O documento discute os desafios da periodização literária e propõe critérios para definir períodos literários de forma mais fundamentada. Afirma que períodos não devem ser definidos por datas ou eventos históricos, mas sim pelas normas, convenções e padrões literários dominantes em cada época, que podem coexistir e se sobrepor. Defende uma abordagem comparativa que considere o contexto histórico e as conexões entre literatura e outras artes.
O documento discute os desafios da periodização literária e propõe critérios para definir períodos literários de forma mais fundamentada. Afirma que períodos não devem ser definidos por datas ou eventos históricos, mas sim pelas normas, convenções e padrões literários dominantes em cada época, que podem coexistir e se sobrepor. Defende uma abordagem comparativa que considere o contexto histórico e as conexões entre literatura e outras artes.
Descrição original:
Apresentação de slides sobre o texto "periodização literária" de Vitor Manuel de Aguiar e Silva
O documento discute os desafios da periodização literária e propõe critérios para definir períodos literários de forma mais fundamentada. Afirma que períodos não devem ser definidos por datas ou eventos históricos, mas sim pelas normas, convenções e padrões literários dominantes em cada época, que podem coexistir e se sobrepor. Defende uma abordagem comparativa que considere o contexto histórico e as conexões entre literatura e outras artes.
O documento discute os desafios da periodização literária e propõe critérios para definir períodos literários de forma mais fundamentada. Afirma que períodos não devem ser definidos por datas ou eventos históricos, mas sim pelas normas, convenções e padrões literários dominantes em cada época, que podem coexistir e se sobrepor. Defende uma abordagem comparativa que considere o contexto histórico e as conexões entre literatura e outras artes.
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A periodizao literria
Vitor Manuel de Aguiar e Silva
do livro Teoria da Literatura
lgico, por conseguinte, que os
historiadores e os estudiosos do fenmeno literrio, movidos por autnticas exigncias crticas, ou, algumas vezes, por razes meramente didticas, tenham procurado estabelecer determinadas divises e balizas no domnio vastssimo da literatura.
Tem de reconhecer-se, todavia, que as
tentativas levantas a efeito, no campo da periodizao literria apresentam, muitas vezes, acentuada heterogeneidade e carncia de fundamentao. O recurso ao conceito puramente numrico de sculo revela-se desprovido de qualquer valor crtico.
To inconsistente como a diviso em sculos da
histria literria, revela-se a fixao dos perodos literrios segundo acontecimentos polticos ou sociais: literatura do reinado de Lus XIV, literatura isabelina ou victoriana, etc. (...) concepo viciada do fenmeno literrio: este entendido como uma espcie de epifenmeno dos fatores polticos e sociais, e portanto como elemento carecente de autonomia e desenvolvimento prprio.
Isso no significa, porm, que no se
deva reconhecer-se a profunda ao dialtica exercida pelos fatores sociopolticos sobre o fenmeno literrio, ou que no deva reconhecer-se, de modo mais particular, a relevante influncia das mutaes sociais na transformao das estruturas literrias.
(...)
necessrio evitar em matria de
periodizao literria, o puro nominalismo, que considera o conceito de perodo como uma simples etiqueta desligada de qualquer contedo real (...) A atitude nominalista uma atitude ctica que reduz a histria literria a um acervo assignificativo de fatos concretos e irredutivelmente singulares, desconhecendo, por isso mesmo, um aspecto essencial da atividade literria: a existncia de estruturas genricas que, sob mltiplos pontos de vista, possibilitam a obra individualizada.
Os perodos literrios no existem anteriormente s
obras concretas e individuais, como uma essncia indefinida, mas tambm no se reduz a um mero nome que se estabelea arbitrariamente. necessrio, por conseguinte, escolher critrios literrios para fundamentar e definir os perodos literrios, evitando a intromisso perturbadora de esquemas e classificaes originrios da poltica, da sociologia, da religio etc. o ponto de partida ter de ser a prpria realidade histrica da literatura, as doutrinas, as experincias e as obras literrias.
Parece-nos que o Prof. Ren Wellek encontrou o
caminho justo, ao definir o perodo literrio como uma seo de tempo dominada por um sistema de normas, convenes e padres literrios, cuja introduo, difuso, diversificao, integrao e desaparecimento podem ser seguidos por ns. Esta definio apresenta o perodo literrio como uma categoria histrica ou como uma idia reguladora, excluindo quer a tendncia nominalista, quer a tendncia metafsica, pois os caracteres distintivos de cada perodo esto enraizados na prpria realidade literria e so indissociveis de um determinado processo histrico.
(...) o perodo definido por um sistema de normas,
convenes e padres literrios, isto , por uma convergncia organizada de elementos e, no por um nico elemento. (...) a definio de Wellek claramente demonstra que o conceito de perodo literrio no se identifica com uma mera diviso cronolgica, pois cada perodo se define pelo predomnio e no pela vigncia absoluta e exclusivista, de determinados valores. Semelhante concepo dos perodos literrios permite admitir a coexistncia de estilos diversos, no mesmo lapso de tempo e na mesma rea geogrfica (...).
Um perodo no se caracteriza por uma perfeita
homogeneidade estilstica, mas pela prevalncia de um determinado estilo. Em Frana, por exemplo, durante o sculo XVII, coexistem um estilo barroco e um estilo clssico, com caracteres diferentes e at opostos (...). At cerca de 1640, poder falar-se de predomnio do estilo barroco e, daquela data em diante, de predomnio do classicismo.
(...) os perodos no se sucedem de modo rgido e
linear, como se fossem entidades secretas, blocos monolticos justapostos, mas sucedem-se atravs de zonas difusas de imbricao e de interpenetrao. Um sistema de normas no se extingue abruptamente, num determinado ano e ms, como tambm no se forma de um jacto subitamente. (...) em cada perodo, na sntese cultural e artstica que lhe prpria, pulsa a herana do passado e prefiguramse, em haustos mais ou menos pronunciados, as feies do futuro.
O processo de formao e desenvolvimento de
um perodo literrio vagaroso e complexo, subsistindo em cada perodo, em grau varivel, elementos do perodo anterior. A utilizao de datas precisas para assinalar o fim de um perodo e o incio de outro, como se se tratasse de marcos a separar dois terrenos contguos, no possui valor crtico, apenas lhe podendo ser atribuda uma simples funo de balizagem (...).
Como se depreende, o estudo da periodizao
literria exige uma perspectiva comparativa, pois os grandes perodos literrios, como a Renascena, o maneirismo, o barroco, o classicismo, o romantismo, etc., no so exclusivos de uma determinada literatura nacional, abrangendo antes as diferentes literaturas europeias e americanas (...).
(...) a delimitao e a anlise de um perodo
literrio exigem o conhecimento das circunstncias histricas gerais em que esse perodo se formou e se desenvolveu, devendo ser objeto de particular estudo o contexto sociolgico e ideolgico em que se constituem e se difundem os estilos epocais. Outro aspecto muito importante a ter em conta no conhecimento de um perodo literrio a anlise das conexes que, durante esse perodo, a literatura mantm com as outras artes.