História Do Cinema

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Audiovisual

O cinema no Brasil e no mundo

ORIGEM
Indcios histricos e arqueolgicos comprovam que antiga a preocupao do homem com o registro do movimento. O desenho e a pintura foram as primeiras formas de representar os aspectos dinmicos da vida humana e da natureza, produzindo narrativas atravs de figuras. O jogo de sombras do teatro de marionetes oriental considerado um dos mais remotos precursores do cinema. Experincias posteriores como a cmara escura e a lanterna mgica constituem os fundamentos da cincia ptica, que torna possvel a realidade cinematogrfica.

PRIMEIROS APARELHOS
Para captar e reproduzir a imagem do movimento, so construdos vrios aparelhos baseados no fenmeno da persistncia retiniana (frao de segundo em que a imagem permanece na retina), descoberto pelo ingls Peter Mark Roger, em 1826. A fotografia, desenvolvida simultaneamente por Louis-Jacques Daguerre e Joseph Nicphore Niepce, e as pesquisas de captao e anlise do movimento representam um avano decisivo na direo do cinematgrafo.

CINEMA MUDO
A apresentao pblica do cinematgrafo marca oficialmente o incio da histria do cinema. O som vem trs dcadas depois, no final dos anos 20. A primeira exibio pblica das produes dos irmos Lumire ocorre em 28 de dezembro de 1895, no Grand Caf, em Paris. A sada dos operrios das usinas Lumire, A chegada do trem na estao, O almoo do beb e O mar so alguns dos filmes apresentados. As produes so rudimentares, em geral documentrios curtos sobre a vida cotidiana, com cerca de dois minutos de projeo, filmados ao ar livre.

PRIMEIROS FILMES
Pequenos documentrios e fices so os primeiros gneros do cinema. A linguagem cinematogrfica se desenvolve, criando estruturas narrativas. Na Frana, na primeira dcada do sculo XX, so filmadas peas de teatro, com grandes nomes do palco, como Sarah Bernhardt. Em 1913 surgem, com Max Linder que mais tarde inspiraria Chaplin , o primeiro tipo cmico e, com o Fantmas, de Louis Feuillade, o primeiro seriado policial. A produo de comdias se intensifica nos Estados Unidos e chega Inglaterra e Rssia. Na Itlia, Giovanni Pastrone realiza superprodues picas e histricas, como Cabria, de 1914.

ASCENSO DE HOLLYWOOD
Com o recesso do cinema europeu durante a I Guerra Mundial, a produo de filmes concentra-se em Hollywood, na Califrnia, onde surgem os primeiros grandes estdios. Em 1912, Mack Sennett, o maior produtor de comdias do cinema mudo, que descobriu Charles Chaplin e Buster Keaton, instala a sua Keystone Company. No mesmo ano, surge a Famous Players (futura Paramount) e, em 1915, a Fox Films Corporation. Para enfrentar os altos salrios e custos de produo, exibidores e distribuidores renem-se em conglomerados autnomos, como a United Artists, fundada em 1919. A dcada de 20 consolida a indstria cinematogrfica americana e os grandes gneros western, policial, musical e, principalmente, a comdia , todos ligados diretamente ao estrelismo.

CINEMA FALADO
O advento do som, nos Estados Unidos, revoluciona a produo cinematogrfica mundial. Os anos 30 consolidam os grandes estdios e consagram astros e estrelas em Hollywood. Os gneros se multiplicam e o musical ganha destaque. A partir de 1945, com o fim da II Guerra, h um renascimento das produes nacionais os chamados cinemas novos. Em 1929 o cinema falado representa 51% da produo norte-americana. Outros centros industriais, como Frana, Alemanha, Sucia e Inglaterra, comeam a explorar o som. A partir de 1930, Rssia, Japo, ndia e pases da Amrica Latina recorrem nova descoberta.

CINEMA FALADO
A adeso de quase todas as produtoras ao novo sistema abala convices, causa a inadaptao de atores, roteiristas e diretores e reformula os fundamentos da linguagem cinematogrfica. Diretores como Charles Chaplin e Ren Clair esto entre os que resistem novidade, mas acabam aderindo. Alvorada do Amor (1929), de Ernst Lubitsch, O Anjo Azul (1930), de Joseph von Sternberg, e M, o Vampiro de Dusseldorf (1931), de Fritz Lang, so alguns dos primeiros grandes ttulos.

CINEMA DE VANGUARDA
Dos anos 30 at a II Guerra, apesar de Hollywood concentrar a maior parte da produo cinematogrfica mundial, alguns centros europeus como Frana, Alemanha e Rssia produzem obras que merecem destaque. Frana - O realismo potico, com melodramas policiais de fundo trgico, de Jean Renoir de A Grande Iluso (1937) e A Besta Humana (1938), Marcel Carn de Cais das Sombras (1938), Julien Duvivier de Um Carn de Baile (1937) e Jean Vigo de Atalante (1934) fornecem uma perspectiva lrica dos problemas sociais. Com a invaso nazista, eles so exilados.

CINEMA DE VANGUARDA
Rssia - A Nova Babilnia (1929), de Grigori Kozintsev; Volga-Volga (1938), de Grigori Aleksandrov; Ivan, o Terrvel, de Sergei M. Eisenstein; e a Trilogia de Mximo Gorki (1938), de Mark Donskoi, merecem destaque em um perodo dominado por filmes de propaganda sobre os planos qinqenais, impostos por Stalin. Alemanha - A Alemanha nazista tambm descobre, com O Triunfo da Vontade (1934), de Leni Riefenstahl, e O Judeu Suss (1940), de Veidt Harlan, o cinema como instrumento de propaganda do regime.

ANOS DOURADOS DE HOLLYWOOD


Nos Estados Unidos, aps a Depresso, a indstria recupera-se. Hollywood vive os seus anos de ouro em 1938 e 1939. Surgem superprodues como A Dama das Camlias, ...E o Vento Levou, O Morro dos Ventos Uivantes e Casablanca. Novos recursos tcnicos possibilitam o desenvolvimento pleno de todos os gneros. Desafiando o esquema dos grandes estdios hollywoodianos, Orson Welles lana, em 1941, Cidado Kane, filme que revoluciona a esttica do cinema.

ANOS DOURADOS DE HOLLYWOOD - MUSICAL


Surge em Hollywood na dcada de 30 e se caracteriza por roteiros musicais que mesclam danas, cantos e msicas. No incio dos filmes falados, os musicais sofrem grande influncia do teatro. O filme que definitivamente estabelece o gnero Melodia da Broadway (1929), de Harry Beaumont. Seu xito provoca uma onda de filmes que rapidamente se tornam populares, como Caadoras de Ouro (1933), A Cano do Deserto (1933) e O Rei do Jazz (1933). Voando Para o Rio (1933), projeta Fred Astaire e Ginger Rogers. Gene Kelly por Dirio de Um Homem Casado (1967), Rita Hayworth por O Protegido do Papai (1940) e Judy Garland por O Mgico de Oz (1939) tambm ganham notoriedade.

COMDIA
Gnero consolidado na dcada de 20, a comdia incorpora novos nomes. Os irmos Marx brilham com seus dilogos absurdos e graas de picadeiro em No Hotel da Fuzarca (1929), Diabo a Quatro (1933) e Uma Noite Na pera (1935). Os atores Oliver Hardy e Stan Laurel notabilizam a dupla O Gordo e o Magro em Fra Diavolo (1933) e Filhos do Deserto (1933). W. C. Fields, que surgiu no cinema por volta de 1915, destaca-se na dcada de 30, com No Tempo do Ona e A Filha do Saltimbanco. O prestgio de Chaplin mantm-se em filmes como Luzes da Cidade (1931) e Tempos Modernos (1936), que adquirem dimenso poltica.

COMDIA
A combinao de ousadias erticas e certa dose de crtica do cotidiano resulta na comdia de costumes, que domina o cinema americano. O alemo Ernst Lubitsch desenvolve o estilo em filmes como Ladro de Alcova (1932) e Ninotchka (1939), este com Greta Garbo. Outros representantes: George Cukor por Uma Hora Contigo (1932), William Wellman por Nada Sagrado (1937), Leo McCarey por Cupido Moleque Travesso (1937), Howard Hawks por Levada da Breca (1938) e um dos maiores nomes das dcadas de 30/50, o diretor Frank Capra.

WESTERN
Gnero especfico americano, o western (faroeste) explora marcos histricos, como a Conquista do Oeste, a Guerra de Secesso e o combate contra os ndios. Cenas de ao e aventura envolvem caubis e xerifes. Em 1932 inicia-se uma grande produo de westerns, onde o caubi tambm cantor, como Gene Autry e Roy Rogers. Cecil B. de Mille produz Jornadas Hericas (1937). Em 1939, com No Tempo das Diligncias (1939), John Ford abre o ciclo de produes com grandes diretores e astros, onde se destacam tambm King Vidor por Duelo ao Sol (1946) e Henry King por Jesse James (1939).

TERROR
So vrias as tendncias dos filmes de terror, que tm em comum o desequilbrio e a transgresso do real. Em 1931, Drcula (1931) e Frankenstein (1931) entram em cena. Um ano depois, a vez de O Mdico e o Monstro (1932), baseado no romance de Robert Louis Stevenson. Em 1933, o gorila King Kong (1933) assusta as platias do mundo inteiro.

POLICIAL
O filme policial surge na Frana, no comeo do sculo, mas nos Estados Unidos, a partir da dcada de 30, que o gnero se firma. Cenrios sombrios e escuros, neblina, cenas de crimes e violncia envolvem detetives, policiais, aristocratas e belas mulheres. O filme noir - como os franceses o denominaram - logo se impe como um grande gnero. Destacam-se Howard Hawks por Scarface (1932) e John Huston por Relquia Macabra / Falco Malts (1941).

NEO-REALISMO ITALIANO
Os traumas do ps-guerra levam cineastas e crticos italianos a assumirem posio mais crtica em relao aos problemas sociais e reagirem contra os esquemas tradicionais de produo. Surge assim, na Itlia, o movimento neorealista. A renovao ocorre na temtica, na linguagem e na relao com o pblico. A experincia neo-realista tem durao relativamente curta mas causa enorme impacto sobre as demais cinematografias e se expressa de diferentes formas em outros pases. Com poucos recursos, linguagem mais simples, temticas contestadoras, atores no-profissionais e tomadas ao ar livre os filmes retratam o dia-a-dia de proletrios, camponeses e pequena burguesia.

NEO-REALISMO ITALIANO
Obsesso (1943), de Luchino Visconti, considerada a obra inaugural do neorealismo. A trilogia de Roberto Rosselini, Roma, Cidade Aberta (1945), Pais (1946) e Alemanha, Ano Zero (1947), ao lado de Ladres de Bicicleta (1948) e Umberto D (1952), de Vittorio De Sica, constituem os grandes marcos do movimento. Destacam-se tambm A Romana (1954), de Luigi Zampa, O Capote (1952), de Alberto Lattuada, O Ferrovirio (1956), de Pietro Germi, e A Terra Treme (1948), de Visconti.

TENDNCIAS CONTEMPORNEAS
A multiplicidade de estilos e influncias marcam as produes cinematogrficas contemporneas. A Itlia inicia a dcada de 60 com um cinema mais intimista. A Frana vive a nouvelle vague. Nos EUA, destaca-se a Escola de Nova York e, no Reino Unido, o free cinema. A partir do neo-realismo italiano o cinema se renova em vrias partes do mundo: Alemanha, Hungria, Iugoslvia, Polnia, Canad e em pases da sia e Amrica Latina, como Brasil e Argentina. Alm disso comeam a despontar as produes cinematogrficas de pases subdesenvolvidos, em processo de descolonizao.

TENDNCIAS CONTEMPORNEAS - ITLIA


J no final da dcada de 50 e incio dos anos 60, o cinema italiano inclina-se para a investigao psicolgica, retratando uma sociedade em crise: Michelangelo Antonioni e Federico Fellini fazem reflexes morais sobre a condio humana. Luchino Visconti, em Rocco e Seus Irmos (1960), mostra a vida dos imigrantes do sul da Itlia. Pier Paolo Pasolini em Teorema (1968) discute a sexualidade como meio de auto-conhecimento e transformao.

TENDNCIAS CONTEMPORNEAS - ITLIA


Nos anos 70 retoma-se a discusso poltica ou existencial com Ettore Scola, herdeiro da comdia italiana surgida no ps-guerra, Francesco Rosi de O Caso Mattei (1972), Mario Monicelli por Meus Caros Amigos (1975), Elio Petri por A Classe Operria Vai ao Paraso (1971), Gillo Pontecorvo por Queimada (1969), Valrio Zurlini por A Primeira Noite de Tranqilidade (1972), Dino Risi por Perfume de Mulher (1974), Mauro Bolognini por A Grande Burguesia (1974), Marco Ferreri por A Comilana (1973), Marco Bellocchio por De Punhos Cerrados (1965) e Bernardo Bertolucci por O ltimo Tango Em Paris (1972).

TENDNCIAS CONTEMPORNEAS - ITLIA


Na dcada de 80, toda a fora e originalidade do cinema mediterrneo continua presente nos irmos Vittorio e Paolo Taviani (Pai patro), Lina Wertmuller (Camorra), Ermano Olmi (A rvore dos tamancos) e Ettore Scola (O baile). Os anos 90 trazem Giuseppe Tornatore (Cinema paradiso), Maurizio Nicheti (Ladres de sabonete), Gabriele Salvatore (Mediterrneo), Daniele Luchetti (O senhor ministro), Nanni Moretti (A missa acabou), Gianni Amelio (Ladro de crianas) e, novamente, Monicelli (Parente serpente), Scola (A viagem do capito Tornado) e Fellini (A voz da lua).

TENDNCIAS CONTEMPORNEAS - FRANA


At o final da dcada de 50, persiste um cinema tradicional e acadmico. Claude Autant-Lara (Adltera), Andr Cayatte (Somos todos assassinos) e Henri Clouzot (O salrio do medo) fazem filmes politizados e pessimistas. Os catlicos Robert Bresson (Um condenado morte escapou) e Jean Delannoy (Deus necessita de homens) reagem ao materialismo existencialista e Jacques Tati renova a comdia com Meu tio. Em 1957, um grupo de jovens provenientes da crtica reage contra o academicismo do cinema francs e inicia um movimento que renova a linguagem cinematogrfica, a nouvelle vague.

TENDNCIAS CONTEMPORNEAS - FRANA


Nouvelle vague Seus integrantes crticos do Cahiers du Cinma propem um cinema de autor, criticam as produes comerciais francesas e realizam obras de baixo custo em que rejeitam o cinema de estdio e as regras narrativas. Diferentemente do movimento neo-realista, a nouvelle vague volta-se menos para a situao social e poltica do pas e se interessa mais pelas questes existenciais de seus personagens. Seus representantes, JeanLuc Godard (Acossado), Franois Truffaut (Os incompreendidos), Claude Chabrol (Os primos), Alain Resnais (Hiroshima, meu amor), Louis Malle (Trinta anos esta noite) e Agns Varda (Cleo das 5 s 7) seguiro, no futuro, caminhos individuais divergentes.

TENDNCIAS CONTEMPORNEAS - FRANA


Produes recentes Aps a dcada de 60, predomina um cinema intimista voltado para o retrato do cotidiano: Bertrand Blier (Meu marido de batom), Eric Rohmer (Amor tarde), Bertrand Tavernier (Por volta de meia-noite), Patrice Leconte (O marido da cabeleireira), Yves Robert (A glria de meu pai), Michel Deville (Uma leitora bem particular). Jean-Jacques Beineix (Betty Blue, A lua na sarjeta) e Luc Besson (Nikita) revigoram o filme noir. Superprodues de sucesso so realizadas por Jean-Jacques Annaud (O amante), Leos Carax (Os amantes da Pont-Neuf), Maurice Pialat (Van Gogh), Rgis Wargnier (Indochina), Jean-Paul Rappeneau (Cyrano de Bergerac), Louis Malle (Perdas e danos), Jacques Rivette (A bela intrigante) e Alain Corneau (Todas as manhs do mundo).

TENDNCIAS CONTEMPORNEAS EUA


Aps a II Guerra, o macarthismo instaura um clima de intolerncia e perseguies que favorece a proliferao de musicais Cantando na chuva, de Gene Kelly, Sinfonia em Paris, de Vincente Minnelli, Cinderela em Paris, de Stanley Donen , comdias romnticas e sofisticadas A princesa e o plebeu, de William Wyler ou superprodues: Os dez mandamentos, de Cecil B. de Mille. Nos estdios trabalham diretores de grande talento: Alfred Hitchcock (Disque M para matar), Billy Wilder (Farrapo humano), John Huston (O tesouro de Sierra Madre), Fred Zinnemann (Matar ou morrer), George Stevens (Os brutos tambm amam), Douglas Sirk (Palavras ao vento), George Cukor (Nasce uma estrela) e Roger Corman (Obsesso macabra).

TENDNCIAS CONTEMPORNEAS EUA


Escola de Nova York A partir de 1955, a reao ao sistema de estdio vem com a Escola de Nova York, influenciada pelo neo-realismo italiano Delbert Mann (Vidas separadas) e Martin Ritt (Despedida de solteiro) e os jovens cineastas sados da TV: Sidney Lumet (O homem do prego) e Arthur Penn (Um de ns morrer). Surge um cinema inconformista, que aborda temas polmicos: o conflito de geraes em Juventude transviada, de Nicholas Ray; a guerra em O julgamento de Nremberg, de Stanley Kramer; injustia social em Sindicato de ladres, de Elia Kazan; sexo e intolerncia moral em Clamor do sexo, de Kazan, ou Gata em teto de zinco quente, de Richard Brooks.

TENDNCIAS CONTEMPORNEAS EUA


Dcadas de 60/70 Nos anos 60, Stanley Kubrick (O Dr. Fantstico), John Frankenheimer (Sob o domnio do mal) e Sidney Pollack (A noite dos desesperados) continuam voltados para a crtica social e os problemas humanos. Na dcada de 70 Francis Ford Coppola (O poderoso chefo, Apocalypse now), Martin Scorsese (Taxi driver) e Robert Altman (Mash) dissecam aspectos traumticos da sociedade americana, enquanto a tradio do musical renovada por Bob Fosse (Cabar) e a do cinema de humor por Woody Allen (Noivo neurtico, noiva nervosa), Mel Brooks (O jovem Frankenstein) e Blake Edwards (S.O.B.). Emigrados do Leste europeu, o tcheco Milos Forman (Um estranho no ninho) e o polons Roman Polanski (Chinatown) aclimatam-se aos EUA. A era das superprodues renasce com Steven Spielberg (Encurralado) e George Lucas (Guerra nas estrelas). As bilheterias registram fenmenos de pblico, como Rocky, o lutador, que lana o ator e diretor Sylvester Stallone.

TENDNCIAS CONTEMPORNEAS EUA


Produes recentes Spike Lee (Malcolm X), Joel Coen (Barton Fink delrios de Hollywood, A roda da fortuna), Steven Soderbergh (Sexo, mentiras e videoteipe), Hal Hartley (Confiana), o ator e diretor Tim Robbins (Bob Roberts), Jonathan Demme (O silncio dos inocentes), Robert Rodriguez (El mariachi) e Tony Scott (Amor queima-roupa) surgem como uma promessa de sangue novo para o cinema americano, ao lado de nomes j conhecidos: Scorsese (Cabo do medo, A poca da inocncia), Coppola (Drcula), Oliver Stone (JFK, a pergunta que no quer calar), Woody Allen (Neblinas e sombras) e Robert Altman (Short cuts cenas da vida)

TENDNCIAS CONTEMPORNEAS REINO UNIDO


Depois dos documentaristas, a dcada de 60 assiste ao surgimento de uma nova tendncia. Free cinema A inquietao dos young angry men (jovens irados), vindos do teatro, cria o free cinema (cinema livre), que rompe com as frmulas tradicionais do realismo e o superficialismo de produes como os filmes de terror dos estdios Hammer. Os cineastas procuram criar um cinema social de caractersticas nacionais, no qual no faltam humor, irreverncia e um sentido potico: Tony Richardson (Odeio essa mulher), Karel Reisz (Tudo comeou no sbado), Richard Lester (A bossa da conquista) e Jonh Schlesinger (Domingo maldito).

TENDNCIAS CONTEMPORNEAS REINO UNIDO


Anos 80/90 A dcada de 80, depois de uma fase de recesso, traz o humor irreverente do grupo Monty Python (A vida de Brian), do qual saem Terry Gilliam (Brazil) e Terry Jones (O sentido da vida). Aparecem bons artesos logo envolvidos com grandes projetos: Alan Parker (O expresso da meia-noite), Roland Joff (A misso), Ridley Scott (Blade Runner). Se muitos desses ingleses filmam nos EUA, h tambm americanos, como Joseph Losey (O mensageiro) ou James Ivory (Vestgios do dia), que rodam seus filmes na GrBretanha. Sada da tev, uma nova gerao destaca-se por sua temtica ousada e suas posturas acidamente crticas: Stephen Frears (Relaes perigosas), Derek Jarman (Caravaggio), Neil Jordan (Trados pelo desejo), Peter Greenaway (O cozinheiro, o ladro, sua mulher e o amante, A ltima tempestade), Michael Radford (1984) e Jim Sheridan (Meu p esquerdo, Em nome do Pai). J Kenneth Branagh tem razes teatrais, que revela em Henrique V e Muito barulho por nada, adaptados de Shakespeare.

TENDNCIAS CONTEMPORNEAS ALEMANHA


As dcadas de 40 e 50 so marcadas pela estagnao. Nos anos 60 e 70, brilha o cinema novo alemo com os filmes amargurados de Rainer Fassbinder (As lgrimas amargas de Petra von Kant), o lirismo de Werner Herzog (O enigma de Kaspar Hauser), as experincias de Werner Schroeter (Macbeth) com a linguagem teatral e as felizes adaptaes literrias de Volker Schloendorff (O jovem Trless, O tambor).

TENDNCIAS CONTEMPORNEAS ALEMANHA


Os anos 80 comeam com a viso do universo feminino de Margarethe von Trotta (Os anos de chumbo), a adaptao da pera Parsifal, de Wagner, por HansJrlegen Syberberg, e a obra muito particular de Wim Wenders (Paris, Texas, Asas do desejo), considerado seguidor de Antonioni. O cinema alemo revela ainda Wolfgang Petersen (Histria sem fim), Robert Van Ackeren (Armadilha para Vnus), Rudolf Thome (O filsofo), Michael Verhoeven (Uma cidade sem passado), Doris Dorrie (Homens) e Percy Adlon (Bagd Caf).

TENDNCIAS CONTEMPORNEAS PASES NRDICOS


A crise sueca dos anos 20 s contornada com o aparecimento de Ingmar Bergman (Morangos Silvestres), grande influncia sobre cineastas de seu pas Alf Sjberg (Senhorita Jlia), Vilgot Sjman (Tabu), Lasse Hallstrm (Minha vida de cachorro) e do mundo inteiro. Nos anos 80, prmios internacionais fazem descobrir o novo cinema dinamarqus: Bille August (Pelle, o conquistador, A casa dos espritos), Gabriel Axel (A festa de Babette), Lars von Trier (O elemento do crime), Kaspar Rostrup (Danando pela vida) e Stellan Olsson (O grande dia na praia). Na Finlndia, destacam-se os filmes de tom irnico dos irmos Aki (Os caubis de Leningrado vo para a Amrica)

TENDNCIAS CONTEMPORNEAS RSSIA


Para lembrar o vigsimo aniversrio da malograda insurreio de 1905 contra o Czar Nicolau II, Sergei Eisenstein filmou O Encouraado Potemkin, limitando a ao ao episdio do motim do navio e ao massacre civil nas escadarias da cidade de Odessa. Apesar do tom de documentrio, o filme foi cuidadosamente construdo em todos os nveis. A teoria da montagem final de Eisenstein, segundo ele prprio explicava, baseou-se na dialtica marxista que envolve a superao da tese e da anttese produzindo uma sntese e, com a justaposio de tcnicos (luz, ngulo da cmara e movimento), criou significados. A idia do diretor era construir um heri coletivo, no caso as massas russas, representados pelos amotinados do encouraado, o povo de Odessa (simpatizantes da causa) e insurrectos de outros navios criava assim, dois personagens coletivos e coerentes: o encouraado e a cidade; o drama se construa com o dilogo e unio de ambos.

TENDNCIAS CONTEMPORNEAS RSSIA


Alm disso, Eisenstein introduziu no cinema o uso de atores no profissionais. Considerado no incio como formalista, Eisenstein foi pouco a pouco quebrando a resistncia do ortodoxo modelo artstico do realismo socialista e ganhando expresso dentro e fora de seu pas. O Encouraado Potemkin hoje considerado um dos filmes que mais revolucionaram a histria do cinema. A doutrina do realismo socialista, criada na dcada de 20, produz filmes de estilo conservador, fiis esttica oficial: Quando voam as cegonhas, de Mikhail Kalatsov, e A balada do soldado, de Grigori Tchukhrai. Uma obra original a de Andrei Tarkovski (Solaris).

TENDNCIAS CONTEMPORNEAS RSSIA


Com a perestroika, a partir de meados da dcada de 80, h maior liberdade na escolha de temas e na discusso de problemas polticos e sociais: Elem Klimov (Agonia), Tenguiz Abduladze (O arrependimento), Karen Tchakhnazarov (Cidade zero), Pavel Lounguine (Taxi blues), Serguei Paradjanov (Os cavalos de fogo) e Vassli Pitchul, cujo Pequena Vera o primeiro filme a abordar a insatisfao dos jovens com a falta de perspectivas para o futuro, ignorada pelo cinema oficial.

TENDNCIAS CONTEMPORNEAS JAPO


A premiao de Rashomon, de Akira Kurosawa, no Festival de Veneza de 1951, faz o ocidente descobrir uma produo de extrema originalidade, que enfoca tanto temticas tradicionais quanto assuntos contemporneos. Kenzo Mizoguchi (Contos da lua vaga), Teinosuke Kinugasa (As portas do inferno), Kaneto Shindo (A ilha nua), Masaki Kobayashi (Harakiri), Hiroshi Teshigahara (Mulher da areia), Yasuhiro Ozu (Dia de outono) e Shohei Imamura (A balada de Narayama) so alguns de seus grandes nomes. Na nova gerao, destacam-se Nagisa Oshima (O imprio dos sentidos), questionado no Japo como muito ocidentalizado, Juzo Itami (Tampopo), Katsuhiro Otomo (Akira), Mitsuo Kurotsuchi (Engarrafamento), Kazuo Hara (O exrcito nu do imperador) e Kohei Oguri (O ferro da morte).

TENDNCIAS CONTEMPORNEAS CHINA


A primeira classe formada pela Academia de Cinema chinesa, aps sua reabertura na dcada de 70 conhecida como quinta gerao , revela grandes nomes, como Zhang Yimou (Lanternas vermelhas, Ju Dou - amor e seduo, A histria de Qiu Ju), premiado no Festival de Veneza de 1991, e Chen Kaige, ganhador da Palma de Ouro do Festival de Cannes de 1993 com Adeus minha concubina. Ao contrrio de Yimou, um inovador da linguagem, Kaige retrata a Revoluo Cultural de seu pas com sarcasmo, usando cacoetes do cinema ocidental.

TENDNCIAS CONTEMPORNEAS OUTROS CENTROS


Arglia Aps a independncia da Frana, em 1962, nacionaliza o cinema e produz filmes que enfocam o colonialismo e as guerras de libertao. Mohammed Lakhdar-Amina, com Crnica dos anos de brasa (1974), tem sua obra prestigiada pela crtica mundial. Argentina Jos Agustn Ferreyra (As ruas de Buenos Aires) , na dcada de 30, o criador da escola nacional de cinema da Argentina. Seus seguidores principais so Fernando Birri (Os inundados) e Leopoldo Torre-Nilsson (Pele de vero). A denncia social de A hora dos fornos, realizado em 1968, leva Fernando Solanas ao exlio, de que s volta na dcada de 90, para se engajar na vida poltica de seu pas; em 1985, roda em Paris e Buenos Aires Tangos, exlio de Gardel. Na nova gerao, marcados pela represso militar nas dcadas de 70 e 80, destacam-se Hector Olivera (No haver mais dores nem esquecimento), Lus Puenzo (A histria oficial), Maria Lusa Bemberg (Miss Mary) e Eliseu Subiela (O lado escuro do corao).

TENDNCIAS CONTEMPORNEAS OUTROS CENTROS


Austrlia O cinema americano na dcada de 80 atrai talentos como os de Peter Weir (O ano em que vivemos em perigo), Bruce Beresford (A fora do carinho), George Miller (Mad Max) e Gillian Armstrong (Os ltimos dias em que ficamos juntos). O mesmo pode acontecer com a nova safra de cineastas desse pas: Jane Campion (Um anjo em minha mesa, O piano), Jocelyn Moorhouse (A prova) e Baz Luhrmann, cujo Vem danar comigo foi enorme sucesso de bilheteria em 1993. Canad Uma frmula original de cinema de animao desenvolvida por Norman McLaren e seus discpulos. Dentre os diretores convencionais, durante muito tempo apenas Gilles Carle, que dirige A verdadeira natureza de Bernardette, em 1971, e Denys Arcand (O declnio do imprio americano, de 1986, e Amor e restos humanos, da dcada de 90) conseguem ser conhecidos fora do pas. Patricia Rozema (O segredo do quarto branco) e Jean-Claude Lauzon (Noite no zo) so novos cineastas com prestgio internacional.

TENDNCIAS CONTEMPORNEAS OUTROS CENTROS


Cuba A escola de documentrio criada por Santiago lvarez (Now) tem influncia continental, moldando, por exemplo, o estilo do colombiano Carlos lvarez (O que democracia), do boliviano Jorge Sanjins (A coragem do povo), do chileno Patricio Guzmn (A batalha do Chile) ou do uruguaio Adolfo Aritarian (Um lugar no mundo). Na produo ficcional destacamse as obras de Humberto Solas (Um homem de xito, de 1976) e Toms Gutirrez Alea (A ltima ceia, de 1976, Morango e chocolate, de 1993). Espanha Produz grandes nomes: Carlos Saura (Cra cuervos, de 1976, Carmem, de 1983), Victor rice (O esprito da colmia, de 1973) e Pedro Almodvar (Mulheres beira de um ataque de nervos, de 1988, Ata-me, da dcada de 90) e Mario Cams (Os santos inocentes, de 1984). A dcada de 90 traz produes de cineastas competentes como Bigas Luna (As idades de Lulu, Ovos de ouro), Vicente Aranda (Os amantes) e Fernando Trueba (Belle poque).

TENDNCIAS CONTEMPORNEAS OUTROS CENTROS


Grcia Constantin Costa-Gavras tem destaque com Z (1968), Estado de stio (1973) e Desaparecido (1982). A premiao de Paisagem na neblina, no Festival de Cannes de 1991, chama a ateno para o talento de Theo Angelpoulos, confirmado, em 1993, por O passo suspenso da cegonha. Holanda Ptria, nos anos 50/60, de uma ilustre escola de documentaristas (Joris Ivens, Bert Haanstra), o pas volta ao circuito internacional, na dcada de 70, com Paul Verhoeven (Louca paixo). Depois que ele vai para os EUA, o prestgio do cinema holands no exterior fica a cargo do neo-realismo de Alex Van Warmerdam (Os do Norte) e do surrealismo de Joe Stelling (O ilusionista, de 1984).

TENDNCIAS CONTEMPORNEAS OUTROS CENTROS


Hungria Destacam-se Mikls Jancs (Salmo vermelho, de 1973), Marta Meszaros (Dirio ntimo, de 1985) e Istvn Szbo (Mephisto, de 1981). ndia A tradio de contar histrias e de culto s imagens faz da ndia o pas que mais produz filmes de todo o mundo. Anualmente faz mais de 800 ttulos o dobro do mercado americano. Durante muito tempo, apenas Satyajit Ray (Aparajito, de 1951) tinha obtido reconhecimento. Na dcada de 90, surge o cinema de anlise social de Mira Nahir (Salaam Bombay!). Iugoslvia Dusan Makavejev (WR, os mistrios do organismo, de 1971) e Emir Kusturica (Quando papai saiu em viagem de negcios, de 1985).

TENDNCIAS CONTEMPORNEAS OUTROS CENTROS


Mxico Emilio Fernndez (Maria Candelria) o maior nome do apogeu da indstria cinematogrfica mexicana, nos anos 30/40. Entre as dcadas de 50 e 70, destacam-se Paul Leduc (Mxico insurgente), Jaime Hermosillo (A paixo segundo Berenice), Alejandro Jodorowsky (A montanha sagrada), Lus Alcoriza (O importante viver) e Luis Buuel, que tambm filma no pas (Os esquecidos, O anjo exterminador). A gerao de 80/90 representada por Alfonso Arau (Como gua para chocolate). Nova Zelndia Num pas geralmente margem da grande produo cinematogrfica, os inslitos O intruso e Navigator lanam o talento original de Vincent Ward.

TENDNCIAS CONTEMPORNEAS OUTROS CENTROS


Polnia Merecem destaque as obras de Aleksander Ford (Os cavaleiros teutnicos, de 1960), Jerzy Kawalerowicz (Madre Joana dos Anjos, de 1961), Krzysztof Zanussi (Espiral, de 1978) e Andrzej Wajda (Danton, o processo da revoluo, de 1982). Na dcada de 90 destacam-se Krzysztof Kieslowski (No amars, A liberdade azul) e Agnieszka Holland (Os filhos da guerra). Portugal J no final da carreira, Manuel de Oliveira (Amor de perdio) descoberto e valorizado pela crtica francesa na dcada de 70. Na nova gerao, destaca-se Joo Botelho (Tempos difceis, estes tempos).

CINEMA NO BRASIL
Em quase 100 anos de existncia, o cinema brasileiro produz cerca de 2 mil filmes e conquista mais de 50 prmios internacionais, mas encontra dificuldades em se estabelecer como indstria. Com a chanchada, nos anos 30, comea a se formar um mercado consumidor. Na produo, o investimento mais ousado a inaugurao, em 1949, dos estdios da Vera Cruz, que fracassa cinco anos depois. A partir dos anos 50 e 60 o cinema novo introduz temticas e linguagens nacionais. A criao da Embrafilme, organismo estatal que financia, co-produz e distribui filmes, em 1969, cria condies para que a produo nacional se multiplique, e o pas chega nos anos 80 ao auge do cinema comercial, produzindo at 100 filmes em um ano. No final da dcada o modelo estatal entra em crise, que tem seu pice com a extino da Embrafilme, em 1990. Alguns sinais de vitalidade so notados, a partir de 1993, na forma de uma produo limitada, mas de boa qualidade.

CINEMA NO BRASIL - ORIGEM


Em 8/7/1896, apenas sete meses depois da histrica exibio dos filmes dos irmos Lumire em Paris, realiza-se, no Rio de Janeiro, a primeira sesso de cinema no pas. Um ano depois, Paschoal Segreto e Jos Roberto Cunha Salles inauguram, na rua do Ouvidor, uma sala permanente. Em 1898, Afonso Segreto roda o primeiro filme brasileiro: algumas cenas da baa de Guanabara. Seguem-se pequenos filmes sobre o cotidiano carioca e filmagens de pontos importantes da cidade, como o Largo do Machado e a Igreja da Candelria, no estilo dos documentrios franceses do incio do sculo.

CINEMA NO BRASIL PRIMEIROS FILMES


Durante dez anos o cinema brasileiro praticamente inexiste devido precariedade no fornecimento de energia eltrica. A partir de 1907, com a inaugurao da usina de Ribeiro das Lages, mais de uma dezena de salas de exibio so abertas no Rio de Janeiro e em So Paulo. A comercializao de filmes estrangeiros seguida por uma promissora produo nacional. Documentrios em curta-metragem abrem caminho para filmes de fico cada vez mais longos. Os estranguladores (1908), de Antnio Leal, baseado em fato policial verdico, com cerca de 40 minutos de projeo, considerado o primeiro filme de fico brasileiro, tendo sido exibido mais de 800 vezes. Esse filo exaustivamente explorado, e outros crimes da poca so reconstitudos em Noivado de sangue, Um drama na Tijuca e A mala sinistra.

CINEMA NO BRASIL FORMAO DOS GNEROS


Forma-se, entre 1908 e 1911, um centro carioca de produo de curtas que, alm da fico policial, desenvolve vrios gneros: melodramas tradicionais (A cabana do Pai Toms), dramas histricos (A repblica portuguesa), patriticos (A vida do baro do Rio Branco), religiosos (Os milagres de Nossa Senhora da Penha), carnavalescos (Pela vitria dos clubes) e comdias (Pega na chaleira, As aventuras de Z Caipora). A maior parte realizada por Antnio Leal e Jos Labanca, na Photo Cinematographia Brasileira. Essa produo variada sofre uma sensvel reduo nos anos seguintes, sob o impacto da concorrncia estrangeira. H um xodo dos profissionais da rea para atividades comercialmente mais viveis. Outros sobrevivem fazendo "cinema de cavao" (documentrios sob encomenda). Dentro desse quadro, h manifestaes isoladas: Luiz de Barros (Perdida), no Rio de Janeiro, Jos Medina (Exemplo regenerador), em So Paulo, e Francisco Santos (O crime dos banhados),em Pelotas.

CINEMA NO BRASIL FORMAO DOS GNEROS


A partir de 1915 produzido um grande nmero de fitas inspiradas na nossa literatura, em especial na romntica Inocncia, A Moreninha, O Guarani e Iracema. O italiano Vittorio Capellaro o cineasta que mais se dedica a essa temtica. Filme cantado Paralelamente, Cristvo Guilherme Auler e Francisco Serrador realizam os chamados filmes cantados ou falados, em que os artistas se escondem atrs das telas e acompanham com a voz a movimentao das imagens. Algumas dessas fitas so apresentadas centenas de vezes, como A viva alegre, em trs verses realizadas por Antnio Leal, Cristvo Auler e Francisco Serrador. Dentro desse estilo, destaca-se Paz e amor (1910), produzido por Auler e filmado por Alberto Botelho, o primeiro no gnero de filme-revista, que focaliza figuras e acontecimentos poltico-sociais da poca.

CINEMA NO BRASIL - CICLOS REGIONAIS


Em 1923 a produo que se limitava ao Rio de Janeiro e So Paulo estende-se a Campinas (SP), Pernambuco, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Na cidade mineira de Cataguases, o fotgrafo italiano Pedro Comello inicia experincias cinematogrficas com o jovem Humberto Mauro e, juntos, produzem Os trs irmos (1925) e Na primavera da vida (1926). O movimento gacho, de menor expresso, destaca Amor que redime (1928), um melodrama urbano, moralista e sentimental, de Eduardo Abelim e Eugnio Kerrigan. Em Campinas, Amilar Alves ganha prestgio com o drama regional Joo da Mata (1923).

CINEMA NO BRASIL - CICLOS REGIONAIS


O ciclo pernambucano, com Edson Chagas e Gentil Roiz, o que mais produz. Os primeiros filmes, de 1925, Retribuio e Jurando vingar, so de aventuras, que contam at com personagens que lembram caubis. Os temas regionais aparecem com os jangadeiros de Aitar da praia, com os coronis de Reveses e Sangue de irmo, ou com o cangaceiro de Filho sem me. Em So Paulo, Jos Medina, acompanhado do cinegrafista Gilberto Rossi, dirige o longa Fragmentos da vida, em 1929. No mesmo ano, lanado o primeiro filme nacional inteiramente sonorizado: Acabaram-se os otrios, de Luiz de Barros. No Rio de Janeiro, em 1930, Mrio Peixoto realiza o vanguardista Limite, influenciado pelo cinema europeu.

CINEMA NO BRASIL HOLLYWOOD BRASILEIRA


A partir de 1930, a infra-estrutura para a produo de filmes se sofistica com a instalao do primeiro estdio cinematogrfico no pas, o da companhia Cindia, no Rio de Janeiro. Em 1941 criada a Atlntida, que centraliza a produo de chanchadas cariocas. A reao paulista acontece mais tarde com o ambicioso estdio da Vera Cruz, em So Bernardo do Campo.

CINEMA NO BRASIL - CINDIA


Adhemar Gonzaga idealiza a Cindia, que se dedica a produzir dramas populares e comdias musicais, que ficam conhecidas pela denominao genrica de chanchadas. Humberto Mauro assina o primeiro filme da companhia, Lbios sem beijos. Em 1933, dirige, com Adhemar Gonzaga, A voz do carnaval, com a cantora Carmen Miranda. A Cindia, com a comdia musical como Al, al, Brasil, al, al, Carnaval e Onde ests, felicidade? , lana atores como Oscarito e Grande Otelo.

CINEMA NO BRASIL ATLNTIDA


Fundada em 1941 por Moacir Fenelon, Alinor Azevedo e Jos Carlos Burle, estria com Moleque Tio, filme que j d o tom das primeiras produes: a procura de temas brasileiros. Logo, porm, predomina a chanchada, com baixo custo e com grande apelo popular, como Nem Sanso nem Dalila, de Carlos Manga, e Aviso aos navegantes, de Watson Macedo, com Anselmo Duarte no elenco. Esse gnero domina o mercado at meados de 1950, promovendo comediantes como Oscarito, Z Trindade, Grande Otelo e Dercy Gonalves.

CINEMA NO BRASIL - VERA CRUZ


Empreendimento grandioso, a Companhia Vera Cruz surge em So Paulo, em 1949. Renegando a chanchada, contrata tcnicos estrangeiros e ambiciona produes mais aprimoradas, como: Floradas na serra, do italiano Luciano Salce, Tico-tico no fub, de Adolfo Celli, e O canto do mar, de Alberto Cavalcanti, que volta da Europa para dirigir a Vera Cruz. O cangaceiro (1953), de Lima Barreto, faz sucesso internacional, iniciando o ciclo de filmes sobre cangao. Amcio Mazzaropi um dos grandes salrios da companhia, vivendo o personagem caipira mais bem-sucedido do cinema nacional. A ausncia de um esquema vivel de distribuio apontada como a principal causa do fracasso da Vera Cruz.

CINEMA NO BRASIL IDENTIDADE NACIONAL


Em meados da dcada de 50, comea a surgir uma esttica nacional. Nesta poca so produzidos Agulha no palheiro (1953), de Alex Viany, Rio 40 graus (1955), de Nelson Pereira dos Santos, e O grande momento (1958), de Roberto Santos, inspirados no neorealismo italiano. A temtica e os personagens comeam a expressar uma identidade nacional e lanam a semente do Cinema Novo. Paralelamente, destaca-se o cinema de Anselmo Duarte, premiado em Cannes, em 1962, com O pagador de promessas, e dos diretores Walther Hugo Khouri, Roberto Farias (Assalto ao trem pagador) e Lus Srgio Person (So Paulo S.A.).

CINEMA NO BRASIL - CINEMA NOVO


"Uma cmera na mo e uma idia na cabea" o lema de cineastas que, nos anos 60, se propem a realizar filmes de autor, baratos, com preocupaes sociais e enraizados na cultura brasileira. Vidas secas (1963), de Nelson Pereira dos Santos, o precursor. Deus e o diabo na terra do sol, de Glauber Rocha, e Os fuzis, de Rui Guerra, tambm pertencem primeira fase, concentrada na temtica rural, que aborda problemas bsicos da sociedade brasileira, como a misria dos camponeses nordestinos. Aps o golpe de 64, a abordagem centraliza-se na classe mdia urbana, como em A falecida, de Leon Hirszman, O desafio, de Paulo Csar Sarraceni, e A grande cidade, de Carlos Diegues, que imprimem nova dimenso ao cinema nacional.

CINEMA NO BRASIL - CINEMA NOVO


Com Terra em transe (1967), de Glauber Rocha, o Cinema Novo evolui para formas alegricas, como meio de contornar a censura do Regime Militar. Dessa fase, destacam-se Macunama, de Joaquim Pedro de Andrade, Brasil ano 2000, de Walter Lima Jr., O bravo guerreiro, de Gustavo Dahl, e Pindorama, de Arnaldo Jabor.

CINEMA NO BRASIL - CINEMA MARGINAL


No final da dcada de 60, jovens diretores ligados de incio ao Cinema Novo vo, aos poucos, rompendo com a antiga tendncia, em busca de novos padres estticos. O bandido da luz vermelha, de Rogrio Sganzerla, e Matou a famlia e foi ao cinema, de Jlio Bressane, so os filmes-chave dessa corrente underground alinhada com o movimento mundial de contracultura e com a exploso do tropicalismo na MPB. Dois autores tm, em So Paulo, suas obras consideradas como inspiradoras do cinema marginal: Ozualdo Candeias (A margem) e o diretor, ator e roteirista Jos Mojica Marins (No auge do desespero, meia-noite levarei sua alma), mais conhecido como Z do Caixo.

CINEMA NO BRASIL TENDNCIAS CONTEMPORNEAS


Em 1966 o Instituto Nacional de Cinema (INC) substitui o INCE, e a Empresa Brasileira de Filmes (Embrafilme) criada em 1969 para financiar, coproduzir e distribuir os filmes brasileiros. H ento uma produo diversificada que atinge o auge em meados dos anos 80 e, gradativamente, comea a declinar. Alguns sinais de recuperao so notados em 1993.

CINEMA NO BRASIL TENDNCIAS CONTEMPORNEAS - DCADA DE 70


Remanescentes do Cinema Novo ou cineastas estreantes, em busca de um estilo de maior comunicao popular, produzem obras significativas So Bernardo, de Leon Hirszman; Lio de amor, de Eduardo Escorel; Dona Flor e seus dois maridos, de Bruno Barreto; Pixote, de Hector Babenco; Tudo bem e Toda a nudez ser castigada, de Arnaldo Jabor; Como era gostoso o meu francs, de Nelson Pereira dos Santos; A dama do lotao, de Neville d'Almeida; Os inconfidentes, de Joaquim Pedro de Andrade, e Bye, bye, Brasil, de Cac Diegues, que reflete as transformaes e contradies da realidade nacional.

CINEMA NO BRASIL TENDNCIAS CONTEMPORNEAS - DCADA DE 70


Pedro Rovai (Ainda agarro essa vizinha) e Lus Srgio Person (Cassy Jones, o magnfico sedutor) renovam a comdia de costumes numa linha seguida por Denoy de Oliveira (Amante muito louca) e Hugo Carvana (Vai trabalhar, vagabundo). Pornochanchada No esforo para reconquistar o pblico perdido, a Boca do Lixo paulista produz pornochanchadas. Influncia de filmes italianos em episdios, retomada de ttulos chamativos e erticos, e reinsero da tradio carioca na comdia popular urbana, marcam uma produo que, com poucos recursos, consegue uma boa aproximao com o pblico, como Memrias de um gigol, Lua-de-mel e amendoim e A viva virgem. No incio dos anos 80, evoluem para filmes de sexo explcito, de vida efmera.

CINEMA NO BRASIL TENDNCIAS CONTEMPORNEAS - DCADA DE 80


A abertura poltica favorece a discusso de temas antes proibidos, como em Eles no usam black-tie, de Leon Hirszman, e Pra frente, Brasil, de Roberto Farias, que o primeiro a discutir a questo da tortura. Jango e Os anos JK, de Silvio Tendler, relatam a Histria recente e Rdio auriverde, de Silvio Back, d uma viso polmica da atuao da FEB na II Guerra. Arnaldo Jabor faz Eu te amo e Eu sei que vou te amar. Surgem novos diretores Lael Rodrigues (Bete Balano), Andr Klotzel (Marvada carne) e Susana Amaral (A hora da estrela). No final da dcada, a retrao do pblico interno e a atribuio de prmios estrangeiros a filmes brasileiros fazem surgir uma produo voltada para a exibio no exterior: O beijo da mulher aranha, de Hector Babenco, e Memrias do crcere, de Nelson Pereira dos Santos. As funes da Embrafilme, j sem verbas, comeam a esvaziar-se, em 1988, com a criao da Fundao do Cinema Brasileiro.

CINEMA NO BRASIL TENDNCIAS CONTEMPORNEAS - DCADA DE 90


A extino da Lei Sarney e da Embrafilme e o fim da reserva de mercado para o filme brasileiro fazem a produo cair quase a zero. A tentativa de privatizao da produo esbarra na inexistncia de pblico num quadro onde forte a concorrncia do filme estrangeiro, da tev e do vdeo. Uma das sadas a internacionalizao, como em A grande arte, de Walter Salles Jr., coproduzida com os EUA. O 25 Festival de Braslia (1992) adiado por falta de filmes concorrentes. No de Gramado, internacionalizado para poder sobreviver, s se inscrevem, em 1993, dois filmes brasileiros: Capitalismo selvagem, de Andr Klotzel, e Forever, de Walter Hugo Khouri, rodado com financiamento italiano.

CINEMA NO BRASIL TENDNCIAS CONTEMPORNEAS - DCADA DE 90


A partir de 1993 h uma retomada da produo, atravs do Programa Banespa de Incentivo Indstria Cinematogrfica e do Prmio Resgate Cinema Brasileiro, institudo pelo Ministrio da Cultura. Diretores recebem financiamentos para a produo, finalizao e comercializao dos filmes. Aos poucos, as produes vo aparecendo, como A terceira margem do rio, de Nelson Pereira dos Santos, Alma corsria, de Carlos Reichenbach, Lamarca, de Srgio Rezende, Vagas para moas de fino trato, de Paulo Thiago, No quero falar sobre isso agora, de Mauro Farias, Barrela escola de crimes, de Marco Antnio Cury, O Beijo 2348/72, de Walter Rogrio, e A Causa Secreta, de Srgio Bianchi. A parceria entre televiso e cinema se realiza em Veja esta cano, dirigida por Carlos Diegues e produzida pela TV Cultura e pelo Banco Nacional.

CINEMA NO BRASIL TENDNCIAS CONTEMPORNEAS - DCADA DE 90


Em 1994, novas produes, em preparao ou mesmo finalizadas, apontam: Era uma vez, de Arturo Uranga, Perfume de gardnia, de Guilherme de Almeida Prado, O corpo, de Jos Antonio Garcia, Mil e uma, de Susana Moraes, Sbado, de Ugo Giorgetti, As feras, de Walter Hugo Khouri, Foolish heart, de Hector Babenco, Um grito de amor, de Tizuka Yamasaki, e O cangaceiro, de Carlos Coimbra, um remake do filme de Lima Barreto.

Referncia
Material Extrado do Almanaque Abril de 1998 e 2005 e complementado por Webcine.

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