CMUN 2024 - Mudanças Climáticas - Ebook

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CMUM 2024

COMBATE À CRISE HUMANITÁRIA GERADA POR CONFLITOS POLÍTICOS E


DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS

Mudanças Climáticas

Autores: Arthur Amat, Enzo Gonçalves, Gabriel


Jardim, Gabriel Portugal, João Pedro Menezes,
Pablo Silva e Thiago Mendonça

Tema do E-book: Mudanças Climáticas

Ano de produção: 2024


1

Sumário
Apresentação do tema ............................................................................................................. 2
Causas das mudanças climáticas............................................................................................ 2
Consequências das mudanças climáticas ................................................................................ 2
Soluções e ações globais ....................................................................................................... 3
Posicionamento dos países ....................................................................................................... 4
BRASIL .................................................................................................................................... 4
CHINA ..................................................................................................................................... 8
ETIÓPIA ................................................................................................................................ 12
EGITO ................................................................................................................................... 16
RÚSSIA.................................................................................................................................. 20
Referências ........................................................................................................................... 23
2

Apresentação do tema
As mudanças climáticas são um dos maiores desafios globais da atualidade, afetando todos os
aspectos da vida humana e natural. Elas se referem às alterações a longo prazo nos padrões climáticos,
causadas principalmente pela ação humana, como a queima de combustíveis fósseis, desmatamento,
e outras atividades que aumentam a concentração de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera. Esses
gases, como o dióxido de carbono (CO₂), metano (CH₄) e óxidos de nitrogênio (NOx), aprisionam o
calor na atmosfera e aquecem o planeta, fenômeno conhecido como aquecimento global.

Causas das mudanças climáticas


As principais causas das mudanças climáticas são:
 Queima de combustíveis fósseis: O uso de carvão, petróleo e gás natural para gerar energia
é a principal fonte de emissões de CO₂. Isso acontece quando esses combustíveis são
queimados para eletricidade, aquecimento, transporte, e processos industriais.
 Desmatamento e mudanças no uso da terra: A derrubada de florestas e a transformação de
áreas naturais em áreas agrícolas ou urbanas reduzem a capacidade dos ecossistemas de
absorver CO₂ da atmosfera. Além disso, árvores em decomposição liberam grandes
quantidades de carbono armazenado.
 Atividades agrícolas: A agricultura também é responsável por emissões significativas de
metano, especialmente na pecuária (como o gado) e em práticas agrícolas mal manejadas. O
uso de fertilizantes também libera óxidos de nitrogênio.
 Processos industriais: Alguns setores industriais, como o cimento, a produção de aço e o uso
de produtos químicos, emitem grandes quantidades de gases de efeito estufa.

Consequências das mudanças climáticas


As mudanças climáticas estão afetando o planeta de várias maneiras:
 Aquecimento Global: O aumento da temperatura média global já está em cerca de 1,1°C
desde o período pré-industrial. Isso resulta em calor extremo, ondas de calor e intensificação
de eventos climáticos extremos.
 Derretimento das calotas polares e geleiras: O aquecimento global está derretendo as calotas
de gelo e as geleiras, contribuindo para o aumento do nível do mar, que ameaça comunidades
costeiras e ecossistemas marinhos.
 Eventos climáticos extremos: Furacões, tempestades intensas, secas prolongadas, incêndios
florestais e inundações têm se tornado mais frequentes e severos, afetando vidas,
infraestrutura e economias.
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 Impactos nos ecossistemas: As mudanças nas temperaturas e nos padrões de precipitação


alteram os habitats naturais de muitas espécies, levando à extinção de algumas e à migração
de outras. Isso afeta a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos essenciais, como a
polinização e a purificação da água.
 Aumento da escassez de água: Mudanças nos padrões de precipitação, secas prolongadas e
o derretimento das geleiras afetam a disponibilidade de água potável em muitas regiões do
mundo.
 Impactos na saúde humana: O aumento da poluição do ar, calor extremo e a propagação de
doenças transmitidas por mosquitos (como a malária e a dengue) são alguns dos riscos à saúde
causados pelas mudanças climáticas.
 Deslocamento de pessoas: O aumento do nível do mar e desastres naturais forçam o
deslocamento de comunidades inteiras, criando uma crise de refugiados climáticos.

Soluções e ações globais


Para enfrentar as mudanças climáticas, é necessário um esforço coordenado entre governos,
empresas, comunidades e indivíduos.
SOLUÇÕES:
 Redução de emissões de gases de efeito estufa: O foco está na transição para fontes de
energia renováveis (solar, eólica, hidrelétrica), na melhoria da eficiência energética e na
redução do uso de combustíveis fósseis.
 Desmatamento e reflorestamento: Proteger as florestas e promover o reflorestamento pode
ajudar a reduzir a quantidade de CO₂ na atmosfera. A agricultura sustentável também pode
contribuir para a conservação dos ecossistemas.
 Adaptação e resiliência: É necessário investir em infraestrutura e políticas públicas que
ajudem a reduzir os impactos das mudanças climáticas, como a construção de defesas
costeiras, sistemas de alerta precoce e melhorias no sistema de saúde pública.
 Acordos internacionais: O Acordo de Paris (2015) é um exemplo de esforço global para limitar
o aquecimento global a 1,5°C ou 2°C acima dos níveis pré-industriais, com compromissos de
redução de emissões por parte de países ao redor do mundo.
 Tecnologias de captura de carbono: Tecnologias emergentes, como a captura e
armazenamento de carbono (CCS) e soluções naturais (como a agricultura regenerativa),
podem ajudar a remover CO₂ da atmosfera.
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DESAFIOS:
 Interesses econômicos e políticos: Muitas economias dependem de indústrias de alto
carbono, e a transição para uma economia de baixo carbono pode ser vista como um desafio
econômico, especialmente para países em desenvolvimento.
 Desigualdade global: Países que historicamente emitem mais gases de efeito estufa, como os
EUA e os países da Europa, são mais capazes de financiar soluções climáticas. Já os países mais
vulneráveis, como aqueles em África, América Latina e pequenas ilhas, são os mais afetados
pelas mudanças climáticas, embora tenham contribuído menos para o problema.
 Urgência: A janela para limitar os danos das mudanças climáticas está se fechando
rapidamente. A ação precisa ser intensificada e urgente para evitar os piores cenários, como
o aumento incontrolável da temperatura e a perda irreversível de ecossistemas e
biodiversidade.

Posicionamento dos países


BRASIL
O Brasil, como uma das maiores economias emergentes e um país de vasto território e grande
diversidade ambiental, tem uma posição chave no debate global sobre as mudanças climáticas. O país
é tanto uma fonte significativa de emissões de gases de efeito estufa quanto uma das principais nações
no enfrentamento da crise climática, devido à sua grande biodiversidade e ao papel crucial da
Amazônia no equilíbrio climático global. A seguir, apresento um panorama geral sobre o Brasil em
relação às mudanças climáticas, considerando suas causas, impactos, desafios e ações para mitigação
e adaptação.

Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE)


O Brasil é responsável por uma parte significativa das emissões globais de gases de efeito
estufa, embora suas emissões per capita ainda sejam inferiores a muitos países desenvolvidos. As
principais fontes de emissões brasileiras incluem:
 Desmatamento e mudanças no uso da terra: O desmatamento da Amazônia e de outros
biomas, como o Cerrado e a Mata Atlântica, representa cerca de 40% das emissões brasileiras.
A derrubada de florestas para expandir a agricultura (soja, pecuária e outros cultivos) e para
a extração de madeira libera grandes quantidades de CO₂ armazenado nas árvores.
 Setor agropecuário: O Brasil tem um setor agrícola e pecuário de grande porte, que contribui
com cerca de 30% das suas emissões. Além do desmatamento, a pecuária é responsável por
emissões de metano (CH₄), principalmente devido à digestão dos ruminantes (gado), e o uso
de fertilizantes também gera emissões de óxidos de nitrogênio (NOx).
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 Energia: Embora o Brasil tenha uma matriz energética relativamente limpa, com grande
participação de hidrelétricas e fontes renováveis, a queima de combustíveis fósseis
(especialmente no setor de transportes e indústria) ainda contribui significativamente para as
emissões.

Impactos das Mudanças Climáticas no Brasil


O Brasil já está sentindo os impactos das mudanças climáticas, que se manifestam de diversas formas
em diferentes regiões do país:
 Eventos climáticos extremos: O Brasil tem experimentado uma intensificação de eventos
climáticos extremos, como secas prolongadas, chuvas torrenciais, enchentes, e ciclones. Isso
tem afetado a agricultura, a infraestrutura e a vida das populações, especialmente nas áreas
mais vulneráveis.
 Secas e escassez de água: A região Nordeste é particularmente afetada por secas recorrentes,
o que agrava a crise hídrica e compromete a produção agrícola e o abastecimento de água em
várias regiões. As mudanças climáticas também impactam os principais reservatórios de água
do país, como o Sistema Cantareira, em São Paulo, e o São Francisco, no Nordeste.
 Aquecimento das cidades: O aumento da temperatura média e o fenômeno das "ilhas de
calor" nas grandes cidades brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, têm impactos
na saúde pública, com aumento de doenças relacionadas ao calor e agravamento da poluição
atmosférica.
 Perda de biodiversidade: O Brasil, detentor da maior parte da Amazônia e de vastas áreas de
outros biomas como o Cerrado e a Mata Atlântica, enfrenta ameaças significativas à
biodiversidade. O aquecimento global, a degradação ambiental e o desmatamento aceleram
a perda de espécies e comprometem serviços ecossistêmicos essenciais, como a polinização,
o controle de pragas e o armazenamento de carbono.
 Ameaças aos ecossistemas marinhos: O aumento da temperatura da água e a acidificação
dos oceanos, decorrente do aumento de CO₂ na atmosfera, afetam os recifes de corais e
outros ecossistemas marinhos no Brasil, especialmente ao longo da costa nordeste e do litoral
carioca.

DESAFIOS DO BRASIL
O Brasil enfrenta vários desafios no combate às mudanças climáticas, muitos dos quais estão
interligados com a sua economia e modelo de desenvolvimento:
 Desmatamento e pressão sobre a Amazônia: A Amazônia é um dos maiores sumidouros de
carbono do planeta, mas também está sob ameaça constante de desmatamento ilegal e de
políticas que incentivam a exploração de suas riquezas naturais. A destruição da floresta não
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só compromete a capacidade de absorção de CO₂, mas também libera grandes quantidades


de carbono armazenado, acelerando as mudanças climáticas.
 Agronegócio: O agronegócio brasileiro é um dos maiores exportadores de produtos como
soja, carne bovina, frango e etanol. Contudo, a expansão das fronteiras agrícolas muitas vezes
está associada ao desmatamento e à degradação ambiental, além de ser uma fonte
significativa de emissões de metano, especialmente na pecuária.
 Desigualdade social e vulnerabilidade: O Brasil é um país de grandes desigualdades
socioeconômicas, e as populações mais pobres, muitas delas em regiões como o Nordeste e
as periferias urbanas, são as mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas. O
aumento de eventos climáticos extremos pode exacerbar a pobreza, a insegurança alimentar
e os deslocamentos forçados.

AÇÕES DE MITIGAÇÃO E ADAPTAÇÃO


O Brasil tem se envolvido em diversas iniciativas internacionais e nacionais para lidar com as
mudanças climáticas, embora os avanços nem sempre sejam consistentes. Algumas das principais
iniciativas incluem:
 Acordo de Paris O Brasil foi um dos signatários do Acordo de Paris (2015), que tem como
objetivo limitar o aumento da temperatura global a bem abaixo de 2°C e perseguir esforços
para limitar a 1,5°C. O Brasil se comprometeu a reduzir suas emissões de GEE em 37% até
2025, em relação aos níveis de 2005, e a alcançar a neutralidade de carbono até 2050.
 Política Nacional sobre Mudança do Clima: O Brasil tem uma Política Nacional sobre Mudança
do Clima (PNMC), que inclui medidas para mitigar as emissões de GEE e para se adaptar aos
impactos das mudanças climáticas. Ela envolve ações em áreas como o uso sustentável da
terra, a promoção de energias renováveis, o fortalecimento da segurança alimentar e a
preservação da biodiversidade.
 Energia Renovável: O Brasil é um líder mundial em energia renovável, com grande capacidade
de geração de energia hidrelétrica, eólica, solar e biomassa. A energia solar, por exemplo, tem
crescido rapidamente, e o Brasil possui um enorme potencial para expandir a energia eólica,
especialmente no Nordeste. A transição para uma matriz energética mais limpa é um dos
pilares da mitigação das mudanças climáticas no país.
 Desmatamento e Conservação da Amazônia: Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado
desafios políticos e econômicos relacionados à proteção da Amazônia. No entanto, algumas
iniciativas de combate ao desmatamento ilegal, como o monitoramento por satélite e as ações
de fiscalização ambiental, continuam sendo essenciais para evitar a destruição da floresta.
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 Agricultura Sustentável: O Brasil tem adotado algumas práticas de agricultura sustentável,


como a agroecologia, a agricultura de baixo carbono e a integração lavoura-pecuária-floresta,
que buscam reduzir as emissões do setor agrícola e aumentar a resiliência dos ecossistemas.

DESAFIOS E CRÍTICAS
Apesar de muitos esforços, o Brasil enfrenta desafios em relação à implementação de políticas
eficazes de combate ao desmatamento e de adaptação aos impactos climáticos. A instabilidade
política e as pressões econômicas internas, especialmente relacionadas ao agronegócio, dificultam a
implementação de uma agenda climática mais robusta.
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CHINA
A China, como a maior emissora de gases de efeito estufa (GEE) do mundo, desempenha um
papel crucial na questão das mudanças climáticas, tanto em termos de suas responsabilidades quanto
de suas ações. O país enfrenta desafios significativos, mas também tem se mostrado um ator chave
em várias frentes, com um grande potencial para influenciar os rumos da crise climática global. Aqui
está um panorama geral sobre a China em relação às mudanças climáticas:

Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE)


A China é, atualmente, o maior emissor global de gases de efeito estufa, respondendo por
cerca de 28% das emissões mundiais de CO₂. Isso se deve principalmente ao seu modelo de
desenvolvimento econômico, altamente dependente de combustíveis fósseis, principalmente carvão,
para gerar energia e sustentar sua indústria.
 Carvão e indústria pesada: O carvão é, de longe, a principal fonte de energia da China,
representando cerca de 60% da geração de eletricidade no país. Isso se deve ao vasto estoque
de carvão e à dependência histórica da indústria chinesa de carvão para impulsionar seu
rápido crescimento industrial. A China também é um dos maiores produtores e consumidores
de aço, cimento e outros materiais de construção, que são altamente intensivos em carbono.
 Transporte e setores industriais: O setor de transporte da China, que inclui carros, trens e
transporte marítimo, também é uma fonte crescente de emissões de CO₂. A rápida
urbanização e o aumento do consumo de automóveis são fatores que têm impulsionado essas
emissões. Além disso, a construção e expansão de infraestrutura também contribuem
significativamente para as emissões.
 Per capita: Embora a China seja a maior emissora total, suas emissões per capita ainda são
inferiores a países como os EUA e a União Europeia, embora o crescimento rápido de sua
classe média esteja levando a um aumento das emissões individuais.

Impactos das Mudanças Climáticas na China


A China está sendo fortemente impactada pelas mudanças climáticas, e isso afeta diretamente
sua economia, segurança alimentar, saúde pública e infraestrutura.
 Eventos climáticos extremos: A China tem experimentado um aumento na frequência e
intensidade de eventos climáticos extremos, como secas, tempestades, ondas de calor e
inundações. Esses eventos não apenas afetam a população diretamente, mas também
comprometem a agricultura, com perda de colheitas e redução da produção de alimentos. No
sul do país, a escassez de água também é um problema crescente, exacerbado pela poluição
dos rios e pela sobrecarga de consumo.
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 Aumento do nível do mar: Muitas das grandes cidades costeiras da China, como Xangai e
Tianjin, estão ameaçadas pelo aumento do nível do mar. Isso coloca em risco milhões de
pessoas que vivem em áreas costeiras, bem como as infraestruturas portuárias e industriais.
 Poluição do ar e saúde pública: A poluição atmosférica, resultante principalmente da queima
de carvão e do transporte rodoviário, tem um impacto significativo na saúde pública,
causando milhões de mortes prematuras por doenças respiratórias e cardiovasculares.
Embora a qualidade do ar tenha melhorado em algumas regiões nos últimos anos, ela ainda é
um problema crítico em grandes áreas urbanas da China.
 Degradação do solo e desertificação: A China também enfrenta desafios relacionados à
degradação do solo e à desertificação, especialmente nas regiões do norte e oeste do país, o
que compromete a segurança alimentar e agrava a escassez de recursos naturais.

Políticas e Compromissos da China para Combater as Mudanças Climáticas


A China tem adotado uma série de políticas e compromissos para reduzir suas emissões de
GEE e enfrentar os impactos das mudanças climáticas. A abordagem do país tem sido caracterizada
por um equilíbrio entre o crescimento econômico e as metas ambientais, com foco na transformação
da matriz energética e no desenvolvimento de tecnologias verdes.
Metas de Emissões e Neutralidade Carbônica
Em 2020, o presidente Xi Jinping anunciou que a China alcançaria o pico de emissões de
carbono até 2030 e atingiria a neutralidade de carbono até 2060. Esse compromisso foi uma das
promessas-chave da China no Acordo de Paris e é visto como um marco importante no esforço global
de combate às mudanças climáticas. Embora o cumprimento dessas metas dependa de várias ações
internas, elas refletem a intenção do país de fazer a transição para uma economia de baixo carbono.
Energia Renovável
A China tem se tornado um líder global em energias renováveis, especialmente em energia
solar e eólica. A transição para fontes de energia mais limpas é um pilar central da política climática
chinesa.
 Energia solar: A China é o maior produtor e instalador de paineis solares do mundo. O país
também está investindo pesadamente em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias
de energia solar. Até 2023, a China tinha mais de 500 gigawatts (GW) de capacidade instalada
de energia solar.
 Energia eólica: A China também lidera a produção de turbinas eólicas e é o maior mercado de
energia eólica do mundo. O país tem grandes planos para expandir suas capacidades de
energia eólica, tanto em terra quanto offshore (marítima).
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 Investimentos em hidrogênio e outras tecnologias: A China também está investindo em


tecnologias emergentes, como a energia de hidrogênio, armazenamento de energia e redes
inteligentes, que são vistas como chave para a futura transformação do setor energético.
Transporte e Indústria
A China está promovendo a eletrificação do transporte, com um foco particular em veículos
elétricos (VE). A China já é o maior mercado de carros elétricos do mundo, e o governo tem
implementado políticas para aumentar a penetração desses veículos no mercado e reduzir a
dependência de combustíveis fósseis.
Além disso, o país está implementando políticas para melhorar a eficiência energética da indústria e
aumentar o uso de energias renováveis nas fábricas.
Reflorestamento e Conservação
A China tem investido em programas de reflorestamento, que têm sido bem-sucedidos em
restaurar áreas desmatadas e absorver CO₂. Desde os anos 1980, a China tem liderado esforços
massivos para combater a desertificação e restaurar florestas, embora esses programas também
sejam usados para consolidar controle sobre o uso da terra e promover o crescimento verde.
Mercados de Carbono e Economia Circular
A China tem experimentado com sistemas de mercado de carbono, como o sistema nacional
de comércio de emissões de carbono, que visa estabelecer um preço para as emissões de CO₂ e
incentivar empresas a reduzir suas emissões. O país também está promovendo a economia circular,
que foca na redução de desperdícios e no reaproveitamento de materiais, como uma forma de mitigar
a pressão sobre os recursos naturais.

DESAFIOS E CONTROVÉRSIAS
Embora a China tenha avançado em várias áreas, ainda enfrenta grandes desafios:
 Dependência do carvão: Apesar dos avanços nas energias renováveis, a China ainda depende
fortemente do carvão, que representa uma grande parte de sua matriz energética. O país
continua a construir novas usinas de carvão, o que dificulta os esforços para reduzir
rapidamente suas emissões.
 Crescimento econômico vs. mudanças climáticas: A China segue uma estratégia de
crescimento econômico acelerado, o que pode entrar em conflito com suas metas ambientais.
O país tem grandes desafios para equilibrar a necessidade de crescimento com a necessidade
de descarbonização.
 Política interna e impactos ambientais: Embora o governo central tenha adotado políticas de
combate às mudanças climáticas, a implementação dessas políticas varia muito entre as
diferentes regiões do país. A falta de fiscalização rigorosa e a pressão de interesses locais e
empresariais podem enfraquecer os resultados.
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 Desafios externos e geopolíticos: A China também enfrenta desafios relacionados a sua


posição geopolítica. As suas políticas climáticas precisam ser coordenadas com as de outros
países, especialmente em relação ao comércio internacional de energia e às exportações de
tecnologia verde.
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ETIÓPIA
A Etiópia, localizada no Chifre da África, é um dos países mais vulneráveis às mudanças
climáticas, apesar de ser responsável por uma fração muito pequena das emissões globais de gases
de efeito estufa (GEE). A nação enfrenta uma série de desafios relacionados a secas, inundações,
desertificação e outros impactos climáticos, mas também tem demonstrado liderança em termos de
políticas ambientais, adaptação e mitigação, com um foco em soluções sustentáveis e uma forte
ênfase em energias renováveis.

Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) da Etiópia


A Etiópia tem uma pegada de carbono muito baixa em comparação com países
industrializados ou até mesmo com muitas nações em desenvolvimento. As emissões de GEE são
relativamente pequenas, com a maior parte do país dependendo da agricultura de subsistência, que
é predominantemente de baixo carbono. No entanto, as atividades humanas, como a queima de
biomassa, agricultura intensiva e desmatamento, ainda são fontes significativas de emissões de gases
como CO₂, metano (CH₄) e óxidos de nitrogênio (NOx), especialmente na pecuária e no uso de fogo
para cultivo e manejo de terras.
A Etiópia é uma economia agrícola, e o setor agrícola, que é essencial para a economia do país
e para o sustento de grande parte de sua população rural, está particularmente exposto aos efeitos
das mudanças climáticas.

Impactos das Mudanças Climáticas na Etiópia


A Etiópia é altamente vulnerável aos efeitos das mudanças climáticas devido à sua geografia,
economia e estrutura social. O país já está experimentando impactos significativos e, em muitos casos,
devastadores devido a mudanças nos padrões climáticos.
Secas e escassez de água
A Etiópia já enfrentava secas periódicas antes da crise climática, mas as mudanças climáticas
têm exacerbado a frequência, intensidade e duração das secas. A falta de chuvas está afetando a
agricultura, especialmente na região do Sahel, que já sofre com uma tendência de desertificação.
Essas secas prejudicam a produção de alimentos, tornam a água potável mais escassa e dificultam a
segurança alimentar.
A seca de 2015-2016 foi uma das mais graves já registradas, afetando milhões de pessoas e
resultando em uma grande crise humanitária. A mudança nos padrões de precipitação está afetando
a capacidade do país de manter sua agricultura de subsistência.
Inundações e eventos climáticos extremos
Embora a Etiópia seja predominantemente afetada por secas, também há uma crescente
incidência de inundações, que causam danos significativos à infraestrutura, perdas de vidas e
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destruíção de lavouras. Estas inundações podem ser tanto o resultado de chuvas torrenciais que
ocorrem em um período muito curto quanto do transbordamento de rios devido à má gestão hídrica.
Desertificação e degradação do solo
A Etiópia enfrenta também desafios de degradação do solo e desertificação, especialmente
nas regiões mais secas do país. A pressão sobre os ecossistemas locais, impulsionada pela agricultura
extensiva e pela coleta de lenha, tem exacerbado esses processos. O uso insustentável da terra e a
desflorestação aumentam a vulnerabilidade do solo à erosão e reduzem a capacidade de reter água.
Agricultura e segurança alimentar
A agricultura na Etiópia depende fortemente de práticas agrícolas de baixo rendimento e da
variabilidade climática. O setor está especialmente vulnerável a mudanças nos padrões de chuva e
temperaturas mais altas, o que afeta tanto a produção de alimentos quanto a segurança alimentar. A
agricultura familiar, que emprega cerca de 80% da população, enfrenta riscos constantes devido à
falta de irrigação e à dependência de uma única estação de chuvas.
Em particular, a produção de café, uma das principais exportações da Etiópia, pode ser
seriamente afetada por mudanças nas temperaturas e padrões de precipitação. A produção de
alimentos básicos, como milho, trigo e cevada, também é sensível às variações climáticas.
Saúde e doenças
Mudanças climáticas também têm um impacto direto na saúde pública na Etiópia. O aumento
das temperaturas e a alteração dos padrões de precipitação podem contribuir para o crescimento de
doenças transmitidas por vetores, como malária e dengue, que se espalham com mais facilidade em
climas mais quentes e úmidos. A insegurança alimentar também pode gerar um aumento da
desnutrição e de doenças relacionadas à falta de água potável.
Respostas da Etiópia às Mudanças Climáticas
Apesar de ser um dos países mais vulneráveis às mudanças climáticas, a Etiópia tem adotado
várias políticas e estratégias tanto para mitigar as emissões quanto para adaptar-se aos impactos
climáticos. Algumas das principais iniciativas incluem:
Estratégias de mitigação
A Etiópia não é um grande emissor de gases de efeito estufa, mas está comprometida com o
desenvolvimento sustentável e a redução das emissões através de várias iniciativas:
 Plano de Ação Climática de Baixo Carbono (LCCAP): A Etiópia adotou um plano de ação para
alcançar um desenvolvimento de baixo carbono até 2030, promovendo a expansão da energia
renovável (principalmente hidrelétrica, eólica e solar) e a eficiência energética. O país está
investindo na modernização do setor energético, com foco em reduzir a dependência de
fontes de energia fósseis.
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 Energias renováveis: A Etiópia tem investido fortemente em energias renováveis, com a


hidrelétrica sendo a principal fonte de geração de energia no país. O projeto da Grande
Barragem Renascença (também conhecida como Grande Barragem do Renascimento Etíope),
em construção no rio Nilo Azul, aumentará significativamente a capacidade de geração de
energia renovável da Etiópia, proporcionando energia para a população e indústrias, além de
ajudar a reduzir a dependência de biomassa e carvão.
 Reflorestamento e preservação de ecossistemas: A Etiópia tem se empenhado em restaurar
suas florestas e combater a desertificação. Programas como o Green Legacy Initiative,
lançados em 2019, buscam plantar bilhões de árvores ao longo de vários anos para aumentar
a cobertura florestal e melhorar a qualidade do solo.

Estratégias de adaptação
A Etiópia tem implementado várias estratégias de adaptação para reduzir a vulnerabilidade
às mudanças climáticas e garantir a resiliência de suas comunidades e ecossistemas:
 Gestão da água e irrigação: A construção de sistemas de irrigação e o melhor gerenciamento
dos recursos hídricos são fundamentais para mitigar os impactos da seca e melhorar a
segurança alimentar. O país tem investido na captação de água da chuva, em projetos de
irrigação de baixo custo e em infraestrutura hídrica para reduzir os riscos de escassez de água.
 Agricultura climática inteligente: A Etiópia está promovendo práticas agrícolas mais
resilientes ao clima, como a agricultura de conservação e a introdução de sementes
resistentes à seca. Isso inclui a promoção de técnicas agrícolas que conservam a água e
melhoram a produtividade, além de diversificar os tipos de culturas para reduzir os riscos
associados a uma única estação de chuvas.
 Sistemas de alerta precoce: O governo etíope e organizações internacionais têm trabalhado
no desenvolvimento de sistemas de alerta precoce para monitorar eventos climáticos
extremos, como secas e inundações, a fim de permitir respostas rápidas e ajudar a mitigar os
danos.
 Promoção da resiliência comunitária: A Etiópia tem buscado envolver as comunidades locais
no planejamento e implementação de ações de adaptação, garantindo que as populações
vulneráveis tenham acesso a recursos e conhecimentos para lidar com os impactos das
mudanças climáticas.

Desafios e Oportunidades
Desafios
 Pobreza e vulnerabilidade: A Etiópia é um dos países mais pobres do mundo, e muitas de suas
comunidades ainda dependem da agricultura de subsistência. A pobreza e a falta de acesso a
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tecnologias adequadas tornam as populações rurais mais vulneráveis aos impactos das
mudanças climáticas.
 Falta de infraestrutura: A infraestrutura do país ainda é subdesenvolvida, o que dificulta a
implementação de projetos de mitigação e adaptação em larga escala.
 Conflitos internos e instabilidade política: A Etiópia tem enfrentado conflitos internos,
especialmente na região de Tigré, que afetaram a capacidade do governo de implementar
políticas de adaptação de forma eficaz.

Oportunidades

 Energia renovável: O potencial da Etiópia para expandir o uso de energias renováveis é uma
grande oportunidade. O país possui recursos hídricos abundantes, além de grande potencial
para a geração de energia eólica e solar.
 Agricultura sustentável: A promoção de práticas agrícolas sustentáveis e a agricultura
climática inteligente oferecem uma oportunidade para melhorar a segurança alimentar e
aumentar a resiliência das comunidades agrícolas.
 Apoio internacional: O país tem recebido apoio de organismos internacionais como o Fundo
Verde para o Clima e outras ONGs para implementar programas de adaptação e mitigação.
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EGITO
O Egito é um país do Nordeste da África que, apesar de ser responsável por uma fração
relativamente pequena das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE), está entre as nações
mais vulneráveis às mudanças climáticas. Localizado ao longo do Rio Nilo e com grande parte de seu
território no deserto, o Egito enfrenta desafios significativos devido à escassez de água, aumento do
nível do mar e alterações nos padrões climáticos, que afetam diretamente a agricultura, a segurança
alimentar e as populações costeiras. Embora o país tenha adotado várias políticas para mitigar e se
adaptar às mudanças climáticas, o cenário é de grande preocupação, especialmente diante de um
contexto de crescimento populacional acelerado e um modelo econômico dependente da agricultura
e do uso intensivo de recursos hídricos.

Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE)


O Egito, com uma população superior a 100 milhões de pessoas, é o maior emissor de gases de
efeito estufa da região do Norte da África e um dos maiores do continente africano, embora suas
emissões ainda representem uma fração pequena do total global. O país tem uma pegada de carbono
muito inferior à de países desenvolvidos, mas as emissões vêm crescendo devido ao desenvolvimento
industrial, aumento do uso de energia e expansão da população. As principais fontes de emissões no
Egito incluem:
 Setor energético: O Egito é altamente dependente de combustíveis fósseis, particularmente
gás natural e petróleo, para gerar eletricidade e para a indústria. O uso de carvão e outros
combustíveis fósseis tem se expandido, contribuindo para as emissões de CO₂.
 Agricultura: O setor agrícola, que é vital para a economia egípcia, é responsável por uma parte
significativa das emissões de metano (CH₄), particularmente devido à pecuária e ao cultivo de
arroz, que libera metano em sistemas de irrigação inundados. O desmatamento e a queima
de biomassa para energia também contribuem para as emissões.
 Transportes: O setor de transportes no Egito está em crescimento, com o aumento de veículos
privados e transporte público, o que também contribui para o aumento das emissões de gases
de efeito estufa.

Impactos das Mudanças Climáticas no Egito


O Egito já está vivenciando os impactos das mudanças climáticas, e esses efeitos são
projetados para se intensificar nas próximas décadas. Dado o seu ambiente geográfico, a
infraestrutura existente e os desafios sociais e econômicos, os impactos climáticos têm repercussões
significativas em várias áreas:
Aumento do Nível do Mar
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Um dos maiores desafios para o Egito é o aumento do nível do mar, que ameaça as áreas
costeiras densamente povoadas, incluindo cidades como Alexandria e Port Said. O Egito possui uma
costa de cerca de 2.500 km ao longo do Mar Mediterrâneo, e o delta do Rio Nilo, uma das regiões mais
produtivas e densamente habitadas do país, está particularmente vulnerável à submersão. Projeções
indicam que o aumento do nível do mar pode inundar vastas áreas do Delta do Nilo, deslocando
milhões de pessoas, afetando a agricultura e a infraestrutura e provocando sérias implicações para a
economia.

Escassez de Água
Rio Nilo é a principal fonte de água para o Egito, mas a crescente demanda e a variabilidade
climática afetam diretamente a disponibilidade de água doce. O Nilo já está sob pressão devido ao
aumento da população e ao desenvolvimento agrícola, e as mudanças climáticas exacerbam a situação
ao reduzir a quantidade de precipitação na região e aumentar a evaporação. Além disso, a construção
da Barragem de Grand Etíope Renascimento (GERD) na Etiópia gerou tensões com o Egito, que teme
que a construção da barragem reduza o fluxo de água do Nilo. A escassez de água pode prejudicar
tanto a agricultura quanto o abastecimento de água potável e aumentar os riscos para a saúde pública.

Agricultura e Segurança Alimentar


A agricultura egípcia, particularmente no Delta do Nilo, é altamente dependente do regime de
irrigação e do fluxo constante de água do Nilo. As mudanças climáticas podem afetar essa dinâmica
de várias formas:
 Temperaturas mais altas: O aumento da temperatura média afetaria o crescimento de
culturas agrícolas, especialmente as mais sensíveis ao calor, como trigo, arroz e milho. Isso
poderia reduzir as colheitas e a segurança alimentar.
 Mudanças nos padrões de precipitação: Embora o Egito seja predominantemente árido, as
mudanças nos padrões climáticos podem afetar a agricultura no Delta, modificando o regime
de irrigação e tornando as colheitas mais incertas.
 Inundações e eventos climáticos extremos: O aumento da frequência de eventos climáticos
extremos, como tempestades e inundações, pode danificar a infraestrutura agrícola, destruir
culturas e prejudicar o rendimento da terra.
 Saúde Pública: O aumento das temperaturas e a mudança nos padrões de precipitação
também têm um impacto direto na saúde pública. O calor extremo pode aumentar o número
de mortes relacionadas a doenças cardiovasculares e respiratórias. Além disso, a escassez de
água pode aumentar a propagação de doenças transmitidas pela água, como cólera e outras
infecções intestinais. O calor também pode exacerbar as condições de vida nas áreas urbanas,
aumentando a pressão sobre o sistema de saúde.
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 Desertificação e Degradação do Solo: O Egito, com sua vasta região desértica, já enfrenta
problemas de desertificação e degradação do solo. O aumento da temperatura e as mudanças
nos padrões de precipitação podem acelerar esses processos, particularmente no interior do
país e em áreas que já enfrentam problemas de salinização do solo devido à irrigação
inadequada. Isso pode reduzir a quantidade de terra arável e comprometer a produção
agrícola.

Respostas do Egito às Mudanças Climáticas


Embora o Egito tenha uma pegada de carbono pequena em comparação com grandes
economias, o país tem tomado medidas para enfrentar as mudanças climáticas e se adaptar aos seus
efeitos, embora os desafios permaneçam grandes.

Política Nacional sobre Mudanças Climáticas


O governo egípcio tem elaborado várias políticas e estratégias para combater as mudanças
climáticas, como o Plano Nacional de Ação sobre Mudança Climática e a Estratégia Nacional de Energia
Sustentável 2035. O país também está se preparando para a COP27, que foi realizada no Egito em
2022, com o objetivo de chamar a atenção para as questões climáticas no continente africano e
globalmente.

Investimentos em Energias Renováveis


O Egito tem feito esforços para aumentar a proporção de energias renováveis em sua matriz
energética. O país tem um grande potencial para a energia solar e eólica, especialmente no deserto.
Entre os projetos mais notáveis estão a Central Solar de Benban, no deserto egípcio, que é uma das
maiores instalações solares do mundo, e o investimento em parques eólicos, particularmente na
região de Gebel El-Zeit, ao longo da costa do Mar Vermelho. O país também está se preparando para
expandir a energia solar distribuída e aumentar a eficiência energética.
 Gestão Hídrica e Irrigação: Dada a importância do Rio Nilo para a agricultura e o
abastecimento de água, o Egito tem adotado medidas para gerenciar melhor seus recursos
hídricos, incluindo tecnologias de irrigação eficiente, como irrigação por gotejamento, e
estratégias de reuso de água. O país também tem investido em projetos para combater a
salinização do solo e melhorar a gestão de reservatórios de água.
 Desenvolvimento de Infraestrutura Resiliente: O Egito está tentando melhorar a
infraestrutura para lidar com os impactos climáticos, como inundações e o aumento do nível
do mar. Projetos de drenagem de águas pluviais, especialmente em cidades costeiras, e a
construção de muros de contenção para proteger áreas baixas são parte da estratégia para
mitigar os danos potenciais.
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 Agricultura Sustentável: O governo egípcio está promovendo práticas agrícolas sustentáveis


que podem ajudar a mitigar os efeitos das mudanças climáticas, como o uso de sementes
resistentes ao calor e a diversificação das culturas agrícolas. Além disso, as autoridades estão
incentivando a agricultura de precisão, que usa tecnologias para monitorar e otimizar o uso
de água, fertilizantes e outros recursos.

DESAFIOS E OPORTUNIDADES
Desafios
 Escassez de recursos: A escassez de água é uma questão crítica, agravada por fatores
climáticos e geopolíticos, como o projeto da Barragem de Grand Etíope Renascimento (GERD).
 Crescimento populacional: O Egito enfrenta uma rápida expansão populacional, o que
aumenta a pressão sobre recursos como água e alimentos, exacerbando os desafios de
segurança alimentar e gestão dos recursos naturais.
 Infraestrutura inadequada: A infraestrutura do país precisa ser mais resiliente para lidar com
os impactos das mudanças climáticas, especialmente nas áreas urbanas e costeiras.

Oportunidades
 Energias renováveis: O Egito tem um grande potencial para se tornar um líder em energia
solar e energia eólica, o que pode impulsionar seu desenvolvimento sustentável e ajudar na
mitigação das mudanças climáticas.
 Inovações em irrigação e uso de água: O país pode se beneficiar de inovações tecnológicas
em gestão hídrica e práticas agrícolas sustentáveis para aumentar a resiliência do setor
agrícola.
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RÚSSIA
A Rússia é um dos países mais impactados pelas mudanças climáticas, especialmente devido
ao seu tamanho e localização geográfica. Estendendo-se por diversos fusos horários e abrigando uma
grande variedade de ecossistemas — desde o Ártico até as estepes da Ásia Central — a Rússia
experimenta uma gama de efeitos climáticos, muitos dos quais têm profundas implicações sociais,
econômicas e ambientais.
Com uma economia grande e diversificada, a Rússia é responsável por uma parte significativa
das emissões de gases de efeito estufa (GEE), devido à sua dependência de combustíveis fósseis, como
o petróleo e o gás natural. Ao mesmo tempo, o país tem sido amplamente afetado por fenômenos
como o aquecimento rápido no Ártico, incêndios florestais mais frequentes e severos, e o
derretimento do permafrost, que está causando uma série de desafios para o meio ambiente, a
infraestrutura e as comunidades. A Rússia está começando a enfrentar as consequências da mudança
climática, mas a resposta governamental tem sido, em muitos casos, lenta e ambígua, em grande parte
devido ao papel central dos combustíveis fósseis em sua economia.

Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) da Rússia


A Rússia é o quinto maior emissor mundial de gases de efeito estufa, com suas emissões
provenientes principalmente de três fontes:
Energia e combustíveis fósseis: A maior parte das emissões de GEE da Rússia vem da extração,
processamento e queima de petróleo, gás natural e carvão. O país é um dos maiores exportadores de
energia do mundo, especialmente gás natural e petróleo, e sua economia depende fortemente das
exportações. Embora a Rússia tenha implementado algumas políticas voltadas para a eficiência
energética e a expansão das energias renováveis, a transição para fontes limpas de energia ainda é
muito lenta.
Setor industrial e florestal: A indústria russa, incluindo os setores de metais pesados e química,
também é uma fonte significativa de emissões. Além disso, a extração e degradação de florestas
podem liberar grandes quantidades de carbono para a atmosfera.
Agricultura e pecuária: A agricultura russa, especialmente a produção de grãos e carne, é uma fonte
de emissões de metano (CH₄) e óxidos de nitrogênio (NOx), embora em menor escala do que em países
com economias agrícolas mais intensivas.
A Rússia não tem um sistema de taxação de carbono ou outras políticas agressivas de
mitigação em comparação com muitos países da União Europeia ou os Estados Unidos, e embora
tenha se comprometido com metas de redução de emissões no Acordo de Paris, essas promessas têm
sido frequentemente vistas como ambíguas e difíceis de serem cumpridas, especialmente devido à
importância do setor energético.
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Impactos das Mudanças Climáticas na Rússia


O impacto das mudanças climáticas na Rússia é diverso e significativo, afetando tanto o meio
ambiente quanto a sociedade. O país está vivenciando um aquecimento muito mais rápido do que a
média global, com a região do Ártico e da Sibéria sendo as mais afetadas.
Aquecimento Ártico e derretimento do permafrost
A região do Ártico e as áreas da Sibéria estão aquecendo em um ritmo de 2 a 2,5 vezes mais
rápido do que a média global, o que representa uma alteração drástica no clima dessas regiões. O
aumento da temperatura tem várias consequências para a Rússia, incluindo:
 Derretimento do permafrost: O permafrost, uma camada de solo permanentemente
congelado, cobre cerca de 65% da área terrestre da Rússia. À medida que as temperaturas
aumentam, o permafrost está descongelando, o que causa emissões de metano (um poderoso
gás de efeito estufa), acelera a degradação do solo e afeta a infraestrutura construída sobre
ele, como estradas, ferrovias e dutos de petróleo e gás. O derretimento também ameaça
ecossistemas sensíveis e a biodiversidade local.
 Liberação de gases do efeito estufa: O permafrost armazena grandes quantidades de carbono
e metano, e seu descongelamento pode liberar esses gases na atmosfera, contribuindo para
o feedback climático e amplificando ainda mais o aquecimento global.
 Incêndios florestais: A Sibéria tem sido severamente impactada por incêndios florestais mais
frequentes e intensos. O aumento das temperaturas e a maior sequência de secas estão
tornando as florestas russas mais suscetíveis ao fogo, e os incêndios são cada vez mais difíceis
de controlar. Em 2020, por exemplo, a Rússia registrou incêndios florestais massivos, que
liberam grandes quantidades de dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera. Além disso, os
incêndios florestais afetam ecossistemas inteiros e podem destruir habitat de várias espécies
de fauna e flora locais.

Mudanças no regime de precipitação e secas


O regime de precipitação na Rússia também está mudando. O país está enfrentando
aumentos na intensidade e frequência de chuvas torrenciais no verão, seguidos por períodos de seca
mais severos, que afetam tanto a agricultura quanto o fornecimento de água. O aumento da
temperatura também está provocando uma maior evaporação da água, o que tem um impacto no
nível de rios e lagos em várias regiões do país.
Impactos na agricultura
A agricultura russa, que depende principalmente de cultivos de grãos, como trigo, e de
pastagem para gado, já enfrenta desafios devido às mudanças climáticas. Embora o aquecimento
possa, em algumas áreas, aumentar os períodos de cultivo, também há um risco crescente de colheitas
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perdidas devido a secas prolongadas, danos por geadas fora de estação e pragas e doenças que podem
prosperar em um clima mais quente.

Saúde pública
As mudanças climáticas têm implicações também para a saúde pública na Rússia. O aumento
das temperaturas pode agravar doenças respiratórias e cardiovasculares, especialmente em
populações mais vulneráveis, como os idosos. Além disso, a poluição do ar causada pela queima de
combustíveis fósseis e incêndios florestais também representa um risco crescente à saúde humana.
Melhorias na navegação no Ártico
Por outro lado, a redução do gelo marinho no Ártico abre novas oportunidades para a Rússia,
incluindo uma possível rota de navegação mais curta entre a Europa e a Ásia, o que poderia reduzir os
custos de transporte e aumentar as exportações de recursos naturais. A Rússia tem explorado essas
possibilidades por meio do desenvolvimento de infraestrutura para aumentar a navegabilidade na
Passagem do Noroeste e na rota do Ártico, que se torna mais acessível à medida que o gelo derrete.

Respostas da Rússia às Mudanças Climáticas


A resposta da Rússia às mudanças climáticas tem sido, em muitos aspectos, lenta e limitada.
O governo russo tem se mostrado relutante em adotar políticas ambiciosas de mitigação, em parte
devido ao impacto potencial que tais medidas teriam sobre sua economia baseada em combustíveis
fósseis.

Política climática
A Rússia assinou o Acordo de Paris em 2015 e se comprometeu a reduzir suas emissões até
2030. No entanto, o país tem sido criticado por não adotar metas mais ambiciosas e por priorizar os
interesses do setor de energia, em vez de promover uma transição para energias renováveis. Embora
o país tenha feito progressos em algumas áreas, como o desenvolvimento de tecnologias de captura
de carbono, o avanço tem sido aquém do necessário.

Energias renováveis e eficiência energética


Embora a Rússia tenha um grande potencial para fontes de energia renovável, como solar,
eólica e hidrelétrica, o país continua sendo fortemente dependente do petróleo e do gás natural. O
governo tem promovido algumas iniciativas para aumentar a eficiência energética, mas o país
continua a ser um dos maiores consumidores de energia per capita, com um grande desperdício de
recursos. A transição para energias renováveis é, portanto, um processo muito lento e enfrenta
grandes obstáculos.
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Desenvolvimento de infraestrutura resiliente


A Rússia tem começado a reconhecer os riscos do derretimento do permafrost e está tomando
medidas para melhorar a infraestrutura em regiões vulneráveis, como na Sibéria e no Ártico. Isso inclui
o reforço de edifícios e estradas e a implementação de tecnologias para mitigar os efeitos do
derretimento do permafrost. No entanto, os investimentos ainda são limitados.

Florestas e incêndios
O governo tem adotado algumas medidas para prevenir incêndios florestais, como o aumento
da vigilância aérea e a introdução de políticas para a reflorestação e gestão sustentável das florestas.
No entanto, a falta de uma estratégia climática integrada para proteger e restaurar os ecossistemas
naturais continua a ser uma grande lacuna.

Referências
Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Relatório de Desenvolvimento Humano (PNUD).
Instituto Socioambiental (ISA).
Agência Internacional de Energia (IEA).
China National Petroleum Corporation (CNPC).
World Resources Institute (WRI).
China Climate Change Information Center (CCIC).
Relatório de Emissões de Gases de Efeito Estufa - China.
Banco Mundial - Mudanças Climáticas na Etiópia.
Relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
Comissão Econômica para a África (CEA).
Ethiopian Environmental Protection Authority.
Relatório do IPCC - Mudanças Climáticas e Agricultura.
Ministério de Meio Ambiente do Egito.
Relatório do IPCC sobre o Ártico.
Russian Academy of Sciences (RAS).
Ministério de Recursos Naturais e Ecologia da Rússia.

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