A Tradição Judaico-Cristã Na Doutrina Social Da Igreja

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A TRADIÇÃO JUDAICO-CRISTÃ

NA DSI
INTRODUÇÃO
• A Doutrina Social da Igreja tem como fonte as Sagradas Escrituras.

• A tradição judaico-cristã trata cada ser humano como filho e imagem


de Deus, enfatizando sua infinita dignidade, da qual derivam direitos.
Por isso, todas as instituições da sociedade devem colocar-se a
serviço dos direitos de cada e de todas as pessoas, tratando-as com
igualdade. Deste modo, uma sociedade só pode ser justa se respeitar
a dignidade da pessoa humana. De igual maneira, a dignidade da
pessoa humana só pode ser alcançada por meio de uma sociedade
justa.
• Referências à situação dos pobres, sob a ótica da libertação e da
justiça social no Antigo e Novo Testamentos, bem como nos primeiros
séculos do cristianismo e em toda a tradição católica, são
abundantes. O confronto entre justiça humana e justiça divina é um
dos eixos fundamentais da tradição judaico-cristã. A fonte inspiradora
é a própria identidade de Deus, como Trindade, ou seja comunidade
perfeita. O ser humano é, por natureza, relacional, vocacionado a ser
sua imagem e semelhança.
• Daí o questionamento feito nas Sagradas Escrituras, em particular no
livro do Gênesis, à autossuficiência humana. A existência humana é,
na realidade, coexistência. A qualidade de relações entre os seres
humanos e destes com a criação e com Deus, é central na tradição
judaico-cristã. A própria contemplação da Trindade, diz Santo
Agostinho, obtém-se pela caridade, ou seja, pela dimensão de
comunhão e solidariedade entre seres humanos.
• Em síntese, a Igreja Católica considera que sua Doutrina Social está
integrada intimamente à sua missão evangelizadora, o que determina
desdobramentos importantes em suas práticas, principalmente nos
países mais pobres. Foi a partir das preocupações sociais da Igreja que
se desenvolveram, por exemplo, as várias Teologias da Libertação
contextualizadas, assim como as Comunidades Eclesiais de Base e
muitos movimentos, pastorais e entidades da Igreja, de cunho social.

• o pensamento social da Igreja tem como desafio, hoje, mostrar de


modo mais claro que o ser humano é essencialmente relacional,
portanto, social. Em cada uma de suas relações essenciais, com Deus,
com o outro, com o mundo, com a criação e consigo mesmo, Jesus
Cristo revela-lhe o caminho do amor (ágape/caritas), como caminho de
salvação.
O AGIR LIBETADOR DE DEUS NA
HISTÓRIA DE ISRAEL

A TRADIÇÃO JUDAICA
• 20. Toda autêntica experiência religiosa, em todas as tradições
culturais, conduz a uma intuição do Mistério que, não raro, chega a
divisar alguns traços do rosto de Deus.

• 21. Sobre o pano de fundo, compartilhado em vária medida, da


experiência religiosa universal, emerge a Revelação que Deus faz
progressivamente de Si próprio a Israel. Ela responde à busca humana
do divino;
• Deus se aproxima do ser humano de forma gratuita!
• “Segundo o livro do Êxodo, o Senhor dirige a Moisés a seguinte
palavra: «Eu vi, eu vi a aflição do meu povo que está no Egito, e ouvi
os seus clamores por causa dos seus opressores. Sim, eu conheço os
seus sofrimentos. E desci para livrá-lo da mão dos egípcios e para
fazê-lo sair do Egito para uma terra fértil e espaçosa, uma terra onde
corre leite e mel» (Ex 3, 7-8). A proximidade gratuita de Deus ― à
qual alude o Seu próprio Nome, que Ele revela a Moisés, «Eu sou
aquele que sou» (cf. Ex 3, 14) ― manifesta-se na libertação da
escravidão e na promessa, tornando-se ação histórica, na qual tem
origem o processo de identificação coletiva do povo do Senhor,
através da aquisição da liberdade e da terra que Deus lhe oferece em
dom.”
Os Dez Mandamentos (Ex 20,2-17; Dt 5,6-21);

• À gratuidade do agir divino, historicamente eficaz, acompanha


constantemente o compromisso da Aliança, proposto por Deus e
assumido por Israel.
• Ao apresentar os mandamentos do amor a Deus (os três primeiros) e
ao próximo (os demais), traça, para o povo eleito e para cada um em
particular, o caminho de vida.
• Conotam a moral humana universal. Lembrados também por Jesus ao
jovem rico do Evangelho (cf. Mt 19, 18), os dez mandamentos
«constituem as regras primordiais de toda a vida social»
O DIREITO DO POBRE
• « Se houver no meio de ti um pobre entre os teus irmão... não
endurecerás o teu coração e não fecharás a mão diante do teu irmão
pobre; mas abrir-lhe-ás a mão e emprestar-lhe-ás segundo as
necessidades da sua indigência» (Dt 15, 7-8). Tudo isto vale também
em relação ao forasteiro: «Se um estrangeiro vier habitar convosco na
vossa terra, não o oprimireis, mas esteja ele entre vós como um
compatriota e tu amá-lo-ás como a ti mesmo, por que vós fostes já
estrangeiros no Egito. Eu sou o Senhor vosso Deus» (Lv 19, 33-34). O
dom da libertação e da terra prometida, a Aliança do Sinai e o
Decálogo estão, portanto, intimamente ligados a uma praxe que deve
regular, na justiça e na solidariedade, o desenvolvimento da
sociedade israelita.
O ano sabático e o ano jubilar
• 25. Os preceitos do ano sabático (cada 7 anos) e do ano jubilar (cada
50 anos) constituem uma doutrina social
• A vontade de Deus, expressa na Decálogo doado no Sinai, poderá
enraizar-se criativamente no próprio íntimo do homem. Desse
processo de interiorização derivam maior profundidade e realismo
para o agir social, tornando possível a progressiva universalização da
atitude de justiça e solidariedade, que o povo da Aliança é chamado a
assumir diante de todos os homens, de todo o povo e nação.
• 26. A reflexão profética e sapiencial atinge a manifestação primeira e
a própria fonte do projeto de Deus sobre toda a humanidade, quando
chega a formular o princípio da criação de todas as coisas por parte
de Deus.
• 27. No agir gratuito de Deus Criador encontra expressão o sentido
mesmo da criação, ainda que obscurecido e distorcido pela
experiência do pecado.
Aspectos Bíblicos sobre a Vida
Econômica:
POBREZA X RIQUEZA X HOMEM
• 323 No antigo Testamento se percebe uma dupla postura em relação
aos bens econômicos e a
• riqueza. Por um lado, apreço em relação a disponibilidade dos bens
materiais considerados necessários para a vida: por vezes a
abundância ― mas não a riqueza e o luxo ― é vista como uma
bênção de Deus. Os bens econômicos e a riqueza não são condenados
por si mesmo, mas pelo seu mau uso.
• 324 Aquele que reconhece a própria pobreza diante de Deus, qualquer
que seja a situação que esteja vivendo, é objeto de particular atenção
da parte de Deus.
• “A pobreza, quando é aceita ou procurada com espírito religioso,
predispõem ao reconhecimento e à aceitação da ordem criatural; o
«rico», nesta perspectiva, é aquele que repõem a sua confiança nas
coisas que possui mais que em Deus, o homem que se faz forte pela
obra de suas mãos e que confia somente nesta força. A pobreza
assume o valor moral quando se manifesta como humilde
disponibilidade e abertura para com Deus, confiança n’Ele. Estas
atitudes tornam o homem capaz de reconhecer a relatividade dos
bens econômicos e dos tratados como dons divinos da administração
e da partilha, porque a propriedade originária de todos os bens
pertence a Deus.”
• 325. Jesus assume toda a tradição do Antigo Testamento também
sobre os bens econômicos, sobre a riqueza e sobre a pobreza,
conferindo-lhe uma definitiva clareza e plenitude (cf. Mt 6,24 e 13,22;
Lc 6,20-24 e 12,15-21; Rm 14,6-8 e 1 Tm 4,4).
• 326 À luz da Revelação, a atividade econômica deve ser considerada e
desenvolvida como resposta reconhecida à vocação que Deus reserva
a cada homem.
• A atividade econômica e o progresso material devem ser colocados a
serviço do homem e da sociedade;
As riquezas existem para serem partilhadas

• 328 Os bens, ainda que legitimamente possuídos, mantêm sempre


uma destinação universal: é imoral toda a forma de acumulação
indébita, porque em aberto contraste com a destinação universal
consignada por Deus Criador a todos os bens.
• 329 As riquezas realizam a sua função de serviço ao homem quando
destinadas a produzir benefícios para os outros e a sociedade.
A TRADIÇÃO CRISTÃ: JESUS CRISTO, CUMPRIMENTO
DO DESIGNIO DE AMOR DO PAI
• 28. Na narração de Lucas, Jesus descreve o Seu ministério messiânico com
as palavras de Isaías que evocam o significado profético do jubileu: «O
Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para
anunciar a boa nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, para
anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr
em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor» (4, 18-19;
cf. Is 61, 1-2). Jesus se coloca na linha do cumprimento. Manifesta de modo
tangível e definitivo quem é Deus e como Ele se comporta com os homens.
• 29. Jesus anuncia a misericórdia libertadora de Deus para com aqueles que
encontra no Seu caminho, a começar pelos pobres, pelos marginalizados,
pelos pecadores e os convida a segui-lo.
• Assim como o Filho recebeu tudo do Pai (Jo 16,15), ele partilha
gratuitamente com os que o seguem (Jo 15,15).
• Reconhecer o amor do Pai significa para Jesus inspirar a Sua ação na
mesma gratuidade e misericórdia de Deus, geradoras de vida nova, e
tornar-se assim, com a Sua própria existência, exemplo e modelo para
os Seus discípulos.

• 31. Com palavras e obras, e de modo pleno e definitivo com a Sua


morte e ressurreição, Jesus revela à humanidade que Deus é Pai e que
todos somos chamados por graça a ser filhos d’Ele no Espírito (cf. Rm
8, 15; Gal 4, 6), e por isso irmãos e irmãs entre nós. É por esta razão
que a Igreja crê firmemente que « a chave, o centro e o fim de toda a
história humana se encontram no seu Senhor e Mestre »
• 32. Jesus doou a sua vida por nós. E nos amou como devemos amar
uns aos outros.
• 33. O mandamento do amor recíproco, que constitui a lei de vida do
povo de Deus, deve inspirar, purificar e elevar todas as relações
humanas na vida social e política: «Humanidade significa chamada à
comunhão interpessoal», porque a imagem e semelhança do Deus
trinitário são a raiz de «todo o “ethos” humano ... cujo vértice é o
mandamento do amor». O fenômeno cultural, social, econômico e
político hodierno da interdependência, que intensifica e torna
particularmente evidentes os vínculos que unem a família humana,
ressalta uma vez mais, à luz da Revelação, «um novo modelo de
unidade do gênero humano, no qual, em última instância, a
solidariedade se deve inspirar. Este supremo modelo de unidade,
reflexo da vida íntima de Deus, uno em três Pessoas, é o que nós
cristãos designamos com a palavra “comunhão”».
A SALVAÇÃO CRISTÃ É DESTINADA A TODOS
• 39. A salvação que Deus oferece aos Seus filhos requer a sua livre resposta e
adesão. Nisso consiste a fé, «pela qual o homem se entrega livre e totalmente a
Deus », respondendo ao Amor de Deus (cf. 1 Jo 4, 10). À mesma relação filial que
Jesus tinha com o Pai, nós somos introduzidos Espírito Santo.
• 40. A universalidade e a integralidade da salvação, doada em Jesus Cristo, tornam
incindível o nexo entre a relação que a pessoa é chamada a ter com Deus e a
responsabilidade ética para com o próximo, na concretude das situações
históricas. Isto se intui, ainda que confusamente e não sem erros, na universal
busca humana de verdade e de sentido, mas torna-se estrutura fundamental da
Aliança de Deus com Israel, como testemunham, por exemplo, as tábuas da Lei e
a pregação profética.
• Na dimensão interior e espiritual do homem se radicam, ao fim e ao cabo, o
empenho pela justiça e pela solidariedade, pela edificação de uma vida social,
econômica e política conforme com o desígnio de Deus.
• 42 A transformação interior da pessoa humana, na sua progressiva
conformação a Cristo, é pressuposto essencial de uma real renovação
das suas relações com as outras pessoas: «É preciso, então, apelar às
capacidades espirituais e morais da pessoa e à exigência permanente
de sua conversão interior, a fim de obter mudanças sociais que
estejam realmente a seu serviço. A prioridade reconhecida à
conversão do coração não elimina absolutamente, antes impõe, a
obrigação de trazer às instituições e às condições de vida, quando
estas provocam o pecado, o saneamento conveniente, para que
sejam conformes às normas da justiça e favoreçam o bem, em vez de
pôr-lhe obstáculos».
• 43 Não é possível amar o próximo como a si mesmo e perseverar
nesta atitude sem a firme e constante determinação de empenhar-se
em prol do bem de todos e de cada um, porque todos nós somos
verdadeiramente responsáveis por todos
AUTONOMIA DAS REALIDADES TERRESTRES
• 45. Concílio Vaticano II: «Se por autonomia das realidades terrestres se entende que as
coisas criadas e as próprias sociedades têm as suas leis e os seus valores próprios, que o
homem gradualmente deve descobrir, utilizar e organizar, tal exigência de autonomia é
plenamente legítima... corresponde à vontade do Criador. Com efeito, é pela virtude da
própria criação que todas as coisas estão dotadas de consistência, verdade, bondade, de
leis próprias e de uma ordem que o homem deve respeitar, e reconhecer os métodos
próprios de cada uma das ciências ou técnicas»
• 46. Não há conflituosidade entre Deus e o homem, mas uma relação de amor na qual o
mundo e os frutos do agir do homem no mundo são objeto de recíproco dom entre o Pai e
os filhos, e dos filhos entre si, em Cristo Jesus: n’Ele e graças a Ele, o mundo e o homem
alcançam o seu significado autêntico e originário.
• o Concílio Vaticano II ensina: «Se por autonomia do temporal se entende que as coisas
criadas não dependem de Deus e que o homem pode usá-las de tal maneira que as não
refira ao Criador, não há ninguém que acredite em Deus, que não perceba quão falsas
são tais afirmações. Na verdade, a criatura sem o Criador perde o sentido»
• 47. «O homem não se pode doar a um projeto somente humano da
realidade, nem a um ideal abstrato ou a falsas utopias. Ele, enquanto
pessoa, consegue doar-se a uma outra pessoa ou outras pessoas e, enfim,
a Deus, que é o autor do seu ser e o único que pode acolher plenamente o
seu dom». Por isso «alienado é o homem que recusa transcender-se a si
próprio e viver a experiência do dom de si e da formação de uma autêntica
comunidade humana, orientada para o seu destino último, que é Deus.
Alienada é a sociedade que, nas suas formas de organização social, de
produção e de consumo, torna mais difícil a realização deste dom e a
constituição dessa solidariedade inter-humana »
• 48. A pessoa humana não pode e não deve ser instrumentalizada por
estruturas sociais, econômicas e políticas, pois todo homem tem a
liberdade de orientar-se para o seu fim último. Por outro lado, toda a
realização cultural, social, econômica e política, em que se atuam
historicamente a sociabilidade da pessoa e a sua atividade transformadora
do universo, deve sempre ser considerada também no seu aspecto de
realidade relativa e provisória, porque «a figura desse mundo passa!» (1
Cor 7, 31).
1.3. ASPECTOS POLÍTICOS:
• O Senhorio de Deus sobre os reis de Israel:
• 377 O povo de Israel, na fase inicial da sua história, não tem reis, como os demais
povos, porque reconhece tão-somente o senhorio de Iahweh. É Deus que intervém
na história através de homens carismáticos.
• Samuel põe os Israelitas de sobreaviso acerca das conseqüências de um exercício
despótico da realeza (cf. 1 Sam 8, 11-18); contudo, o poder régio pode ser
experimentado como dom de Iahweh que como dom de Iahweh que vem em
socorro de seu povo (cfr 1 Sam 9, 16). Finalmente, Saul receberá a unção real (cf.
1 Sam 10, 1-12). O episódio evidencia as tensões que levaram Israel a uma
concepção de realeza diferente da dos povos vizinhos: o rei, escolhido por Iahweh
(cf. Dt 17, 15: 1 Sam 9, 16) e por Ele consagrado (cf. 1 Sam 16, 12-13) será visto
como Seu filho (cf. Sal 2, 7) e deverá tornar visível o senhorio e o desígnio de
salvação (cf. Sal 72). Deverá ainda fazer-se defensor dos fracos e assegurar ao
povo a justiça: as denúncias dos profetas apontarão precisamente para as
inadimplências dos reis (cfr 1 Re 21; Am 2, 6-8; Mi 3, 1-4).
• 378 O protótipo de rei escolhido por Iahweh é Davi, cuja condição
humilde o relato bíblico ressalta com complacência (cf. 1 Sam 16, 1-
13). Davi é o depositário da promessa (cf. 2 Sam 7, 13 ss; Sal 89, 2-38;
132, 11-18), que o coloca na origem de uma tradição real,
precisamente a tradição «messiânica», a qual não obstante todos os
pecados e as infidelidades do mesmo Davi e de seus sucessores,
culmina em Jesus Cristo, o «ungido de Iahweh» (isto é, «consagrado
do Senhor»
• O fracasso, no plano histórico, da realeza não ocasionará o
desaparecimento do ideal de um rei que, em fidelidade a Iahweh,
governe com sabedoria e exerça a justiça.
JESUS E A AUTORIDADE POLÍTICA:
• 379 Jesus rejeita o poder opressivo e despótico dos grandes sobre nações
(cf. Mc 10, 42) e suas pretensões de fazerem-se chamar benfeitores (cf. Lc
21, 25), mas nunca contesta diretamente as autoridades de seu tempo.
• Jesus, o Messias prometido, combateu e desbaratou a tentação de um
messianismo político, caracterizado pelo domínio sobre as nações (cf. Mt 4,
8-11; Lc 4, 5-8)
• 379 Jesus rejeita o poder opressivo e despótico dos grandes sobre nações
(cf. Mc 10, 42) e suas pretensões de fazerem-se chamar benfeitores (cf. Lc
21, 25), mas nunca contesta diretamente as autoridades de seu tempo.
• Jesus, o Messias prometido, combateu e desbaratou a tentação de um
messianismo político, caracterizado pelo domínio sobre as nações (cf. Mt 4,
8-11; Lc 4, 5-8)
AS PRIMEIRAS COMUNIDADES CRISTÃS
• 380 A submissão, não passiva, mas por razões de consciência(Rm 13, 5) ao poder
constituído corresponde à ordem estabelecida por Deus.
• São Paulo define as relações e os deveres dos cristãos para com as autoridades (cf. Rm
13, 1-7). Insiste no dever cívico de pagar os tributos: «Pagai a cada um o que lhe
compete: o imposto, a quem deveis o imposto; o tributo, a quem deveis o tributo; o
temor e o respeito, a quem deveis o temor e o respeito» (Rm 13, 7). O Apóstolo
certamente não pretende legitimar todo poder, pretende antes ajudar os cristãos a
«fazer o bem diante de todos os homens» (Rm 12, 7), também nas relações com a
autoridade, na medida em que esta está ao serviço de Deus para o bem da pessoa (cf.
Rm 13, 4; 1 Tm 2, 1-1; Tt 3, 1) e «para fazer justiça e exercer a ira contra aquele que
pratica o mal» (Rm 13, 4).
• São Pedro exorta os cristãos a submeter-se «a toda autoridade humana por amor a
Deus» (1 Pe 2, 13). O rei e os seus governadores têm a função de «punir os malfeitores e
premiar os bons» (cf. 1 Pe 2, 14). A sua autoridade deve ser «honrada», isto é,
reconhecida, porque Deus exige um comportamento reto, que «emudeça a ignorância
dos insensatos» (1 Pe 2, 15). A liberdade não pode ser usada para cobrir a própria
malícia, mas para servir a Deus (cf. ibidem). Trata-se portanto de uma obediência livre e
responsável a uma autoridade que faz respeitar a justiça, assegurando o bem comum.
• 381 A oração pelos governantes, recomendada por São Paulo durante
as perseguições, indica explicitamente o que a autoridade política
deve garantir: uma vida calma e tranqüila a transcorrer com toda a
piedade e dignidade (cf. 1 Tm 2, 1-2)

• 382 Quando o poder humano sai dos limites da vontade de Deus, se


autodiviniza e exige submissão absoluta, torna-se a Besta do
Apocalipse, imagem do poder imperial perseguidor, ébrio «do sangue
dos santos e dos mártires de Jesus» (Ap. 17, 6)
• 383 A Igreja proclama que Cristo, vencedor da morte, reina sobre o
universo que Ele mesmo resgatou. O Seu reino se estende a todo o
tempo presente e terá fim somente quando tudo for entregue ao Pai e
a história humana se consumar com o juízo final(cf. 1 Cor 15, 20-28).
Cristo revela à autoridade humana, sempre tentada ao domínio, o seu
significado autêntico e completo de serviço. Deus é o único Pai e
Cristo o único mestre para todos os homens, que são irmãos. A
soberania pertence a Deus. O Senhor, todavia, «não quis reter para Si
o exercício de todos os poderes. Confia a cada criatura as funções que
esta é capaz de exercer, segundo as capacidades da própria natureza.
Este modo de governo deve ser imitado na vida social. O
comportamento de Deus no governo do mundo, que demonstra tão
grande consideração pela liberdade humana, deveria inspirar a
sabedoria dos que governam as comunidades humanas. Estes devem
comportar-se como ministros da providência divina»
• A mensagem bíblica inspira incessantemente o pensamento cristão
sobre o poder político, recordando que esse tem sua origem em Deus
e, como tal, é parte integrante da ordem por Ele criada. Tal ordem é
percebida pelas consciências e se realiza na vida social mediante a
verdade, a justiça e a solidariedade, que conduzem à paz.
A COMUNIDADE INTERNACIONAL: ASPECTOS
BÍBLICOS
• 428 Os relatos bíblicos sobre as origens demonstram a unidade do gênero
humano e ensinam que o Deus de Israel é o Senhor da história e do cosmos
• 429 A aliança de Deus com Noé (cf. Gn 9,1-17), e nele com toda a humanidade,
após a destruição causada pelo dilúvio, manifesta que Deus quer manter para a
comunidade humana a bênção de fecundidade
• 430 A aliança estabelecida por Deus com Abraão, eleito «pai de uma multidão de
povos» (Gn 17,4), abre o caminho para reunião da família humana ao seu
Criador. A história salvífica induz o povo de Israel a pensar que a ação divina seja
restrita à sua terra, todavia se consolida pouco a pouco a convicção de que Deus
opera também entre outras nações (cf. Is 19,18-25). Os Profetas anunciarão para
um tempo escatológico a peregrinação de todos os povos ao templo do Senhor e
uma era de paz entre as nações (cf. Is 2,2-5; 66,18-23). Israel, disperso no exílio,
tomará definitivamente consciência de seu papel de testemunha do único Deus
(cf. Is 44,6-8), Senhor do mundo e da história dos povos (cf. Is 44,24-28).
• 432 A mensagem cristã oferece uma visão universal da vida dos
homens e dos povos sobre a terra[874], que leva a compreender a
unidade da família humana[875]. Tal unidade não se deve construir
com a força das armas, do terror ou da opressão, mas é antes o êxito
daquele «supremo modelo de unidade, reflexo da vida íntima de
Deus, uno em três Pessoas, é o que nós cristãos designamos com a
palavra “comunhão”»[876] e uma conquista da força moral e cultural
da liberdade[877]. A mensagem cristã foi decisiva para fazer a
humanidade compreender que os povos tendem a unirem-se não
apenas em razão das formas de organização, de vicissitudes políticas,
de projetos econômicos ou em nome de uma internacionalismo
abstrato e ideológico, mas porque livremente se orientam em direção
a cooperação, cônscios «de serem membros vivos de uma
comunidade mundial»

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