Forward Ivo Barbi
Forward Ivo Barbi
Forward Ivo Barbi
REN TORRICO
7.1.1 - Introduo
O conversor forward deriva do conversor buck ao qual adicionado um transformador de alta freqncia. O transformador tm as funes de adaptar a tenso de sada com a relao de transformao, isolar a carga da fonte de entrada e proteger a carga contra eventuais falhas na sada. O conversor pode ser aplicado em fontes de alimentao para computadores, equipamentos de som, perifricos, etc. onde se requer potncias na faixa de 70 a 300W. A transferencia de potncia desde a fonte de tenso de entrada carga controlada por um interruptor de potncia que opera em freqncias acima de 10kHz. Geralmente os interruptores utilizados so transistores
BIPOLARES, MOSFETs ou IGBTs. Ao igual que no conversor buck, o modo de operao do conversor forward (modo de conduo contnua e modo de conduo descontnua) definida normalmente em relao corrente atravs do indutor do filtro de sada. Para o conversor forward, realizado uma descrio do circuito de potncia, so descritos as etapas de operao e mostrados as formas de onda para o modo de operao contnua, so realizados estudos tericos e so resolvidos e propostos exerccios.
A E
iD1
C
iLo
Lo + _
VLo
Io
Np:Ns
+ Nd + Ve Dd
iDd
F B
+
V2
D1 D2
iD2
iCo
+ Ro Vo -
Lm
V1
Co
_
iLm
_
D
+ S1
iS1 VS1
Tr
Um transformador ideal no apresenta indutncias de disperso e a indutncia magnetizante Lm infinita. Porm, desenvolver um transformador com essas caractersticas na prtica impossvel, pois sempre ter indutncia de disperso e indutncia magnetizante que no chega a ser infinita. O modelo real do transformador de dois enrolamentos mostrado na Fig. 7.1.2.b. No conversor forward o enrolamento auxiliar Nd tem uma vital importncia pois ele realiza o trabalho de devolver a energia acumulada na indutncia magnetizante fonte de entrada e deixar a mesma sem energia para o inicio de cada perodo de funcionamento. Caso contrario o transformador corre o perigo de saturao no permitindo a transferencia de energia desde fonte de entrada carga. A saturao provoca uma perda de induo de tenso no lado secundrio do transformador. A anlise do conversor realizado o mais real possvel para que o estudante tenha uma idia exata do comportamento do conversor.
Ld1
Ideal
ncleo
A
Ld2
C
Np
Lm
B E
Np
Ns
Nd
F C B D
Ns
D
a)
b)
Fig. 7.1.2 - Transformador de alta freqncia: a) Detalhe fsico; b) Circuito equivalente real.
instantaneamente); O transformador de alta freqncia no apresenta indutncia de disperso. Estas simplificaes no alteram o princpio de funcionamento do conversor. Para realizar um projeto real e montar em laboratrio devem ser considerados as no idealidades dos componentes, tais como, indutncia de disperso do transformador, efeito de recuperao dos diodos, indutncias parasitas de fiao e do circuito impresso, etc. Mais detalhes sobre os problemas que acarretam estes elementos parasitas so encontrados em livros avanados de eletrnica de potncia. Primeira Etapa: intervalo (to, t1): Durante esta etapa o interruptor S1 est em conduo. A polaridade dos enrolamentos primrio NP e secundrio NS permite que a energia seja transferida da fonte Ve para a carga atravs do diodo D1. A polaridade do enrolamento de desmagnetizao Nd invertida de forma que o diodo Dd encontra-se bloqueado. O diodo de roda livre D2 tambm encontra-se bloqueado. As principais grandezas envolvidas durante esta etapa so dadas a seguir:
v 1 = Ve v S1 = 0
(7.1.1) (7.1.2)
v2 =
Ve n
(7.1.3)
n=
NP NS
(7.1.4)
v Lo =
Ve Vo n
(7.1.5)
i Lo ( t ) = n I m +
(n I M n I m ) t
A E C
0t
iD1 Np:Ns iLo
(7.1.6)
Lo + _
VLo
Io
+ Nd + Ve Dd
iDd
F B
+
V2
D1 D2
iD2
iCo
+ Ro Vo -
Lm
V1
Co
_
iLm
_
D
+ S1
iS1 VS1
Tr
Segunda Etapa: intervalo (t1, t2): Em t1 o interruptor S1 aberto. Instantaneamente muda a polaridade dos enrolamentos primrio e secundrio e como conseqncia o diodo de transferencia D1 bloqueado. Neste instante o diodo D2 entra em conduo assumindo a corrente atravs do indutor Lo. O enrolamento de desmagnetizao tambm inverte sua polaridade colocando em conduo o diodo Dd assegurando a continuidade da energia armazenada na indutncia magnetizante Lm do transformador, que a mesma devolvida fonte de alimentao Ve. As principais grandezas envolvidas nesta etapa esto dadas a seguir:
v 1 = Ve v S1 = 2 Ve v2 = Ve n
(7.1.7) (7.1.8)
(7.1.9)
v Lo = Vo
A E
(7.1.10)
iD1
C
iLo
Lo + _
VLo
Io
Np:Ns
+ Nd + Ve Dd
iDd
F B
+
V2
D1 D2
iD2
iCo
+ Ro Vo -
Lm
V1
Co
_
iLm
_
D
+ S1
iS1 VS1
Tr
Terceira Etapa: intervalo (t2, t3): Em t=t2 a corrente atravs da indutncia magnetizante anula-se e como conseqncia deixa de circular corrente atravs do enrolamento de desmagnetizao Nd e o diodo Dd. Assim garante-se a desmagnetizao do transformador de alta freqncia Tr. A corrente atravs do indutor filtro Lo continua em roda livre pelo diodo D2. As principais grandezas envolvidas durante esta etapa so dadas a seguir:
v1 = 0
v S1 = Ve
v2 = 0
v Lo = Vo
A E
iLo
Lo + VLo _
Io
Np:Ns
+ Nd + Dd
iDd
+
V2
D1 D2
iCo
+ Ro Vo -
Lm
V1
Co
iD2
_
F B
_
D
Ve
iLm
+ S1
iS1 VS1
Tr
A etapa seguinte se inicia quando o interruptor S1 colocado novamente em conduo, reiniciando desta maneira a primeira etapa. Em conversores cc-cc com modulao por largura de pulso PWM (Pulse Width Modulation), a relao do tempo de conduo do interruptor e perodo de comutao definida como razo cclica (ou ciclo de trabalho) de controle e designada normalmente com a letra D na literatura.
D=
(7.1.15)
Para desmagnetizar o transformador a corrente magnetizante deve se anular antes do final do perodo de comutao. Assim, o valor da razo cclica de controle D que garante essa restrio, dada pela equao (7.1.16).
D max =
1 1 + N d Np
(7.1.16)
D max =
1 2
(7.1.17)
Na prtica quando deseja-se projetar o conversor forward, a razo cclica mxima assumida de 0,45 ou menor, isto para garantir a desmagnetizao do transformador.
Sinal de Controle t Ve
V1
t - Ve VS1 2Ve Ve
nI M
iCo
Lo
t iD1 nI m
nI M
iD2
t nI M nI m
I M+ I mag Im
iDd I mag
corrente magnetizante
to t1 t2 t3
2T
A1 = A 2
(7.1.18)
V A 1 = e Vo n A 2 = Vo (T )
Substituindo (7.1.19) e (7.1.20) em (7.1.18), tem-se:
(7.1.19)
(7.1.20)
Ve Vo = Vo (T ) n
Simplificando, obtm-se:
(7.1.21)
n Vo = Ve T
Substituindo (7.1.15) em (7.1.22), tem-se:
(7.1.22)
n Vo =D Ve
Tomando,
(7.1.23)
Gv =
n Vo Ve
(7.1.24)
GV = D
(7.1.25)
O ganho esttico do conversor em modo de conduo contnua GV em funo de D. Como no existe outra varivel na equao no
necessrio tomar nenhum parmetro. O ganho esttico mostrado graficamente na Fig. 7.1.7.
Gv
1 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
D
Fig. 7.1.7 - Ganho esttico em modo de conduo contnua.
Io =
Io I on
onde: Io : corrente de carga; Ion : corrente de carga nominal. O grfico da caracterstica externa mostrado na Fig. 7.1.8.
(7.1.26)
Gv
1 0.9
D=0,8
0.8 0.7
D=0,6
0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
D=0,4
D=0,2 D=0,1
Io
Fig. 7.1.8 - Caracterstica externa em modo de conduo contnua.
VLo = L o
I Lo t
(7.1.27)
Tomando a segunda e terceira etapa de funcionamento (Ver Fig. 7.1.5), VLo=Vo e t=(T-). Logo substituindo estes valores em (7.1.27), tem-se:
Vo = L o
I Lo (T )
(7.1.28)
I Lo = Vo
(1 D ) T
Lo
(7.1.29)
f =
1 T
(7.1.30)
10
I Lo =
Vo (1 D) Lo f
(7.1.31)
Geralmente a ondulao de corrente no indutor Lo especificada, assim sendo possvel encontrar a indutncia Lo.
Lo =
Vo (1 D) I Lo f
(7.1.32)
Na prtica a ondulao normalmente assumida como sendo 10% do valor da corrente de carga Io. Portanto,
I Lo = 0,1 I o
7.1.4.4 - Ondulao de tenso no Capacitor Co
(7.1.33)
No capacitor Co circula a componente alternada da corrente iLo, enquanto no resistor circula a componente mdia Io. Depois de uma aproximao por uma funo senoidal a corrente atravs do capacitor Co, a equao de ondulao de tenso aproximada no capacitor Co igual a:
VCo
I Lo 2 f Co
(7.1.34)
Normalmente para encontrar o capacitor Co o valor da ondulao de tenso assumido. Dessa maneira,
Co =
I Lo 2 f VCo
(7.1.35)
Este capacitor deve apresentar uma resistncia srie equivalente menor ao valor encontrado por:
R SE
VCo I Lo
(7.1.36)
No caso de no existir um capacitor comercial com este valor de resitncia, associar em paralelo mais de um capacitor. O valor da capacitncia pode ser maior ao valor calculado com (7.1.35).
Com os dados especificados, a potncia de sada igual a Po=122 W. Para desenvolver o prottipo foram assumidos a freqncia de comutao f=30kHz, a mxima razo cclica de controle D=0,4 e as ondulaes de corrente nos indutores dos filtros de sada ILo1=1A, ILo2=0,3A e ILo3=0,3A (10% de Io1, Io2, Io3) O circuito completo do conversor forward de trs sadas mostrado na Fig. 7.1.9.
Dr1 Lo1
Dr2
Lo2 +
Ns2 Rg Np + Ve Cg S1 Dd Ns3 Dg Nd
DRL2
Co2
Ro2
Vo2 -
+ DRL3 Lo3 Tr Circuito de Gatilho Dr3 Pequeno Conversor Flyback Co3 Ro3 Vo3 -
12
Formas de Onda As principais formas de onda obtidas com osciloscpio a partir do prottipo so mostrados a seguir: Na Fig. 7.1.10 so mostradas as formas de onda de sinais de tenso de gatilho do MOSFET e tenso dreno-fonte e corrente de dreno do interruptor MOSFET.
Io1
VS1 IS1
Vg
Fig. 7.1.10 - a) Sinal de tenso de gatilho do MOSFET (5A/div. ;5V/div.; 10s/div.) b) - Tenso e corrente no MOSFET S1 (50V/div.; 5A/div.; 5s/div.)
Na Fig. 7.1.11 so mostradas as formas de onda dos transitrios da tenso de sada de Vo1=5V quando ocorrem variaes sbitas de corrente de carga Io1.
Vo1
Vo1
Io1
Io1
Fig. 7.1.11 - Transitrio da tenso Vo1 para variaes sbitas de carga. (1V/div.; 2,5A/div.; 1ms/div.)
G V = 0,4
Tambm a Eq. (7.1.25) igual Eq. (7.1.26). Portanto,
n1 = G V
Ve Vo1
n 1 = 0,4
60 = 4,8 5
2.- A indutncia do indutor filtro da sada de 5V. Para esta finalidade utilizada a Eq. 7.1.32. Portanto,
L o1 =
L o1 =
3.- A capacitncia do capacitor do filtro da sada de 5V. Para encontrar Co1 utilizada a Eq. (7.1.35). Assim,
C o1 =
I Lo1 2 f VCo1
C o1 =
1 = 106,1F 2 30 10 3 0.05
R SE R SE
R SE 50m
4.- A corrente mdia atravs do diodo de roda livre da sada de 5V.
14
I DRL1md = (1 D) I o1
Substituindo valores, tem-se:
I DRL1md = (1 0,4) 10 = 6A
5.- A corrente mdia atravs do diodo de transferencia da sada de 5V. O valor da corrente encontrado com a seguinte equao:
I Dr1md = D I o1
Substituindo valores, tem-se:
I Dr1md = 0,4 10 = 4A