[96]-AVALIAÇÃO+DE+DEFEITOS+TIPO+GOUGE+EM+TUBOS+DE+AÇO+INOX+304L+UTILIZADOS+NA+FABRICAÇÃO+DE+AGULHAS+HIPODÉRMICAS (2)
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[96]-AVALIAÇÃO+DE+DEFEITOS+TIPO+GOUGE+EM+TUBOS+DE+AÇO+INOX+304L+UTILIZADOS+NA+FABRICAÇÃO+DE+AGULHAS+HIPODÉRMICAS (2)
doi.org/10.51891/rease.v9i3.8949
Alexandre Iartelli1
ABSTRACT: The production of cannulae, materials that are used in the manufacture of medical
devices are made from a 304L stainless steel strip rolled in a pipe and then welded by GTAW
process. After this procedure, the tube undergoes in a series of drawing passes with and without
annealing to reduce its diameter. Finally, the steps are carried cut, and pointing and cleaning
material. In the drawing, a series of defects called "gouge" is found, causing high losses in the
process, depending on the technical specifications discontinuities. Initially, in order to characterize
and detect possible causes of defects analyzed the characteristics of the process, from welding to
drawing without annealing. Then, analyzes were performed with scanning electron microscopy, to
evaluate some metallurgical characteristics of the material. As the goal was to characterize the
defect, several possible causes emerged as the influence of current or welding speed, temperature
treatment along with the reactions of ammonia gas in the generation of discontinuities, the speed of
drawing or the amount of lubricating oil. It was concluded that the welding process is not the cause
of the fault as well as drawing without annealing. The possibility of the cause of the discontinuity
was annealed drawing process. Thus, various proposals have emerged for future work.
1Engenheiro Metalurgista, MsC, Engenheiro Especialista, Cânulas, BD Brasil Ltda, Juiz de Fora, Minas
Gerais, Brasil.
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ISSN - 2675 – 3375
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1 INTRODUÇÃO
O instituto norte americano do ferro e aço (AISI) classifica os aços inoxidáveis com
três números, às vezes seguido por uma letra, por exemplo: 304, 304L, 410 e 430.
Os aços inoxidáveis ferríticos e martensíticos são ferromagnéticos. Os duplex são
relativamente magnéticos, devido ao seu conteúdo elevado de ferrita; e os austeníticos não 1396
são ferromagnéticos [2].
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Os aços inoxidáveis são ligas que contêm altos teores de cromo, níquel e molibdênio
em sua composição química. O cromo, em especial, confere excelente resistência à corrosão 1397
quando comparados aos aços carbono [4].
O cromo presente nessas ligas entra em contato com o meio externo oxidante,
formando uma fina camada passiva constituída principalmente de Cr2O3, que possui
estabilidade nas condições atmosféricas. A efetividade desta camada está vinculada ao teor
mínimo de cromo igual a 10,5%. Desta forma, denomina-se aço inoxidável as ligas Fe-Cr.
Fe-Cr-C e Fe-Cr-Ni com teor de cromo pelo menos de 10% a 12% de cromo, que permite a
formação da camada passiva [3].
Nas Tabelas 2 e 3 tem-se as composições químicas e teores dos principais aços
inoxidáveis austeníticos, onde podemos notar que as diferenças entre o 304e o 316L está
ligada à presença de Molibdênio na composição deste último.
Tabela 2. Propriedades mecânicas: laminados a frio - aços inoxidáveis AISI 304 e 316L.
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1398
Ni_eq=Ni+0,5 Mn+30 C (1)
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Figura 3. Micrografia ótica com campo polarizado do aço 304 como recebido.
Fonte: PADILHA; GUEDES, AçosInoxidáveis Austeníticos, 1994.
1.3. Sensitização
2. PRODUÇÃO DE CÂNULAS
O processo de deformação plástica dos metais, onde o material passa entre rolos é
denominado laminação. Na laminação, o metal é submetido a elevadas tensões de
compressão, resultantes da ação de prensagem dos rolos, e tensões cisalhantes superficiais,
resultantes da fricção entre os rolos e o material. A conformação de tubos também pode ser
considerada como um processo de laminação. A matéria prima utilizada neste processo é
uma chapa ou tira metálica.
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Essa chapa ou tira passa por diversas cadeiras que conformam o material até a forma
final de um tubo, para posterior soldagem. Na Figura 5 tem-se a ilustração do equipamento
de laminação de tubos com costura.
O processo de fabricação das cânulas utiliza soldagem autógena, onde uma tira de aço
inoxidável pré-conformada na forma tubular é unida utilizando o arco elétrico do processo
GTAW.
Durante o processo, o arco elétrico gerado entre o eletrodo de Tungstênio e o tubo
promove a fusão localizada das duas laterais gerando o cordão de solda. Durante o processo,
todo o sistema é protegido por uma atmosfera de gás Argônio, a fim de impedir a
contaminação por gases atmosféricos.
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O aço inox inicialmente passa por diversas etapas de trefilação, com a finalidade de
fabricar agulhas e cânulas cirúrgicas. Os diâmetros finais podem chegar a 0,2mm, o que exige
precisão na fabricação dos cordões de solda, isto é, devem possuir dimensões adequadas para
suportar as exigências de uso.
Nas Figuras 7 a 9 têm-se alguns exemplos de resultados obtidos através da utilização do
microscópio por varredura.
1401
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Depois de apontado, o material segue para o último processo de limpeza, contendo 1402
solventes e ácidos em uma série de banhos, por várias horas, Figura 11. Em um deles, antes
do material ser embalado, as cânulas são submetidas a um banho eletroquímico. Uma
solução contendo ácido ortofosfórico e ácido sulfúrico forma um eletrólito onde as cânulas,
presas a um dispositivo formado por um ânodo e um cátodo provoca uma aceleração da
corrosão no material. Isto retira materiais presos, rebarbas e gera pequenas fissuras no
material. Estas fissuras são próprias para deposição de silicone, utilizado em processos
posteriores.
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3. GOUGE
O GOUGE pode apresentar morfologias variadas, bem como tamanhos. Uma coisa
importante a se notar, é que o defeito reflete na parte interna do material como uma 1403
deformação, e não como um furo passante. Nas Figuras 13 e 14 tem-se duas formas de
visualização do defeito.
Figura 13. Cânula onde o GOUGE causa uma Figura 14. Cânula onde o GOUGE causa uma
deformação na parte interna. deformação na parte interna.
Fonte: Becton Dickinson. Fonte: Becton Dickinson.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
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qual realizou a seleção e análise pelo microscópio de varredura Carl Zeiss SMT EVO-MA-
10 Scanning Electron Microscope (SEM) Serial # 10-1174.
As amostras correspondem ao material 25 PF e 30 PF. Estanomenclatura refere-se ao
tamanho das cânulas. Na Tabela 4 tem-se, com clareza, estas definições.
Os ensaios foram realizados em amostras de aço inoxidável AISI 304L com uma
composição aproximada dos elementos, conforme mostrado na Tabela 5. Esta liga esta em
conformidade com as normas ISO/TR 15510:1997 e EN 10088-1:1995, correspondendo à
denominação X2CrNI 18-9.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pelas fotos das cânulas, pode-se ver a morfologia e distribuição do defeito na cânula.
Nota-se que os defeitos apresentam duas morfologias básicas: uma onde há um parte do
material “sobreposta” sobre a superfície do defeito, e outra onde o defeito “atravessa”a
parede da cânula. Nas Figuras 15 a 18 tem-se a ilustração destas formas.
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Figura 17. Cânula com GOUGE. Figura 18. GOUGE atravessando a parede.
Fonte: Becton Dickinson. Fonte: Becton Dickinson.
1405
Figura 19. Superfície do tubo soldado. Figura 20. Superfície do tubo soldado.
Fonte: Becton Dickinson. Fonte: Becton Dickinson.
Fotos de seção transversal do defeito também foram tiradas. Elas mostram, como já foi dito,
que o defeito reflete na superfície interna do tubo, deformando-o. Também comprovam que
o material sobreposto ao defeito pertence ao material base, não sendo de origem exógena a
ele, Figuras 21 e 22.
Figura 21. Seção transversal do defeito. Figura 22. Seção transversal do defeito.
Fonte: Becton Dickinson. Fonte: Becton Dickinson.
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A mesma coisa se fez com o tubo para avaliar a região soldada. Note que esta região
da foto está com uma forma diferenciada, mais escura. Esta região é o cordão de solda,
Figuras 23 e 24.
Figura 23. Seção transversal do defeito. Figura 24. Seção transversal do defeito.
Fonte: Becton Dickinson. Fonte: Becton Dickinson.
isto é, na etapa final de produção do tubo, não apresenta o defeito. Diversos lotes de produção
foram acompanhados para ver se o defeito surge depois dos passes de trefilação e nenhuma
bobina apresentou este defeito. Somente aparece quando ele é formado em etapas anteriores
e passam desapercebidos pela produção.
Por fim temos a trefilação com recozimento como a potencial causadora do defeito.
O processo de trefilação com recozimento contém uma série de variáveis que, sozinhas ou
até mesmo associadas, podem causar a falha. Dentre elas estão: velocidade de trefilação (em
cada passe), temperatura de recozimento, óleo de lubrificação, estado das ferramentas e
condições dos equipamentos (fornos).
Um detalhe sobre toda esta discussão: até agora não foi encontrado nada, em termos
de literatura, sobre o assunto. Não foram encontrados artigos livros ou estudos publicados
que falam sobre o processo e poderiam ajudar no estudo da possível ou possíveis causas do
defeito. O GOUGE já existe há bastante tempo, mas as hipóteses de sua causa ficam, por
muitas vezes, guardadas "a sete chaves", se existirem.
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CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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Jersey, John Wiley & Sons, p 141-198, 2005.
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Federal de Itajubá, 2009.
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