 ton/d
• injeção cíclica, com pilotos de injeção contínua
• grande projeto de injeção contínua (Termo Açu)
• qualidade do vapor: 75 a 80% (saída do GV)
• 1480 injetores de vapor
• 1750 produtores
• SOR: 4 a 5
• RAO: 10 a 30 m3/m3
Fonte: Injeção de vapor na Petrobras, C. R. C. Holleben, 2004
3. Óleos pesados no Brasil

Espírito Santo (UN-ES)

Fonte: Soluções de elevação para


óleos pesados, R. C. Faria e
G. M. dos Santos, 2004
3. Óleos pesados no Brasil

Espírito Santo (UN-ES)

• viscosidade do óleo no res: 500 a 10000cP


• permeabilidade média: 100 to 2000 mD
• 3 geradores de vapor (2 mais em compra)
- capacidade total 1000 ton/d
• injeção cíclica
• qualidade do vapor: 80 a 85% (saída do GV)
• principal campo é Fazenda Alegre - FAL
• SOR: 1(FAL) to 5
• RAO: 0 to 5 m3/m3

Fonte: Injeção de vapor na Petrobras,


C. R. C. Holleben, 2004
4. Desafios:

• Reservatórios de óleos pesados geralmente apresentam baixa


energia e baixa produtividade.

• Estas características fazem da recuperação do petróleo pesado


um desafio importante, embora o volume das suas reservas
justifique uma cuidadosa pesquisa.

Por exemplo, o Canadá e a Venezuela possuem reservas de


óleos pesados para mais de 40 anos de consumo nos níveis
atuais.
4. Desafios

• Uma razão a mais para o interesse que os óleos pesados


despertam é a dificuldade de se atingir a sua explotação em
bases econômicas, o que sugere a necessidade de maior
pesquisa e de mais experimentações.

• A recuperação térmica, particularmente a injeção de vapor,


tem sido um sucesso, considerando que o calor reduz a
viscosidade de óleo, facilitando o seu deslocamento de forma
significativa, embora o seu emprego restrito aos reservatórios
em terra, particularmente os arenitos relativamente rasos,
espessos e permeáveis.
4. Desafios

• Aumentar o FR:
- a frio: 5 a 10%
- injeção cíclica de vapor: 20%
- injeção contínua de vapor: 25 a 30%

• Melhorar economicidade do vapor:


- aumentar a ROV dos processos
- melhoria do varrido na injeção contínua de vapor
- reduzir os custos de geração do vapor

• Diminuir manipulação de água


- tratamento é caro
- problemas ambientais
- altos BSW
4. Desafios

• Projeto de poços
- produção de areia - reservatórios freáveis
- isolamento da coluna
- colapso de “liner“
- zonas de sal
- cimento resistente a altas temperaturas
- distribuição uniforme de vapor em poços horizontais

• Operação:
- controle da qualidade do vapor
- melhoria da distribuição de vapor (minimizar perdas)
- injetividade do vapor
- produção de emulsões
- acompanhamento da produção (vazões, RGO)

Reservatórios delgados não são propícios para a injeção de vapor


4. Desafios

• Reservatórios não adequados para o vapor


- camadas delgadas
- grandes profundidades
- alta pressão original e baixa produtividade
• Simulação numérica:
- modelagem de fluidos adequada
- adequada representação do reservatório
- curva de Krel
- longos históricos de produção
- longos tempos computacionais
5. Novas tecnologias
Injeção cíclica:

Injeção Fechamento Produção

vapor
Óleo

Óleo Óleo Óleo Óleo


pesado pesado pesado esgotado

Zona Zona
quente quente
Vapor cond. Vapor cond.
Vapor injetado Zona aquecida
Óleo fino
Área aquecida
por convecção

Figura 3: Estimulação cíclica de vapor.


Injeção contínua:
Unidade de separação e armazenamento dos fluidos
Lavador de gás produzidos (óleo, água e água)

Gerador de vapor Poço


injetor

Água e óleo
Vapor e água Água próximos a
condensada quente temperatura de
Banco
reservatório
de óleo

Figura 4: Injeção de vapor.


5. Novas tecnologias

Tecnologias já consolidadas:

injeção cíclica de vapor → FR = 20%


injeção contínua de vapor → FR = 25 a 30%

Novas tecnologias: FR = 60 a 80%

SAGD
VAPEX
ES-SAGD
THAI
SAGD
SAGD
primeira proposta em 1979 pelo Dr. Butler - ESSO
desenvolvimento: Dr. Butler, Univ. Calgary
1ª aplicação de campo do SAGD:
Underground Test Facility, Alberta, 1985
atualmente, cerca de 20 projetos no Canadá
- EnCana (Senlac, Christina Lake, Foster Creek)
- CNRL (Tangleflags e Primrose)
- Husky (Lloydmynster, Tucker Lake, Pikes Peak)
- JCOS (Hangingstone)
- Conoco Philips (Surmont)
- Petro Canada (McKay River)
- Suncor (Firebag)
SAGD
Particularidades:

principal mecanismo é drenagem gravitacional


vazões de produção são baixas: longos poços horizontais
procedimento de partida inclui fase de pré-aquecimento
BHP do produtor é mantida alta, p/ garantir subsaturação
do vapor e evitar canalização
a formação e expansão da câmara de vapor é essencial
- homogeneidade
- ausência de área depletada
- controle da pressão de operação
SAGD

Alguns dados reportados na literatura:

Propriedade Mínimo Médio Máximo


Lpoços (m) 424 600 a 700 1000
Distância entre produtor e 0,5 3 5
base da zona com óleo (m)
Distância injetor/ 2,2 5 7
produtor (m)
Distância entre pares de 75 100 150
poços (m)
Vazão de injeção 110 250 550
(ton/d/par)
Vazão de produção 70 180 330
(m3/d/par)
BSW (%) 50 60 70
Razão óleo/vapor (ROV) 0,25 0,4 0,58*
FR da zona do projeto (%) 40 60 70

* Peace River = 0,1 a 0,18


SAGD

Variações do SAGD

“Single Well SAGD”


- boa produção inicial
- vapor rapidamente
encontra caminho da
ponta para o calcanhar
do poço

configuração em W
- mais indicado quando o óleo é móvel
- testado em campo (Primrose)
- segundo Univ. Calgary, menos eficiente
que SAGD clássico
SAGD

Melhorias buscadas para o processo SAGD:


NFAL - STEAM ASSISTED GRAVITY DRAINAGE
Pressure ((kg/cm2)) 2005-01-01 I layer: 11

 minimizar SOR
File: TESTE_PARTE_HOMO
7,905,500 7,905,600 7,905,700 7,905,800 7,905,900 User: bg14

490
490
Date: 2004-10-21
Scale: 1:2979

500
Z/Y: 4.00:1

500
Axis Units: m
FAL-04
INJ-FAL-05

510
510
55.0

 minimizar manipulação de água


54.4

520
520
53.8
53.1

530
530
52.5
51.9

540
540
51.3
50.6

 melhor configuração de poços


50.0

550
550
49.4
48.8

560
560
48.1
47.5

570
570
46.9
46.3

 melhor estratégia de partida

580
580
45.6
45.0

590
590
7,905,500 7,905,600 7,905,700 7,905,800 7,905,900

 garantir fluxo uniforme no poço horizontal


 campos com RGO moderados
 otimizar sistemas de elevação
 otimizar pressão de operação da câmara de vapor
VAPEX
Vapour Extraction: em vez do vapor, injeta-se solventes no poço
(gases) que precipita o asfalteno, tornando o petróleo mais leve
VAPEX

primeira proposta em 1993 pelo Dr. Butler – Univ. Calgary

desenvolvimento: Dr. Butler e Dr. Maini, Univ. Calgary

in situ upgrading: solvente precipita asfaltenos e óleo


mobilizado é mais leve

2 pilotos de campo:
- Foster Creek – EnCana
- Dover – Devon

muitos trabalhos de laboratório, pouca informação sobre pilotos


ES-SAGD
Expanding Solvent SAGD: faz-se a injeção do vapor + solvente
ES-SAGD

proposta surge na necessidade de melhoria do SAGD

desenvolvimento: Univ. Calgary, ARC

4 pilotos de campo:
- Senlac – EnCana
- Christina Lake – EnCana
- Burnt Lake – Suncor
- Firebag – Suncor (em planejamento)

muitos trabalhos de laboratório, pouca informação sobre pilotos


VAPEX/ES-SAGD
Expandir solvente/SAGD

Principais desafios:
melhor compreensão sobre os mecanismos envolvidos (dispersão,
difusão, destilação, modelagem matemática, etc.)

minimizar perda de solvente

balanço econômico: economia de vapor paga o solvente?

validação dos processos em campo


THAI
Toe-to-Heel Air Injection
THAI
desenvolvido inicialmente e patenteado pelo PRI – Petroleum
Recovery Institute (Canadá)

posteriormente, patente adquirida pela Petrobank

estudos de laboratório (Univ. Bath) e de simulação numérica


(Petrobank) mostram bons resultados

1 pilotos de campo em construção: White Sands – Petrobank

é um processo de drenagem gravitacional


THAI

PRÓS CONTRAS
não necessita de água risco de produção de
combustível queimado é o oxigênio (formação de mistura
próprio óleo (barato) explosiva)

problema de direcionamento geração de gás com alto teor


da frente de avanço é de CO2 (corrosão)
solucionado altas temperaturas no poço
pode ser aplicado em óleos produtor
altamente viscosos controle das vazões de
upgrade do óleo injeção e produção são
essenciais
informações sobre o
processo são adquiridas heterogeneidades podem
continuamente através de ter grande impacto
sensores no produtor necessita de validação em
campo
6. Conclusões

• Os volumes in place de óleo pesado e extra-pesado no mundo


são enormes e sua produção é um desafio.

• A Petrobras vem desenvolvendo diversos campos de óleos pesados


em terra. A produção destes campos é baseada principalmente na
injeção de vapor cíclica e contínua.

• Novas tecnologias estão sendo continuamente testadas, em


laboratório e em campo, com o objetivo de se aumentar o fator de
recuperação dos campos, melhorar a economicidade de processos
com vapor, minimizar a utilização de água e reduzir custos.

• A Petrobras acompanha e avalia estas novas tecnologias,


adaptando-as à realidade dos reservatórios brasileiros.

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