INTERCULTURA E EDUCAÇÃO Parcial
INTERCULTURA E EDUCAÇÃO Parcial
INTERCULTURA E EDUCAÇÃO Parcial
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Reinaldo Matias Fleuri
Doutor em Educação pela
UNICAMP, realizou estágios
pós-doutorais na Università
degli Studi di Perugia (Itália),
na USP e na UFF. É professor
titular da UFSC, com vínculo
de professor voluntário após
sua aposentadoria em 2011.
Faz parte do Instituto Paulo
Freire. Foi professor
convidado nas universidades
canadenses de Sherbrooke
(2006) e Montreal (2013). Foi
professor honorário na
University of Queensland
(Austrália, 2014-2017).
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Introdução
• A globalização da economia, da
tecnologia e da comunicação intensifica
interferências e conflitos entre grupos
sociais de diferentes culturas;
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Educação Intercultural
• científicos
• metodológicos
• epistemológicos
• sociológicos
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Educação Intercultural
“[...] o trabalho intercultural pretende
contribuir para superar tanto a atitude de medo
quanto a de indiferente tolerância ante o
‘outro’, construindo uma disponibilidade para a
leitura positiva da pluralidade social e cultural.
Trata-se, na realidade, de um novo ponto de
vista baseado no respeito à diferença, que se
concretiza no reconhecimento da paridade de
direitos.” (FLEURI, 2003, p. 17)
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Polissemia terminológica
≠
multicultural
intercultural
transcultural
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Polissemia terminológica
• Multicultural: categoria descritiva,
analítica, sociológica ou histórica, para
indicar uma realidade de convivência
entre diferentes grupos culturais num
mesmo contexto social. Também se
refere a diferentes respostas a esta
realidade social.
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Polissemia terminológica
• Multicultural: pode também representar
concepções pedagógico-políticas
divergentes – algumas defendem um
modo de aproximar as diferenças étnico-
culturais, isolando-as reciprocamente;
outras propõem uma perspectiva de
convivência democrática entre os grupos
diferentes.
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Polissemia terminológica
• Intercultural: indica realidades e
perspectivas incongruentes entre si. Há
algumas abordagens predominantes do
tema – desde a redução de seu significado
como relação entre grupos “folclóricos”;
perpassando a ampliação do conceito de
modo a compreender o “diferente” que
caracteriza a singularidade de cada ser
humano; até a consideração do termo
como sinônimo de “mestiçagem”.
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Polissemia terminológica
• Transcultural: adjetivo utilizado também
com diferentes sentidos. É entendido às
vezes como elemento transversal já
presente nas diferentes culturas
(universais culturais inscritos na estrutura
humana), ou então, como um produto da
hibridização de elementos culturalmente
diferentes.
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Educação Intercultural
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Notas históricas sobre a temática
• Enquanto o amadurecimento da
sensibilidade com relação às diferenças
culturais é recente, o conflito entre
culturas é antigo.
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Notas históricas sobre a temática
“superioridade”
cultural
doutrinação
(educação)
colonização
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Notas históricas sobre a temática
• Melting pot: cadinho onde várias culturas
se fundem para formar uma só, perdendo
características próprias em favor de uma
nova unidade – no caso, a americana,
predominantemente anglo-saxã, também
referida como WASP (White, Anglo-saxan
and Protestant, ou, Branca, Anglo-saxã e
Protestante).
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Notas históricas sobre a temática
• Na América Latina a diversidade cultural
foi relegada e deixada à margem das
propostas políticas e práticas educativas
que, a exemplo da Europa, se pautaram
no ideal homogeneizador do Estado-
Nação. Como resultado, vários estudos
constatam o baixo rendimento escolar
entre crianças com língua materna
distinta da empregada no sistema escolar.
oficial.
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Notas históricas sobre a temática
• A implementação de propostas educativas
institucionais pautadas por caráter
compensatório não resolveram os altos
índices de repetência e evasão escolar, o
que conduziu a uma reavaliação sobre o
papel das diferenças culturais no
processo ensino-aprendizagem.
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Notas históricas sobre a temática
“O termo educação bicultural foi utilizado, incialmente,
para designar as ações institucionais que levavam em
consideração a diferença cultural dos alunos. Os
projetos [...] buscavam distinguir as situações culturais
envolvendo as culturas indígenas e ocidentais-européias.
A transição para a noção de interculturalidade nos anos
80 ganha novas proporções de caráter propositivo e
político-pedagógico, convertendo-se em uma categoria
central nas propostas de educação bilíngüe. [...] Das
preocupações marcadamente lingüísticas, características
da educação bicultural e bilingüe, a interculturalidade
considera o contexto sociocultural dos alunos.” (SILVA
apud FLEURI, 2003, p. 21)
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Notas históricas sobre a temática
• Além dos movimentos indígenas, vêm
ganhando visibilidade os movimentos
étnicos, principalmente dos afro-
brasileiros.
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Intercultura como embate
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Intercultura como embate
• Objeto de estudo interdisciplinar e
transversal que tematiza e teoriza a
complexidade (para além da pluralidade
ou da diversidade) e a ambivalência ou o
hibridismo (para além da reciprocidade
ou da evolução)
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Considerações finais
“O que nós estamos aqui chamando de
intercultura refere-se a um campo complexo em
que se entretecem múltiplos sujeitos sociais,
diferentes perspectivas epistemológicas e
políticas, diversas práticas e variados contextos
sociais. Enfatizar o caráter relacional e contextual
(inter) dos processos sociais permite reconhecer a
complexidade, a polissemia, a fluidez e a
relacionalidade dos fenômenos humanos e
culturais. E traz implicações importantes para o
campo da educação.” (FLEURI, 2003, p. 31)
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Considerações finais
• A educação, nessa perspectiva
intercultural deixa de ser processo
unilateral de formação de atitudes,
conceitos e valores
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Considerações finais
“[...] o currículo e a programação didática, mais
do que um caráter lógico, terão uma função
ecológica, ou seja, sua tarefa não será
meramente a de configurar um referencial
teórico para o repasse hierárquico e progressivo
de informações, mas prever e preparar recursos
capazes de ativar a elaboração e circulação de
informações entre sujeitos, de modo que se
auto-organizem em relação de reciprocidade
entre si e com o próprio ambiente.” (FLEURI,
2003, p. 32)
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Armadilha da identidade
“A mais perigosa armadilha é aquela que possui a
aparência de uma ferramenta de emancipação. Uma
dessas ciladas é a ideia de que nós, seres humanos,
possuímos uma identidade essencial: somos o que
somos porque estamos geneticamente programados.
Ser mulher, homem, branco, negro, velho ou
criança, ser doente ou infeliz, tudo isso surge como
condição inscrita no DNA. Essas categorias parecem
provir apenas da natureza. A nossa existência
resultaria, assim, apenas de uma leitura de um
código de bases e nucleotídeos.” (COUTO, 2016)
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Armadilha da identidade
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Armadilha da identidade
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Referências bibliográficas
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