A Guerra de Guararapes e o Surgimento Do Exército
A Guerra de Guararapes e o Surgimento Do Exército
A Guerra de Guararapes e o Surgimento Do Exército
Os conflitos mudaram o destino do pas por Rodrigo Cavalcante De um lado, um exrcito organizado, com forte artilharia, munio e equipamentos para a guerra, liderados por uma superpotncia. Do outro, soldados improvisados, em nmero muito inferior menos de um tero da quantidade de combatentes dos inimigos. Lutavam descalos e sem camisa, munidos apenas de espadas e faces. Mas com uma vantagem: conheciam como ningum a topografia do cenrio de guerra. E acabaram impingindo uma derrota humilhante aos adversrios. Em abril de 1648 e em fevereiro de 1649, os conflitos que marcaram o destino do Brasil no pareciam, primeira vista, muito justos. A Repblica das Provncias Unidas dos Pases Baixos, mais conhecida pelo nome de sua provncia mais importante, a Holanda (ento a maior potncia naval do planeta), enfrentou um exrcito formado por portugueses, mazombos (descendentes de portugueses nascidos no Brasil), ndios e negros. Conhecedor das tcnicas de combate indgena, Antnio Dias Cardoso liderou no monte das Tabocas uma fora de 1200 mazombos insurretos munidos de armas de fogo, foices, paus e flechas. As emboscadas derrotaram 1900 holandeses. Essa batalha abriu a campanha da Restaurao e mostrou sua viabilidade militar, alm de provocar a adeso de outras provncias e nesse momento que se define a estratgia de guerrilha que atingir seu apogeu em Guararapes. , A Primeira batalha A principal causa da vitria dos luso-brasileiros foi a deciso dos oficiais de lutar ao estilo local, atraindo os holandeses para o combate corpo-a-corpo em meio a passagens estreitas na mata, onde eram vtimas fceis de emboscadas. Os holandeses se depararam, em Guararapes, com algumas escaramuas montadas por um grupo de luso-brasileiros de 200 ou 300 homens. Chamados para a luta, eles no sabiam ainda que eram atrados para uma grande emboscada em uma passagem estreita e com mangue entre montes na regio, chamado de Boqueiro. Marchando com dificuldade com seus uniformes pesados, os holandeses foram vtimas de um ataque geral a espada das tropas luso-brasileiras. Centenas de holandeses foram mortos em meio regio mida pelos luso-brasileiros, cujo contingente de negros e ndios estava habituado a se deslocar pelos alagados.
A Segunda Batalha Aps a primeira batalha, eles tentaram novamente sair por terra da cidade na noite do dia 17 para o dia 18 de fevereiro de 1649. A idia dos holandeses era chegar primeiro a Guararapes para se posicionarem com vantagem no inevitvel confronto com as tropas luso-brasileiras. Suas tropas foram encurraladas, de novo, pelos soldados camuflados em Guararapes. Aps a segunda batalha dos Guararapes, os comerciantes da Companhia das ndias Ocidentais pareciam ter finalmente percebido que no estavam lutando contra tropas portuguesas movidas puramente por razes econmicas. Eles descobriram que o povo lutava com um sentimento de
patriotismo incluindo os soldados negros, liderados por Andr Vidal Negreiros, e os indgenas, que tinham como lder o ndio convertido ao catolicismo Felipe Camaro. Enquanto a maioria do Exrcito holands era recrutada em diversos pontos da Europa, os lusobrasileiros comearam a usar o termo patriota pela primeira vez no Brasil. No toa que, aps a expulso definitiva dos holandeses, em 1654, a capitania de Pernambuco foi o epicentro de vrios movimentos pela independncia da regio ocorridos nas dcadas seguintes. Prevaleceu o sentimento de que o Nordeste holands fora restaurado graas ao esforo de sua gente e sem ajuda dos portugueses. Desde 1994, um decreto do ex-presidente Itamar Franco vinculou a data da Primeira Batalha de Guararapes ao Dia do Exrcito marcando simbolicamente o conflito como a data de nascimento das nossas Foras Armadas.