Noções Sobre Reatores Enzimáticos
Noções Sobre Reatores Enzimáticos
Noções Sobre Reatores Enzimáticos
Michele Vitolo
NOES SOBRE REATORES ENZIMTICOS 1. INTRODUO Define-se biorreator como sendo um reator qumico convencional adaptado para operar com biocatalisadores (clulas, enzimas, organelas). O reator enzimtico, portanto, um biorreator onde a reao catalisada por uma enzima. A primeira questo que surge ao se pensar em empregar um biorreator em um determinado processo avaliar a convenincia de se utilizar a enzima isolada no lugar da clula da qual a enzima foi obtida. Para tanto, devem ser considerados os aspectos: a) formao ou no de subprodutos pelas clulas; b) o produto de interesse ser ou no consumido pela clula; c) os custos relacionados com o isolamento, produo e, eventual imobilizao da enzima; d) a origem da enzima, se extracelular (mais barata e disponvel em grandes quantidades) ou intracelular (mais cara e disponvel em pequenas quantidades); e) exigncia ou no de algum cofator pela enzima. Caso se conclua que o uso da enzima em um biorreator seja adequado, ento devese avaliar a convenincia de se empregar a enzima na forma solvel ou imobilizada. Neste caso, os aspectos a serem considerados so: a) alterao do perfil cataltico da enzima aps a imobilizao; b) o tipo de processo no qual a enzima vai ser utilizada (por exemplo, no processo de amaciamento de carnes somente o uso da enzima na forma solvel tem importncia); c) a estabilidade operacional apresentada por ambas as formas da enzima; d) a origem da enzima, se extracelular (pode ser usada na forma solvel ou imobilizada) ou intracelular ( usada na forma imobilizada). 2. TIPOS DE REATORES ENZIMTICOS Os reatores enzimticos podem ser divididos em dois grandes grupos, a saber, descontnuos (incluindo a variante descontnuo-alimentado) e contnuos. Os contnuos, por sua vez, podem ser do tipo leito agitado ou fixo (Figura 1). Os fatores a serem considerados para escolher o tipo de reator so: a) modo de operao: descontnuo (mais barato e de multiuso) e contnuo ( mais caro e desenhado para um processo especfico); b) custo do catalisador frente ao custo total do processo; c) estabilidade da enzima ao longo do processo; d) requisitos operacionais, a saber, possibilitar pleno controle do pH e da temperatura, permitir operar em concentraes no inibitrias de substrato, ser adequado frente s caractersticas da matria-prima (por exemplo, o reator contnuo de leito fixo seria inadequado se a matria-prima a ser processada contiver slidos insolveis) e permitir a substituio do catalisador desgastado pelo uso sem interrupo do processo (por exemplo, o reator continuamente agitado muito verstil nesta situao).
3. REATOR DESCONTNUO Sejam as equaes fundamentais: v = (Vmax . S)/ (KM + S) (1) (1/v) = (KM/Vmax). (1/S) + (1/Vmax) (3) (2)
Onde RA (vazo mssica de alimentao de substrato; Kg/h), RS (vazo mssica de retirada de substrato; Kg/h), RC (razo de consumo do substrato no reator, devido reao; Kg/h) e RE (razo de variao do substrato no reator; Kg/h). No reator descontnuo tem-se que RA = RS = 0. RA (Kg/h) So VB S M RS (Kg/h)
Sejam: m = massa inicial de substrato (Kg) M = massa total do sistema em reao (Kg) VB = volume da mistura em reao dentro do reator (L) x = (massa de S consumida / M) x = (massa de S consumida / m) Como RA=RS = 0, a Eq. 3 toma a forma: (6) - RC = RE Mas Rc = v.VB e RE = - M. (dx/dt) v.VB = M.dx/dt ou, t = M/VB . dx' / v
0 x'
(4) (5)
(7)
Igualando as Equaes (4) e (5) : M.dx= m.dx Substituindo a Eq. (8) na Eq. (7):
2
Logo,
dx= (m/M).dx
(8)
t = S0 . dx / v
0
(9)
Reescrevendo a Eq. 5 como segue: x = (S0 S)/S0 Substituindo as Eqs. (2) e (10) na (9):
S = S0 . ( 1- x )
(10)
t= Finalmente,
x x Km dx So + dx V max 0 (1 x) V max 0
t = (x.S0/Vmax) (KM/Vmax). Ln (1 x)
4. OPERAO COM REATORES ENZIMTICOS 4.1. Problemas operacionais Os principais problemas operacionais so: a) efeitos difusionais; b) retro-mistura; c) gradientes de temperatura e pH no interior do reator; d) variao da presso interna; e) queda do desempenho do reator com o tempo. A queda do desempenho do biorreator com o tempo pode ser devido perda de enzima pelo reator (desintegrao do suporte, solubilizao do suporte e/ou liberao da enzima do suporte), interao enzima/substrato deficiente (padro de fluxo irregular dentro do reator e/ou formao de pelcula sobre as partculas do suporte), perda da atividade enzimtica (envenenamento, desnaturao e/ou degradao microbiana), perda do produto (degradao microbiana) e estabelecimento de gradiente de pH no interior do biorreator. 4.2.Estratgia operacional Quando se opera com um biorreator enzimtico, procura-se sempre minimizar o custo global. Para tanto, usa-se a equao: Pt = F .dt
0 tp
(12)
Onde Pt (produo total), tp (tempo de produo) e F (vazo de alimentao). Para resolver a equao (12) preciso conhecer a relao entre a converso e o decaimento do poder cataltico da enzima existente no reator. Caso seja um decaimento exponencial dado pela equao (13): F = Fi .e(- t.Ln2/t*) (13)
Ento, substituindo a Eq. (13) na (12) e integrando, tem-se: Pt = (Fi.t* / Ln2) . [1 e(- tp.Ln2 / t*)] Onde t* o tempo de meia-vida da enzima imobilizada.
5. Referncias Bibliogrficas
5.1. GODFREY, T. & WEST, S. Industrial enzymology. 2nd Ed., New York, MacMillan Publishers Ltd., 1996. 5.2. LIMA, U.A., AQUARONE, E., BORZANI, W., SCHMIDELL, W. Biotecnologa Industrial: Processos Fermentativos e Enzimticos. So Paulo, SP, Ed. Edgard Blucher LTDA, 2001. vol. 3. 593p. 5.3. AQUARONE, E., BORZANI, W., SCHMIDELL, W., LIMA, U.A. Biotecnologa Industrial: Biotecnologa na Produo de Alimentos. So Paulo, SP, Ed. Edgard Blucher LTDA, 2001. vol. 4. 523p.
(14)
Tipos de reatores
Batelada
CSTR
Filtrado
Loop reciclo Cstr c/ ultrafiltro Reator de leito fixo Reator de leito fluidizado