PGERJ-Processo-Coletivo
PGERJ-Processo-Coletivo
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CONCEITO:
Nas palavras de Fredie Didier, “processo coletivo é aquele em que se postula um direito
coletivo lato sensu (situação jurídica coletiva ativa) ou se afirma a existência de uma
situação jurídica coletiva passiva (deveres individuais homogêneos, p. ex.)”. A partir
da definição apresentada pelo autor, é possível notar que o núcleo do conceito de
processo coletivo está em seu objeto litigioso, que pode corresponder a uma situação
jurídica coletiva ativa ou passiva.
O doutrinador Didier ressalta que o exercício conjunto do direito de ação por um grupo de
indivíduos não caracteriza uma ação coletiva, mas pode gerar o litisconsórcio multitudinário.
Isto porque, para a definição do processo coletivo, não é relevante a estrutura subjetiva do
processo, e sim a matéria litigiosa nele discutida (objeto do processo).
COLETIVIZAÇÃO DO PROCESSO:
É apontada como uma das três ondas renovatórias do acesso à justiça, concebidas por
Mauro Cappelletti e Bryant Garth (na obra “Acesso à Justiça”, datada de 1950). Para
estes autores, para tornar o processo um instrumento de acesso à justiça, os
ordenamentos jurídicos devem observar três ondas renovatórias:
Sob essa perspectiva, é necessário que haja um tratamento coletivo para o processo,
pois somente dessa forma haverá verdadeiramente acesso à justiça. Mauro Cappelletti
e Bryant Garth perceberam a necessidade de serem tuteladas pelo processo três
situações até então sem proteção pelo sistema:
1ª) Bens ou direitos de titularidade indeterminada: como não havia uma titularidade
específica para bens como o meio ambiente e o patrimônio público, por exemplo, tais
bens frequentemente ficavam sem tutela. Assim, os autores propuseram a coletivização
do processo neste ponto. Criaram-se os legitimados coletivos (Ex: Defensoria Pública).
2ª) Bens ou direitos individuais cuja tutela individual não fosse economicamente
aconselhável: neste ponto, encontram-se os casos em que o direito veiculado é o
tradicional direito individual, mas cuja tutela individual não é exercida, por diversos
motivos, tais como: falta de consciência da população sobre a existência e do direito e
seu mecanismo de tutela (hipossuficiência cultural); falta de recursos para custear a
assistência jurídica (hipossuficiência econômica).
3ª) Bens ou direitos cuja tutela coletiva seja recomendável por uma questão de
economia: em tais casos, a tutela do direito não é economicamente viável, mas a tutela
coletiva se revela recomendável, em razão da molecularização dos conflitos.
No Brasil, a Lei de Ação Popular já existe desde 1965 (Lei 4.717/65), mas a efetiva
consolidação do processo coletivo só ocorreu em 1985, com a Lei de Ação Civil Pública
(Lei 7.347/85), que resolveu o problema dos bens ou direitos de titularidade
indeterminada. A potencialização do processo coletivo ocorreu em 1990, com o
surgimento do Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90), que passou a tutelar os
bens e direitos cuja tutela individual é inviável, bem como os bens e direitos cuja tutela
coletiva é recomendável.
CLASSIFICAÇÕES:
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QUANTO AO SUJEITO:
• Para uma primeira corrente, capitaneada por Candido Dinamarco, não existe
ação coletiva passiva, em virtude da ausencia de previsão legal. Essa corrente
defende que a legitimidade seria ativa apenas, ou seja, os legitimados atuariam
apenas no polo ativo na defesa de direitos coletivos e não no polo passivo
representando a coletividade numa ação coletiva, por força da dicção do art. 81,
caput e § único, do CDC. Como o dispositivo menciona “exercer defesa coletiva”,
isto seria atuar apenas no polo ativo da demanda, e não no polo passivo.
• Já para uma segunda corrente, adotada pela Ada Pellegrini Grinover e Fredie
Didier, existe ação coletiva passiva, a partir de uma interpretaçao sistemática, o
que dispensa a previsão legal expressa. Para essa corrente, os legitimados
coletivos podem figurar no polo passivo atuando na defesa do direito coletivo,
por conta do art. 5º, §2º, da Lei da ACP, o qual prevê que fica facultado ao Poder
Público e a outras associações legitimadas, nos termos do artigo, habilitar-se
como litisconsortes de qualquer das partes. Isto é: a lei prevê que o poder
público pode optar por ser litisconsorte de qualquer das partes. Qualquer das
partes inclui polo ativo e polo passivo. Sendo assim, a legitimidade é tanto para
o polo ativo como para o passivo.
Além disso, a segunda corrente traz ainda outro argumento, que está calcado no
art. 83 do CDC, o qual dispõe que para a defesa dos direitos e interesses
protegidos por este código são admissíveis todas as espécies de ações capazes
de propiciar sua adequada e efetiva tutela. Desse modo, se todas as espécies de
ação podem ser utilizadas, podem ser utilizadas tanto as ações em que os
legitimados estejam no polo ativo quanto as ações em que estejam no polo
passivo.
QUANTO AO OBJETO:
b) Processo coletivo comum: é composto por todas as ações para a tutela dos interesses
e direitos metaindividuais não relacionados ao controle abstrato de constitucionalidade.
Exemplos: Ação Popular, Ação Civil Pública, Mandado de Segurança Coletivo.
O processo coletivo tem por objeto a tutela dos chamados direitos coletivos lato sensu,
gênero que comporta três espécies, indicadas no art. 81, parágrafo único, do CDC: (1)
direitos difusos; (2) direitos coletivos stricto sensu e (3) direitos individuais
homogêneos.
Art. 81 [...] Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os
transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas
indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código,
os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou
classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação
jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os
decorrentes de origem comum.
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Em conhecida sistematização doutrinária, fala-se em direitos/interesses
ESSENCIALMENTE ou NATURALMENTE coletivos e direitos/interesses
ACIDENTALMENTE coletivos.
- DIREITOS DIFUSOS:
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• Os titulares são INDETERMINADOS, mas DETERMINÁVEIS. Enquanto os titulares
dos direitos coletivos em sentido estrito são determináveis por grupo desde o
início da ação, os titulares de direitos individuais homogêneos são determináveis
na fase de liquidação/execução.
Sintetizando:
Atenção: É errado supor que uma ação coletiva só pode versar sobre uma espécie de
direito coletivo. O mesmo fato pode dar ensejo a pretensões que constituam direitos
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difusos, coletivos em sentido estrito e individuais homogêneos, as quais podem ser
tuteladas em uma mesma ação coletiva. A jurisprudência do STJ se posiciona nesse
sentido:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO CONSUMIDOR. TUTELA DE INTERESSES
INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS, COLETIVOS E DIFUSOS POR UMA MESMA AÇÃO
COLETIVA. Em uma mesma ação coletiva, podem ser discutidos os interesses dos
consumidores que possam ter tido tratamento de saúde embaraçado com base em
determinada cláusula de contrato de plano de saúde, a ilegalidade em abstrato
dessa cláusula e a necessidade de sua alteração em consideração a futuros
consumidores do plano de saúde. O CDC expõe as diversas categorias de direitos
tuteláveis pela via coletiva. Com efeito, as tutelas pleiteadas em ações civis
públicas não são necessariamente puras e estanques – ou seja, não é preciso que
se peça, de cada vez, uma tutela referente a direito individual homogêneo, em
outra ação, uma tutela de direitos coletivos em sentido estrito e, em outra, uma
tutela de direitos difusos, notadamente em ação manejada pelo Ministério
Público, que detém legitimidade ampla no processo coletivo. REsp 1.293.606-MG,
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/9/2014 (Informativo nº 547).
O microssistema coletivo possui um núcleo duro, formado pela Lei de Ação Civil Pública
e pelo CDC, que trazem as principais normas de processo coletivo. O CDC e a LACP são
normas de reenvio, pois o CDC, em seu art. 90, manda aplicar, para tudo que ele trata,
a LACP; e a LACP, em seu art. 21, manda aplicar o CDC em tudo que ela trata.
- EXEMPLOS DE INTEGRATIVIDADE:
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ATENÇÃO: No âmbito da lei de improbidade administrativa há previsão de prazo
prescricional próprio (art. 23), de modo que não se aplica o art. 21 da LAP de forma
analógica.
Reexame necessário:
Tradicionalmente, a jurisprudência do STJ costuma indicar o reexame necessário
previsto no art. 19 da Lei de Ação Popular como regra geral do processo coletivo. Esse
reexame necessário, ao contrário daquele previsto no art. 496 do CPC, não é voltado
à proteção da Fazenda Pública, mas à proteção do interesse discutido no processo
(direito tutelado).
Sobre o tema, importante mencionar que o STJ, em julgado de 2017, entendeu que não
cabe reexame necessário nas ações coletivas tutelando direito individual homogêneo,
haja vista que estes, conforme vimos, são direitos acidentalmente coletivos, ou seja, sua
coletivização tem um sentido meramente instrumental, com a finalidade de permitir
uma tutela mais efetiva em juízo:
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Vale ainda mencionar que, em dezembro de 2019, a 1ª Seção do STJ afetou 4 processos
para o julgamento como recurso repetitivo (Tema 1042).1 A questão submetida a
julgamento é a seguinte:
Entretanto, o ministro destacou que não concorda com esse posicionamento, "uma vez
que a ação de improbidade não prevê a figura do reexame necessário, sendo certo que
a aplicação desse procedimento tem sede para as ações populares, ajuizadas com lastro
na Lei 4.717/1965, em seu artigo 19, mas não nas ações típicas de improbidade".
Desta forma, a questão será novamente revisitada pelo Tribunal, agora em sede de
repetitivo. Portanto, é importante que o aluno acompanhe o tema.
2) Princípio da indisponibilidade mitigada da ação coletiva (art. 5º. §3º, LACP e art. 9º
da LAP):
1
http://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/Repetitivo-definira-tese-sobre-
reexame-de-oficio-em-acoes-de-improbidade-administrativa-julgadas-improcedentes.aspx
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LACP. Art. 5º, §3°. Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por
associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a
titularidade ativa.
LAP. Art. 9º. Se o autor desistir da ação ou der motivo à absolvição da instância,
serão publicados editais nos prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II, ficando
assegurado a qualquer cidadão, bem como ao representante do Ministério
Público, dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, promover
o prosseguimento da ação.
A regra é que o autor execute a sentença coletiva, mas, passados 60 dias, qualquer
legitimado continuará podendo e o MP deverá promover a execução. Diferentemente
do princípio anterior, que é mitigado, a indisponibilidade da execução é absoluta, não
admitindo exceção.
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Este princípio possui uma aplicação destacada no âmbito do processo coletivo, tendo
em vista o interesse do Estado em resolver conflitos que envolvem um número elevado
de interessados. Por conta disso, o magistrado deve evitar, ao máximo possível, a
extinção do processo sem apreciação do mérito. Ex.: Art. 9º da LAP, que, visando evitar
a extinção do processo sem conhecimento do mérito, assegura, em caso de desistência
do autor da ação popular, o prosseguimento da ação por outro cidadão ou pelo
Ministério Público.
ATENÇÃO: Com o novo CPC, tal princípio passou a ser previsto expressamente,
sendo aplicável também ao processo individual, nos termos do art. 4º do NCPC,
que dispõe: “Art. 4o As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução
integral do mérito, incluída a atividade satisfativa”.
2
http://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/Associacao-pode-assumir-acao-
coletiva-iniciada-por-outra-mesmo-sem-autorizacao-expressa-dos-associados.aspx
12
“Em ação civil pública, é possível a substituição da associação autora por outra
associação caso a primeira venha a ser dissolvida.
(...) Na hipótese dos autos, Associação Nacional dos Consumidores de Crédito - ANDEC,
entidade originariamente autora da presente ação coletiva, foi dissolvida, razão pela
qual Polisdec — Instituto Mineiro de Políticas Sociais e de Defesa do Consumidor —,
constituído há mais de um 1 (ano) e com a mesma finalidade temática, requereu sua
integração no feito na qualidade de demandante, em substituição à Andec.
Tal pretensão, de fato, é plenamente possível, haja vista que o microssistema de defesa
dos interesses coletivos privilegia o aproveitamento do processo coletivo, possibilitando
a sucessão da parte autora pelo Ministério Público ou por algum outro colegitimado,
mormente em decorrência da importância dos interesses envolvidos em demandas
coletivas. (REsp 1.781.959-SC)
Nesse sentido, Didier destaca que “a coisa julgada coletiva estende os seus efeitos ao
plano individual in utilibus: o indivíduo poderá valer-se da coisa julgada para proceder à
liquidação de seus prejuízos e promover a execução da sentença (art. 103, §3º). Trata-
se do denominado transporte in utilibus da coisa julgada coletiva para o plano
individual”.
Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada:
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I - erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de
provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com
idêntico fundamento valendo-se de nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo
único do art. 81;
II - ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo
improcedência por insuficiência de provas, nos termos do inciso anterior, quando se
tratar da hipótese prevista no inciso II do parágrafo único do art. 81;
III - erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todas as
vítimas e seus sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo único do art. 81.
§ 1° Os efeitos da coisa julgada previstos nos incisos I e II não prejudicarão
interesses e direitos individuais dos integrantes da coletividade, do grupo,
categoria ou classe.
§ 2° Na hipótese prevista no inciso III, em caso de improcedência do pedido, os
interessados que não tiverem intervindo no processo como litisconsortes poderão
propor ação de indenização a título individual.
§ 3° Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16, combinado com o art. 13
da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, não prejudicarão as ações de indenização
por danos pessoalmente sofridos, propostas individualmente ou na forma
prevista neste código, mas, se procedente o pedido, beneficiarão as vítimas e seus
sucessores, que poderão proceder à liquidação e à execução, nos termos dos arts.
96 a 99.
§ 4º Aplica-se o disposto no parágrafo anterior à sentença penal condenatória.
Art. 104. As ações coletivas, previstas nos incisos I e II e do parágrafo único do art.
81, não induzem litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa
julgada erga omnes ou ultra partes a que aludem os incisos II e III do artigo anterior
não beneficiarão os autores das ações individuais, se não for requerida sua
suspensão no prazo de trinta dias, a contar da ciência nos autos do ajuizamento da
ação coletiva.
O princípio do ativismo judicial é uma faceta do princípio inquisitivo (ou impulso oficial),
e, no âmbito do processo coletivo, representa a possibilidade de uma participação mais
incisiva do juiz nessas causas, tendo em vista o alto grau de interesse público primário
que elas envolvem.
Com efeito, o juiz, no processo coletivo, tem poderes mais acentuados do que o juiz de
um processo individual. Uma das expressões desse princípio é a presença da “defining
function” do juiz (denominação advinda das “class actions” do direito norte-americano),
que representa a “função de definidor” exercida pelo magistrado nos processos
coletivos. São manifestações do princípio do ativismo judicial no processo coletivo:
(...)
4. O princípio da efetividade está intimamente ligado ao valor social e deve ser utilizado
pelo juiz da causa para abrandar os rigores da intelecção vinculada exclusivamente ao
Código de Processo Civil - desconsiderando as especificidades do microssistema regente
das ações civis -, dado seu escopo de servir à solução de litígios de caráter individual.
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(REsp 1279586/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
03/10/2017, DJe 17/11/2017)
ATENÇÃO: Vale frisar que as decisões têm salientado não ser permitido ao
Judiciário a criação ou a sindicabilidade de meras diretrizes em políticas públicas,
deixadas à conveniência e oportunidade do Poder Executivo e do legislador. Isso
significa que a intervenção do Judiciário só se justifica para conferir efetividade a
direitos fundamentais previstos na Constituição, em casos de flagrante omissão
do Poder Público.
Segundo este princípio, quaisquer formas de tutela serão admitidas para conferir
efetividade aos direitos coletivos em sentido amplo. Assim, o rol das ações coletivas não
é taxativo, já que a prioridade é ampliar o acesso à tutela coletiva.
Com efeito, dispõe o art. 83 do CDC: “Para a defesa dos direitos e interesses protegidos
por este código são admissíveis todas as espécies de ações capazes de propiciar sua
adequada e efetiva tutela”.
Essa ampla divulgação serve para permitir a fiscalização da condução do processo, pelo
legitimado extraordinário, bem como para permitir o exercício do direito de “sair” da
incidência da ação coletiva (“right to opt out”).
Art. 94. Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim de que
os interessados possam intervir no processo como litisconsortes, sem
prejuízo de ampla divulgação pelos meios de comunicação social por parte
dos órgãos de defesa do consumidor.
Art. 7º da lei 7.347/85. Se, no exercício de suas funções, os juízes e tribunais tiverem
conhecimento de fatos que possam ensejar a propositura da ação civil, remeterão
peças ao Ministério Público para as providências cabíveis.
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9) Princípio da adequada representação ou do controle judicial da legitimação
coletiva:
Dito isto, o primeiro passo para a análise da legitimação coletiva consiste na verificação
da existência de autorização legal para que determinado ente possa substituir os
titulares coletivos do direito afirmado e conduzir o processo coletivo.
LEGITIMAÇÃO COLETIVA:
No estudo da legitimação para a tutela coletiva, um dos aspectos mais estudados pela
doutrina brasileira foi a sua natureza jurídica. Três foram as correntes que se fixaram: a)
legitimação ordinária; b) legitimação extraordinária; c) legitimação autônoma para a
condução do processo.
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a) legitimação ordinária: o legitimado age em nome próprio na defesa dos próprios
interesses. Como a legitimação extraordinária pressupõe a autorização do ordenamento
jurídico, conforme previsto no artigo 18 do CPC, houve defensores da legitimação
ordinária para o processo coletivo. Era defendida como uma estratégia de ampliação do
acesso à tutela jurisdicional coletiva.
2) CARACTERÍSTICAS:
Em julgado mais recente, o STJ reafirma o entendimento exarado pelo STF, destacando
a ampla legitimidade do sindicato para defender em juízo os interesses da categoria,
conforme ementa do julgado publicado no informativo nº 512:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. LEGITIMIDADE DO SINDICATO. PROTESTO INTERRUPTIVO
DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTIVA. O sindicato tem legitimidade para ajuizar
protesto interruptivo do prazo prescricional da ação executiva de sentença proferida
em ação coletiva na qual foram reconhecidos direitos da respectiva categoria. Os
sindicatos, de acordo com o art. 8º, III, da CF, possuem ampla legitimidade para
defender em juízo os direitos da categoria tanto nas ações ordinárias quanto nas
coletivas, pois agem na qualidade de substitutos processuais, sendo dispensável, para
tanto, a autorização expressa dos substituídos. Essa legitimidade abrange, também, as
fases de liquidação e execução de título judicial, portanto não há falar em ilegitimidade
do sindicato para interpor protesto interruptivo do prazo prescricional da ação
executiva. Precedente citado do STF: RE 214.668-ES, DJ 23/8/2007, e do STJ: AgRg no
AREsp 33.861-RS, DJe 23/5/2012. STJ, 1ª Turma, AgRg no Ag 1.399.632-PR, Rel. Min.
Arnaldo Esteves Lima, julgado em 4/12/2012, divulgado no informativo nº 512.
20
proposta por associação de classe, apenas os filiados da entidade estarão abrangidos
pela coisa julgada.
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REsp 1.374.678-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 23/6/2015, DJe 4/8/2015,
divulgado no informativo nº 565.
ATENÇÃO: O STF, no RE 612.043 (Tema 499) entendeu que: "A eficácia subjetiva da coisa
julgada formada a partir de ação coletiva, de rito ordinário, ajuizada por associação civil
na defesa de interesses dos associados, somente alcança os filiados, residentes no
âmbito da jurisdição do órgão julgador, que o fossem em momento anterior ou até a
data da propositura da demanda, constantes da relação jurídica juntada à inicial do
processo de conhecimento". Nesta ação, o STF declarou a constitucionalidade do art.
2º-A da Lei nº 9.494/1997, que limita a eficácia subjetiva da decisão à competência
territorial do órgão prolator.
O STJ, contudo, tem entendido em precedentes mais recentes que esse entendimento
restritivo do STF só se aplica às ações de rito ordinário, ou seja, aquelas que envolvem
apenas direitos individuais. No que tange a direitos COLETIVOS, o STJ tem entendido
que o regime de atuação das associações encerra SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL, de
modo que não haveria a necessidade de autorização por parte dos associados.
“Por se tratar do regime de substituição processual, a autorização para a defesa
do interesse coletivo em sentido amplo é estabelecida na definição dos objetivos
institucionais, no próprio ato de criação da associação, sendo desnecessária
nova autorização ou deliberação assemblear.
STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp 1719820/MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 15/04/2019.
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Vale destacar que o tratamento é diverso quando se trata de MANDADO DE
SEGURANÇA COLETIVO, conforme entendimento sumulado pelo Supremo Tribunal
Federal no verbete 629, que consubstancia a possibilidade de impetração de mandado
de segurança coletivo por entidade de classe independentemente de autorização
específica dos associados.
Súmula 629 do STF “A impetração de mandado de segurança coletivo por
entidade de classe em favor dos associados independe da autorização destes”.
No que toca aos limites objetivos, não há nenhuma peculiaridade no regime jurídico da
coisa julgada coletiva. Assim, tanto no âmbito do processo individual quanto no âmbito
do processo coletivo, a coisa julgada limita-se à parte dispositiva da sentença, não
alcançando os motivos da decisão, tampouco a verdade dos fatos (arts. 503 e 504,
NCPC).
Quanto aos limites subjetivos, a coisa julgada pode ser inter partes (vincula apenas as
partes entre as quais é dada), ultra partes (atinge não só as partes do processo, mas
também determinados terceiros) ou erga omnes (atinge a todos, tenham ou não
participado do processo).
23
Quanto ao modo de produção, há três diferentes tipos de coisa julgada: (i) PRO ET
CONTRA (aquela que se forma independentemente do resultado do processo); (ii)
SECUNDUM EVENTUM LITIS (aquela que somente é produzida quando a demanda é
julgada procedente); (iii) SECUNDUM EVENTUM PROBATIONIS (aquela que se forma
apenas em caso de esgotamento de provas).
DIREITOS DIFUSOS:
(a) Sentença PROCEDENTE -> Eficácia erga omnes (abrange toda a sociedade);
(b) Sentença IMPROCEDENTE COM ESGOTAMENTO DE PROVAS -> Eficácia erga omnes,
impedida a propositura de nova ação coletiva.
(c) Sentença IMPROCEDENTE POR FALTA DE PROVAS: Não haverá formação da coisa julgada
(coisa julgada secundum eventum probationis), sendo possível a propositura de nova ação
coletiva, por qualquer legitimado, desde que haja nova prova.
Atenção: Seja qual for a hipótese de improcedência (com provas ou sem provas), o lesado
pode propor ação individual, pois o indivíduo não pode ser prejudicado pela ação coletiva.
Atenção: Seja qual for a hipótese de improcedência (com provas ou sem provas), o lesado
pode propor ação individual, pois o indivíduo não pode ser prejudicado pela ação coletiva.
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Atenção: Se o lesado não participou da ação coletiva na condição de litisconsorte (art. 94,
CDC), poderá propor ação individual, na forma do art. 103, §2º, do CDC.
Note que, ao contrário do regime adotado no âmbito dos direitos difusos e coletivos
stricto sensu, quando se estiver diante de direitos individuais homogêneos a sentença
de improcedência impedirá a propositura de nova demanda mesmo no caso de falta de
provas, conforme entendimento consagrado pelo STJ, e reafirmado no Inf. 575. Em vista
desse entendimento, é correto afirmar que o modo de produção da coisa julgada no
âmbito dos direitos individuais homogêneos não é secundum eventum probationes.
(a) Incidência da coisa julgada coletiva sobre quem já tem ação individual em curso.
De acordo com o art. 104 do CDC, para o autor da ação individual já proposta e em curso
aproveitar o transporte in utilibus da coisa julgada coletiva, deverá requerer a suspensão
da sua ação individual em 30 dias, a contar da data em que é avisado, nos autos da ação
individual, de que a ação coletiva foi ajuizada. Trata-se do exercício da opção de ser
excluído da abrangência da decisão coletiva, chamado no sistema norte-americano de
“right to opt out”.
Art. 104 do CDC. As ações coletivas, previstas nos incisos I [difusos] e II [coletivos]
e do parágrafo único do art. 81, não induzem litispendência para as ações
individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes ou ultra partes a que
aludem os incisos II [coletivos] e III [individuais homogêneos] do artigo anterior
25
não beneficiarão os autores das ações individuais, se não for requerida sua
suspensão no prazo de trinta dias, a contar da ciência nos autos do ajuizamento
da ação coletiva.
Se eventualmente o autor pedir a suspensão da sua ação individual, e a ação coletiva for
julgada procedente, ele será beneficiado pela decisão proferida na ação coletiva. Caso
não peça a suspensão de sua ação individual, o autor não será beneficiado pela coisa
julgada coletiva, na medida em que optou por não se submeter aos efeitos da decisão
coletiva.
Art. 16 da lei 7.347/85. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos
limites da competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for
julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer
legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de
nova prova.
Art. 2º-A da lei 9.494/97. A sentença civil prolatada em ação de caráter coletivo
proposta por entidade associativa, na defesa dos interesses e direitos dos seus
associados, abrangerá apenas os substituídos que tenham, na data da
propositura da ação, domicílio no âmbito da competência territorial do órgão
prolator. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)
26
relevância. Por sua vez, NELSON NERY JR., MAZZILLI E DIDIER sustentam que esses
dispositivos são materialmente inconstitucionais pela falta de razoabilidade, sendo
certo que o legislador confundiu dois institutos de processo que não se confundem:
coisa julgada e competência. Ademais, referida limitação representaria ofensa aos
princípios da economia processual, da igualdade e do acesso à justiça.
A celeuma que pareceria ter chegado ao fim, continuou. Isto porque o STJ, em
precedentes mais recentes, manteve o seu entendimento, afastando a limitação
territorial constante do artigo 16 da Lei n.º 7.347/85. Em um dos casos, o STJ chegou a
fazer um distinguishing com o que foi decidido pelo STF no Tema 499, entendendo que,
naquele caso, o STF assentou a condição de mero representante das associações para
atuar em nome dos interesses de seus associados em ações coletivas que sigam o rito
ordinário. Nessa situação, seria razoável a restrição imposta pelo art.2º-A da Lei nº
9494/97 e do art.16 da LACP, tendo em vista a limitação do próprio interesse jurídico
discutido na ação (restrito aos interesses exclusivos dos associados). Porém, em se
tratando de situação jurídica na qual as associações representam não só o interesse
de seus associados, mas interesses individuais homogêneos, coletivos ou difusos que
transcendam a esfera dos interesses de seus associados, valendo-se do rito especial
da ação civil pública, deve prevalecer as disposições constantes nos arts. 93 e 103 do
Código de Defesa do Consumidor.
Uma dessas decisões foi questionada no RE 1.101.937 e o tema teve repercussão geral
reconhecida recentemente pelo STF, em fevereiro de 2020 (Tema 1075). Confira-se:
28
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ART. 16 DA LEI 7.347/1985, COM A REDAÇÃO
DADA PELA LEI 9.494/1997 . CONSTITUCIONALIDADE. REPERCUSSÃO GERAL
RECONHECIDA. 1. Revela especial relevância, na forma do art. 102, § 3º, da Constituição,
a questão acerca da constitucionalidade do art. 16 da Lei 7.347/1985, com a redação
dada pela Lei 9.494/1997, segundo o qual a sentença na ação civil pública fará coisa
julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator. 2.
Repercussão geral da matéria reconhecida, nos termos do art. 1.035 do CPC.
Em abril de 2020, o Min. Relator Alexandre de Moraes decretou, com base no art. 1.035,
§ 5º, do Código de Processo Civil, a SUSPENSÃO do processamento de todas as
demandas pendentes que tratem da questão em tramitação no território nacional.
Assim, o tema ainda está pendente de uma solução definitiva.
A circunstância da decisão final ter sido proferida pelo STJ, que possui jurisdição sobre
todo o território nacional, é suficiente para conferir alcance nacional à decisão?
Para o STJ, o simples fato de a causa ter sido submetida à apreciação do STJ, por meio
de recurso especial, não tem a aptidão para conferir alcance nacional à sentença
proferida em ação coletiva. Assim, é necessário levar em conta o órgão jurisdicional
competente na origem. Nesse sentido:
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Em síntese: não basta que a decisão final tenha sido proferida pelo STJ para a decisão
possua abrangência nacional, é necessário que o órgão jurisdicional competente na
origem possua jurisdição sobre todo o território nacional.
No processo coletivo, se houver litispendência com partes iguais (ações propostas pelo
mesmo legitimado ativo), a solução costuma ser a mesma atribuída ao processo
individual (extinção do segundo processo sem exame do mérito). No entanto, quando
ocorre litispendência com partes diversas, a doutrina majoritária sustenta que a solução
não será a extinção de um dos processos, mas sim a REUNIÃO deles para processamento
simultâneo. Se o estágio em que as demandas se encontrarem impossibilitar a reunião
das demandas (ex: processos em grau diferente de jurisdição), a solução deverá ser, de
lege ferenda, a SUSPENSÃO do processo.
ATENÇÃO: A ação coletiva não induz litispendência para a ação individual, conforme
dispõe o art. 104 do CDC. Isto ocorre porque as demandas nunca serão idênticas, já que
o objeto é distinto, bem como a legitimidade ativa. Apesar de o artigo mencionar apenas
as ações coletivas previstas nos incisos I e II do parágrafo único do art. 81 (direitos
difusos e coletivos em sentido estrito), é pacífica na doutrina a sua aplicação também
para os direitos individuais homogêneos.
OBSERVAÇÕES:
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• É possível que haja litispendência entre duas demandas coletivas que tramitem
por ritos diversos (ação civil pública e ação popular), já que a similitude do
procedimento é irrelevante diante da atipicidade da tutela jurisdicional coletiva
(que define que qualquer procedimento pode servir à tutela de um direito
coletivo). Quando uma ação civil pública versa sobre o mesmo tema de uma ação
popular, a jurisprudência do STJ tem identificado o que denomina ação popular
MULTILEGITIMÁRIA (STJ, Resp 401.964/RO Dj 11/11/2002).
• A doutrina sustenta que não há litispendência entre ação coletiva que discuta
direito difuso e outra que discuta direito individual homogêneo, ainda que
ambas estejam fundamentadas nos mesmos fatos (causa de pedir remota), mas
sim CONEXÃO, em razão da RELAÇÃO DE PRELIMINARIDADE existente entre
ambas.
a) Critério funcional:
A regra geral é que a ação coletiva se inicia em primeira instância, conforme a origem
do ato imputado, independentemente de quem seja a autoridade impugnada. Isso se
aplica, inclusive, às ações de improbidade administrativa.
Exceções:
- Quando a ação interessar à totalidade dos juízes estaduais e/ou ficar configurado, após
o julgamento na primeira instância, o impedimento de mais da metade dos
desembargadores para apreciar o recurso voluntário ou a remessa obrigatória, a
competência será do STF, na forma do art. 102, I, “n”, CF/88;
- Quando a causa substantivar conflito federativo a competência será do STF, na forma
do art. 102, I, “f”, CF/88. De acordo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF),
o conflito federativo de que trata o artigo 102, inciso I, alínea “f”, da Constituição
Federal, acerca da competência originária da Corte, engloba os casos em que litigam
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entre si a União, os estados-membros, o Distrito Federal, ou as respectivas entidades da
administração indireta, desde que a controvérsia tenha potencial de afetar a harmonia
e o equilíbrio da federação brasileira.
b) Critério material:
• JUSTIÇA ELEITORAL (art. 121, CF). Em princípio, caberá ação coletiva na Justiça
Eleitoral, desde que a causa de pedir diga respeito a assuntos relacionados no
art. 121 da CF.
• JUSTIÇA DO TRABALHO (art. 114, CF). É perfeitamente cabível ação coletiva na
Justiça do Trabalho. Nesse sentido, a Súmula 736 do STF estabelece: “Compete
à Justiça do Trabalho julgar as ações que tenham como causa de pedir o
descumprimento de normas trabalhistas relativas à segurança, higiene e saúde
dos trabalhadores”. Exemplo: ACP proposta pelo MPT, para a defesa de
interesses coletivos, quando desrespeitados direitos sociais.
• JUSTIÇA FEDERAL (art. 109, CF). No processo coletivo, a competência da Justiça
Federal é estabelecida a partir do critério do interesse direto e imediato das
entidades mencionadas no art. 109 da CRFB/88, e não pelo critério da natureza
do bem disputado.
A simples presença do MPF na lide faz com que a causa seja da competência da Justiça
Federal?
SIM. No julgamento do RE 840.002 e do RE 822.816, o STF assentou entendimento no
sentido de que a simples presença do MPF na lide é suficiente para atrair a competência
da Justiça Federal, por ser o MPF um órgão da União, que, embora sem personalidade
jurídica própria, é investido de personalidade processual, cuja natureza é federal. Com
isto, o STF passou a adotar o mesmo entendimento do STJ, superando a antiga
divergência sobre o tema.
Neste ponto, merece atenção a redação da Súmula 150 do STJ: “Compete à Justiça
Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a presença, no
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processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas”. De acordo com este
enunciado, não é atribuição do juiz estadual julgar se entidade federal tem ou não
interesse na causa.
c) Critério valorativo.
No âmbito nacional, o critério valor da causa só serve hoje para fixar a competência dos
Juizados Especiais. Com efeito, de acordo com o art. 3º, I da Lei 10.259/01, não cabe
ação coletiva nos Juizados Especiais (cíveis ou federais).
d) Critério territorial.
Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano,
cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa.
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pública é absoluta e se dá em função do local onde ocorreu o dano. O
art. 2º da Lei n. 7.347/1985, que disciplina a Ação Civil Pública (ACP),
estabelece que as ações da referida norma serão propostas no foro do
local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para
processar e julgar a causa. A ratio legis da utilização do local do dano
como critério definidor da competência nas ações coletivas é
proporcionar maior celeridade no processamento, na instrução e, por
conseguinte, no julgamento do feito, dado que é muito mais fácil
apurar o dano e suas provas no juízo em que os fatos ocorreram.
Precedentes citado: CC 97.351-SP, DJe 10/6/2009. STJ, 1ª Seção, AgRg
nos EDcl no CC 113.788-DF, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em
14/11/2012, divulgado no informativo nº 510.
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