0% acharam este documento útil (0 voto)
20 visualizações12 páginas

ROMPIMENTO DE BARRAGENS: Estudo de Caso Da Represa Guarapiranga em São Paulo

Uu
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
0% acharam este documento útil (0 voto)
20 visualizações12 páginas

ROMPIMENTO DE BARRAGENS: Estudo de Caso Da Represa Guarapiranga em São Paulo

Uu
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 12

ROMPIMENTO DE BARRAGENS: Estudo de caso da Represa Guarapiranga

em São Paulo
Sandra Uemura1; José Rodolfo Scarati Martins2; Francisco Martins Fadiga Jr.3.

RESUMO --- As barragens são estruturas construídas transversalmente ao escoamento de um rio.


Estas obras podem ter como objetivo, a geração de energia elétrica, a captação de água para
abastecimento público, o controle de cheias ou a navegação. Acidentes e rupturas podem prejudicar
não só a economia, como também o meio ambiente e a sociedade, incluindo vidas humanas. Em
função das dimensões envolvidas, dos impactos provocados e dos investimentos necessários, as
barragens devem ser sempre seguras. Este trabalho tem por objetivo apresentar a simulação de
ruptura da Barragem Guarapiranga (operada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de
São Paulo – SABESP), por fenômenos de overtopping e falência estrutural do maciço de terra
(piping).

ABSTRACT --- The dams are structures constructed transversally to a river bed. These works have
as objective, the power generation, the water supply, the flood control and navigation. Accidents
and ruptures can harm not only the economy but also the environment and society, including human
lives. The dams always must be saved because of the impacts wich can cause and the great amount
of the investiments. This paper presents the simulation of rupture of the Guarapiranga dam
(operated by Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP), for
overtopping and structural collapse of the land bulk (piping) phenomena.

Palavras-chave: Barragens, simulação de rompimento, Barragem Guarapiranga.

1
Engenheira Civil da Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica, Rua Padre Garcia Velho, 73 cj.44, São Paulo, SP, 05421-030. E-mail:
[email protected].
2
Professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Av. Prof. Luciano Gualberto, 380, São Paulo, SP, 05508-900. E-mail:
[email protected]
3
Engenheiro Civil da Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica, Rua Padre Garcia Velho, 73 cj.44, São Paulo, SP, 05421-030. E-mail:
[email protected].

XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 1


1. OBJETIVO

O presente trabalho tem por objetivo apresentar a simulação de ruptura da Barragem


Guarapiranga, por fenômenos de overtopping e falência estrutural do maciço de terra (piping).
Barragens são estruturas construídas transversalmente ao escoamento de um rio. Estas obras
podem ter como objetivos, a geração de energia elétrica, a captação de água para abastecimento
público, o controle de cheias ou a navegação. Para atender a estes objetivos, as barragens elevam o
nível d’água a montante de seu eixo e, em algumas obras, acumulam um significativo volume para
garantir a regularização do corpo d’água afetado.
Em função das dimensões envolvidas, dos impactos provocados e dos investimentos
necessários, as barragens devem ser sempre seguras. Acidentes e rupturas podem prejudicar não só
a economia, como também o meio ambiente e a sociedade, incluindo vidas humanas.
Historicamente se observaram diferentes e inúmeros acidentes com barragens em todo o
mundo. Durante o Congresso Internacional de Grandes Barragens do International Comission on
Large Dams (ICOLD) em 1979 em Nova Delhi, decidiu-se pela intensificação do desenvolvimento
da segurança de barragens (CBDB, 1999). Desde então se observou em diversos países, como
Estados Unidos, Portugal, Canadá, Suécia e França, dentre outros, o aprimoramento da legislação
ao se estabelecerem rigorosos critérios de segurança para a construção e operação de barragens.
No Brasil também podem ser contabilizados acidentes e estudos na área de rupturas de
barragens. Podem ser citados, por exemplo, os problemas ocorridos nas barragens de Euclides da
Cunha e Armando Salles Oliveira em São Paulo em 1977 (CBDB, 1999).

Figura 1 - Localização da Represa Guarapiranga.

2. METODOLOGIA

A metodologia adotada neste estudo buscou avaliar as potencialidades de formação das


brechas provocadas pelos fenômenos de overtopping e falência estrutural do maciço de terra. Os
critérios empregados basearam-se em uma análise de fatores listados a seguir, que, confrontados

XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 2


com as características principais do maciço, resultaram na indicação de uma seção considerada
como mais passível de ser afetada por estes fenômenos.
O conhecimento e o entendimento do fenômeno de propagação de ondas geradas por ruptura
de barragens são de fundamental importância na escolha das equações que mais adequadamente
descrevem o fenômeno, bem como na determinação de sua faixa de validade, e ainda na escolha e
aplicação de métodos numéricos mais adequados para resolução das equações selecionadas.
2.1. Mecanismos de ruptura de barragens
Nas últimas décadas, muitos avanços têm sido alcançados no campo da modelação dos
processos de ruptura de barragens. Nos estudos mais antigos, quando os conhecimentos e pesquisas
sobre o assunto eram ainda bastante simplistas, costumava-se admitir que o rompimento de
barragens se dava de forma completa e instantânea. Esta hipótese pode ser considerada razoável nos
casos de estruturas de concreto em forma de arco; entretanto, ela se torna inadequada quando a
análise envolve o colapso de barragens de concreto tipo gravidade ou barragens de terra.
Atualmente, reconhece-se a necessidade de se avaliar, sobretudo nestes casos, os efeitos gerados
pela consideração de rupturas parciais e graduais na propagação da onda de dam-break.
Segundo Ponce e Tsvivoglou (1981), foi Cristofano, em 1965, quem primeiro atentou para a
necessidade de simular a ruptura gradual de barragens de terra. Usando os princípios da geotecnia,
Cristofano estabeleceu uma relação entre a quantidade de material erodido do corpo da barragem e
a vazão efluente da mesma. Para isso, foi assumido que a seção de ruptura mantém a forma
trapezoidal ao longo de todo o processo e que os taludes desta seção apresentam inclinação igual ao
ângulo de atrito interno do material da barragem.
No final dos anos 50, o Corpo de Engenheiros do exército norte-americano construiu um
modelo físico através do qual se desenvolveram intensivas investigações sobre o assunto. Para
rupturas instantâneas, pôde-se estabelecer uma relação entre o pico da vazão efluente e um fator de
forma relacionado à geometria da seção de ruptura da barragem. Entretanto, este resultado não pode
ser estendido para casos de ruptura gradual, uma vez que as características hidráulicas envolvidas
nos dois processos são significativamente diferentes.
Em 1977, Brown e Rogers apresentaram conclusões bastante interessantes sobre os
mecanismos de rupturas de barragens de terra, observando a necessidade de se incorporar os efeitos
da erosão lateral nos modelos de simulação da seção de ruptura. Além disso, apresentaram uma
análise dos mecanismos de ruptura típicos que ocorrem em barragens de terra em função da altura
das mesmas.
Fread, em sua tese de doutoramento, apresentou contribuições substanciais à modelação do
fenômeno em questão. O autor avalia diversas formas de geometria da seção de ruptura da barragem
(triangular, retangular e trapezoidal) e assume que o crescimento desta seção é uma função do

XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 3


tempo. Entretanto, admite a hipótese de que a taxa de erosão vertical da seção de ruptura é
constante no tempo, o que pode não ser verificado em muitas situações. Além disso, o autor não
salienta o fato de que o hidrograma efluente gerado pelo colapso é extremamente sensível à escolha
desta taxa de erosão vertical.
Singh e Scarlatos (1988) estudam cinco modelos analíticos de ruptura de barragens de terra,
discutindo suas vantagens e desvantagens e seus limites de aplicabilidade. Os modelos são baseados
em princípios hidráulicos e geotécnicos, e abrangem a ruptura em formato triangular, retangular e
trapezoidal. A taxa de erosão da seção de ruptura que se desenvolve no corpo da barragem é
admitida como sendo uma função linear ou quadrática da velocidade média do escoamento nesta
seção. Os principais parâmetros envolvidos nos modelos são determinados através de uma análise
de sensibilidade baseada em dados históricos de ocorrências de dam-break.
2.2. Modelos de ruptura
Nos estudos realizados para o estabelecimento dos modelos de ruptura em barragens de
terra/enrocamento e concreto, buscou-se contemplar a avaliação de todos os princípios hidráulicos e
geotécnicos que condicionam os possíveis mecanismos de rompimento, ou seja, overtopping, piping
e falência estrutural das barragens.
• Ruptura por piping
O piping corresponde ao fenômeno de erosão interna de uma massa de solo, iniciada sob
condições de gradiente hidráulico crítico, provocando a abertura progressiva de canais dentro da
massa de solo em sentido contrário ao do fluxo d’água. Em outras palavras, corresponde ao
carreamento das partículas de solo devido à percolação de água pelo maciço.
Em oposição ao fenômeno de galgamento ou overtopping, mais crítico nos períodos
chuvosos, o fenômeno de piping é crítico nos períodos secos, pois nesta situação o reservatório
encontra-se totalmente cheio tendo em vista o atendimento às demandas de água durante a seca e a
desnecessidade de alocação de volume de espera para controle de cheias. Assim, a ocorrência do
piping durante as estações secas representa um maior volume de água liberado na ruptura, e em
conseqüência, maiores danos à jusante.
• Ruptura por Overtopping
O overtopping corresponde ao fenômeno de galgamento ou transbordamento da barragem, ou
seja, à passagem das águas sobre a estrutura, o que pode resultar da ocorrência de uma onda de
cheia não prevista no projeto ou de uma falha de operação do reservatório.
• Determinação da onda de cheia
De acordo com Martins e Fadiga (1989), analisando-se os máximos valores de vazão e
profundidade ocorridos após a propagação de uma enchente decorrente de um rompimento sobre

XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 4


um canal regular, verifica-se que o índice de atenuação adimensional AI, obtido ao longo do canal
apresenta uma lei do tipo daquela indicada na equação:
AI = e (− k2 S 0 ∆x / h0 ) (1)
Desta forma, assumindo-se a hipótese que a onda efluente do rompimento tem características
de propagação e amortecimento semelhantes aos das pequenas perturbações, os valores do

parâmetro AI contra (S0 ∆x / h0 ) devem se ajustar a uma lei como a da Equação 2, onde o coeficiente
A igual à unidade caso o comprimento se igualar ao de uma onda cinemática.
Q
= A e - k 2 S 0 ∆ x / h0 (2)
Qr
O número de k2 será a função das características intervenientes no fenômeno de propagação e
amortecimento, ou seja: condições iniciais de nível e vazão, rugosidade, largura, declividade do
canal, e ainda forma da onda inicial.

Figura 2 - Fator de amortecimento k2 e Fator Dinâmico A.

3. ESTUDO DE CASO: BARRAGEM GUARAPIRANGA

A Barragem Guarapiranga é parte integrante do segundo maior sistema produtor de água de


São Paulo. A água proveniente da Represa Guarapiranga (formada pelos rios Embu-Mirim, Embu-
Guaçu, Santa Rita, Vermelho, Ribeirão Itaim, Capivari e Parelheiros), produz 14 mil litros de água
por segundo e abastece 3,7 milhões de pessoas da zona sul e sudoeste da Capital.
A barragem de Guarapiranga teve sua construção iniciada em abril de 1906 e foi concluída em
1909, tendo sido executada parcialmente através de aterro hidráulico e completada com aterro
compactado. Possui, na sua ombreira esquerda três descarregadores de fundo com capacidade de
cerca de 50m³/s cada uma, possui também um vertedor de superfície de 95m de largura escavado na
ombreira esquerda.

XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 5


Figura 3 - Esquema do Sistema Guarapiranga e vista aérea da Barragem Guarapiranga.

A tabela 1 e a figura 4 a seguir apresentam algumas das características do Sistema


Guarapiranga.
Tabela 1 - Características da Barragem Guarapiranga.
Barragem de Guarapiranga
Volume (m³) 490.000
Cota da Crista (m) 738,60
Largura da Crista (m) variável de 5 a 15
Talude de Montante 3:1
Talude de Jusante 2:1
Início das Obras 1906
Fim das Obras 1909
Reservatório de Guarapiranga
Área de Drenagem (km²) 631,00
Cota do N.A. (m) 735,00
Cota do N.A. máximo (m) 736,62
Volume Morto (m³) 13 x 106
Vazão Regularizada (m³/s) 8,7

721.5 721.5

721.0 721.0

720.5 720.5
Cota (m)

Cota (m)

720.0 720.0

719.5 719.5

719.0 719.0

718.5 718.5
7000 7500 8000 8500 9000 9500 34000000 36000000 38000000 40000000 42000000

Área (m ²) Volum e (m ³)

Figura 4 – Curvas Cota-Área e Cota Volume do Reservatório Guarapiranga.


Para a identificação de pontos notáveis situados em áreas possivelmente inundadas da região
em estudo, faz-se necessário possuir uma base fotográfica confiável, que permita a detecção de
pontos críticos de interesse. Para este estudo, foram utilizadas imagens do satélite IKONOS-II
(FUNCATE – 2003).

XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 6


Figura 5 – Mosaico de imagens de satélite e MDT da região estudada para o Sistema Guarapiranga.

Para uma adequada representação das características geométricas do canal Guarapiranga e do


Rio Pinheiros localizados imediatamente a jusante da estrutura de Guarapiranga, foram utilizadas
seções topobatimétricas que abrangiam todo o leito do escoamento e com espaçamento suficiente
para representar os pontos notáveis do traçado.
A modelagem digital de terrenos - MDT (Digital Terrain Modeling) consiste na geração de
uma grade ou malha de pontos igualmente espaçados a partir das coordenadas (x,y,z) de pontos
conhecidos, adquiridos segundo uma distribuição irregular no plano xy – por exemplo, pontos
obtidos em levantamentos topográficos. Para a região em estudo foi utilizado o MDT obtido da
FUNCATE (2003).
A determinação das prováveis dimensões das brechas, do tempo de ruptura e da estimativa da
vazão máxima através das brechas foi feita de acordo com os trabalhos apresentados por
MacDonald et al.(1984) e por Fread et al.(1998). Os autores apresentaram ábacos para a estimativa
das características das brechas com base em resultados da análise de dezenas de casos reais de
ocorrência dos fenômenos em pauta, em barragens de pequeno a médio portes, que romperam no
início do século passado por overtopping ou piping.
Destaca-se que este estudo se restringe a considerar as condições projetadas da obra, não
levando em conta as condições execução e grau de compactação do maciço de terra, como é praxe
na análise de estruturas já construídas.

XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 7


3.1. Resultados Obtidos
Os resultados obtidos nos estudos para determinação dos parâmetros de ruptura da barragem
de Guarapiranga constam da Tabela 2, onde são apresentados:
• Os dados gerais que serviram de base para os cálculos, extraídos dos documentos de projeto
da barragem;
• cálculo dos parâmetros da brecha, segundo Fread et al.(1998);
• cálculo dos parâmetros da brecha, segundo MacDonald et al.(1984);
• A proposta de parâmetros para a brecha, segundo critério apresentado a seguir;
Tabela 2 - Parâmetros de Ruptura da Barragem Guarapiranga.
Item Overtopping Piping
Local de possível ocorrência do fenômeno Seção 10+0,00 Seção 10+0,00
Lâmina d'água em caso de overtopping (m) 0,5 --
Cota da crista do vertedor (m) 736,62 736,62
Cota da crista da barragem (m) 738,6 738,6
NA máximo normal (m) 735 735
DADOS NA máximo maximorum (m) 738,1 738,1
NA no início do processo (m) 739,6 735
Volume do reservatório no início do processo - Vr (m3) 3,1E+08 1,5E+08
Cota final da base da brecha 725,6 725,6
Altura de água sobre a brecha - hd (m) 14 9,4
Área da superfície do reservatório no início do processo -
5,7E+07 2,8E+07
As (m2)
Largura média da brecha - b (m) 169 89
Largura da base da brecha (m) 162 83
FREAD (1998) Tempo de ruptura (h) 6,0 6,0
Vazão máxima através da brecha - Q*p (m3/s) 35520 20210
Vazão máxima através da brecha - Qp (m3/s) 12193 3619
Volume da brecha - Vm (m3) 4,9E+05 2,0E+05
MACDONALD
Tempo de ruptura (h) 2 1,7
ET AL (1984)
Vazão máxima através da brecha (m3/s) 14150 6792
Taludes da brecha 1H:2V 1H:2V
Altura da brecha (m) 13 13
PROPOSTA DE
Largura da base da brecha (m) 162 83
PARÂMETROS
Tempo de ruptura (h) 2 a 6,5 1,7 a 6,6
Vazão máxima através da brecha (m3/s) 12193 3619

Os tempos de ruptura estimados pelos ábacos empíricos de MacDonald et al. e pela fórmula
empírica de Fread et al. conduziram a valores díspares, razão pela qual optou-se por analisar um
intervalo de variação deste parâmetro;
3.2. Cenários de Ruptura
Uma vez definidos os modelos a serem empregados no estudo de rompimento da barragem
Guarapiranga, puderam ser elaborados alguns cenários de ruptura visando à simulação em modelo
matemático e à determinação de linhas d'água e áreas inundáveis resultantes.

XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 8


Foram considerados para as simulações de ruptura da Barragem Guarapiranga, por falência
estrutural do maciço de terra e overtopping, os tempos de formação da brecha de 6,5h e 6h
respectivamente.
Tabela 3 - Parâmetros Utilizados e Resultados Obtidos nas Simulações de Ruptura da Barragem
Guarapiranga por overtopping e piping.
Resumo da Simulação - barragem Guarapiranga Overtopping Piping
Resultados Tempo de ruptura = 6h Tempo de ruptura = 6,5h
Vazão efluente inicial (m3/s) 60,00 60,00
3
Vazão mínima (m /s) 60,00 60,00
Instante de ocorrência da vazão mínima (horas) 0 0
Vazão efluente máxima (m3/s) 13767,46 2058,19
Instante de ocorrência da vazão máxima (horas) 58 7
Nível d'água mínimo (m) 727,227 729,32
Instante de ocorrência do NA mínimo (horas) 114,53 48
Nível d'água máximo de montante (m) 739,81 735,00
Instante de ocorrência do NA máximo (horas) 54,56 0
Ocorrência de ruptura? Sim Sim
Instante do início de ruptura (horas) 52 0
Ocorrência de galgamento? Sim Não
Instante do início de galgamento (horas) 28,833 0
Ocorrência de afogamento por jusante? Não Não
Instante do afogamento (horas) - -

Simulação de Ruptura da Barragem Guarapiranga por Overtopping


Esta simulação, teve como objetivo estudar a ruptura do maciço de terra da barragem
Guarapiranga devido à ocorrência de um galgamento sobre a crista do mesmo, fenômeno este
denominado de falha por overtopping.
Para tanto, utilizou-se um hidrograma afluente ao reservatório que causasse o galgamento da
barragem, elevando o nível d’água a montante até 0,5m acima da cota da crista do barramento, de
acordo com os parâmetros de ruptura definidos na Tabela 2. Partindo-se deste cenário, foram
efetuadas simulações, considerando-se o tempo total para formação da brecha 6 horas.
Simulação de Ruptura da Barragem Guarapiranga por Falha estrutural do Maciço de Terra
Neste cenãrio, o objetivo foi simular a ruptura da barragem Guarapiranga em função da
falência estrutural do maciço de terra, que pode ser ocasionada, dentre outras situações, por
processos retro-erosivos (piping) ou abalos sísmicos. Esta hipótese não leva em consideração a
suscetibilidade da estrutura a estes tipos de problema ou ainda a existência de indicadores para tal.
Apenas procura retratar os efeitos potenciais de uma falha na estrutura de terra que levaria à
descarga de altas vazões decorrentes do esvaziamento rápido do reservatório.
Para a simulação deste cenário, partiu-se de uma condição inicial correspondente a um dia
seco (“sunny day”), em que o reservatório Guarapiranga encontrar-se-ia com nível d’água igual ao

XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 9


nível máximo normal. Foram efetuadas simulações, considerando-se o tempo total para formação da
brecha de 6,5 horas.
Os parâmetros utilizados em ambas as simulações e os resultados obtidos são resumidos na
Tabela 3.
Nas figuras a seguir, são apresentados os principais resultados obtidos no estudo de
overtopping e piping para a Barragem Guarapiranga.
16000
742

14000
740

12000
738

10000
736
Vazão (m³/s)

N.A. (m)
8000
734

N.A. (m)
6000
732 N.A. máx. normal (m)
Q afluente m³/s N.A. máx. maximorum (m)
Q efluente m³/s Cota da Crista (m)
4000
730

2000 728

0 726
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Tempo (h)
Tempo (h)

Figura 6 – Resultado das Simulações de Ruptura da Barragem Guarapiranga por Overtopping.

2500
740

738
2000

736
1500
Vazão (m³/s)

N.A. (m)

734

1000 N.A. (m)


N.A. máx. normal (m)
Q afluente m³/s 732 N.A. máx. maximorum (m)
Q efluente m³/s Cota da Crista (m)

500
730

0 728
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
Tempo (h)
Tempo (h)

Figura 7 – Resultado das Simulações de Ruptura da Barragem Guarapiranga por Piping.

A Figura 8 a seguir mostra a possível área a ser inundada caso ocorra os fenômenos de
overtopping e piping da Barragem Guarapiranga.

XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 10


Overtopping Piping

Figura 8 – Resultado das Simulações de Ruptura da Barragem Guarapiranga – Manchas de


Inundação
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No presente estudo, foram desenvolvidas simulações com o objetivo de avaliar os impactos


potenciais gerados por hipóteses de rompimento da barragem Guarapiranga.
Para tanto, foi empregado um modelo matemático de propagação de ondas ocasionadas por
rompimento de estruturas hidráulicas, baseado na modelação do escoamento hidrodinâmico
unidimensional em canais, que vem sendo desenvolvida e aperfeiçoada pela Fundação Centro
Tecnológico de Hidráulica nos últimos 15 anos.
Os estudos de caso realizados com este modelo mostraram:
• A situação mais crítica corresponde ao rompimento da estrutura de Guarapiranga
associada ao fenômeno de overtopping decorrente de hidrogramas afluentes
relacionado a eventos de cheia, devido à alta magnitude das vazões de pico
(13767,46m3/s). As áreas de inundação neste caso atingem regiões marginais ao canal
Pinheiros em seus trechos Inferior e Superior atingindo as proximidades do rio Tietê..

XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 11


• rompimento de Guarapiranga por piping gera vazões de pico (2058,19m3/s)
significativamente menores que no caso de overtopping. As vazões decorrentes do
piping em Guarapiranga são absorvidas no trecho Superior do canal Pinheiros, não
gerando grandes impactos no trecho Inferior.
• Estas condições vão de encontro ao estimado através dos modelos de referência Fread
(1198) e Macdonald (1984).
Salienta-se que a precisão destes valores está diretamente atrelada à precisão referente à
modelagem digital de terrenos para a região da RMSP.

AGRADECIMENTOS

Agradece-se à equipe técnica do Departamento de Gestão de Recursos Hídricos Metropolitanos –


MAR da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP.

BIBLIOGRAFIA

CBDB. Guia Básico de Segurança de Barragens. Comitê Brasileiro de Barragens. 1999.


ELETROBRÁS. Critérios de Projeto Civil de Usinas Hidrelétricas. Centrais Elétricas Brasileiras
S.A. 2003.
FREAD, D.L. & LEWIS, J.M. NWS FLDWAV Model - Theoretical Description & User
Documentation. Hydrologic Research Laboratory, Office of Hydrology, National Weather Service,
NOAA, Novembro 1998.
FUNCATE & Instituto Geológico: Relatório de Descrição dos Produtos de Sensoriamento Remoto
– Contrato IG 003/2003, 2003.
MACDONALD T. C. et al. Breaching Characteristics of Dam Failure. Journal of Hydraulic
Division, ASCE 110, nº. 5, pp. 567-586, 1984.
MARTINS, J. R. S. & FADIGA, F. M. Rompimento de Barragens: Cálculo Adimensional da
Propagação da Enchente Efluente. In VIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos – Foz do
Iguaçu, Anais 1, Novembro 1989, pp. 561-573.
PONCE, V. M. & TSIVOGLOU, A. J. Modeling Gradual Dam Breaches. Journal of Hydraulic
Engineering, Vol. 107, No. 7, Julho 1981, pp. 829-838.
SABESP. O que fazemos: tratamento de água – região metropolitana de São Paulo.
http://www.sabesp.com.br Acessado em 12/05/2007. Companhia de Saneamento Básico do Estado
de São Paulo. 2007.
SINGH, V. P. & SCARLATOS, P. D. Analysis of Gradual Earth-Dam Failure. Journal of
Hydraulic Engineering, Vol. 114, No. 1, Janeiro 1988, pp. 21-42.

XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 12

Você também pode gostar