Apostila de Técnica Vocal
Apostila de Técnica Vocal
Apostila de Técnica Vocal
Sumrio
CAPTULO 1 pg. 03 A produo da voz humana pg. 03 a 04 CAPTULO 2 pg. 05 As diferenas entre as vozes falada e cantada pg. 05 Parmetro Respirao pg. 05 Parmetro Fonao pg. 05 a 06 Parmetro Ressonncia e Projeo de voz pg. 06 Parmetro Qualidade Vocal pg. 06 Parmetro Articulao dos sons da fala. pg. 07 Parmetro Pausas pg. 07 Parmetro Velocidade e Ritmo pg.07 a 08 Parmetro Postura pg. 08 O canto atravs da Historia pg. 08 CAPTULO 3 pg. 09 Os problemas mais comuns dos Grupos de Canto pg.09 1-As vozes intermedirias pg. 09 a 10 2-Grande reciclagem de cantores pg. 10 3-Desconhecimento dos locais das apresentaes pg. 10 a 11 4-Vestimentas pg. 11 5-Viagens freqentes pg. 11 6-O desgaste do Regente ou Professor de Tcnica pg. 12 CAPTULO 4 pg. 13 As normas de Higiene Vocal para o Canto pg. 13 a 16 CAPTULO 5 pg. 16 Os mitos da Voz Cantada pg. 16 Aprender a respirar e cantar com o Diafragma pg.16 a 17 Nunca respirar pela boca pg. 17 No usar falsete, uma voz falsa e faz mal, alm disso mulheres no tem falsete - pg. 17 a 18 No apresentar zonas de passagens de registro pg.18 Gargarejar com usque ou similares antes dos ensaios e apresentaes pg. 18 a 19 Usar sprays, pastilhas, gengibre, mel com limo e similares pg. 19 CAPTULO 6 pg. 20 O que Msica? pg. 20 a 21 CAPTULO 7 pg.21 Aquecimento Vocal pg. 21 Exerccios de Respirao pg. 21 a 23 Vocalizes pg. 23 a 24 Alongamento Vocal pg. 25 CAPTULO 8 pg. 26 As regras de ouro da boa voz de um cantor pg. 26 a 27 Questionrio pg. 27 a 28 Pequeno Glossrio pg. 29 a 33 2
CAPITULO 1
A PRODUO DA VOZ HUMANA
Vivemos imersos num universo sonoro e sentimo-nos confortveis quando temos os sons ambientais ao nosso redor. Som vida e o mundo sonoro nos d a confirmao de pertencermos a esta realidade, participar dela e control-la. A presena do som to importante que quando o silncio excessivo, pode nos assustar. Um exemplo disto o quando ficamos alerta ao passarmos por uma rua muito quieta, pois parece que algo ruim poder nos acontecer. Nosso corpo pode ser considerado uma espetacular mquina produtora de sons, alguns mais romnticos como o tum-t do corao e o suspiro da paixo, e outros menos romnticos, como o som do estmago quando estamos com fome, ou dos intestinos com gases. Estes so produzidos de forma automtica e temos pouco controle sobre ele. Por outro lado, a voz o som mais complexo e sofisticado produzido pelo nosso corpo, de tal modo voluntrio que podemos modific-los e exerc-los sobre um controle excepcional. A voz se produz no trato vocal, a partir de um som bsico gerado na laringe, chamado fonao. A laringe localiza-se no pescoo e um tubo composto de cartilagem. Mais particularmente, as pregas vocais so as estruturas responsveis pela produo da matriaprima sonora. O nome popular de cordas vocais incorreto pois no se tratam de cordinhas, como as do violo , mas sim de dobras ou pregas de musculatura. Portanto, as pregas vocais localizam-se dentro da laringe, so apenas duas e esto paralelas ao solo, como se estivessem deitadas. As pregas vocais afastam-se para que o ar entre nos pulmes e aproximam-se e vibram para que a fonao se produza. O ar essencial para a produo da voz, sendo o combustvel energtico da fonao. Sem o ar no conseguimos ativar a vibrao das pregas vocais, o que voc pode comprovar fechando a boca e nariz simultaneamente e procurando emitir um som. A funo principal da laringe porm, no produzir a voz, mais sim proteger os pulmes. Quando deglutimos ou quando uma substncia nociva entra em nosso corpo pela boca ou pelo nariz, as pregas vocais aproximam-se fortemente, fechando a abertura larngea. Essa chamada de selamento larngeo, sendo extremamente importante para nossa sobrevivncia. O selamento larngeo tambm realizado quando queremos erguer um peso ou deslocar nosso corpo atravs o apoio dos braos, como quando subimos em barras de ginsticas. Quando um individuo est muito debilitado ou com problemas neurolgicos, a funo de selamento fica enfraquecida e pode ocorrer desvio de alimentos para os pulmes, o que chamado de aspirao, podendo provocar infeco pulmonar e morte. Portanto, a funo de produo da voz secundria e foi superposta funo primria deste rgo, na escala de evoluo filogentica dos animais. Para produzirmos a voz, obedecemos uma seqncia de atos coordenados: inicialmente devemos inspirar, ou seja, colocar o ar para dentro dos pulmes; nesta situao, as pregas vocais se afastam da linha mdia, permitindo que o ar passe livremente. Ao emitirmos a voz, as pregas vocais se aproximam da linha mdia, controlando e bloqueando a sada do ar dos pulmes, iniciando a expirao pulmonar. O ar, passando pela laringe, coloca em vibrao as pregas vocais, que esto prximas entre si. As pregas vocais desta forma, fecham-se e abrem-se numa seqncia muito rpida, realizando os chamados ciclos vibratrios. Quanto maior a velocidade dos ciclos vibratrios, mais alta a freqncia do som emitido, o que quer dizer que mais aguda ser a voz produzida. Na verdade, o som que a laringe produz no a voz que ouvimos de uma pessoa, mas sim a chamada fonao. O som na laringe semelhante ao de um barbeador eltrico, no sendo parecido com nenhuma vogal ou consoante. Podemos tambm imit-lo vibrando os lbios, como fazem as crianas que brincam de carrinho. 3
O nmero de vibraes que as pregas vocais fazem em um segundo a freqncia da voz de um indivduo. Esta freqncia depende de vrios fatores, como o comprimento das pregas vocais (quanto maiores, mais grave ser a voz) e de espessura (quanto mais finas, mais aguda ser a voz). Portanto, quanto mais agudos os sons que produzimos, maior nmero de vibrao so realizadas em um segundo, ou seja, as pregas vocais esto completando uma maior quantidade de ciclos por segundo. Assim, quando uma soprano canta um d5, ao redor de 1.024Hz, suas pregas vocais esto realizando 1.024 vibraes em um segundo. O som bsico produzido pelas pregas vocais na laringe passa por uma srie de cavidades de ressonncia, que se ajustam como se fossem um alto-falante natural formado pela prpria laringe, faringe, boca e nariz. As cavidades de ressonncia amplificam este som, que muito fraco quando sai de sua fonte. Pode-se compreender, portanto, que a voz o resultado do equilbrio entre duas foras a fora do ar que sai dos pulmes - a chamada fora aerodinmica, e a fora muscular das pregas vocais a chamada fora mioelstica. Caso haja um desequilbrio nesse jogo, poder haver uma alterao vocal. Se o ar que passa pela laringe excessivo, a voz vai ser soprosa ouvindo-se ar na emisso, uma queixa muito comum entre os cantores. Ao contrrio, se a fora muscular for maior que a necessria, o som ficar comprimido em pouco ar e a voz sair tensa e estrangulada. Os diferentes sons de uma lngua suas vogais e consoantes so produzidos nas cavidades acima da laringe, por mudanas nos articuladores, ou seja, nas estruturas que esto nas cavidades de ressonncia. Os sons so articulados principalmente na boca, atravs de movimentos da lngua, dos lbios, da mandbula, dos dentes e do palato. Esses movimentos devem ser precisos e corretamente encadeados nas palavras e nas frases, para que sejam produzidos sons claros, tornando a fala e a mensagem que se quer transmitir inteligveis. Para a voz cantada, utilizamos as mesmas estruturas que produzem a voz falada, porm, com diferentes ajustes devido s necessidades do canto. De modo simplificado, a respirao passa a ser mais profunda, as pregas vocais produzem ciclos vibratrios mais controlados e com maior energia acstica, as caixas de ressonncia esto expandidas e introduzem uma maior amplificao ao som bsico.
CAPTULO 2
AS DIFEREAS ENTRE AS VOZES FALADA E CANTADA
Existem vrias formas de se comparar a voz falada e a voz cantada. Selecionamos os parmetros mais comuns para analisarmos as diferenas entre esses dois ajustes e compararmos as realidades da voz falada coloquial e do cantor. So eles: respirao, fonao, ressonncia e projeo de voz, qualidade vocal, articulao dos sons da fala e pausas, e postura.
A sada do ar na expirao um O controle da expirao (sada do ar) processo passivo. ativo, mantendo a caixa torcica expandida durante o maior tempo possvel.
VOLUME DE VOZ NO AMBIENTE VOZ CANTADA A ressonncia geralmente alta, dita na mscara ou de cabea, o que indica que o foco de ressonncia concentra se na parte superior do trato vocal. A intensidade quase nunca constante, com variaes controladas e rpidas de um pianssimo a um fortssimo, num limite que pode ir de 45dB a 110dB. Projeo vocal uma necessidade constante no canto, que deve se audvel mesmo nos sons pianssimos; para tanto, a inspirao sempre maior que para a fala, a 6
VOZ FALADA A ressonncia geralmente mdia, em condies naturais do trato vocal, sem uso particular de alguma cavidade, no necessitando a voz de grande projeo. A intensidade habitual situa se ao redor de 64dB para conversao, mantendo se relativamente constante durante o discurso; a faixa de variaes fica ao redor de 10dB da intensidade habitual. Quando necessria projeo vocal, para chamar algum distante ou para dar um grito, geralmente usa-se uma inspirao mais profunda, abre-se mais a boca e usa-se sons
boca est sempre bem aberta, procurando se reduzir ao mximo os obstculos sada do som.
PARMETRO QUALIDADE VOCAL - TIMBRE DA VOZ VOZ FALADA A qualidade vocal na voz falada pode ser neutra ou com pequenos desvios que identificam o falante, mas no chegam a ser considerados sinais de disfonia, como por exemplo, a voz levemente rouca, soprosa, spera ou nasal. VOZ CANTADA A qualidade vocal depende da natureza do cantor, do estilo musical e do repertrio, sendo que caractersticas pessoais so geralmente deixadas num segundo plano em favor de uma sonoridade nica; porm, os desvios na voz tendem a ser percebidos principalmente no naipe, que se torna desequilibrado. A qualidade vocal mais estvel devido ao treino dos cantores e sofre menos influncia de fatores externos realidade musical.
A qualidade vocal extremamente sensvel ao interlocutor, natureza do discurso ou a aspectos emocionais da situao, podendo ficar momentaneamente trmula ou sussurrada, por exemplo. Os distrbios na produo da voz Os distrbios na produo da voz falada chamam-se disfonias. cantada chamam-se disodias e podem vir ou no acompanhados de disfonia.
PARMETRO ARTICULAO DOS SONS DA FALA - PRODUO DAS VOGAIS E CONSOANTES VOZ FALADA VOZ CANTADA O objetivo da voz falada a A mensagem a ser transmitida aqui transmisso da mensagem, portanto a est alm das palavras e, portanto, articulao deve ser precisa e a identidade privilegiam-se os aspectos musicais, o que dos sons deve ser mantida. pode significar, em alguns casos, o sacrifcio da articulao de certos sons, que podem ser subarticulados ou distorcidos. As vogais e consoantes tem durao Na frase musical, as vogais so definida pela lngua que se fala. geralmente mais longas que as consoantes e servem de apoio qualidade vocal. Os movimentos articulatrios bsicos Os movimentos articulatrios bsicos so definidos pela lngua utilizada, porm, o recebem influncia dos aspectos tonais da padro de articulao sofre grande influncia msica e da frase musical em si; desta dos aspectos emocionais do falante e do forma, as constries que produzem os sons discurso. e que so realizadas ao longo do trato vocal, tendem a ser reduzidos.
PARMETRO PAUSAS
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- INTERVALOS VOZ FALADA As pausas so individuais do falante, podendo ocorrer por hesitao, por valor enftico ou, ainda, refletir interrupes naturais do discurso. As pausas de hesitao so normais e aceitveis, podendo ser silenciosas ou preenchidas por sons prolongados como ahn... ou uhm.... VOZ CANTADA As pausas so pr programadas e definidas pelo compositor, pelo cantor e/ou pelo professor de tcnica vocal, possuindo forte apelo emocional e de interpretao. As pausas que ocorrem por hesitao do cantor no so aceitveis e causam constrangimento ao cantor e ao pblico, que pode chegar vaia. Alm disso, falta de sincronia entre os cantores nas entradas das msicas tambm causam efeito negativo.
PARMETRO VELOCIDADE E RITMO - ANDAMENTO DA EMISSO VOZ FALADA A velocidade e o ritmo da emisso falada so pessoais e dependem de mltiplos fatores, tais como caractersticas da lngua falada, personalidade e profisso do falante, objetivo emocional do discurso e fatores de controle neurolgico. Alteraes na velocidade e no ritmo da emisso geralmente ocorrem independente da conscincia do falante, mas podem ser reguladas de acordo com o objetivo emocional da emisso. VOZ CANTADA A velocidade e o ritmo da emisso cantada dependem do tipo de msica, da harmonia, da melodia e do andamento que o professor de canto confere ao tema. Alteraes na velocidade e no ritmo da emisso so controladas, pr programadas e ensaiadas.
PARMETRO POSTURA - POSIO DO CORPO DURANTE A EMISSO VOZ FALADA varivel, com mudanas constantes. As mudanas habituais na postura corporal no interferem de modo significativo na produo da voz coloquial. A linguagem corporal acompanha a comunicao verbal e a inteno do discurso. VOZ CANTADA menos varivel, procurando-se sempre manter o tronco ereto. As mudanas na postura corporal interferem tanto na produo da voz quanto na estabilidade da qualidade vocal. A linguagem corporal no favorecida pelo canto, que privilegia particularmente a expresso facial.
Embora o canto tenha atingido seu mximo desenvolvimento na msica ocidental, prtica de canto principalmente em conjunto existem, desde a Antigidade, em muitas tradies folclricas e tribais. No ocidente, os coros comearam efetivamente no sculo VI, quando o papa Gregrio I estabeleceu escolas de canto nos centros da cristandade, para garantir adequada execuo da msica litrgica. At o sculo XII, esse canto, conhecido como Gregoriano, apresentava uma nica voz, usando preferencialmente natas agudas. Somente no sculo XV comearam a ser exploradas as notas graves da tessitura. Nos sculos XVI e XVII a msica coral expandiu-se para alm da liturgia. A Reforma encorajou o canto informal de canes religiosas em grupos, como os salmos na Frana e os hinos na Alemanha. A Renascena italiana estimulou os grupos de cantores amadores, os madrigais. A maior parte das apresentaes era feita sem acompanhamento musical, o canto capella, uma tradio que ainda hoje se mantm. No sculo XVIII os trabalhos para coral de Bach e Handel tiveram grande aceitao entre os corais amadores, onde as mulheres passaram a cantar as partes de soprano e contralto, antes tradicionalmente destinadas aos meninos. Festivais de corais tornaram-se muito comuns nos sculos XIX e XX, associados a instituies civis, acadmicas e religiosas. As especificidades culturais podem se observadas nos diferentes estilos de canto, na escolha das vozes, na tenso fsica e nas caractersticas acsticas das emisses, o que faz do canto coral uma complexa e rica orquestra humana.
CAPTULO 3
OS PROBLEMAS MAIS COMUNS DOS GRUPOS DE CANTO
A formao, o estilo musical e os objetivos dos grupos de canto so bastante variados, mas existem alguns problemas que podem ser considerados comuns aos grupos de voz cantada. Dessas dificuldades tpicas, selecionamos algumas e vamos analis-las e oferecer sugestes prticas, para minimizar ou pelo menos contornar os efeitos negativos sobre a produo da voz. So elas: A questo das vozes intermedirias; A grande reciclagem dos cantores; O desconhecimento dos locais de apresentaes; As vestimentas; As viagens freqentes; Desgaste do regente ou professor;
1. AS VOZES INTERMEDIRIAS
No que diz respeito s classificaes vocais, as vozes so geralmente divididas em: sopranos e contraltos vozes femininas, respectivamente primeira e segunda voz, e tenores e baixos vozes masculinas, respectivamente primeira e segunda voz. So consideradas intermedirias a voz masculina de bartono e a voz feminina de mezzo-soprano. O que esta classificao indica que as vozes se diferenciam em extenso e qualidade vocal.
Realizar a classificao vocal de um indivduo pode ser uma tarefa muito rdua, que requer tempo e dedicao do professor de tcnica vocal. Vrios critrios so levados em considerao, dos quais podemos ressaltar os seguintes: Estrutura corporal do falante; Caractersticas anatmicas da laringe; Caractersticas funcionais da emisso; Caractersticas da personalidade. De modo geral, quanto maior a estatura fsica e mais longas as pregas vocais, mais grave a voz; por outro lado, vozes agudas costumam estar associadas as personalidades mais imaturas e a indivduos alegres, enquanto que vozes mais graves esto, em geral, associadas as personalidades mais maduras, autoritrias e indivduos tristes ou depressivos. Apesar de todos estes aspectos, as caractersticas funcionais da emisso so determinantes na classificao vocal; em outras palavras, a extenso de semitons que o indivduo emite, com conforto e qualidade musical, que determina o tipo de voz. As tessituras das vozes treinadas so apresentadas a seguir.
AGUDO
Soprano Mezzo-soprano Contralto de d3 a d5 de l2 a l4 de f2 a f4 VOZES FEMININAS
GRAVE
Tenor Bartono Baixo de d2 a d4 de l1 a l3 de f1 a f3 VOZES MASCULINAS
Na formao de um grupo de canto geralmente as vozes intermedirias no so previstas como naipe isolado, a menos que seja uma particularidade da msica cantada. Assim sendo, homens com vozes intermedirias tm a opo de cantar como baixos ou tenores e mulheres com vozes intermedirias como contraltos ou sopranos. Esta escolha geralmente est relacionada s necessidades do grupo, ou de determinadas peas musicais, mas a maioria dos regentes freqentemente opta pro deslocar os indivduos de vozes intermedirias para as segundas vozes (ou seja, as vozes mais graves), j que os baixos e principalmente as contraltos verdadeiras so muito raras. Isto, porm, pode ser negativo para uma determinada voz, que passa a ser solicitada numa extenso fora de sua emisso privilegiada. Questo: Se voc tem uma voz de classificao intermediria, em que naipe deveria cantar? Resposta: No naipe em que houver maior conforto vocal, em que sua voz fica mais equilibrada, sem esforos extras. Alm disso, voc deve evitar ficar se deslocando constantemente de naipe, o que pode desequilibrar sua emisso.
integrantes. J nos corais universitrios os cantores so remunerados atravs de bolsas de incentivos cultura, porm essas bolsas tm durao limitada e o cantor tende a deixar o grupo ao final desse tempo. Questo: Quais os principais problemas que a reciclagem de cantores gera para o grupo? Resposta: A reciclagem dos integrantes produz grandes discrepncias vocais entre os cantores e a dificuldade de se manter uma identidade sonora. Alm disso, ocorrem dificuldades adicionais na preparao e ensaio de msicas mais complexas, assim como no desenvolvimento do trabalho dos profissionais envolvidos, quer seja o regente, o professor de tcnica vocal ou o fonoaudilogo.
4. VESTIMENTAS
A vestimenta escolhida pelos corais apresenta um desenho tradicional, que geralmente inadequado s condies do clima brasileiro. Comumente so escolhidas batas por serem vestes oficiais da maior parte dos corais do mundo, especialmente os europeus. A chamada bata uma vestimenta longa, confeccionada com tecido pesado e escuro, de mangas compridas, abotoada na frente desde o decote at a bainha, geralmente usada com uma faixa colorida na cintura. J os corais lricos apresentam roupas confeccionadas para aquele espetculo e, quase sempre, ajustes pessoais podem ser realizados. Questo: O que fazer se sua roupa for inadequada? Resposta: Use somente a vestimenta do coral, sem sua roupa social por baixo, para aliviar o peso e o calor. Alm disso, procure, pelo menos, deslocar os botes do pescoo e aliviar o cinto, para que o aparelho vocal no fique restrito em suas movimentaes. O ideal para o clima brasileiro seria que as roupas fossem confeccionadas em tecidos de fibras naturais, leves, com discreto decote e em cores claras. 11
VIAGENS FREQENTES
Viagens freqentes para apresentaes podem trazer srios problemas vocais principalmente devido s mudanas de clima e abusos vocais durante o trajeto. Alm disso, fatores como os usos excessivos da voz e alimentao inadequada podem concorrer para piorar a qualidade da voz. Questo: O que fazer para minimizar e prevenir problemas vocais uma vez que as viagens so inevitveis e fazem parte da prpria rotina dos grupos de canto? Resposta: Procure se inteirar do clima da cidade para onde est indo, principalmente com relao temperatura, ventos constantes e umidade do ar, desta maneira voc estar prevenido com roupas adequadas. Procure estar na cidade da apresentao com, pelo menos, um dia de antecedncia para que possa se aclimatar. Durante a viagem, de nibus ou avio, procure dormir e descansar evite conversar, pois, rudos constantes inerentes a esse tipo de transporte, constitui um abuso vocal bastante srio. Lembre-se de manter seu corpo sempre bem hidratado. Os ensaios dentro de nibus so absolutamente contra-indicados devido postura inadequada e ao rudo excessivo, deixe para ensaiar no local da apresentao.
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CAPTULO 4
AS NORMAS DE HIGIENE VOCAL PARA O CANTO
Inmeros hbitos e acontecimentos podem ser nocivos para a voz do cantor. Vamos ressaltar o que deve ser evitado, explicando os efeitos negativos, a fim de evidenciar os principais cuidados a serem tomados. Os principais hbitos nocivos para a voz do cantor, so os seguintes: Pigarrear: O ato de pigarrear um atrito entre as pregas vocais; este roar forte e agressivo pode contribuir para o aparecimento de alteraes nas pregas vocais, pois o atrito provoca irritao e descamao do tecido. Falar muito: O excesso de fala, principalmente em emisso continuada prejudicial para a laringe, pois submete o aparelho vocal a um esforo prolongado; nessas situaes, o risco de se desenvolver uma leso tambm maior. Quando o uso continuado de fala ou canto se fizer necessrio, procure, em seguida, descansar a voz pelo mesmo perodo. Falar cochichando ou sussurrando: Embora, aparentemente, cochichar ou sussurrar possa sugerir relaxamento das pregas vocais, na verdade este um ato de extrema fora que pode, at mesmo, ser mais lesivo do que falar com a sonoridade habitual. 13
Gritar: Falar em voz muito forte ou gritar utilizar a laringe em sua fora mxima; evidentemente, o desgaste a maior e bem mais rpido nessas situaes, cansando a voz rapidamente e aumentando o risco do aparecimento de leses na superfcie das pregas vocais, ou at mesmo de hemorragias submucosas. Os gritos devem ficar restritos situaes absolutamente necessrias. Realizar competio sonora: Falar em locais barulhentos constitui competio sonora, ou seja, voc tende a elevar o volume de voz num esforo para se comunicar, na tentativa reflexa de vencer o rudo de fundo; o pior de tudo que voc geralmente nem percebe o quanto est se esforando. Falar fora de sua freqncia habitual: Todos apresentamos uma freqncia de voz que nos identifica e que chamada de freqncia habitual. Enquanto falamos ou cantamos estamos constantemente variando a freqncia de nossa emisso, porm, existe um valor mdio onde nossa voz se situa. Alguns cantores tendem a usar a freqncia do canto (geralmente mais aguda) na prpria fala, o que representar um abuso vocal, alm de soar artificial. Procure usar sua voz, do modo mais natural possvel, fora das apresentaes. Imitar sons, vozes e rudos: Alguns cantores, pelo controle vocal desenvolvido, ou mesmo por dom, apresentam facilidade de imitar sons, vozes de outras pessoas e rudos. mito difcil fazer essas manobras e rudos vocais sem lesar o aparelho fonador, o que determina que a maioria dos imitadores fiquem com sensao de ardor e irritao aps acabar suas imitaes. Desta forma, se voc no tem certeza de que consegue fazer imitaes sem se prejudicar, evite-as. Ingerir cafena em excesso: A cafena encontrada no caf, nos chs de ervas e tambm nos refrigerantes dietticos; alm de estimulante, a cafena favorece o refluxo gastresofgico, ou seja, o lquido cido do estmago vem, em forma de jato, como uma azia, para a boca, podendo ser desviado para a laringe. O refluxo, por sua composio qumica, extremamente irritante para as sensveis mucosas da laringe. Se voc tem o hbito de cafezinhos freqentes, use o descafeinado. Ambientes secos: A reduo da umidade do ar causa o ressecamento do trato vocal, induzindo uma produo de voz com esforo e tenso. como se um sistema mecnico altamente potente tivesse que funcionar sem lubrificao de seus componentes. Se sua permanncia em locais com ambiente seco (por exemplo, ao viajar para cidades cuja umidade relativa do ar pequena, ambientes com ar condicionado, etc.) for inevitvel, procure se hidratar tomando vrios copos com gua em temperatura ambiente. Descanso inadequado:
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Cantar um ato de extremo gasto energtico e os cantores chegam at mesmo a perder peso durante as apresentaes. A energia da laringe recuperada atravs do descanso, mais especificamente atravs do sono. A voz nunca est boa depois de uma noite maldormida. A laringe recarrega sua energia principalmente atravs do descanso. Programe-se para dormir o suficiente. Estresse: Um certo estresse positivo para o canto, pois estresse nada mais significa do que mobilizao de energia; porm, o estresse excessivo negativo (conhecido tecnicamente por distresse) e prejudica a emisso, o que se observa atravs do cansao vocal, falta de resistncia, rouquido e ar na voz; tambm pode ocorrer perda de notas na tessitura. Fumo: de conhecimento comum que o fumo altamente nocivo para a laringe, principalmente para cantores. Entre tantos outros efeitos, o fumo causa irritao direta no trato vocal, pigarro, inflamao da regio larngea, tosse e aumento de secreo viscosa. Lembre-se de que existe uma alta correlao entre o tabagismo e o desenvolvimento do cncer, particularmente na laringe e nos pulmes. Aconselhamos os cantores a abandonarem este hbito, considerando no s a sade vocal, mas a qualidade de vida como um todo.
lcool: Os lquidos no passam pela laringe, mas o lcool, principalmente os destilados (pinga, vodka e usque), esto intimamente associados ao desenvolvimento do cncer. O consumo freqente de bebidas alcolicas provoca edema (inchao) das pregas vocais e irritao de toda a laringe. O lcool fermentado (vinho e cerveja) o menos irritante. Evite beber antes de cantar. Abandone o mito de que um conhaque antes de cantar aquece a voz, se assim fosse todo jogador de futebol beberia para aquecer os msculos antes de entrar em campo. Mudanas constantes de professor de Tcnica Vocal: sempre importante freqentar aulas de canto, mesmo se voc j se considera um cantor pronto e formado. Ns no nos ouvimos como os outros nos ouvem e, alm de toda a instruo tcnica do professor de canto, ele representa um ouvido exterior confivel para lhe oferecer uma avaliao de como anda realmente a sua voz. Faa aulas peridicas e, principalmente, procure no ficar mudando de professor o tempo todo, em busca de progressos rpidos, espetaculares e milagrosos. Os professores usam diferentes recursos e mudar constantemente de linha de aprendizado pode prejudicar a voz. O bom professor no aquele que tem a voz bonita, mas que canta corretamente e constri a voz cantada do aluno num processo de desenvolvimento lento que exige tempo, pacincia e dedicao.
LEMBRETES GERAIS
Cuide de sua sade geral Manter-se em boas condies de sade geral auxilia a produo da voz, quer seja cantada ou falada. So raros os indivduos doentes que mantm boa emisso vocal. 15
Mantenha um a dieta balanceada Todas as funes especiais do corpo, e o canto uma funo especial, requerem grande porte energtico; mantenha uma dieta balanceada e evite excesso de gorduras e alimentos muito condimentados, o que lentifica o processo digestivo e limita a excurso respiratria. Aquea e desaquea a voz antes e depois das apresentaes Lembre-se que o ajuste para a voz cantada diferente do ajuste para a voz falada; assim, a voz cantada deve ser usada unicamente nas situaes de canto.
CAPITULO 5
OS MITOS DA VOZ CANTADA
A rea da voz humana rica em mitos, devido no somente natureza artstica que a envolve, mas tambm por ela ser um produto considerado abstrato, quase etreo, por vezes divino. Esta concepo e o atraso da cincia na compreenso e explicao da produo da voz fizeram com que vrios mitos se perpetuassem at os nossos dias. Muitas crenas j no so mais comuns, porm, ainda observamos que existe muito desconhecimento quanto questo tais como respirar e cantar pelo diafragma, respirar somente pelo nariz, no cantar em falsete e no apresentar quebras de voz nas passagens, gargarejar lcool ou tomar uma srie de substncias, em inmeras combinaes, para melhorar a voz. importante que se compreenda que uma boa produo vocal depende de uma associao correta entre dom e tcnica. Por dom entendemos como sendo as condies anatmicas e funcionais do aparelho fonador e os fatores neurolgicos das reas cerebrais, responsveis pela audio e musicalidade. Por tcnica entendemos como sendo dedicao, 16
treino e pacincia para se colocar sob controle um sistema que responde essencialmente s emoes.
A VOZ FALADA O RESULTADO DA VIDA EMOCIONAL, ENQUANTO QUE A VOZ CANTADA , EM GRANDE PARTE, O RESULTADO DE TREINO. APRENDER A RESPIRAR E A CANTAR COM O DIAFRAGMA
O diafragma, um msculo muito importante na respirao, apresenta forma de guardachuva aberto e separa o pulmo da cavidade abdominal. Na inspirao, a fase ativa do ciclo respiratrio, o diafragma se retifica com a entrada do ar e massageia as vsceras, porm, no se respira pelo diafragma e tambm no se canta pelo mesmo. Essa imagem era muito usada por professores de canto no sculo passado e no inicio deste sculo, como uma associao para se mandar o ar para o fundo dos pulmes (retificando-se, portanto, o uso do diafragma) e encher mais o reservatrio pulmonar, para se ter fluxo de ar suficiente para as longas frases musicais. Ainda hoje algumas pessoas acreditam que para cantar devam aprender a respirar pelo diafragma, ou mesmo que a voz passe a ser produzida no diafragma. Na verdade, o que o aluno de canto aprende a controlar melhor o fluxo de ar que sai dos pulmes em direo laringe e s pregas vocais. Por outro lado, existe muita discusso sobre qual seria a melhor respirao para o canto, sendo este um tema de acirradas controvrsias entre professores de tcnica vocal e pesquisadores na rea. Antes, dava-se muito mais importncia a este aspecto, sendo que hoje at mesmo existem escolas de canto que praticamente negligenciam a prtica respiratria. De modo bastante simplificado, existem duas opes respiratrias para o canto e uma srie numerosa de posies intermedirias. A primeira opo a de se manter o abdome expandido durante a emisso o que chamado popularmente de cantar com a barriga para fora, e a segunda preconiza que se mantenha o abdome encolhido durante a emisso o que chamado de cantar com a barriga para dentro. Ambas as escolas geram bons e maus cantores, mas as pessoas tendem a se sentir mais confortveis cantando com o trax e o abdome expandidos, embora isto no seja regra definitiva. Um outro detalhe que muitas vezes o aluno de canto instrudo a no mover os ombros enquanto respira. O ato de erguer os ombros durante a inspirao serve para liberar parcialmente os pulmes do rgido limite da caixa torcica, auxiliando uma rpida entrada de ar. Isto pode ser observado quando precisamos gritar. No canto, esta manobra pode tornar-se necessria, sem que isso indique um problema de tcnica vocal, em situaes de exigncia de grande fluxo de ar, como por exemplo nas frases musicais em fortssimo. Voc pode constatar esse fato na fita de vdeo ou DVD dos trs tenores Plcido Domingos, Jos Carreras e Luciano Pavarotti. O que voc deve observar se est se sentindo confortvel com o tipo de respirao que lhe ensinado e se este ajuste no lhe causa sobrecarga ou presso na laringe. Isto suficiente e evite entrar nessa discusso interminvel sobre a respirao!
que o trajeto a ser percorrido menor e a porta de entrada maior. Assim sendo, durante o canto ou a conversa em frases rpidas, impraticvel respirar apenas pelo nariz, o que nos leva respirao buco-nasal, com entradas bucais nas emisses que se sucedem rapidamente e entradas nasais nas pausas longas.
NO USAR FALSETE, POIS UMA VOZ FALSA E FAZ MAL. ALM DISSO, MULHERES NO TM FALSETE.
Falsete um modo de se emitir a voz. Esse conceito est associado noo de registros vocais. O termo registro deriva dos instrumentos musicais, especialmente do rgo, onde est relacionado a um grupo de tubos controlados por uma mesma tecla ou pedal. Em relao voz, registro refere-se aos diversos modos de se emitir os sons da tessitura. Apesar de toda a discusso e controvrsia relativa a essa questo, de modo geral reconhece-se a existncia de trs registros: o basal, o modal e o elevado. O registro basal o que representa as notas mais graves da tessitura, e, por sua caracterstica acstica de pulsao, tambm chamado de registro pulstil. A voz emitida nesse registro apresenta um som semelhante ao ranger de uma porta ou a um motor de barco. Quase nunca se utiliza o registro basal no canto ocidental, mas ele aparece em algumas canes folclricas e no canto dos monges budistas o canto Gyuto. Nesse registro, as pregas vocais esto muito encurtadas e a mucosa que as recobre, bem solta. O registro modal, por sua vez, o que apresenta maior numero de notas, sendo o registro que geralmente usamos na conversao. Este registro apresenta dois sub-registros: o de peito e o de cabea, que na verdade correspondem a um maior uso da caixa torcica ou da cavidade da boca e do nariz para a ressonncia (mas isso no quer dizer que a voz passa a ser produzida nessas regies). Nesse registro as pregas vocais vo se alongando e a mucosa vai se tornando mais tensa medida em que as notas ficam mais agudas. Finalmente, o registro elevado o das notas mais agudas da tessitura e est dividido em dois sub-registros, o falsete e o assobio (tambm chamado de flauta). O falsete quase sempre utilizado no canto e raramente na fala. O nome falsete no quer dizer que a voz soe falsa ou que seja produzida por outras estruturas que no as pregas vocais. Falsete vem de falsa voz feminina, pois alguns homens cantavam em falsete na idade mdia, quando no se permitia que as mulheres participassem dos coros religiosos. Tal voz masculina aguda era to apreciada que se chegou, inclusive, a castrar cantores meninos, por decreto, para se preservar a voz infantil num corpo adulto, os chamados cantores castratti. Na emisso em falsete as pregas vocais esto alongadas, porm, com pouca tenso. A ao muscular bastante diferente do registro modal e basal. Quando estamos emitindo uma escala musical, dos graves aos agudos, chegamos a um ponto em que percebemos que devemos modificar o ajuste motor para que o som seja corretamente produzido, sem esforo. Essa a regio de passagem para o falsete. Em outras palavras, a mudana para o falsete corresponde a uma necessidade fisiolgica de se prosseguir numa escala musical em ascendente. Quanto ao sub-registro em assobio, pouco se sabe sobre esse tipo de emisso, que apresenta som semelhante ao dos pssaros ou ao de uma flauta. Um exemplo de uma cantora muito hbil no falsete e no assobio a Yma Sumac e um cantor tambm muito hbil no falsete o brasileiro Edson Cordeiro. Concluindo, registros so modos de se emitir um som e cada registro apresenta um esquema motor particular. Assim sendo, os registros se diferenciam por seus tons possurem qualidade vocal, realidade acstica, ativao muscular e caractersticas aerodinmicas diferentes. Desta forma, a afirmao de que apenas os homens so capazes de cantar em falsete no procede; homens e mulheres podem emitir tons em qualquer um dos registros vocais. 18
USAR SPRAYS, CHUPAR PASTILHAS PARA LIMPAR A VOZ E A GARGANTA, HBITO DE MASTIGAR GENGIBRE, TOMAR MEL COM LIMO E SIMILARES
Medicaes em forma de spray devem ser usadas apenas quando prescritas pelo medico e em casos especficos, como por exemplo, de inflamaes das vias areas, situaes onde se deve evitar o uso da voz cantada. Cantar quando no se esta em boas condies de sade vocal pode ser muito arriscado e corre-se um alto risco de se produzir leses no aparelho fonador, incluindo edema e disfonias hemorrgicas das pregas vocais. Tais frmulas em spray geralmente incluem um componente analgsico que atua como o lcool sobre as paredes da boca e da faringe. Tais preparos, por serem apresentados em forma de aerossol, chegam a atingir a laringe e os pulmes, podendo reduzir as prprias sensaes da laringe e da arvore respiratria, o que prejudica ainda mais o canto. As pastilhas, por sua vez, quando possuem componentes anestsicos, apresentam os mesmos inconvenientes acima referidos e, quando h presena elevada de ctricos (limo ou laranja), ou ainda em verso diettica, podem ressecar o trato vocal, devendo ser evitadas. 19
Convm ressaltar, mais uma vez, que o que se deglute no passa pelas pregas vocais e, portanto, no realiza ao direta sobre a laringe. O ato de chupar uma bala, ou mascar um chiclete pode relaxar o trato vocal, soltando a musculatura da boca e da faringe, o que contribui para uma melhor voz; porm, raramente so as substancias componentes as responsveis pela melhoria da voz, mas sim os movimentos efetuados durante a suco e a mastigao. Quanto ao gengibre, embora muito usado no meio do canto popular e no teatro, no existe nenhum estudo cientifico sobre sua eficcia. Do mesmo modo, no h estudos controlados sobre os componentes e os efeitos do prpolis, porm, parece haver ao antiinflamatria e lubrificante da boca e da faringe. tambm muito usada a combinao de mel com limo ou ainda de vinagre e sal. Tais misturas, em particular, devem ser evitadas. O mel, consumido de modo isolado, um lubrificante das caixas de ressonncia superiores, a faringe e a boca, mas o limo, o vinagre e o sal ressecam as mucosas, e no devem ser usados com objetivos vocais. Se voc gosta de experimentar as receitas caseiras que lhe so sugeridas, procure verificar, de modo critico, quais os efeitos produzidos em seu aparelho fonador e em sua voz; porm, no faa tais testes antes das apresentaes, a fim de evitar surpresas desagradveis.
CAPITULO 6
O QUE MSICA?
A msica tem uma linguagem prpria, formada de sons. Os sons distinguem-se pelos seus graus, do grave ao agudo e pela sua durao. Para indicar estes sons, de conformidade com a sua acuidade e durao, convencionou-se adotar um sistema de escrita, para cuja compreenso tornar-se preciso um estudo especial. Msica a arte dos sons, combinados de acordo com as variaes da altura, proporcionados segundo a sua durao e ordenados sob as leis da esttica. Os trs elementos fundamentais que compe a msica so: *Melodia: Consiste na sucesso dos sons formando sentido musical. *Ritmo: o movimento dos sons regulados pela sua maior ou menor durao. *Harmonia: Consiste na execuo de vrios sons ouvidos ao mesmo tempo, observadas as leis que regem os agrupamentos dos sons simultneos. A msica ocidental possui um sistema composto por 12 sons musicais diferentes. Temos, a princpio, sete sons principais chamados de notas naturais, que derivam outros cinco sons, chamados de acidentes musicais. Para se ter uma relao concreta entre os sons, se fez necessrio um padro de medida entre os mesmos. Esta unidade de medida o TOM. 20
O TOM pode ser fragmentado em duas partes chamadas de SEMITONS O SEMITOM o menor intervalo possvel entre duas notas Os sons musicais so representados graficamente por sinais chamados notas, e a escrita da msica que se d o nome de notao musical. As 7 notas so: D, R, Mi, F, Sol, L Si. Essas 7 notas ouvidas sucessivamente formam uma srie de sons qual se d o nome de Escala Diatnica (Escala Natural). Quando essa srie de sons segue sua ordem natural (d, r, mi, f, sol, l, si) temos uma escala ascendente; seguindo uma ordem inversa (si, l, sol, f, mi, r, d) temos uma escala descendente. D si
Escala Ascendente
si l sol f mi r d
Escala Descendente
l sol f mi r
Os outros cinco sons musicais que restam para completar os 12 sons do nosso sistema musical so os j mencionados, acidentes musicais. Eles podem ser encarados de duas formas, as quais chamamos de Bemis (b) e Sustenidos (#). Os acidentes musicais foram criados com o objetivo de se movimentar as notas para que elas possam obedecer s diversas frmulas dos acordes.
Os acidentes alteram a sonoridade original das notas, e quando introduzimos as notas aumentadas ou diminudas, em meio tom na Escala Diatnica, formamos a Escala Cromtica. Observe as Escalas Cromticas, Ascendente e Descendente, de D. Tnica 2 3 R# Mi 4 F F F# Solb 5 Sol Sol Sol# Lb 6 L L L# Sib 7 Si Si 8 D D
Ascendente D D# R D Rb R
Mib Mi
Descendente
A Escala Cromtica, formada por uma seqncia de Semitons, assim podemos ter a perfeita noo das notas que formam nosso sistema musical. 21
CAPITULO 7
AQUECIMENTO VOCAL
O nosso aparelho fonador requer certos cuidados como qualquer outro aparelho do nosso corpo, porm neste caso se trata de um aparelho cujo alguns componentes so muito sensveis, como por exemplo, as pregas vocais, a laringe e o trato vocal. Assim sendo, um aquecimento vocal indispensvel. O aquecimento vocal pode ser feito de vrias formas: Com os lbios; igual a uma criana brincando de carrinho.
Com a lngua; pressionando a ponta da lngua contra o palato, produzindo vibraes. Com o exerccio de expirao em Z; citado no Exerccio de expirao em S ou Z
EXERCCIOS DE RESPIRAO
Os exerccios de respirao so vrios e especficos, no entanto todos eles devem ser feitos de estomago vazio, pois o processo digestivo lentifica a respirao. Vamos agora conhecer alguns deles: Expirao em S ou Z Alongamento Respiratrio Exerccio Diafragmatico Respirao 3x1
Expirao em S ou Z:
Este exerccio o primeiro de todos os exerccios de respirao que deve ser feito e este tem como objetivo baixar os batimentos cardacos e reciclar o oxignio do nosso corpo. Voc inspira profundamente e expira naturalmente. Na expirao em S, o processo de inspirao o mesmo e a expirao feita de forma natural com o som da letra S. o exerccio far uma espcie de massagem nas pregas vocais. J na expirao em Z, o rudo ser semelhante ao som de uma abelha e este exerccio servir como aquecimento vocal.
Alongamento Respiratrio:
O Alongamento Respiratrio consiste em aumentar a capacidade de armazenamento de ar dos nossos pulmes. O ciclo respiratrio que usamos na voz falada habitual, por isso no utilizamos toda a capacidade dos pulmes, assim sendo, na hora de executar o canto sofremos com pouca quantidade de ar nas frases longas e nas notas agudas. Vamos ao exerccio: 1) Inspire bem devagar, at sentir-se cheio de ar. 2) Expire bem devagar, controlando o mximo a sada de ar; esta expirao feita em S. 22
3) No momento em que voc comear a soltar o ar, marque o tempo de expirao com o auxilio de um relgio. Este exerccio deve ser dirio, e a cada vez que voc fizer, tente superar a marca do tempo anterior sem esforos extremos e sem prejudicar o exerccio num todo. O maior tempo alcanado no Alongamento Respiratrio ir lhe ajudar direta e positivamente no Alongamento Vocal que voc ver adiante.
Exerccio Diafragmatico:
O diafragma um msculo que precisa ser trabalhado. O enrijecimento do diafragma favorece na melhor sustentao do ar usado no canto, no permitindo que a voz oscile e facilitando o Alongamento Vocal. Eis o exerccio: 1) 2) Inspire normalmente Contraia o abdome e solte uma descarga de ar em S, semelhante ao barulho de um jato de ar de um compressor.
Faa este exerccio diariamente, at conseguir o objetivo necessrio. Sugerimos que voc faa 10 baterias de 10 com intervalos de 1 minuto de descanso.
Respirao 3x1:
Todo cantor, principalmente em dia de estria, fica nervoso quando vai entrar em cena e encarar o pblico, tudo isso provocado pela ansiedade, que na maioria das vezes a vil das ms apresentaes. Bem, este exerccio servir como um relaxamento, tirando todo nervosismo, baixando o nvel de adrenalina que quase sempre confundida com ansiedade. Segue agora o exerccio: 1) 2) 3) Inspire bem devagar, procurando sentir o ar entrando nos seus pulmes. Expire bem devagar com a musculatura da face (boca e mandbula) bem relaxada. Inspire novamente ainda mais devagar, at sentir-se totalmente cheio de ar. X 1) Expire, deixando o ar sair naturalmente.
Fazendo este exerccio, uma ou duas vezes antes de entrar no palco, voc estar bem melhor para fazer uma bela apresentao.
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Vocalizes
Vocalizar o ato de cantar sem a articulao de palavras, modulando a voz sobre vogais ou silabas.
Vocalizes:
a,a,a,a e,e,e,e i,o,o,u,u Mei mai mei mai Mei Tr - l l Tralala Tra l l Tra l l l o, i, a, , i, , u zi, u, zi, u, zi, u, zi, u, zi
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l l l l l lllll - lll - ll oi ai oi oi ai oi oi ai oi aps eps ips ops ups ups ops ips eps aps ips aps ups ops eps ops eps ups aps ips eps ups aps ips ops au-a, au-e, au-i, au-o, au-u pac ba-pac qui bac pa-bac pac ba-pac qui bac pa-bac pac ba-pac qui bac pa-bac i pac ba-pac qui bac pa-bac pac ba-pac qui bac pa-bac u
Alongamento Vocal:
No Alongamento Vocal voc ir marcar nos espaos vazios da tabela o tempo que voc fica vocalizando cada letra em cada tom respectivo, mantendo volume, tonalidade, timbre e no deixando que a sua voz oscile, terminando a vocalizao de boca aberta e tentando manter um equilbrio de tempo entre todos os tons da oitava marcando assim a mdia desses tempos em cada vogal no final da tabela.
VOGAIS ABERTAS
Vogais C D E F G A B C Mdia
A VOGAIS FECHADAS
Vogais C D E F G A B C Mdia
I
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U
Escala Diatnica e Cromtica na Voz:
Voc ir cantar cada nota de cada Escala junto com um instrumento ( Violo, Teclado ou Piano) na forma Ascendente e Descendente, trabalhando assim a percepo de tom, depois cante as notas capella, pare em qualquer uma das notas da oitava e confira no instrumento. Na Escala Cromtica Ascendente voc cantar a nota e o sinal de #, na Escala Cromtica Descendente voc cantar a nota e o sinal b.
Escala Diatnica Ascendente CDEFGABC Escala Diatnica Descendente CBAGFEDC Escala Cromtica Ascendente C#D#EF#G#A#BC Escala Cromtica Descendente CBbAbGbFEbDbC
CAPITULO 8
AS REGRAS DE OURO DA BOA VOZ DE UM CANTOR
Nunca cante quando no estiver em boas condies de sade; cantar um ato de esforo e de enorme gasto energtico. Manter a sade auxilia a produo da voz, quer seja cantada ou falada. So raros os indivduos doentes que mantm boa emisso vocal. Use roupas confortveis, no apertadas, principalmente na garganta, no peito, na cintura ou no abdmen. Mantenha-se sempre hidratado, bebendo, pelo menos, dois litros de gua por dia; suas pregas vocais estaro em tima condio de vibrao quando sua urina estiver transparente. Aquea e desaquea a voz antes e depois das apresentaes, respectivamente. Aquea a voz atravs de exerccios de flexibilidade muscular, antes de us-la para o canto; vocalize com variao de tons, comeando pelos mdios e depois indo em direo os extremos da tessitura vocal. Aps o termino das apresentaes ou ensaio, desaquea a voz atravs de exerccios para retornar 26
sua voz falada natural; use bocejos, fala mais grave e mais baixo, para no ficar usando seu esquema vocal cantado alm do tempo do canto. Um cantor que fala do mesmo jeito que canta submete seu aparelho vocal a um desgaste muito maior. Ensaie o suficiente para ficar seguro quanto ao texto, melodia e controle de voz; assim fazendo, voc vai reduzir a interferncia de aspectos emocionais negativos, como o medo e ansiedade ante o pblico. No ensaie por mais de uma hora sem descanso. Monitore sua voz durante os ensaios e apresentaes: aprenda a ouvir sua qualidade vocal e a reconhecer as caractersticas bsicas de sua boa emisso. Aprenda a reconhecer suas sensaes de esforo vocal e tenses desnecessrias, a fim de evit-las. Lembre-se de que um certo nervosismo mobiliza positivamente a energia para uma apresentao mais rica e envolvente; a adrenalina positiva e confere emoo ao canto. Alem disso, o pblico espera o sucesso do cantor. Evite as festas ruidosas, lugares enfumaados e barulhentos, tanto antes como depois das apresentaes. Antes das apresentaes, os abusos em questo podem limitar seu resultado vocal; aps as apresentaes seu aparelho fonador foi intensivamente solicitado e est mais sensvel para responder a tais agresses. Mantenha uma dieta balanceada, pois o canto uma funo especial e requer grande aporte energtico. Evite o excesso de gordura e alimentos condimentados, o que lentifica o processo digestivo, limita a excurso respiratria e reduz a energia disponvel para o canto. Alm disso, se voltar muito tarde para a casa e ainda no tiver se alimentado, ingira apenas alimentos leves e de fcil digesto, para evitar o refluxo gastresofgico. Nunca se automedique; no tome remdios sugeridos por leigos, nem chs e infuses de efeito desconhecido (geralmente irritantes, ressecantes e estimulantes de refluxo gastresofgico). Tambm no repita receitas medicas utilizada numa certa ocasio, mesmo que tenham resultado positivo. Procure ajuda especializada, quando necessrio.
Voc acha que sua voz rouca? Algum j comentou que sua voz rouca? Voc fica rouco por mais de dois dias?
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Sua voz fica rouca aps os ensaios? Voc tem ou j teve algum problema de voz? Sua voz piorou depois que voc entrou na Banda, Grupo de Canto ou Coral? Ultimamente voc tem demorado mais tempo para aquecer sua voz? No dia seguinte a um ensaio ou a uma apresentao voc fica sem voz ou rouco (a)? Durante o canto sua voz quebra ou some? Voc desafina ou perde o controle da emisso? Voc sente dificuldades no pianssimo? Voc sente dificuldades no fortssimo? Voc sente que sua voz fraca demais para cantar? Voc sente que sua voz forte demais para cantar? Voc tem dificuldades para atingir as notas agudas? Voc tem dificuldades para cantar as notas graves? Quando voc canta sai ar na voz? Voc tem alguns desses sintomas na laringe: coceira, ardor, dor, sensao de garganta
seca, sensao de queimao, sensao de aperto ou bola na garganta?
Falta ar para terminar as frases musicais? Ao final do dia sua voz esta mais fraca? Voc canta em diversos naipes? Voc mudou de naipe recentemente? Voc procura cantar mais forte que os demais componentes de sua Banda, Grupo de
Canto ou Coral?
Voc
simplesmente articula, sem voz, certos trechos da musica que no consegue cantar?
Quando voc canta suas veias ou msculos do pescoo saltam? Voc sente dores na regio do pescoo quando canta? Voc sente dores de cabea aps o canto? Voc consegue controlar sua emisso cantada na Banda, Grupo de Canto ou Coral, ou
no se ouve e segue a voz dos demais?
Seu grupo costuma interpretar diversos estilos musicais? Alm da Banda, Grupo de Canto ou Coral, voc canta em outras situaes? Voc canta durante muitas horas seguidas? Voc pigarreia constantemente? Voc tem alergia das vias respiratrias? Voc tem resfriados freqentes? Voc tem amigdalites, laringites ou faringites freqentes? Voc tem dificuldades digestivas, azia ou refluxo gastresofgico? Voc fuma? Voc se auto-medica quando tem problemas de voz?
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Alm
da atividade de seu Grupo, voc usa a voz de modo intensivo em outras situaes?
Observao: Se voc marcou mais do que 4 itens, fique atento (a) e veja o que pode ser feito para modificar esses aspectos e se tais modificaes surtem efeito positivo. Se voc assinalou acima de 6 itens, procure um especialista, sua sade vocal pode estar correndo um srio risco.
EQUENO
LOSSRIO
Afinao ajuste do tom de uma nota em relao a outra, de modo que o numero de vibraes corresponda as exigncias da acstica. E este ajuste aplicado a instrumentos a Bandas, Grupos de Canto e Corais. A afinao do Grupo deve realizar-se em baixa intensidade. Dentro da caracterstica fraca da emisso em piano, os cantores podero ouvir-se bem e ajustar sua voz ao todo. Quanto mais forte se fizer a afinao, maiores as chances do Grupo cantar desafinado. 29
Aparelho Fonador conjunto de rgos utilizados na produo da voz, a saber: pulmes, laringe (com as pregas vocais), faringe, boca e cavidade nasal; convm lembrar que o aparelho fonador usa rgos de outros sistemas emprestados para produzir a voz, que uma funo superposta. Aquecimento Vocal exerccios desenhados para oferecer flexibilidade aos msculos responsveis pela produo da voz, preparando a emisso para o canto; a voz aquecida mais aguda e mais intensa. Ataque Vocal refere-se ao inicio da produo da voz; o momento em que as pregas vocais se encontram para a produo do som, o que deve ser feito sem muito atrito. Baixo a voz masculina mais grave da classificao vocal, sendo, tambm, a voz mais rara nesse sexo; sua tessitura vocal mdia vai do 1 F ao 3 F. Bartono a voz masculina considerada de classificao intermediaria, com a tessitura vocal mdia do 1 L ao 3 L. Calos nas cordas vocais nome popularmente dado aos ndulos vocais, que so leses de massa bilaterais, benignas, desenvolvidas na superfcie das pregas vocais, mais comuns em mulheres, produzidas por uso incorreto ou abusivo da voz. Caixa Torcica a estrutura de ossos e msculos do tronco, que contm os pulmes e o corao. Ciclo Respiratrio um movimento completo de entrada de ar, a chamada, inspirao, e de sada de ar, a chamada expirao. Ciclo Vibratrio o movimento completo de aproximao, o contato e afastamento das pregas vocais; a freqncia de um som emitido corresponde ao numero de ciclos vibratrios produzidos; por exemplo, uma cantora emitindo o 3 D (do central do Piano), em 256Hz realiza 256 ciclos vibratrios por segundo. Classificao Vocal a distribuio das vozes de acordo com a sua qualidade e extenso vocais. As vozes masculinas em Baixo, Bartono e Tenor; enquanto que as vozes femininas em Contralto, Mezzo-soprano e Soprano. Contralto voz mais grave do sexo feminina e muito rara, com tessitura vocal mdia do 2 F ao 4 F. Desaquecimento Vocal exerccios empregados o uso da voz cantada, a fim de se retornar aos ajustes da voz falada; a voz desaquecida mais grave e menos intensa que a voz aquecida. Diafragma msculo em forma de guarda-chuva aberto, que separa a cavidade torcica da cavidade abdominal; muito importante na respirao, sendo ativo na inspirao. Diapaso pequena forqueta metlica, cuja vibrao produz um som de freqncia determinada (geralmente 3 L), geralmente utilizado para afinar vozes e instrumentos. Disfonia qualquer dificuldade na emisso natural da voz, seja por fatores orgnicos ou funcionais, o que inclui as causas emocionais. Edema inchao nos tecidos, por acmulo de lquido. 30
Emisso Falada ajustes empregados pelo aparelho fonador para a produo da fala. Expirao a segunda fase do ciclo respiratrio, o que corresponde expulso do ar dos pulmes; durante a expirao que emitimos a voz. Falsete um modo de se emitir os sons da tessitura, caracterizado por pregas vocais alongadas e com pouca tenso; a voz nesse registro aguda, sem grande intensidade, podendo ser levemente soprosa. Faringe cavidade entre a boca e o esfago, importante na ressonncia do som, devendo, portanto, estar ampliada e sem constries. Fonao o resultado da vibrao das pregas vocais, o que apresenta um som semelhante ao de um barbeador eltrico. Fortssimo sons ou passagens executadas com grande intensidade. Freqncia da Voz o numero de ciclos glticos por segundo; homens apresentam freqncia vocal mais grave que as mulheres que, por sua vez, apresentam freqncia vocal mais grave que as crianas. Harmonia diz-se que h harmonia quando duas ou mais notas de diferentes sons so ouvidos ao mesmo tempo, produzindo um acorde. Harmnicos do som so mltiplos inteiros da freqncia fundamental, produzidos no mesmo instante que esta, pela vibrao das pregas vocais; bons cantores produzem uma srie mais rica de harmnicos. Hemorragia larngea submucosa extravasamento sangneo dos pequenos capilares sob a mucosa que reveste as pregas vocais; pode ocasionar perda imediata da voz; conseqncia de abuso vocal ou de predisposio hemorrgica, podendo haver fatores emocionais associados. Inspirao primeira fase do ciclo respiratrio, o que corresponde ao ato de introduzir o ar nos pulmes; a inspirao antecede a emisso da voz. Intensidade corresponde ao volume da voz e est relacionada com a presso subgltica e a fora de aduo das pregas vocais. Laringe rgo em forma de tubo contendo as pregas vocais; composta por cartilagens e msculos; pela laringe passa apenas ar. Melodia seqncia de notas, de diferentes sons, organizados numa dada forma de modo a fazer sentido musical para quem escuta. Mezzo-Soprano voz intermediaria na classificao feminina, com tessitura vocal mdia do 2 L ao 4 L. Mucosa Larngea tecido de revestimento da laringe e tambm das pregas vocais; a mucosa das pregas vocais apresenta diversas camadas com propriedades mecnicas diferentes, o que possibilita uma srie complexa de ajustes para a emisso da voz. Naipe cada um dos grupos de vozes em que se costuma dividir um Grupo de Canto ou Coral: Baixo e Tenor (naipes masculinos), Contraltos e Sopranos (naipes femininos). 31
Passagem chama-se regio de passagem ou notas de passagem os tons intermedirios entre os registros vocais; geralmente a emisso nessa regio menos estvel. Pianssimo passagem executada com pouca intensidade. Pigarrear ato de atrito extremo entre as pregas vocais, geralmente utilizado na tentativa de se retirar qualquer secreo ou para aliviar sensao de aperto ou corpo estranho na garganta; pigarrear pode ser sinal de disfonia ou representar um vicio de fundo emocional; deve ser evitado por favorecer leses nas pregas vocais. Plipo de Prega Vocal leso nica e benigna de prega vocal, em forma geralmente ovide, mais comum em homens; pode ser relacionado ao uso abusivo da voz, ou grande esforo em instrumentos de sopro; o fumo tambm um fator de favorecimento na formao do plipo. Pregas Vocais duas dobras de msculo e mucosa, que se situam dentro da laringe, uma de cada lado, aproximando-se e vibrando para a produo da voz, apertando-se fortemente na tosse, espirro ou pigarro, tendo a funo de fechamento instantneo da laringe durante a deglutio ou para evitar a entrada de substancias nocivas nos pulmes. Qualidade Vocal o nome tcnico dado ao timbre da voz; antigamente usava-se apenas a palavra timbre, hoje reserva-se esse vocbulo para os instrumentos. Refluxo Gastresofgico jato de lquido cido do estomago que impulsionado em direo boca podendo, neste trajeto, ser desviado para a laringe, irritando e podendo lesar a superfcie das pregas vocais; o refluxo gastresofgico tem sido considerado uma importante causa de alterao vocal em cantores, devido hbitos vocais inadequados. Registro Vocal o modo de se emitir os sons da tessitura. A voz humana apresenta trs registros: o basal, o modal e o elevado, sendo que cada registro apresenta uma caracterstica auditiva, acstica, muscular e aerodinmica que o identifica. Registro Basal o registro que se compe das notas mais graves da tessitura. A qualidade vocal nesse registro apresenta caracterstica pulstil; raramente empregado no canto ocidental, porm aparece em canes folclricas e no canto tibetano Gyuto. Registro Elevado o registro que possui as notas mais agudas; apresenta dois sub-registros, falsete e flauta; quase nunca usado na fala. Registro Modal o registro usado na conversao habitual e no canto em geral; apresenta dois sub-registros, peito e cabea, de acordo com a predominncia da ressonncia. Ressonncia processo de amplificao de determinados grupos de som e de amortecimento de outros. Ritmo a palavra ritmo usada para descrever os diferentes modos pelos quais um compositor agrupa os sons musicais, principalmente do ponto de vista de durao dos sons e de sua acentuao. Sistema de Ressonncia nome dado a todas as cavidades do aparelho fonador que, sendo preenchidas de ar,so utilizadas na amplificao e no amortecimento de certas freqncias da voz; so elas: os pulmes, a laringe, a faringe, a boca, o nariz e os seios paranasais.
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Soprano voz feminina mais aguda da classificao vocal, com tessitura mdia do 3 D ao 5 D; a voz mais comum do sexo feminino. Tenor voz masculina mais aguda da classificao vocal, com tessitura vocal mdia do 2 D ao 4 D; a voz mais comum do sexo masculino. Tenso msculo-esqueltica tenso muscular excessiva e inadequada que, no caso dos cantores, geralmente se concentra na laringe, no pescoo, na nuca, nos ombros, nas costas e na mandbula. Tessitura Vocal numero de notas produzidas por um indivduo; sendo que a tessitura da voz cantada menor que a da voz falada, pois na primeira incluem-se apenas as notas que apresentam qualidade musical. Unssono quer dizer emisso em conjunto de sons com as mesmas caractersticas acsticas; cantores ou instrumentos emitindo a mesma linha meldica, Ana mesma altura (freqncia), ao mesmo tempo. Voz som emitido no ambiente, produzido pelas pregas vocais e modificado pelo sistema de ressonncia; o resultado da relao entre a fonao e a ressonncia. Voz spera voz de caracterstica desagradvel, ruidosa e tensa; pode indicar problemas congnitos ou leses rgidas nas pregas vocais; no representa um estado normal da laringe e deve ser cuidadosamente avaliada. Voz fluida voz intermediaria entre as vozes, neutra e soprosa, representando uma emisso agradvel e relaxada, geralmente de freqncia grave; a marca vocal de muitos locutores. Voz nasal voz de ressonncia concentrada excessivamente na cavidade nasal, como resultado de alterao no fechamento da faringe, o que faz com que o ar em excesso seja direcionado para a cavidade nasal. Quando estamos resfriados, com o nariz entupido, nossa voz fica denasal, ou seja, sem os componentes normais da nasalidade, porm, a impresso de que estamos falando pelo nariz. Voz neutra sem nenhum marcador especifico que identifique desvios, quer orgnicos ou funcionais, voz normal. Voz pastosa voz de caracterstica abafada, distorcida, geralmente encontrada em indivduos intoxicados (lcool ou drogas) ou em alteraes neurolgicas (ps-derrame, por exemplo). Voz rouca voz ruidosa, com turbulncia, geralmente resultado da presena de edema de laringe ou de ndulos vocais; voz rouca deve ser avaliada adequadamente, pois rouquido tambm aparece nos casos de cncer da laringe. Voz soprosa voz com escape de ar no sonorizado, resultado do fechamento incompleto das pregas vocais durante a vibrao; geralmente o resultado de tcnica incorreta ou de muita tenso durante a emisso.
LEITURA RECOMENDADA
BEHLAU, M.; DRAGONE, M.L.; FERREIRA, A. E. & PELA, S. Higiene vocal infantil informaes bsicas. So Paulo, Lovise, 1997. 33
BEHLAU, M. & PONTES, P. Avaliao e tratamento das disfonias. So Paulo, Lovise, 1995. BENNINGER, M.S.; JACOBSON, B.H. & JOHNSON, A.F. Vocal arts medicine: the care and prevention of professional voice disoders. New York, Thieme, 1994. BUNCH,M. Dynamics of the singing voice. New York, Springer-Verlag, 1982. FERREIRA, L.P.; OLIVEIRA, I.B.; QUINTEIRO, E.A. & MORATO, E.M. Voz profissional: O profissional da voz. Carapicuba, Pr-Fono, 1995. BROWN, O. L. Discover your voice. How to develop healthy voice habits. San Diego, Singular, 1996. FRANCATO, A.; NOGUEIRA Jr., J.; PELA, S. M. & BEHLAU, M. Programa de aquecimento e desaquecimento vocal. In: MARCHEZAN, I.; ZORZI, J. L & GOMES, I.C.D. Tpicos em fonoaudiologia 1996. So Paulo, Lovise, 1996. BOONE, D.R. Is your voice telling on you? How to find and use your natural voice. 2 ed. San Diego, Singular, 1997.
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