Tomate Hidroponico

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 8
REUTILIZAGAO DOS EFLUENTES E SUBSTRATOS ALTERNATIVOS EM CULTURAS SEM SOLO DE TOMATE EM ESTUFA (Resumo dos resultados obsidos no PAMAF- 6156 ) 1. Entidades Participantes Universidade do Algarve (UAIg) Centro de Hidroponia Lda. (CH) Direogao Regional de Agricultura do Algarve (DRAALG) 2. Responsavel pelo Projecto Mario Reis (UAIg) 3. Responsavel pela Componente DRAALG do Projecto Joao Costa 4. Equipa Técnica da DRAALG Armindo Rosa Artur Rodrigues Joao Costa Paulo Oliveira 5. Introducdo A Horticultura —é naturalmente uma actividade de elevada importancia econémica e social, néo s6 a nivel regional como nacional. No Algarve, a horticultura protegida atingiu grande relevancia _aproveitando as condigées climaticas da regio, tendo a area de culturas em estufa atingido cerca de 1400 ha ‘em 1989/90 (Marreiros, 1992). Limitagdes de natureza técnica e econémica tém, no entanto, vindo a condicionar a producdo intensiva de horticolas. De entre limitagdes econémicas podem-se referir sobretudo a concorréncia com outras regides produtoras, no pais e no estrangeiro, em particular Espanha. No aspecto técnico destaca-se a progressiva salinizagdo dos solos e a ocorréncia de doengas de solo. Para ultrapassar os problemas técnicos relacionados com a cultura no solo, e a semelhanga do ocorrido néo sé em paises mais avancados tecnologicamente mas também em paises de menores recursos econdmicos, tem-se recorrido a cultura sem solo. Este desenvolvimento é particularmente importante na Regido Algarvia, onde, da situacao de praticamente inexistente em 1993, se passou para cerca de 70 ha de culturas em substrato em 1995 (Rosa et al., 1995) e para cerca de 100 ha em 2000 (PAMAF; 6156, 2000). A cultura em substrato tem-se efectuado sobretudo em sistema aberto, 0 que implica a saida para o exterior do sistema de uma parte significativa da agua e dos nutrientes aplicados na fertirrega, normalmente entre 20 a 40% da solugao nutritiva total fornecida as plantas. Por este motivo, é claramente vantajosa e imperiosa a reciclagem da solugéo drenada, o que tem vindo a ser estudado a nivel mundial particularmente desde os anos 70, utilizando a ld de rocha como substrato na maior parte das situagées. No nosso pais, 0 estudo da cultura em substrato faz-se j4 desde o inicio dos anos 90. Em 1991, na Universidade do Algarve, comegou-se a estudar a produgao em la de rocha em sistema fechado, com a cultura de tomate (1991/92) @ de meléo (1992/93) (Reis et al. 1993). Em 1992 a DRAALG e a empresa Hubel estabeleceram ensaios de cultura em lé de rocha em sistema aberto de diversas culturas horticolas (Rosa et al. 1994, 1997). A la de rocha é um material praticamente inerte mas com elevado custo energético de produgéo e pode apresentar problemas de eliminagao apés a sua vida tt Numerosos outros materiais tém sido testados como substrato, sabendo-se que grande parte destes materiais podem ser usados com sucesso, desde que ajustadas as condigdes técnicas de utilizacdo. Por isso, as duas questées principais que se colocam ao equacionar a adopeao pela cultura sem solo, e em particular a cultura ‘em substrato, so as seguintes (FAO, 1990): ~ Qual o sistema mais adequado? (atendendo as condigées existentes, em particular a disponibilidade de materiais, a capacidade técnica e econdmica dos agricultores e de apoio técnico), - Podera 0 sistema escolhido concorrer economicamente com a producdo local noutros sistemas. Ou com os produtos importados de outras regides? Relativamente primeira questo, de entre os sistemas de cultura sem solo, a cultura em substrato apresenta algumas vantagens técnicas relativamente a outros sistemas de cultura sem solo, e até psicolégico, por ser o sistema que mais se aproxima da cultura em solo. No Algarve tem-se optado pelos materiais comercialmente mais conhecidos, nomeadamente a Id de rocha, a fibra de coco e a perlite, ocupando a cultura nestes materiais aproximadamente cerca de 60%, 40% e 1a 2% da area total, respectivamente (Rosa, 1999). Existem no entanto, na regido e no pais, materiais que podem ser usados com sucesso como substrato (Reis, 1997). Assim, foram testados neste projecto dois materiais nacionais, relativamente faceis de obter: 0 bagago de uva e a casca de pinheiro. Estes materiais, previamente compostados, foram usados como substrato, comparando-se 0 seu comportamento BAGACO DE UVA Bene Wee P hati ciate} ‘em cultura com a cultura tradicional em la de rocha. Em relagao & segunda questao atras referida, so conhecidas as vantagens climaticas do Algarve para a produgao de produtos “fora de época’, e por outro lado, as restricdes importantes a cultura no solo devido aos problemas associados a salinizagao e as doengas de solo, resultantes do uso intensivo dos solos na regiao. Nestas condigdes, a cultura sem solo permitira continuar a tirar partido das condigdes climaticas favoraveis e evitar aqueles problemas. 6. Objectivos do Projecto Considerando os problemas ambientais resultantes da utilizacao da la de rocha e do sistema de producéo em sistema aberto, a existéncia local de materiais que poderiam constituir alternativas como substrato de cultura e as condigées climaticas e técnicas existentes na regiao, foi delineado este projecto com dois objectivos principais: - Estudar a produgao em sistema fechado e desenvolver um processo de reutilizacao da fraceao nao reciclada da solucao nutritiva; - Testar a viabilidade da utilizago de substratos alternativos na cultura sem solo de tomate em estufa. 7. Metodologia Nao havendo experiéncia de utilizagéo de compostos nas condigdes em que se utiliza a 14 de rocha, houve necessidade de desenvolver um contentor simples e econémico, utilizével em condigdes analogas as da la de rocha, constituide por um ‘saco com dimensées idénticas as placas de la de rocha. O composto de casca de pinheiro foi obtido numa empresa da regido, por se tratar de um material j& conhecido e por existirem produtores deste composto noutras regides do pais, sendo por isso um material acessivel aos agricultores. © composto de bagaco de uva nao é produzido habitualmente por nenhuma empresa, pelo que foi adquirido e compostado. Para o sistema de cultura foi projectado um sistema simples, barato e eficaz de recolha da solucdo drenada, embora existam no mercado dispositivos adequados, mas de custo mais elevado. O controlo da solugdo de rega realizou-se através de equipamentos conhecidos e comercialmente disponiveis. Instalou-se um sistema de aquecimento, numa das estufas, com o objectivo de melhorar as condigées de produgao. A produgao obtida nas modalidades testadas foi quantificada (peso e n.? de frutos) e avaliada quanto a sua qualidade (parametros de qualidade), tendo sido comparada sempre que possivel com a producdo obtida na cultura em solo na regiao. Dados técnicos e culturais. - Cultura: - Tomate, cultivar “Sinatra”, tipo longa vida, com calibre grande, - Densidade de plantacao: 2.2 plantasim” - Sistema de rega: Rega localizada, com gotejadores de 2 Vhora e microtubo (1 gotejador por cada 2 plantas), - Polinizagao: Fitorreguladores (TOMAFIX®) durante a floracéo do 1? cacho e insectos polinizadores (Bombus terrestris) a partir do 2° acho, - Substratos estudados: * La de rocha, em placas de 15 litros (100x10x15cm), * Composto de bagago de uva, em sacos de 30 litros (100x20cm de 9), * Composto de casca de pinheiro, em sacos de 30 litros (100x20em de o), 8. Principais Resultados e Conclusdes Os resultados que se apresentam resumem os valores das produgées obtidas em ensaios realizados no Centro de Experimentagao Horto-fruticola do Patacdo nos anos de 1997/98 e de 1998/99, nas diferentes situacdes em estudo. Resultados mais pormenorizados apresentam-se no “Relatério Final do Projecto PAMAF - 6156" CAMPANHA DE 1997 -1998 + Data de plantagdo: - 12/12/1997, * Colheita; * Inicio: -16/03/1998; * Final: - 27/06/1998; + Situagdes estudadas: a) Substrato de la de rocha, com e sem reciclagem da solugao nutritiva e aquecimento do substrato a 17-18 °C. Produgao (kg/m?) Custo dos —_———————_adubos TRATAMENTO Incomercial Comercial Total ‘Skg) SEM RECICLAGEM 2.70 19.60 22.30 3857 COM RECICLAGEM 1.90 19.90 21.80 3813 ral "Notar escudos por Kg de produgao comercial b) - Substrato de la de rocha, composto de bagaco de uva e composto de casca de pinheiro, sem reciclagem da solucdo nutritiva e aquecimento do substrato a 17- 18°C. Produgao (kg/m?) TRATAMENTO Incomercial Comercial Total LA DE ROCHA 2.70 19.60 22.30 BAGACO DE UVA 2.60 19.80 22.40 CASCA DE PINHEIRO 3.00 18.60 21.60 ¢) - Substrato de ld de rocha, sem reciclagem da solugao nutritiva, com e sem aquecimento do substrato a 17-18 °C. Produgao (kg/m?) TRATAMENTO Incomercial Comercial Total SEM AQUECIMENTO 3.30 17.30 20.60 COM AQUECIMENTO 2.70 19.60 22.30 Data de plantacao: - 19/11/1998, Colheita; * Inicio: -15/03/1999; © Final: - 28/06/1999; Situagées estudadas: a) - Substrato de ld de rocha, composto de bagago de uva e composto de casca de pinheiro, sem reciclagem da solugao nutritiva e sem aquecimento do substrato. Producao (kgim*) Custo dos TRATAMENTO a _ adubos Incomercial Comercial Total (/xg)* LA DE ROCHA (22 Cultura) 5.4 83 13.7 7$84 BAGACO DE UVA (2 Cultura) 5.0 63 11.3 10$33 CASCA DE PINHEIRO 48 75 123 868 (28 Cultura) *Nota: escudos por Kg de produgio comercializavel b) - Substrato de la de rocha e composto de bagago de uva, com reciclagem da solugdo nutritiva e aquecimento do substrato a 17-18 °C.. Produgao (kg/m?) Custo dos ‘adubos TRATAMENTO Incomercial Comercial Total KS) TADE ROCHA (emt Gutura 28 12.5 153 5$50 LADE ROCHA fem atGuaray 26 13.2 158 © 5$20 BAGAQO DE UVA fear eeuharah 34 13.3 167 8$17 BAGAGO DE UVA 26 12.4 15.0 5854 (em 2? Cultura) *Nota: escudos por Kg de producio comercializével Relativamente aos dois objectivos inicialmente previstos, pode-se concluir o seguinte 1. Estudo da producao em sistema fechado e desenvolvimento de um processo de reutilizacao da solucao nutritiva. ‘A produgéo em sistema fechado revelou-se tecnicamente possivel, permitindo obter producées competitivas em quantidade e qualidade com a produgao em solo. Para reutilizar a drenagem nao reciclada pode-se recorrer & sua diluicdo e reequilibrio da concentracao iénica para preparar nova solugao nuttitiva para outra cultura em estufa ou ao ar livre. Verificamos ainda que com reciclagem 0 aproveitamento da solugao nutritiva aplicada a cultura superou os 95%. Sem reciclagem tivemos um aproveitamento da solugdo nutritiva da ordem dos 60%. 2. Teste da viabilidade da utilizacdo de substratos alternativos na cultura de tomate em estufa (© composto de residuos vegetais, nomeadamente 0 composto de bagago de uva, apresentou grande potencial de utilizacéo como substrato horticola para culturas ‘sem solo em saco, em condigées idénticas as de cultura com la de rocha. Mais do que simples alternativas de outros substratos horticolas, 0 compostos organicos de residuos vegetais podem constituir substratos de cultura que combinam a reducao de problemas ambientais, a montante, durante e a jusante da sua utilizagao, com a valorizagao econémica dos recursos locais, numa perspectiva de desenvolvimento agricola sustentado. Relativamente ao aquecimento do substrato, podemos observar que ele permite obter produgdes mais elevadas, mas nao foi possivel obter dados suficientes para aconselhar desde jd a instalagao destes equipamentos nas estufas, especialmente se estas forem do tipo tradicionalmente utilizado na regido do Algarve. 9. Publicagées e principais Acces de Divulgacéo Os trabalhos realizados durante o projecto permitiram a realizagéo de numerosas acgdes com especial destaque para as seguintes: * Apresentagao de um trabalho no ‘World Congress on Solless Culture “Agriculture in the coming millennium’israel, com publicagéo num volume especial da Acta Horticulturae, editada pela ISHS, + Realizagao de trés estagios curriculares em Engenharia Agronémica da Ualg e um em Engenharia Agricola da UTAD, + Realizacdo de trés “Dias Abertos” no CEHFP respectivamente em 29/04/98, subordinado ao tema “Accao de divulgagao das culturas horticolas em. substratos”, em 23/04/99, com o tema “2! Acco de divulgagao das culturas horticolas em substratos — Hidroponia” e em 24/03/2000, dedicado a “Cultura do tomateiro sob abrigo alto ~ Resultados da actividade experimental’, * Visitas gerais aos ensaios da DRAALG, com uma participagao rondando os 2000 visitantes ano, repartidos por produtores, técnicos, estudantes e outros interessados, © projecto — permitiu também a publicagao de um felatério final, folhetos, artigos. e reportagens sendo de destacar: © Relatério final — Projecto. PAMAF- 6156, “Reutilizagao dos efluentes substratos alternativos em cultura sem solo de tomate em estufa’, + Folheto de divulgacéo Projecto PAMAF 6156: “Reutilizagao dos efluentes e substratos alternativos em cultura sem solo de tomate em estufa” - Sintese de Resultados, * Folheto de divulgacao Projecto PAMAF 6156: “Instalagao de Culturas Sem Solo” - Estimativa de custos para uma cultura de tomate, + Artigo no “Correio da Manha” de 13/04/99, “Horticultura sem terra, cria raizes, no Algarve, * Artigo na folha informativa n.2 56 — Jan./99, da Associagéo Portuguesa de Horticultura, + Reportagem da TVI, realizada em 15/04/99 e transmitida na semana seguinte no jornal da tarde. 10. Montante Investido no Projecto (componente DRAALG) Do montante inicialmente previsto, 10.400.000$00, foram gastos 10.396.447$00 repartidos do modo seguinte: Rubricas 1998 7999) 2000 TOTAL, Reoursos Humanos T.7100.000800 500.000800___1.600.000500 ‘Aperfeigoamento profissional 234.438$00 -86.098$00 320.536800 Imputes intermédios _3.973.303$00 _3.103.427$00 276683800 _7.353.413$00 Infra-estruturas—@ equipamentos 1.122.498$00 1.122.498800 TOTAL 5.330.239$00_4.289.525$00_776.683$00 _10.396.447$00 Armindo José Goncalves Rosa DRAALG - Direcgio Regional de Agricultura do Algarve Referéncias bibliograficas Marreiros, A.1992. A horticultura algarvia. Situagao actual e perspectivas de futuro ao nivel das novas culturas e culturas tradicionais. 18s Jornadas de Produgao Agricola do Algarve. Montechoro, 31 de Maio a 2 de Abril Rosa, A., J.M.B.Sousa, A. Rodrigues e J.Cago.1995. Culturas horticolas em substrato de [4 de rocha. Anudrio de Horticultura 1992/93 e 1993/94. MADRP, Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural, DRAALGIDIRP. Relatério Final do Projecto PAMAF — 6156 “Reutilizacao dos efluentes e substratos alternativos em cultura sem solo de tomate em estufa”. Reis, M., M. Pestana, A.. Lagoa e E. A. Faria. 1993. Sobre a utilizago de um sistema de hidroponia. Actas de Horticultura da SECH, 10:1219-1222, Rosa, A., J.M.B.Sousa, A. Rodrigues e J.Caco.1994. Culturas horticolas em substrato de [4 de rocha. Anudrio de Horticultura 1990/91 e 1991/92. MADRP, Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural, DRAALGIDIRP. Rosa, A., J.M.B.Sousa, e J.Cago.1997. Estudo do interesse em adensar a cultura de feljo verde quando implementado em substrato de la de rocha. II Congresso Iberoamericano de Ciéncias Horticolas, 11 a 15 de Marco. Actas de Horticultura 17: 256-274. Rosa, A.1999. Culturas agricolas sem solo no Algarve. APH ~ Folha Informativa 59:6-10. FAO.1990.Plant Production and Protection Pao.101. Roma. Reis, M. 1997. Compostagem e caracterizagao de residuos vegetais para utiizagao ‘como substratos horticolas. Tese de doutoramento. Universidade do Algarve. Faro.

Você também pode gostar