Tijolos Prensados Estabilizado
Tijolos Prensados Estabilizado
Tijolos Prensados Estabilizado
Aldnio Roberto Oliveira de Carvalho Engenheiro qumico Jamesson dos Santos Poroca Engenheiro civil
ISSN 0104-4176
Braslia, 1995
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnolgico
IBICT
Instituto Brasileiro de Informao em Cincia e Tecnologia
Banco de Solues, nmero 24 "Como fazer e usar tijolos prensados de solo estabilizado"
1994 Fundao Pr-Habitar - Habitec Direitos desta edio cedidos ao Instituto Brasileiro de Informao em Cincia e Tecnologia. (IBICT)
Coordenao editorial: Margaret de Palermo Normalizao e reviso: Francisco de Paula Programao visual: Nair Costa Barreto Capa e arte-final: Ccero Freitas dos Reis Composio: J sm r Souza Santos e Cleber da Costa Matos oi a Editorao eletrnica: Rogrio Anderson e Cludia Regina Rossi
Carvalho, Aldnio Roberto Oliveira de. Como fazer e usar tijolos prensados de solo estabilizado / Fundao Pr-Habitar Habitec. - Braslia: IBICT; Recife, Habitec, 1995. 38 p.- (Banco de Solues; n.24) 1. Tijolos prensados - solo estabilizado - fabricao, l. Poroca, Jamesson dos Santos. II Srie. III Titulo. CDU 693.2
IBICT - Instituto Brasileiro de Informao em Cincia e Tecnologia SAS, Quadra 5, Lote 6, Bloco H 70070-914-Braslia, DF
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APRESENTAO
O CNPq/IBICT d continuidade "Srie Banco de Solues" acrescentando s cartilhas anteriormente publicadas ttulos nas reas de saneamento e habitao. A referida srie faz pane das aes de difuso de tecnologias de baixo custo que o IBICT vem realizando por meio do Subprograma de Informao Tecnolgica/Projeto Rede Nacional de Transferncia e Difuso de Tecnologias Apropriadas do Programa de Apoio s Tecnologias Apropriadas - PTA, coordenado pelo CNPq. O Projeto Rede Nacional de Transferncia e Difuso de Tecnologias Apropriadas objetiva apoiar atividades de capacitao tecnolgica e tem como finalidade principal estimular maior intercmbio entre os institutos de pesquisa, as universidades, os organismos no governamentais, as prefeituras municipais, as comunidades de base e o povo em geral para retomar aes que permitam tecnologia contribuir para a diminuio da taxa de desemprego, a criao de empresas e o desenvolvimento social. Parcerias com diferentes entidades detentoras de tecnologias vm permitindo a realizao e difuso da "Srie Banco de Solues".
SUMRIO
1 Histrico/antecedentes 2 Tijolos prensados de solo estabilizado 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 2.7 2.8 Introduo Descrio geral e vantagens Materiais componentes Trao das misturas Fabricao Controle de qualidade Viabilidade econmica Uso em construo e recomendaes para projetos
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3 Tijolos e prensas hidrulicas desenvolvidas pelo Habitec . . . 3.1 Tijolo para uso convencional 3.2 Tijolo para uso por encaixe/intertravamento 3.3 Prensas hidrulicas para fabricao de tijolos 4 Transferncia de tecnologia 4.1 4.2 4.3 4.4 Implantao de unidades produtoras de tijolos Metodologia da transferncia tecnolgica Cooperao e assessoria tcnica aps a implantao Baixo custo e rapidez na implantao
5 Descrio da instituio fornecedora da tecnologia 6 Instituies receptoras da tecnologia 7 Bibliografia recomendada Anexo: Documentao fotogrfica
1 HISTRICO/ANTECEDENTES
Na dcada passada, particularmente na sua segunda metade, foram realizadas no Brasil diversas pesquisas, estudos e experincias, na tentativa de viabilizar, do ponto de vista tcnico, econmico e prtico, a utilizao de tijolos prensados de solo estabilizado na produo de moradias populares. Nesse perodo, na Regio Metropolitana do Recife-PE, foram desenvolvidas algumas experincias prticas de produo e utilizao de tijolos de solo estabilizado com cal e com cimento em projetos de habitao popular conduzidos por governos municipais. Dentre as experincias, destacaram-se os trabalhos realizados na cidade de Olinda e o Projeto Solo-borra de Carbureto (1), de onde teve origem a maioria dos tcnicos organizadores do Habitec. A Fundao Pr-Habitar uma sociedade civil sem fins lucrativos, constituda em maio de 1990 por uma equipe multidisciplinar de tcnicos que acreditam que tecnologias apropriadas, associadas autoconstruo, podem proporcionar um caminho eficaz de combate ao dficit junto populao de baixa renda, tradicionalmente alijada dos programas convencionais de habitao, O Habitec considera este segmento populacional seu pblico alvo e o Estado de Pernambuco e o Nordeste como reas prioritrias de sua atuao, cujo objetivo central contribuir para reduo do dficit habitacional, por meio do desenvolvimento e difuso de tecnologias apropriadas, do treinamento e assessoria tcnica a mutirantes e auto construtores e da defesa e cooperao com polticas pblicas que se mostrem socialmente justas e eficazes.
(1)Projeto de habitao popular baseado na auto construo de moradias e no aproveitamento da cal residual "borra de carbureto" na produo de tijolos de solo estabilizado. Foi desenvolvido no municpio do Cabo de Santo Agostinho (Regio Metropolitana do Recife - RMR), de 1987 a 1989, pela equipe tcnica que atualmente constitui o Habitec. Contou com o apoio do Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento - PNUD (Projeto BRA 85/005) e do Departamento de Pesquisa Aplicada do BNH/CEF. Resultou na implantao da fbrica de tijolos, construo de 160 casas populares e cerca de 2OOOm2 de equipamentos comunitrios. Esta experincia encontra-se registrada no livro Dez Alternativas Tecnolgicas para Habitao, publicado em 1989 pelo PNUD e Ministrio do Interior. Atualmente, sete anos aps sua implantao, a fbrica de tijolos continua funcionando, administrada pela Empresa Municipal de Urbanizao, que segue utilizando os tijolos na construo de casas populares e equipamentos comunitrios.
Um dos primeiros trabalhos iniciados pelo Habitec, a partir de 1991, foi o Programa de Desenvolvimento de Tecnologias Apropriadas para Habitao, tendo por base dois objetivos principais: a) promover o desenvolvimento de tecnologias apropriadas para habitao, particularmente aquelas que possam ter viabilidade tcnica e econmica, potencial de utilizao ampla, principalmente em Pernambuco e no Nordeste, e que possam beneficiar a populao da baixa renda, reduzindo custos e simplificando a auto construo de moradias; b) elevar o potencial tecnolgico do Habitec, fortalecendo e aprimorando sua equipe tcnica e sua capacidade de difuso tecnolgica e de assessoria tcnica a instituies pblicas e organizaes comunitrias envolvidas em projetos populares de auto construo.
O trabalho foi inicialmente realizado com o apoio da Fundao Instituto Tecnolgico de Pernambuco (Itep) e, a partir de 1993, mediante convnio de cooperao tcnica, com os Laboratrios de Solos e Instrumentao (LSI) e de Materiais de Construo (LMC), ambos vinculados ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O Programa compreende alguns projetos de pesquisas aplicadas, e deu-se nfase inicialmente ao aprimoramento tecnolgico do tijolo prensado de solo estabilizado. O objetivo era elevar o potencial de viabilidade tcnica e econmica da sua produo, ampliando as possibilidades de difuso tecnolgica por meio do desenvolvimento de novos equipamentos e de uma metodologia de transferncia eficaz. Essa prioridade inicial foi definida, levando-se em conta ser o solo um dos materiais de construo mais disponveis, de baixo custo e popularmente utilizados no Brasil, particularmente na regio nordeste, pelo conjunto de informaes tcnicocientficas disponvel sobre esta tecnologia e pelo fato de j haver uma certa experincia da equipe do Habitec com a questo da produo e utilizao de tijolos prensados de solo estabilizado. Os resultados obtidos at o presente, bem como as implicaes dos mesmos no Programa de Difuso Tecnolgica, que est sendo iniciado pelo Habitec, sero discutidos nos tpicos seguintes.
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c) o processo de produo por moldagem em prensas permite, alm da regularidade dimensional, obterem-se sistemas de encaixe (positivo/negativo) perfeitos, que, alm de reduzir ainda mais argamassa de rejunte, podem proporcionar sistemas construtivos mais simples e apropriados a trabalhadores no especializados; d) devidamente protegido da ao direta da gua, pode dispensar o uso de revestimento, sendo, portanto, recomendvel revestir paredes com tijolos vista, ou alvenaria aparente; e) no provoca danos ambientais na fabricao, j que no necessita ser queimado e dispensa o uso de combustveis; f) emprega na fabricao, basicamente, mo-de-obra no especializada. 2.3 Materiais componentes a. Solo o material que entra em maior proporo na mistura (cerca de 90%). Com exceo de partculas maiores como pedras e pedregulhos, compe-se naturalmente de argila, silte e areia em propores variveis e um nmero ilimitado de combinaes. Praticamente, qualquer tipo de solo disponvel pode ser utilizado, excluindo-se apenas aqueles muito arenosos, com pouca plasticidade, que no oferecem condies de moldagem e os solos de colorao escura, com excessiva plasticidade (massap), usados na fabricao de tijolos queimados. No devem ser utilizados, tambm, solos que contenham matria orgnica, pois esta neutraliza as reaes de estabilizao. De uma maneira geral, o tipo de solo disponvel determina qual o estabilizante a ser empregado e esta escolha dever ser sempre em funo de fatores tcnicos e econmicos. Para a estabilizao com o cimento, recomenda-se a utilizao de solos arenosos com uma certa quantidade de argila para dar coeso mistura e permitir a desmoldagem, o manuseio aps a prensagem e o empilhamento dos tijolos durante a cura.
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A prtica tem demonstrado que os solos mais adequados apresentam as seguintes caractersticas: passando na peneira ABNT 4,8 mm (n 4) passando na peneira ABNT 0,075 mm (n 200) limite de liquidez ndice de plasticidade 100% 10 a 50% menor ou igual a 45% menor ou igual a 18%
No caso de no se dispor de laboratrio para estes ensaios, sugere-se o ensaio expedido da caixa: - tomar uma poro de solo destorroado e peneirado misturando gua aos poucos at que o solo comece a grudar na lmina da colher de pedreiro; - colocar o solo umedecido em uma caixa de madeira impermeabilizada com dimenses internas de 60,00 x 8,50 x 3,50cm previamente lubrificada com leo diesel ou similar; - guardar a caixa ao abrigo do sol e da chuva durante sete dias; - medir a retratao do solo no sentido do comprimento da caixa, que no deve ultrapassar 2cm e no deve apresentar trincas. No caso da estabilizao com cal, embora no se tenha uma definio precisa das caractersticas dos solos adequados, sabe-se que solos ativos em relao cal proporcionam bons resultados e que quem confere esta atividade aos solos so as quantidades e os tipos de argilas neles presentes. Neste caso, as reaes de estabilizao ocorrem entre a cal e a frao argilosa dos solos para produzir substncias cimentantes similares s da reao do cimento com a gua. De um modo geral, os solos laterticos, de colorao entre o vermelho e o amarelo (muito comuns nas regies tropicais) com pelo menos 20% de argila em suas composies, tm se mostrado adequados estabilizao com cal. b. Estabilizante Os dois agentes estabilizantes mais comuns e facilmente encontrados so o cimento portland e a cal hidratada. O cimento portland comum (NBR 5732) e o Cimento Portland Pozolnico (NBR 5735) so os mais usados, embora no haja restries ao emprego de outros tipos de cimento portland.
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Quanto cal, importante que a mesma seja hidratada e de boa qualidade em termos de pureza e finura. Cal virgem no adequada e no deve ser utilizada. Quando houver disponibilidade, a cal residual subproduto da hidrataco do carboreto de clcio na fabricao do acetileno, conhecida como "borra de carbureto", poder ser utilizada satisfatoriamente.
2.5 Fabricao
A fabricao dos tijolos bastante simples e compreende as seguintes etapas: Preparao do solo Nesta etapa, o solo seco, destorroado e peneirado. A secagem deve ser feita ao sol e o solo deve ficar com umidade baixa o suficiente para ser estocado e possibi-
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litar o destorroamento e o peneiramento. Recomenda-se que as peneiras tenham abertura de malha em torno de 3,50mm, para o solo-cal e at 4.80mm para o solocimento e o peneiramento deve ser manual para produes de at 250-300 tijolos por hora. Preparao da mistura A mistura solo-estabilizante dever ser feita em uma quantidade suficiente para permitir em torno de 40 minutos de funcionamento da prensa, enquanto uma nova mistura vai sendo preparada. Para produes de at 250-300 tijolos por hora, a mistura pode ser preparada manualmente. Adiciona-se, ao solo peneirado, a cal e/ou cimento na proporo (trao) previamente escolhida, mistura-se a seco at colorao uniforme e adiciona-se gua aos poucos at que se atinja a umidade ideal. A verificao da umidade adequada da mistura feita, com razovel preciso, da seguinte forma prtica: a) toma-se uma poro da mistura e aperta-se vrias vezes entre os dedos e a palma da mo, at formar um bolo com a marca deixada pelo dedos; b) deixando-se o bolo cair de uma altura aproximada de um metro, sobre uma superfcie dura, se ele se partir em um pequeno nmero de pedaos, sinal de que a mistura est com a umidade correta. Se, porm, o bolo esfarelar-se, a mistura est seca; se o bolo colar na superfcie, sem partir-se, sinal de que est muito mida. Moldagem e cura dos tijolos A mistura ento colocada na prensa onde sero moldados os tijolos. Aps o desmolde, os tijolos so transportados em bandejas para a rea de cura. Os tijolos de solo-cimento devem ser empilhados at uma altura de 1,50m sobre uma superfcie plana sombra. Aps seis horas da fabricao e durante sete dias, os tijolos devem ser mantidos midos com molhagens freqentes, a fim de se garantir a cura necessria. Os tijolos de solo-cal e solo-cal-cimento devem ser curados durante sete dias aps a moldagem em um ambiente quente e mido que favorea as reaes de estabilizao.
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Em algumas reas do Nordeste, a umidade e temperatura do ambiente natural j so suficientemente favorveis, e a cura pode ser realizada em rea coberta, onde os tijolos so empilhados at 1,5m de altura sobre uma superfcie plana. Em outras situaes, os tijolos devem ser mantidos envoltos em lona de plstico preto, ou em estufas solares, onde sero umedecidos sempre que necessrio, de modo que o ambiente permanea mido e o mais quente possvel. Aps o perodo de cura, os tijolos devem ser mantidos sombra, estocados em pilhas ou diretamente liberados para o uso.
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b) produo contnua, na forma de unidade produtora voltada para suprir de tijolos uma determinada comunidade. Nesse caso, a viabilidade econmica depende da localizao, custo dos materiais e mo-de-obra, incluindo obrigaes sociais e capacidade de produo diria. Todos estes fatores incidem sobre o custo de fabricao dos tijolos, que deve ser confrontado com o preo do similar cermico e a aceitao do novo produto no mercado local. De um modo geral, a experincia indica que, na maioria das situaes, economicamente vivel a produo de tijolos de solo estabilizado. Entretanto, deve-se evitar generalizaes, e cada situao precisa ser analisada especificamente.
c) Cobertura As coberturas de construes populares so geralmente em estruturas de madeira com telhas cermicas tipo "canal" ou "colonial". Recomenda-se que o transpasse da coberta, comumente chamado de "beirai", tenha o mnimo 50,00cm, para diminuir a incidncia de gua proveniente de chuvas na base das alvenarias. Esta providncia especialmente importante quando a alvenaria for aparente. d) Instalaes Nas construes com tijolos de solo estabilizado, as instalaes eltricas e hidrossanitrias so executadas convencionalmente, podendo ficar aparentes ou embutidas. e) Previso de acrscimos Os tijolos prensados de solo estabilizado permitem expanses posteriores, tanto horizontais como verticais, em construes executadas originalmente com tijolos semelhantes, como tambm com tijolos cermicos convencionais. f) Conforto trmico As paredes construdas com tijolos de solo estabilizado apresentam desempenho trmico equivalente s construdas com tijolos de barro cozido. Os cuidados relativos ao projeto, portanto, devem ser os mesmos. g) Manuteno e durabilidade As construes com paredes de tijolos de solo estabilizado devem ter manuteno semelhante s de alvenaria convencional, e admite-se que ambas tenham durabilidade compatvel. h) Custo da construo Admitindo-se que o tijolo tenha um custo de fabricao vantajoso, a reduo de custo que o mesmo ir proporcionar na construo relativa e depende do projeto como um todo e de como ser executada a obra. Na construo de casas populares, onde o projeto prev outras alternativas para reduo de custos em termos de piso, teto, instalaes etc. e a obra ser executada por auto construo, a reduo de custo pode ficar em torno de 50%.
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3 TIJOLOS E PRENSAS HIDRULICAS DESENVOLVIDAS PELO HABITEC 3.1 Tijolo para uso convencional
A experincia de trabalho com tijolos e blocos de solo estabilizado de diferentes dimenses possibilitou as seguintes constataes: a) Os tijolos macios, com altura em torno de 5cm, implicam maior consumo de argamassa de rejunte por m2 de alvenaria, em relao aos tijolos cermicos de 6 e 8 furos. Em algumas situaes, este excedente de argamassa pode neutralizar a vantagem econmica proporcionada pelo uso do tijolo. b) Para eliminar esta desvantagem, pode-se produzir blocos de maior altura. Entretanto, verificou-se que quanto maior fosse a altura dos blocos, maior seria a diferena de compactao entre a base e o topo do bloco, sendo esta diferena resultante da compactao unidirecional das prensas. c) A compactao unidirecional das prensas (de cima para baixo ou de baixo para cima) produz sempre um gradiente de densidade na massa compactada. Verificou-se que blocos com cerca de 14,00cm de altura apresentavam, aps a cura, maior facilidade de quebra em uma das extremidades e que este problema no ocorria quando a altura no ultrapassava 1O.OOcm. Portanto, levando-se em conta as questes anteriores, optou-se por um tijolo para uso convencional (figura 1) com as seguintes caractersticas dimensionais e funcionais: . dimenses: comprimento - 22,5 cm, largura - 10,5 cm, e altura - variando entre 9 cm, e 10 cm; . peso: aproximadamente 2,5 kg; . utilizao: tradicional com argamassa de rejunte; . os furos tm dimetro de 6cm e tm a funo de reduzir peso, custo de fabricao e facilitar a amarrao da alvenaria. Para facilitar o uso na construo, os furos no ultrapassam todo o tijolo, havendo uma diferena de cerca de 1 cm, que pode ser removida com a ponta da colher de pedreiro, caso se queira utilizar o tijolo como elemento vazado ou para passagem das instalaes;
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FIGURA 1
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FIGURA 2
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Observaes mais detalhadas acerca destas questes e de outras, como a reduo de tempo e o impacto da tecnologia no custo total da edificao, esto sendo realizadas atravs da construo de alguns prottipos com o apoio da Cohab - PE.
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MODELO HABITEC 102: . disponvel em duas verses: uma menor, com capacidade para produzir de 250 a 300 tijolos por hora; outra maior, com o dobro desta capacidade. . consumo energtico: aproximadamente 3,50 e 17,OOKWh, respectivamente para a de menor e maior porte; peso: aproximadamente 340kg a de menor porte e 850kg a de maior porte; . matriz removvel, podendo ser substituda, caso se queira posteriormente obter tijolos ou blocos com diferentes dimenses; . produz tijolos para uso convencional.
4 TRANSFERNCIA DE TECNOLOGIA
Os resultados positivos, obtidos recentemente, tm permitido ao Habitec o incio de um trabalho de difuso tecnolgica e de cooperao com entidades pblicas e comunitrias interessadas na construo de casas populares e equipamentos comunitrios.
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capacidade de auto sustentao e de gerao de emprego e renda, a partir de uma produo diria de 2 500 tijolos, com a participao de 8 a 10 pessoas.
Habitec 101 ou Habttec 102), no contexto de um trabalho de transferncia tecnolgica que se baseia em um mento e a capacitao de uma pequena equipe local, que vai ser posteriormente responsvel pelo gerenciamento da unidade produtora. O treinamento realizado do incio ao fim da transferncia tecnolgica, que compreende as seguintes etapas: a) seleo da alternativa tecnolgica mais apropriada s disponibilidades e potencialidades do municpio. Nesta etapa, so realizadas as seguintes aes: . estudo de caracterizao dos solos e demais materiais disponveis; . levantamento dos custos dos materiais (solo, cal, cimento etc.), da mo de obra e de produtos convencionais (tijolos cermicos) no mercado local; . elaborao de um diagnstico sobre a viabilidade tcnica e econmica da implantao de uma unidade produtora. Para a realizao deste etapa, a Fundao Pr-Habitar enviar instituio interessada um formulrio para levantamento de informaes e um manual de instrues orientando a identificao de possveis locais para a instalao da UP e a coleta de amostras de solo. Estas amostras de solo, juntamente com o formulrio preenchido, devero ser devolvidas para elaborao de uma diagnstico sobre a viabilidade de uma unidade produtora naquela localidade. Se o diagnstico or negativo, o trabalho ser interrompido neste ponto. Caso contrrio, prossegue-se com as etapas seguintes: b) planejamento, instalao fsica e pr-operaco da unidade produtora. Nesta etapa, so desenvolvidas as seguintes aes: . construo do galpo de produo, de acordo com o porte e a opo tecnolgica selecionada. Sero dadas as instrues necessrias, lembrando-se que o galpo deve ser construdo da maneira mais simples possvel e em algumas situaes pode ser adaptada alguma construo j existente;
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. organizao da produo com a preparao dos materiais e a instalao da prensa hidrulica e demais equipamentos. Sero dadas as instrues necessrias mediante a presena fsica de um tcnico da Fundao Pr Habitar, que far o acompanhamento da fase final da instalao e do incio da pr-operao da UP; . pr-operao da unidade produtora. Corresponde a um perodo de ajustes, antes da entrada em pleno funcionamento. c) construo de um prottipo, que dever ser o prprio ncleo de administrao e apoio da UP. Corresponde fase final do treinamento e cumpre um papel demonstrativo do ponto de vista tcnico, econmico e esttico, potencializando a utilizao posterior dos tijolos.
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de organizaes No Governamentais (Abong) e, para implementar seus objetivos e propostas, empreende aes em parceria e recebe apoio de instituies pblicas e privadas, nacionais ou estrangeiras que operam no campo da cooperao para o desenvolvimento social. A Fundao tem como pblico alvo a populao de baixa renda, tradicionalmente alijada dos programas convencionais de habitao, e considera que seu objetivo central atual enquanto um instrumento efetivo de apoio auto construo comunitria de moradias, desenvolvendo aes nas seguintes reas: 1) desenvolvimento e difuso de tecnologias apropriadas objetivando a reduo dos custos e a simplificao das construes; 2) treinamento de mutirantes e/ou auto construtores; e capacitao profissional de tcnicos em construes populares; 3) assessoria tcnica a organizaes comunitrias e movimentos habitacionais que visem, tanto no planejamento, quanto na execuo de projetos construo de moradias e de equipamentos comunitrios. 4) estmuto e apoio ao desenvolvimento de atividades produtivas auto-sustentveis (unidades produtoras de tijolos, por exemplo) capazes de promover gerao de renda e dar suporte produo social de moradias, estimulando e fortalecendo, ao mesmo tempo, a organizao comunitria. 5) defesa e cooperao com polticas pblicas que se mostrem eficazes no combate ao dficit habitacional, especialmente aquelas voltadas a populao de baixa renda, fora das condies de mercado, apoiadas em recursos subsidiados e na produo comunitria de moradias. 6) defesa permanente do direito bsico da populao, especialmente a de baixa renda, a uma moradia decente para se viver, ainda que pobremente, com segurana, paz e dignidade humana. 6 INSTITUIES RECEPTORAS DA TECNOLOGIA Companhia de Habitao Popular do Estado de Pernambuco (COHAB-PE) Diretoria de Programa Especiais Rua Odorico Mendes, 700 Campo Grande, Recife-PE Tcnico para contato: Vital Barros de Oliveira
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Prefeitura Municipal de Aliana Rua Domingos Braga, s/n Centro, Aliana-PE Tcnico para contato: Armando Jos de Almeida Freitas Associao Feminina de Assistncia Social de So Joaquim (AFASSJ) Rua Gasparino Dutra, s/n Bairro Trs Pedrinhas, So Joaquim-SC Tcnicas para contato: Ana Eli Coral Rodrigues e Matilde Pereira
7 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
ABIKO, Alex Knya. Sistema Solo-cal/solo-cimento. O Uso de Cal na Engenharia Civil. V Reunio Aberta da Indstria da Cal. Boletim n 14. ABPC ANDRADE FILHO. Antnio Edvar. Tijolos de Solo-Cal in: Dez Alternativas Tecnolgicas para Habitao. Braslia, Minter/PNUD, 1989.376p. p.213-249. CARVALHO, Aldnio Roberto Oliveira de, SILVA, Edna Alcntara de Barros e. Tijolos de Solo-Borra de Carbureto, in: Dez Alternativas Tecnolgicas para Habitao. Braslia, Minter/PNUD, 1989.376p. p.253-323. NEVES, Clia Maria Martins. Tijolos de solo-cimento. in: Dez Alternativas Tecnolgicas para Habitao. Braslia, Minter/PNUD, 1989.376p. p.141-166. NBREGA, Maria Tereza de. Reaes dos Argilo-Minerais com a cal. O Uso de cal na Engenharia Civil. V Reunio Aberta da Indstria da Cal. Boletim n 14. ABPC. NOGAM1, Job. Caractersticas de Solos Tropicais. O Uso de Cal na Engenharia Civil. V Reunio Aberta da Indstria da Cal. Boletim n 14. ABPC PINTO, Carlos de Souza. Estabilizao de Pavimentos com Cal. O Uso de Cal na Engenharia Civil. V Reunio Aberta da Indstria da Cal. Boletim n 14. PORTO, Francisco. Tijolo Solo-CAL-Cimento. Seminrio Latino-Americano de Alternativas Tecnolgicas.
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Tijolo para uso por meio de encaixe/intertravamento: produo com utilizao da prensa hidrulica modelo Habitec-101
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Tijolo para uso convencional: Unidade Produtora de So Joaquim-SC, com utilizao da prensa hidrulica modelo Habitec-102
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Prensa hidrulica Habitec-101, adaptada com dispositivo para realizao de ensaio de resistncia do tijolo
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