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MATERNIDADE PARA MÃES TRABALHADORAS

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”


Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e
Aprendizagem

Milena Valelongo Manente

MATERNIDADE PARA MÃES TRABALHADORAS: DEPRESSÃO PÓS-PARTO,


STRESS, REDE DE APOIO E CONJUGALIDADE

BAURU
2014
Milena Valelongo Manente

MATERNIDADE PARA MÃES TRABALHADORAS: DEPRESSÃO PÓS-PARTO,


STRESS, REDE DE APOIO E CONJUGALIDADE

Dissertação apresentada para obtenção de título de mestre


à Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho-
Programa de Pós-Graduação em Psicologia do
Desenvolvimento e Aprendizagem, sob orientação do
Prof. Dr. Kester Carrara e da Profa. Dra Olga Maria
Piazentim Rolim Rodrigues.

Bauru
2014
Manente, Milena Valelongo.
Maternidade para trabalhadoras : depressão pós-
parto, stress, rede de apoio e conjugalidade / Milena
Valelongo Manente, 2014
125 f.

Orientador: Kester Carrara


Coorientadora: Olga Maria Piazentim Rolim Rodrigues

Dissertação (Mestrado)–Universidade Estadual


Paulista. Faculdade de Ciências, Bauru, 2014

1. Maternidade para trabalhadoras. 2. Depressão


pós-parto. 3. Stress. 4. Rede de apoio e
conjugalidade. I. Universidade Estadual Paulista.
Faculdade de Ciências. II. Título.
FOLHA DE APROVAÇÃO
Dedico este trabalho:

À Deus e aos anjos encarnados aqui na Terra que me inspiram com boas palavras e

arejam minhas angústias.

Aos meus familiares que confiam e me apoiam no presente : minha mãe Toninha e meu

pai João e familiares de convivência que se foram recentemente ,padrinhos e prima

Maria de Lourdes.

Ao meu marido, melhor amigo que sempre espelha e valida minhas qualidades

profissionais e pessoais. Obrigada por existir e me dar o sustento emocional que

preciso.

Ao meu anjinho Heitor, filho desejado e amado; espírito evoluído que nos ensina a

cada dia nos tornando pais e pessoas melhores.

Aos amigos que tive oportunidade de conhecer durante o presente curso, em especial à

Bruna Hammer, mãe e amiga que me amparou nos momentos de desânimo com

tranquilidade e leveza de alma.

Às pacientes e mães que me ensinaram o quanto pode ser simultaneamente árdua e

feliz a jornada da maternidade. Foi recordando de cada uma delas durante a minha

própria experiência com a maternidade, que me inspirei na geração das Oficinas de

Gestantes e Roda de Mães e na realização desse trabalho de valor científico.


AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos os anjos que surgiram em meu caminho...

Rafaela Schiavo, pesquisadora do ciclo gravídico-puerperal que me recebeu em sua casa antes

mesmo de ingressar neste curso de pós-graduação, me estimulando a investir neste tema tão

especial, além de me orientar em todo o trabalho estatístico.

Rosangela Antonio, bibliotecária que me ajudou no levantamento das pesquisas anteriores e

me incentivou em muitos momentos.

Aos amigos e colegas de trabalho Fabiana, Flávia, Thaís, Roseli, Élio, Sabrina, Cassia e em

especial Miriam, que favoreceram no meu acesso às mães investigadas e me ajudaram a

materializar este trabalho, com auxílio na apresentação dos dados desta dissertação, com

encorajamento e confiança.

Aos membros das bancas de qualificação e defesa de dissertação, sempre gentis e

compreensivos com minhas deficiências acadêmicas:

- Profa. Dra. Sandra Calaes, que já tive a oportunidade de convidá-la e ouvi-la em outros

momentos, muito apaixonada pelo tema stress e suas repercussões na saúde;

- Dra Gabriela Silva, junguiana e também amiga das deusas mitológicas protetoras do parto

e da maternidade que sincronisticamente tive a oportunidade de me encontrar.

-Orientadores Prof. Dr. Kester Carrara e Prof. Olga Rodrigues que aceitaram me

acompanhar neste tema sendo pacientes e me ensinando muito na jornada acadêmica.


A puérpera:

“... precisa de companhia e da disponibilidade

da outra pessoa que não interfira nem abuse de sua autoridade, que não

julgue nem se intrometa, mas que esteja presente...”

(GUTMAN, 2010, p.91)


MANENTE, M.V. A Maternidade para mães trabalhadoras: depressão pós-parto, stress,
rede de apoio e conjugalidade. 2014. 125f. Dissertação (Mestre em Psicologia do
Desenvolvimento e Aprendizagem), UNESP, Faculdade de Ciências, Bauru, 2014.

RESUMO

Introdução: O período transicional da gravidez e pós-parto gera mudanças na vida da

mulher. Se, adicionalmente, a mãe trabalha fora, ajustes são necessários à parentalidade de

modo a garantir sua saúde emocional. Objetivo: A presente pesquisa visou mostrar como

mães trabalhadoras relatam seus sentimentos sobre a gestação, parto e maternidade,

descrevendo seu estado emocional, conjugalidade, vida profissional e rede de apoio

disponível. Além de levantar informações sócio-demográficas das mães, o estudo também

realizou associação entre depressão/ stress e 27 variáveis de saúde pré e pós-parto. Método:

Participaram da pesquisa 30 primigestas trabalhadoras com bebês entre dois e seis meses. Os

instrumentos adotados para avaliação emocional das mães foram: Escala de Auto-avaliação de

Depressão Pós-parto de Edimburgo e Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp.

Para a coleta sócio-demográfica e informações de cuidados, foi aplicado Inventário

contemplando temas como: histórico da gravidez; perinatal, puerpério, maternidade e rede de

apoio, satisfação conjugal e maternidade e vida ocupacional. Resultados: A porcentagem de

mães com sintomatologia depressiva foi de 13,3% e de stress foi de 43,3% com predomínio

na fase de resistência e sintomas psicológicos. As mães se revelaram satisfeitas com a rede de

apoio na gestação, representando 90% delas e 97% estavam satisfeitas com a conjugalidade.

As mesmas participaram de grupos na gestação, equivalendo a 53% da amostra. Durante o

puerpério as mães sentiram-se apoiadas, sendo o marido participativo nas tarefas com o bebê

para 77% da amostra. O estudo também detectou falta de acesso às informações sobre

aleitamento na gestação para 60% das mães e aleitamento exclusivo nos primeiros seis meses

apenas entre 30% da amostra. Dentre as variáveis associadas com depressão, confirmaram-se
por meio do teste Fisher, associação entre saúde emocional na gestação e depressão, com

p=0,008; associação entre sentir falta de ajuda e depressão, com p=0,026; associação entre

pretensão de retorno ao trabalho e depressão, com p=0,001. Entre as associações com stress,

confirmaram-se: associação entre saúde emocional na gestação e stress com p=0,007 por meio

do teste Fisher; associação entre sentir falta de ajuda e stress com teste qui-quadrado

(x2=6,22;gl1,p=0,012) e associação entre colaboração do parceiro nas tarefas e stress p=0,025

de acordo com teste Fisher. Discussão: O estudo mostrou a necessidade das informações

sobre aleitamento e direitos das mães trabalhadoras passarem a ser reforçadas pelos serviços

pré-natais. O estudo ao encontrar associações entre sentir falta de ajuda e depressão/stress,

corrobora outras pesquisas que correlacionam negativamente o suporte social e transtornos

emocionais no período gravídico-puerperal. O retorno ao trabalho evidenciou ser um motivo

de preocupação para as mães. Corrobou-se achados de outras pesquisas reforçando a hipótese

dos sintomas depressivos e o stress se manifestarem desde a gestação. Conclusão: A

prevalência de DPP se mostrou menor em relação à outros estudos que avaliaram mães

carentes ou menos escolarizadas. O stress acometeu parte da amostra avaliada, havendo a

necessidade de mais estudos que comparem com o resultado encontrado. Verificou-se

satisfação com a rede de apoio disponível e preservação da conjugalidade.

Palavras-Chave: mães trabalhadoras, depressão pós-parto; stress; rede de apoio e

conjugalidade
MANENTE, MV Motherhood for working mothers: postpartum depression, stress, and
marital support network. 2014. 125p. Dissertation (Master in Developmental Psychology
and Learning), UNESP, Faculty of Sciences, Bauru, 2014.

ABSTRACT

Introduction: The transition period of pregnancy and post partum, bring some transformation

to the life of the woman. If, additionally the mother works outside, some adjustments will be

necessary to the parents, in order to guarantee their emotional health. Objective: The present

research aimed to show how worker women report their feelings about pregnancy, parturition

and motherhood, describing their emotional and conjugal status, professional life and support

available. Besides obtaining social demographic information from the mothers, the study has

also made an association among the depression/stress and 27 variables concerning care.

Method: A total of 30 worker women, first-baby-mothers, with babies from two to six

months of age, took part of this study. The instruments employed for the emotional evaluation

of the mothers were: Edinburgh Postnatal Depression Scale and Lipp Stress symptoms

Inventory for Adults. For the social demographic collection and information about care, an

inventory was applied, comprising the following: pregnancy history, perinatal, puerperium,

motherhood and support available, conjugal satisfaction and motherhood and occupational

life. Results: The percentage of mothers, with symptoms of depression was 13;3% and stress

was 43,3%, with predominance for the resistance phase and psychological symptoms. Among

the socio-demographic variables studied, it was observed the presence of protective factors,

during the transition. The mothers were pleased with the support available during pregnancy,

representing 90%, and 97% were happy with the conjugal status. The same mothers took part

in pregnancy informative groups, equivalent to 53% of the sample. During puerperium the

mothers felt supported, and the husband helped with tasks concerning the baby in 77% of the

sample. The study has also detected lack of access to information about breastfeeding for 60%
of the mothers, and exclusive breastfeeding on the first six months of age for only 30% of the

sample. Among the variables associated with depression, with p=0,008; association between

feeling lack of help and depression, with p=0,026; association between not intention of

returning to work and depression, with p=0,001. Among the associations with stress, it was

confirmed: association between emotional health during pregnancy and stress, with p=0,007;

association between feeling lack of help and stress, with p=0,012 and association between

collaboration of the partner (parent) realizing tasks and stress, with p=0,025. Discussion: The

study demonstrates the necessity of information about breastfeeding and the right of worker

mothers for having access to pre-natal reinforcement services. This study, supporting the

associations between feeling lack of help and depression/stress, is in accordance with other

researches, which correlate negatively the social support and emotional disorders, during

pregnancy- puerperium period. Returning to work caused preocupation for the mothers.

This study also points some findings from other researches reinforcing the hypothesis that the

depressive symptoms and stress are manifested since pregnancy. Conclusion: the prevalence

of postpartum depression was lower, comparing to other studies which assessed needy

mothers or with lower educational level. Stress was present in part of the assessed sample, but

additional studies are necessary to compare the results found. Mothers were pleased with the

support available and with conjugal relationship.

Key-words: worker mothers; postpartum depression; stress; support available and conjugal

status
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1. Descrição das características sócio-demográficas da amostra de participantes ...... 62

Tabela 2. Informações coletadas entre as mães trabalhadoras referentes à evolução da

gestação ............................................................................................................................... 65

Tabela 3. Descrição dos aspectos protetivos durante a gestação (acesso a informações,

participação em grupos, avaliação da rede de apoio e conjugalidade) ................................... 66

Tabela 4. Relato das participantes sobre o parto e condições em que ocorreu o primeiro

contato com o bebê .............................................................................................................. 67

Tabela 5. Relato das participantes sobre o processo do aleitamento: aderência e motivos do

abandono ............................................................................................................................. 68

Tabela 6. Relato sobre parentalidade de acordo com a perspectiva das mães trabalhadoras .. 70

Tabela 7. Satisfação conjugal e conjugalidade segundo as primíparas investigadas.............. 71

Tabela 8. Aspectos protetivos na maternidade de acordo com as participantes ..................... 72

Tabela 9. Aspectos relacionados ao trabalho, de acordo com as mães trabalhadoras desde a

gestação, expectativa de retorno ocupacional e presença de preocupações. ........................... 75

Tabela 10. Dados referentes à depressão pós-parto (DPP) segundo EPDS; stress, fases e

predominância de sintomas de acordo com o ISSL ............................................................... 77

Tabela 11. Associação entre variáveis sócio-demográficas, aspectos de saúde pré e pós-parto

e depressão utilizando o teste Fisher ..................................................................................... 78

Tabela 12. Associação entre variáveis sócio-demográficas e de saúde pré e pós-gestacional e

stress utilizando o teste qui-quadrado (x2 ) ou Fisher. .......................................................... 85


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 14

1.1 Maternidade ........................................................................................................... 14

1.2 Gravidez ................................................................................................................ 16

1.3 Parto ...................................................................................................................... 16

1.4 Puerpério e a transição parental .............................................................................. 20

1.5 Amamentação ........................................................................................................ 22

1.6 Maternidade e indicadores de depressão e stress..................................................... 27

1.7 Indicadores de depressão pós-parto (DPP).............................................................. 30

1.8 Indicadores de stress .............................................................................................. 32

1.9 Maternidade e outros papéis: sexualidade e satisfação conjugal.............................. 36

1.10 Maternidade e trabalho ....................................................................................... 38

1.11 Fatores de proteção à maternidade ...................................................................... 42

1.12 Rede de apoio e participação em grupos ............................................................. 43

1.13 Assistência e políticas públicas ........................................................................... 49

2 OBJETIVO GERAL .................................................................................................... 55

3 MÉTODO .................................................................................................................... 55

3.1 Participantes .......................................................................................................... 55

3.2 Local ..................................................................................................................... 56

3.3 Instrumentos .......................................................................................................... 57

3.3.1 Inventário de dados da gestação, convivência com o bebê: satisfação conjugal e

qualidade da rede de apoio ........................................................................................... 57

3.3.2 Escala de Auto-avaliação de Depressão Pós-Parto de Edimburgo (EPDS) ....... 58

3.3.3 Inventário de Sintomas de Stress de Lipp (ISSL) ............................................ 59


3.4 Procedimento ......................................................................................................... 59

3.4.1 Identificação das participantes ........................................................................ 59

3.4.2 Procedimento de análise dos dados: ................................................................ 60

4 RESULTADOS ............................................................................................................ 62

4.1 A gestação e a maternidade: sentimentos e aspectos protetivos .................................. 64

4.2 Presença/Ausência de depressão pós-parto e stress .................................................... 76

4.3 Associação entre depressão/stress e variáveis sócio-demográficas das mães .............. 77

4.3.1 Associação entre depressão e variáveis sócio-demográficas, aspectos de saúde

pré e pós parto das mães trabalhadoras ......................................................................... 78

4.3.2 Associação entre stress e variáveis sócio-demográficas e de saúde pré e pós-

gestacional das mães trabalhadoras............................................................................... 85

5 DISCUSSÃO ............................................................................................................... 92

REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 104

APÊNDICE A: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ............................................ 114

APÊNDICE B: Inventário de dados da gestação, convivência com o bebê, satisfação conjugal

e qualidade da rede de apoio. ............................................................................................. 115

ANEXO 1 – EPDS............................................................................................................. 123

ANEXO 2 – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA ............................................................ 125


14

1 INTRODUÇÃO

1.1 Maternidade

O significado da maternidade pode variar muito dependendo do contexto familiar,

cultural e social da mulher. Os motivos para gerar um filho perpassam razões biológicas,

subjetivas e/ou sociais, variando de acordo com a classe sócio-cultural da mãe. De acordo

com Scavone (2001) a maternidade pode ocorrer em função de atender o “calendário fértil”

feminino ou a esperança de concretização dos próprios desejos adiados, pela intenção de

perpetuar as raízes familiares, ou ainda, para preenchimento de carências, representando a

esperança de uma companhia. Pode também dar novos sentidos à união do casal, podendo

aproximar ou até favorecer no desencontro conjugal, principalmente mediante um vínculo já

fragilizado. Maldonado e Dickstein (2010) acrescentam que a maternidade pode ocorrer para

atender uma convenção social ou representar vantagens econômicas, como em famílias das

regiões rurais que dependem de mais gente para trabalhar e produzir, garantindo o provimento

familiar.

Realizando uma reflexão sociológica, Scavone (2001) aponta haver historicamente um

caráter da maternidade, pois o movimento feminista do século XX condena o “autoritarismo

da maternidade”, onde a sociedade determina a decisão da maternidade, não ofertando a

opção de escolha à mulher de gerar ou não. Outras correntes psicológicas já ampliaram os

aspectos psico-afetivos da maternidade. Mais recentemente, alguns autores questionam a

qualidade do “instinto materno” como filogeneticamente ou geneticamente transmitido.

Aspectos das interações sociais parecem ter um papel significativo na apreensão de

características comportamentais de maternidade (AZEVEDO, ARRAIS, 2006;

MALDONADO, 1985).
15

Szejer e Stewart (1997) ressaltam o quanto parece romanceada a idéia de gerar um

filho, não parecendo corresponder aos relatos compartilhados por muitas mães acompanhadas

clinicamente durante a gestação e após o nascimento dos seus bebês. A gestação e o pós-parto

representam um vasto contexto a ser explorado, de acordo com estes autores. Badinter (2011)

esclarece que a chegada dos filhos pode gerar insatisfação e sobrecarga à mulher ao conciliar

a atenção ao bebê e as tarefas domésticas, enquanto a vida do homem se mantém na dedicação

à atividade profissional.

A mulher contemporânea convive com uma multiplicidade de papéis que exigem

ajustes no período de transição entre a gestação e primeiros meses de vida do bebê. Ainda é

desigual a atuação e responsabilidades da mulher na vida doméstica e familiar (BADINTER,

2011; AZEVEDO; ARRAIS, 2006; SCAVONE, 2001; GALIÁS, 2001). Apesar do casamento

ter deixado de ser obrigatório quanto aos costumes, a união estável não modificou a situação

de desigualdade do casal na divisão de tarefas domésticas e educação dos filhos. A mulher

ainda continua sendo a principal protagonista no desempenho destes papéis dentro do núcleo

familiar (BADINTER, 2011).

Conhecer como as mães concebem a própria maternidade pode representar fator de

proteção, tanto para a mãe como para o bebê. A literatura (MAGALHÃES et al. 2006;

SCHIMIDT, PICCOLOTO, MULLER, 2005; FRIZZO, PICCININI, 2005;

SCHWERNGBER, PICCININI, 2004; SILVA, SOUZA, MOREIRA, GENESTRA, 2003),

evidencia sequelas no desenvolvimento do bebê no seu primeiro ano de vida e saúde

emocional da mãe, dependendo da qualidade da interação entre eles. Dentre as consequências

imediatas para o bebê, estão: o estabelecimento de um apego inseguro e a diminuição no

desempenho nos testes de desenvolvimento. Em médio prazo, podem ocorrer problemas de

conduta social, episódios depressivos e confiabilidade social prejudicada.


16

1.2 Gravidez

A gravidez é um período de transição permeado de mudanças significativas e

irreversíveis, tanto nas modificações do corpo, que podem gerar receio de perder a beleza e

rejeição como mulher, assim como o temor de gerar um filho com má-formação, e também

dúvidas em relação às próprias habilidades de ser mãe. Sendo uma fase transitória do ciclo

vital, induz a mulher a reorganizar sua identidade, passando da condição de filha à de mãe

(MALDONADO, DICKSTEIN, 2010; IACONELLI, 2005; SZEJER; STEWART 1997;

MALDONADO, 1985). Além das variáveis psicológicas e biológicas da gravidez, há ainda a

situação sócio-econômica, considerando que atualmente a mulher possui atividades

profissionais e/ou sociais que lhe impossibilitam doação integral de tempo à maternidade,

quadro que pode induzir ao aumento de tensão emocional em algumas.

Ao longo da gestação, certos comentários da gestante podem ser recusados por todos

que a rodeiam, não sendo autorizadas queixas de desconforto físico (peso da barriga), ou

psicológico (inseguranças, medos, impaciência ou cansaço). Isso geralmente se estende ao

longo da maternidade, justamente por nossa cultura exaltar somente os estereótipos belos da

maternidade, que obrigam a experiência materna a ser somente gratificante (RAPOPORT;

PICCININI, 2011). Frente a esse cenário, o ato de se queixar geralmente é desautorizado

àquela que se torna mãe, o que a obriga a se calar e refugiar-se em seus próprios medos

(SZEJER; STEWART, 1997).

1.3 Parto

No início da gestação, o parto não costuma ser motivo de preocupação para a gestante.

É percebido com maior ansiedade conforme sua aproximação. Enquanto o bebê está na
17

barriga, a mulher prossegue ativa, trabalhando fora ou realizando suas rotinas domésticas sem

transtornos. No entanto, a partir do nascimento, ela se vê restrita aos cuidados do seu bebê e

com dificuldades na conciliação desta tarefa com outras (MALDONADO, DICKSTEIN,

2010).

No país, parece haver um discurso de “respeito” pelas escolhas das mulheres, com o

tipo de parto de sua preferência, considerando a maneira pessoal e expectativa de cada uma.

Entretanto, o país é campeão mundial do parto cirúrgico cesariano, principalmente nos

grandes centros urbanos e na saúde privada. Logo no início da gestação, muitos obstetras do

país, induzem as mães a agendarem a cirurgia de acordo com a maturidade fetal, antes do

início do trabalho de parto (MALDONADO; DICKSTEIN, 2010).

No Brasil, predomina o parto realizado no hospital, com a mulher deitada numa mesa

cirúrgica, movimento que se intensificou a partir dos anos 60 com o processo de

medicalização do parto. As taxas de cesarianas em todo território nacional vêm apresentando

tendência ascendente deste tipo de parto no país, principalmente nas regiões Sul, Sudeste e

Centro- Oeste. No ano de 2010, 52% dos partos ocorreram na forma de cesárea, contrariando

o recomendando pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que preconiza entre 5 à 15% a

taxa de cesárea tolerável, sendo o parto cesariano somente indicado quando o parto vaginal

oferece risco para a mãe e/ou criança. Dentre os fatores que explicam tal resultado, estão:

avanço tecnológico nas técnicas anestésicas e cirúrgicas, a percepção da paciente e dos

cuidadores do procedimento ser mais seguro, organização da atenção obstétrica (conveniência

e segurança do médico) e fatores associados à mulher (medo da dor e crenças de que o parto

cesáreo pode ser melhor para o bebê) (ANS, 2013; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011;

MINISTÉRIO DA SÁUDE, 2009b).

Maldonado e Dickstein (2010) também discutem sobre as crenças, como

favorecedoras da prática abusiva de partos cesáreos no Brasil. Uma delas, é acreditar que seja
18

um “procedimento inócuo”, sem grandes efeitos de risco para mãe e/ou bebê, o que não

ocorre necessariamente, pois a produção do leite demora, sendo precedido do colostro (leite

produzido pelas glândulas mamárias ainda imaturas). O corte dificulta a locomoção nos

primeiros dias e o intestino demora mais para voltar a funcionar. Outra delas envolve “evitar

que o bebê passe pelo trauma do nascimento”, ou ainda “acreditar que o parto vaginal traz

prejuízos funcionais ou estéticos para a vagina” (MALDONADO, DICKSTEIN, 2010). Os

autores ressaltam a importância do bom senso na escolha, observando que a cesariana não

deve ser feita aleatoriamente, e sim, realizada dependendo do histórico do pré-natal e da saúde

da parturiente.

Villar et al. (2006) investigaram as taxas de nascimento por cesárea em 120

instituições de saúde na América Latina e associações com intercorrência no perinatal, e

concluíram que as altas taxas de nascimento por cesárea não constituem indicadores de

melhores cuidados, e este fato pode estar associado com danos, tais como: aumento no uso de

antibióticos, maiores riscos de morbidade e mortalidade entre as mães e bebês, além de

maiores chances de admissão dos bebês para cuidados intensivos. Um estudo da World Health

Organization (WHO) analisou a associação entre o parto cesariano e o aumento dos riscos

para as mães na America Latina, Ásia e África. Descobriu que esse tipo de parto aumenta em

três vezes as chances de efeitos adversos em curto prazo, quando comparado ao vaginal,

principalmente nos casos de partos cesáreos sem indicação médica (WHO, 2010).

A qualidade no procedimento do parto parece ter se comprometido mediante a

incorporação das cesáreas de rotina nas condutas hospitalares. Isso pode ser observado

mediante a imposição de sofrimentos à parturiente (como uso indiscriminado de ocitocina que

acelera as contrações do parto e episiotomia), e negação do direito ao acompanhante de livre

escolha da mãe. O movimento de humanização do parto combate a violência no modo de

tratamento da parturiente, seja pelo descaso em anestesiar a dor e até maus tratos verbais,
19

fenômeno ainda recorrente em alguns hospitais (GUTMAN, 2010; DINIZ, 2009, 2005,

VILLAR et al., 2006).

Dos diferentes tipos de parto (cesariana, vaginal, com uso de fórceps), o parto vaginal

acontece com mínimos recursos anestésicos de indução do nascimento do bebê. A

participação da mãe no próprio parto favorece na vinculação afetiva através do contato

imediato com seu bebê. Para esta mãe, o momento do parto é vivido como uma transição

natural, na qual seu bebê é transferido do útero diretamente para seu colo (MALDONADO,

DICKSTEIN, 2010).

Zambaldi, Cantilino, Sougey (2009) realizaram revisão nos bancos de dados da

PuMed e BIREME, usando o unitermo “parto traumático” entre 1994 e 2009, tendo

encontrado sete estudos observando uma prevalência de 30% deste tipo de parto. Destacam

dentre as consequências do parto traumático, o prejuízo na interação com o bebê, no

aleitamento e comprometimento no planejamento familiar, ou na escolha do próximo parto e

risco de Transtorno do Estresse Pós-traumático (TEPT). Os pesquisadores ainda acrescentam

que a percepção do apoio da equipe profissional pode influenciar na ocorrência desse

transtorno, sugerindo alguns cuidados, tais como: avaliação realizada pela equipe assistencial

ainda na gestação, dos sentimentos em relação ao parto; histórico de complicações em partos

anteriores e transtornos psiquiátricos prévios. No entanto, os autores nesse estudo, não

indicam maneiras de viabilização das sugestões apresentadas.

Costa, Pacheco e Figueiredo (2007) verificaram que mulheres com complicações no

parto, que não tocaram o seu bebê nos primeiros 30 minutos após o nascimento, apresentaram

mais ampla sintomatologia depressiva. Essa pesquisa destaca a importância do contato com o

bebê, também para a preservação da saúde da mãe.

Piccinini, Carvalho, Ourique e Lopes (2012) pesquisando primíparas adultas

residentes na região metropolitana de Porto Alegre, investigaram a percepção e sentimentos


20

de gestantes, referentes ao pré-parto, com a finalidade de identificar se as demandas

emocionais das mães foram contempladas durante a assistência pré-natal. Os autores

encontraram que a representação do profissional da saúde pode ser positiva ou negativa,

sendo a indução do tipo de parto gerador de desconforto para a gestante. Além disso, esse

estudo mostrou que as demandas emocionais não foram atendidas, sendo unânime a atenção à

saúde física da mãe e do bebê.

1.4 Puerpério e a transição parental

O Ministério da Saúde (2005) define puerpério como um:

“estado de alteração emocional essencial, provisório, em que existe maior


vulnerabilidade psíquica, tal como no bebê, e que, por certo grau de identificação,
permite às mães ligarem-se intensamente ao recém-nascido, adaptando-se ao
contacto com ele e atendendo às suas necessidades básicas” (MINISTÉRIO DA
SÁUDE, 2005. p.35).

Dessa forma, o Capítulo sete deste documento, considera os aspectos emocionais da

mãe nesse período, sugerindo indicação de cuidados pelos profissionais por meio da atenção

aos sintomas que se mostrem desestruturadores. É importante prestar apoio no processo de

mudanças corporais, planejamento familiar e organização psíquica durante a formação de

vínculo com o bebê.

O puerpério é um período no qual o corpo da mulher se recupera do desgaste físico da

gravidez e do parto. Para De Felice (2000) trata-se cronologicamente de “um quarto

trimestre” com presença de sentimentos confusos e lábeis, fragilidade, desgaste físico e

psíquico. Outros autores apontam as características específicas dessa fase com possibilidade

de alterações psico-fisiológicas (MALDONADO; DICKSTEIN, 2010; GUTMAN, 2010;

AIELLO-VAISBERG, 2009; MARTINS et al. 2008; MALDONADO, 1985). Trata-se de uma

situação transicional que demanda um processo de elaboração da mãe. Assim, durante essa

fase, a mulher continua a precisar do amparo e proteção iniciados a partir da gestação,


21

preservando a relação que será construída entre mãe e bebê, garantindo a saúde mental de

ambos (BRASIL, 2005; SOIFER, 1984).

Para Murta et al (2011) a transição para a parentalidade vai exigir dos pais uma

ampliação do repertório de estratégias de enfrentamento, para alívio do desgaste e do stress,

vivido no momento de nascimento dos filhos. Em seu estudo, com o objetivo de identificar

sentimentos, dificuldades, estratégias de adaptação adotadas por pais primigestos em seus

novos papéis, encontraram a interação com o bebê, e a busca da rede de apoio como recursos

principais, para lidar durante a transição parental.

Apesar do puerpério ser um acontecimento importante na vida da mulher, parece se

tratar de um período negligenciado de assistência direcionada para a mãe, sendo a maior parte

das atenções voltadas ao bebê, havendo ainda a expectativa da mulher assumir prontamente a

maternidade, sem grandes dificuldades (SALIM, ARAÚJO, GUALDA, 2010). Um estudo

complementa essa idéia, apresentando uma proposta de cuidados para o binômio mãe-bebê,

mas tendo como foco principal a saúde emocional das mães, através de visitas e oferecimento

de sessões de psicoterapia, caso a EPDS (Escala de Auto-avaliação de Depressão Pós-parto de

Edimburgo) apresentasse pontuação elevada. Entretanto, os autores encontraram relutância

das próprias mães em receber ajuda, justamente por temerem parecer inábeis com seus bebês,

e por se preocuparem com o julgamento das pessoas (SLADE et al., 2010).

Segundo Murta et al (2011) os programas de transição para a parentalidade deveriam

abordar diversas temáticas envolvendo a relação cuidadores-bebês, situação conjugal e rede

de apoio. O conteúdo desses programas pode orientar os pais na interpretação do choro do

bebê, diversas necessidades da criança, inclusão da figura paterna nos cuidados, estimulação

das capacidades sensórias do bebê, mudanças esperadas nos papéis parentais, sexualidade do

casal, fortalecimento da rede de apoio e proteção das intrusões de pessoas externas no

binômio mãe-bebê.
22

1.5 Amamentação

Costa (1999) afirma ser o romantismo do pensamento de Rousseau fortalecedor do

ideal de formação da família, do cuidado com as crianças e conversão das mulheres em mães

Em sua época surge o conceito de instinto materno, sendo importante que a mulher se

dedicasse ao filho. A política de “amor materno” foi fortemente defendida no século XVIII.

Segundo esse autor, Maria, mãe de Jesus, aparece como figura simbólica importante, a fim de

reafirmar este compromisso materno, de dedicação exclusiva ao ser mãe, o que reforçava na

mulher o sentimento de plenitude.

Durante o período colonial, no Brasil, as mulheres das classes sociais abastadas

entregavam seus bebês para as escravas, que cuidavam de amamentá-los, criando-se a função

das “amas de leite”. Assim, as mães biológicas viviam o fenômeno da maternidade de forma

pouco afetiva e sem grande ligação com os seus bebês; isso somado à precariedade dos

hábitos de higiene do período, mantinha elevada a prevalência de mortes precoces. Somente

no século XIX, surge no país o movimento higienista, que coloca como natural dos cônjuges,

o cuidado pessoal com a prole, argumentando ser a mãe responsável por amamentar seu

próprio filho. O hábito da entrega da criança para as amas-de-leite possui como uma das

explicações, o desconhecimento da importância da amamentação materna na época (COSTA,

1999).

A Organização Mundial da Saúde (OMS), e o Ministério da Saúde, recomendam o

aleitamento materno exclusivo por seis meses, e complementado até os dois anos ou mais. O

leite da mãe proporciona benefícios para ambos. Na criança, evita morte infantil, diarréia,

infecção respiratória, diminui o risco de alergias, risco de hipertensão, colesterol alto e

diabetes, reduz a chance de obesidade, proporciona melhor nutrição, efeito positivo na

inteligência e contribui para melhor desenvolvimento da cavidade bucal. Para as mães, evita
23

nova gravidez, reduz custos financeiros, protege contra o câncer de mama, promove o vínculo

afetivo entre ela e seu bebê, além de melhorar a qualidade de vida (MINISTÉRIO DA

SAÚDE, 2009).

De acordo com o estudo de Wenzel e Sousa (2011) entre as mães da região Norte e as

residentes em áreas rurais brasileiras, há maior prevalência de aleitamento materno até o

primeiro ano do bebê. Já entre as mães do Sudeste, há uma tendência ao abandono do

aleitamento ao término da licença maternidade. O abandono do aleitamento precoce foi

verificado em todas as regiões brasileiras, principalmente na fase de complementação

alimentar da criança, por volta dos seis meses. As autoras destacam a necessidade de reforço

das estratégias de saúde pública, que impactem as mães para manter a amamentação após os

180 dias de nascimento da criança.

Falceto, Giugliani, Fernandes (2004) encontram associação significativa entre o

rompimento antecipado da amamentação de acordo com a manifestação de desordem mental

materna até o primeiro mês seguido ao parto. O mesmo estudo comparou com outras mães,

quatro meses pós-parto, e também investigou a saúde paterna, mas não encontrou associação

com rompimento precoce da amamentação do filho nestas amostras.

Entretanto, a amamentação parece ainda ser foco de dúvidas entre as lactantes, que,

apesar do acesso à informação da alimentação exclusiva nos primeiros seis meses, não se

mostra suficiente para a condução e frequência de uma prática adequada. Um estudo

longitudinal realizado com 101 lactantes saudáveis, com bebês nascidos a termo, nos seus

primeiros quatro meses de vida, demonstrou que a atuação do pediatra treinado em

aleitamento foi decisiva no aleitamento materno exclusivo neste período (SANTIAGO, et al.

2003). Outras investigações também apontam para a importância da atuação do profissional,

ou serviços de saúde, na relação e orientação das lactentes e sucesso da amamentação


24

(ARANTES; MONTRONE; MILIONI, 2008; MARTINS et al., 2008; VAUCHER;

DURMAN, 2005; BERRA et al.,2002).

O pediatra é o profissional que, a partir do nascimento, vai inferir nas decisões de

saúde da infância e adolescência, realizando periodicamente o acompanhamento do

crescimento e desenvolvimento, garantindo a orientação nutricional e psicossocial, controle

de infecções e imunização. Ao descrever algumas das atribuições encontradas em documentos

que descrevem o papel do profissional pediatra, Santiago et al. (2003) enfatizam que, apesar

do caráter de responsabilidade deste profissional, ainda parece haver pouca procura dos

pediatras brasileiros para treinamentos em amamentação exclusiva.

Badinter (2011) faz uma revisão dos movimentos importantes de apoio e incentivo à

amamentação no mundo, como a Convenção sobre os Direitos da Criança de 1989, exigindo

que os países adotem medidas legislativas, administrativas e jurídicas em defesa do

aleitamento. Em 1990, 32 países assinaram junto à OMS, UNICEF e outras organizações não-

governamentais, o ideal de duração do aleitamento e meios para consegui-lo. Sugerem 10

recomendações para a amamentação: 1.Adotar uma política de aleitamento materno

formulada por escrito e sistematicamente levada ao conhecimento de todo pessoal da área da

saúde; 2.Dar a todos os membros do pessoal da área da saúde as competências necessárias

para pôr em prática esta política; 3.Informar todas as mulheres grávidas das vantagens do

aleitamento materno; 4. Deixar o bebê pele a pele com a mãe imediatamente após o

nascimento, pronto para mamar, oferecendo ajuda se necessário; 5.Ensinar as mães a praticar

o aleitamento no seio e a manter a lactação mesmo que se encontre separada do lactente;

6.Não dar ao recém-nascido nenhum alimento ou nenhuma bebida além do leite materno; 7.

Deixar a criança com a mãe 24 horas por dia; 8. Estimular o aleitamento nos seio a pedido da

criança; 9. Não dar às crianças alimentadas no seio nenhum bico artificial ou chupeta; 10.
25

Estimular a formação de associações de apoio ao leite materno, dirigidas especialmente às

mães desde sua saída do hospital ou clínica.

Berra et al. (2002) investigaram o binômio mãe e bebê em 22 maternidades em uma

cidade da Argentina, a fim de descrever a modalidade de alimentação adotada entre

instituições públicas e privadas. E entre seus resultados destaca-se que, sete em cada dez

bebês receberam outro substrato nutricional além do leite materno. A lactação materna

exclusiva foi maior entre as maternidades públicas, representando 60,4% da amostra,

comparado com 2,9% nas instituições privadas, evidenciando o baixo índice nestes locais.

Badinter (2011) pesquisou a duração do aleitamento em países desenvolvidos, sendo

que as mães escandinavas são as que mais amamentam exclusivamente, após a saída da

maternidade. Em média, 90% das mães norueguesas, dinamarquesas e suecas amamentam

seus bebês, seguidas das austríacas, alemãs e italianas. As possíveis explicações dos índices

superiores na Europa, explicam-se pela percepção do aleitamento como um processo natural,

e também, ao período de licença-maternidade entre 10 e 12 meses, inclusive com manutenção

dos salários integrais. Todavia, a autora critica a institucionalização do aleitamento pelo seu

caráter ideológico, favorecendo uma idéia de culpabilidade da mulher que “escolhe” não

amamentar seu bebê. O perfil sócio-cultural dos países desenvolvidos, que automaticamente

padroniza um perfil de mãe que amamenta, como aquela com cerca de 30 anos, inserida numa

profissão qualificada, beneficiada por um longo período de licença-maternidade, não tabagista

e que se insere em cursos de preparação para o parto.

Rodrigues, Fernandes, Silva e Rodrigues (2006) destacam que o sucesso da

amamentação, apenas ocorrerá quando for desfocada da atuação exclusiva junto à mulher

puérpera, passando a incorporar toda a comunidade na qual esta será assistida, como rede de

atenção básica, ambulatorial e maternidade. Este estudo sugere a adoção de visitas


26

domiciliares após o parto, para garantir a eficácia do esclarecimento de possíveis dúvidas

sobre a amamentação.

O fato da mãe trabalhar fora, não parece ser a causa responsável pela não ocorrência

de amamentação exclusiva no quarto mês de vida do bebê, respondendo como causa, a falta

de acesso a pediatras ou grupo especializado em amamentação. A maior escolaridade materna

parece favorecer na amamentação exclusiva no quarto mês de vida do bebê; assim, programas

sociais que atendam populações de mães carentes, devem reforçar as ações educativas

envolvendo o aleitamento (SANTIAGO et al., 2003).

Alguns estudos com puérperas na maternidade e nos primeiros dias após o parto,

destacam a falta de informações sobre aleitamento recebidas nas instituições que deveriam ter

o papel de ressaltar, além da importância da amamentação o de como ela se faz

(RODRIGUES, FERNANDES, SILVA, RODRIGUES, 2006; RUGULO et al, 2004). Um

serviço de destaque em orientar a lactente está presente no cenário de saúde pública nacional,

representado pelos bancos de leite. Estes foram regulamentados no Brasil pela lei no171/06 da

Anvisa, como o lugar onde a mulher que amamenta e quer amamentar, encontra apoio à

lactação de modo próximo, contínuo e oportuno. Desta forma, os bancos de leite, que também

apresentam, entre suas funções, a coleta, o armazenamento, a distribuição do leite humano,

além das visitas domiciliares, deveriam ser denominados como “centros de apoio à lactação”

(CARVALHO, 2014). Complementando este tema, a lactância materna exclusiva depende

diretamente das práticas de assistência adotadas pelas maternidades. Berra et al. (2002)

apontaram que as rotinas hospitalares, como atrasar o primeiro contato entre mãe e filho, a

falta de alojamento conjunto e a complementação nutricional com leites artificiais,

desfavorecem na garantia do aleitamento materno exclusivo.


27

1.6 Maternidade e indicadores de depressão e stress

O puerpério é um período propício à manifestação de transtornos mentais

(CANTILINO, ZAMBALDI, SOUGEY, RENÓO JR., 2010). As mudanças experimentadas

numa fase de maior sensibilidade para a mulher, como o período gestacional e puerperal,

agregadas ainda à presença de alguns fatores de risco, pode favorecer na manifestação da

depressão pós-parto (SOUSA; PRADO; PICCININI, 2011; PÓO et al. 2008).

Dentre os transtornos pós-parto existentes, destacam-se: a) a melancolia da

maternidade ou baby blues, caracterizada mais como um quadro reativo, transitório, com

presença de depressão leve concomitante com as mudanças neurofisiológicas do período,

podendo acometer 80% das mulheres no pós-parto; b) a depressão pós-parto (DPP)

considerada como um quadro clínico e agudo que acomete em torno de 10 a 20% das mães

com sintomas importantes tais como: instabilidade de humor, tristeza, desinteresse pelas

atividades do dia-a-dia, sensação de incapacidade em cuidar do bebê e ideação suicida; c)

psicose puerperal, que é um transtorno mental raro e grave, o qual exige a internação da mãe

para evitar comprometimento da sua integridade física e do bebê; com presença ou não do

quadro de mania, pode favorecer na agitação da criança por algumas condutas inadequadas da

mãe, como a de acordar o bebê (IACONELLI, 2005; FRIZZO; PICCININNI, 2005;

SCHWENGBER, PICCININI, 2004).

No Centro de Formação em Psicologia Aplicada da Universidade Católica de Brasília,

existe um programa de atenção individual e em grupo para mães com diagnóstico de DPP

(AZEVEDO; ARRAIS, 2006). Estas autoras narram o caso de uma mãe frequentadora deste

grupo: primigesta, 37 anos, profissional dinâmica e ativa que, após o nascimento de sua filha,

sentiu-se profundamente fragilizada, em conflito conjugal, com rede de apoio restrita e com

sentimento de inadequação. O grupo trabalhou com a livre expressão de sentimentos,

permitindo a esta mulher o manejar de sentimentos em relação à maternidade, de maneira


28

permissiva e acolhedora. Assim, as autoras acreditam tê-la auxiliado a tornar sua maternidade

menos angustiante.

Martinez-Schallmoser, Tellen, MacMullen (2003) em seu estudo envolvendo

hispânicas entre a fase gestacional e puerperal, consideraram como principais sintomas

indicativos de DPP: a tristeza, a falta de concentração, o sentimento de inadequação, a

instabilidade de humor, a desesperança, o distúrbio do sono, dentre outros. Muñoz et al.

(2007) elaboraram um manual de caráter preventivo da depressão pós-parto, dirigido para

gestantes (com filhos até o primeiro ano de vida), consideradas de risco, como latinas

gestantes atendidas em setor público de saúde.

Os fatores de risco para a Depressão pós-parto (DPP) envolvem: depressão na família,

histórico pessoal de transtorno mental, brigas conjugais ou problemas de relacionamento com

o pai da criança na gestação, ausência de planejamento da gestação, abortos anteriores, tensão

pré- menstrual e sentimento de desconforto com o corpo após o parto, violência familiar,

relacionamento pobre com os pais no puerpério, carência sócio-econômica, problemas

anteriores para engravidar (PÓO et al., 2008; IACONELLI, 2005). Costa, Pacheco e

Figueiredo (2007) também verificaram que mulheres com preocupação concernentes à própria

saúde e do bebê durante o parto, com complicações no parto e demora no primeiro contato

com a criança, apresentaram mais sintomatologia depressiva.

Rubertsson, Wickberg, Gustavsson e Radestad (2005) encontraram dentre os principais

motivos de risco para a depressão no pré e pós-parto, o desemprego, a imigração com as

barreiras linguísticas e principalmente eventos estressores de vida anteriores à gestação.

Martinez-Schallmoser, Tellen, Macmullen (2003) também o atrelam à condição de imigração

e não uso da língua local, desfavorecendo as mulheres no acesso à assistência a saúde no país

de residência atual.
29

Silva (2008) citou como possíveis fatores de risco no grupo de mães de periferia

investigado: carência material, baixa escolaridade, pai trabalhar fora, mãe ter filhos de outros

relacionamentos, maior número de filhos, casa com muitas pessoas, gravidez indesejada,

intercorrências na gestação, histórico parental negativo, falta de acesso à rede de apoio social,

multiparidade e ausência do marido no parto. A autora aponta ainda, que os fatores de risco

para DPP podem ser identificados na gestação, tornando-se possível a implementação de

programas preventivos, já nesta fase.

Uma pesquisa realizada em duas etapas (pré e pós-parto), por Silva et al. (2012) entre

os anos de 2006 e 2008, em Pelotas-RS, com 1.109 mães residentes na região urbana, visou

avaliar os fatores de risco para a depressão. Os resultados mostraram, que no pré-parto, a

prevalência de sintomas depressivos eram maiores, em relação ao pós-parto. E, dentre as que

apresentavam quadro depressivo confirmado pelo EPDS e questionário demográfico, os

fatores de risco determinantes envolviam eventos estressantes durante a gestação, uso de

tabaco e pobreza. Outros estudos também apontam a baixa renda familiar e os fatores sociais,

como significativos, na manifestação de transtornos mentais no pós-parto (KERBER;

FALCETO; FERNANDES, 2011; RUSCHI et al. 2007).

Em um estudo transcultural, envolvendo mães depressivas durante dois anos após o

nascimento do bebê, mostrou diferenças na prevalência, duração e abordagem dos dois países.

Nas mães brasileiras, a prevalência da depressão se mostrou mais tardia em relação às mães

inglesas, sendo crescente durante as três fases de coleta investigadas (terceiro, décimo

segundo e vigésimo quarto mês), ao invés de decrescer como aconteceu com as mães inglesas

(MATIJASEVICH et al. 2009).

Pesquisadores correlacionaram tristeza materna e repercussão no relacionamento mãe-

bebê e familiar, acrescentando que a duração e a intensidade dos sintomas são determinantes

na classificação da DPP (CABRAL, OLIVEIRA, 2010; IACONELLI, 2005; MOTTA,


30

LUCION, MANFRO, 2005; FRIZZO, PICCININI, 2005; SCHWERNGBER, PICCININI,

2004; COUTINHO, BAPTISTA; MORAIS, 2002; CAMPBELL,COHN MEYERS, 1995;

COX, HOLDEN, SAGOVSKY, 1987). Entretanto, serviços de saúde que garantam cuidados

integrais a estas mulheres ainda são pouco presentes em consultórios médicos e ambulatórios.

1.7 Indicadores de depressão pós-parto (DPP)

Chelini, Lucci e Otta (2012) apontam que desconhecem os fatores etiológicos da DPP,

sendo já conhecidas as associações multifatoriais envolvidas, que variam entre causas sociais,

psicológicas e, mais recentemente investigadas, as hormonais. As autoras compararam o perfil

hormonal de mulheres, com e sem depressão, por meio de coleta de sangue e aplicação do

EPDS. Encontraram correlação positiva entre DPP e concentração de progesterona e TSH

(hormônio tireotrófico). Naquelas com histórico de depressão, a concentração baixa deste

último hormônio aumentava significativamente os riscos de DPP. Ruschi et al. (2009) que

avaliaram mulheres em pós-parto, não encontraram correlação entre a DPP e disfunção de

tireóide, apesar de encontrarem taxa elevada de prevalência de DPP (39,4%), segundo o

EPDS.

A prevalência da depressão pós-parto referenciada na literatura é muito diversa,

variando entre 6,5% a 53%, de acordo com a população de mulheres investigadas no mundo.

Explicações possíveis para este fenômeno envolvem a escolha do instrumento de avaliação

adotado, divergência no período de realização da coleta, quantidade da amostra e aculturação

(SILVA, 2008; COSTA, PACHECO, FIGUEIREDO, 2007; MARTINEZ-SCHALLMOSER,

TELLEN, MACMULLEN, 2003). Estudos longitudinais que acompanharam mães carentes

desde a gravidez até os primeiros meses após o parto apontaram prevalência significativa de

DPP: 26,8% (SILVA, 2008). Em outro trabalho, a última autora destaca a variabilidade nos

resultados de prevalência de DPP pela heterogeneidade regional e metodologia adotada na


31

coleta de dados no Brasil. De acordo com esse estudo a média de depressão tende a ser maior

nos estudos de auto-avaliação quando comparados aos que utilizaram entrevista clínica

(SILVA, 2013).

Em outros artigos, observa-se divergência na nota de corte do instrumento EPDS.

Atribui-se à padronização de cada país, de acordo com a população aplicada, causando

impacto direto na prevalência da DPP, conforme observado nos estudos de Póo et al. (2008)

com nota de EPDS 9/10 no Chile ; Cox, Holden, Sagovsky (1987) com nota de corte EPDS

12/13 na Inglaterra; Costa, Pacheco e Figueiredo (2007) com EPDS >/ 13 em Portugal; e

Santos, Martins e Pasquali (1999) com corte EPDS 11/12 no Brasil.

O acometimento da DPP pode se iniciar na primeira semana após o parto e se

prolongar até o segundo ano de vida do bebê (IACONELLI, 2005). Segundo esta autora, os

principais sintomas envolvem irritabilidade, indisposição, tristeza profunda, mudanças de

humor, desinteresse pelas atividades cotidianas, sensação de incapacidade para cuidar e

desinteresse pelo bebê. Para a mesma, o diagnóstico precoce dependerá da qualidade do

acompanhamento do ciclo gravídico-puerperal, sendo a melhor forma de prevenir e atenuar os

sintomas da DPP.

Outro estudo longitudinal, que avaliou hispânicas entre o terceiro trimestre gestacional

e seis semanas do puerpério, ressaltou a importância da atenção no pré-parto à saúde

emocional, ao se constatar que muitas mulheres já se encontram depressivas na fase

gestacional, levando isto para o pós-parto (Martinez-Schallmoser, Tellen, MacMullen, 2003).

Shaila Misri et al. (2010) avaliaram presença de depressão e ansiedade na gestação,

comparando com o stress parental checado nos primeiros seis meses de vida do bebê. Na

amostra composta por maioria primigesta, casada, branca, com média de escolaridade de 16

anos e meio, os autores verificaram que a experiência de depressão e ansiedade na gestação,

foi fator de risco para o stress parental, mesmo quando tratadas com antidepressivos durante a
32

gestação. Dentre as consequências para o bebê, citaram o comportamento de irritabilidade,

menor atenção e resposta às expressões faciais. Portanto, as mães passaram mais tempo

preocupadas e chorando, além de apresentaram problemas na relação com os outros filhos,

prejudicando no sentimento de competência parental. Outros autores correlacionaram

presença de stress anteriormente à gestação ou durante a fase gestacional e possíveis

influências no stress puerperal (MEINLSCHMIDT; MARTIN; NEUMANN; HEINRICHS,

2010; RUBERTSSON; WICKBERG; GUSTAVSSON; RADESTAD, 2005). Outros ainda

indicaram que a presença de sintomas depressivos na mãe é determinante na manifestação de

problemas de saúde mental no pai, até o primeiro ano de vida do bebê (KERBER, FALCETO,

FERNANDES, 2011; PAULSON; BAZEMORE, 2010; GOODMAN, 2004).

A depressão pode acentuar a quantidade e intensidade dos medos quanto à vida do

bebê; isto talvez explique a preocupação quanto à preservação da vida e alimentação da

criança (SOUZA, PRADO, PICCININI, 2011). Scope, Booth e Sutcliffe (2012)

complementaram esta idéia, revisando artigos que tratavam de intervenções terapêuticas com

mães depressivas, atestando ser frequente, entre estas mulheres, o sentimento de inabilidade

em cuidar de seu bebê.

1.8 Indicadores de stress

Para Lipp (2001) o stress apresenta componentes físicos e mentais havendo uma

correspondência direta entre a resposta emocional experimentada pelo indivíduo e as reações

físicas manifestas. A autora afirma que o stress varia de acordo com a capacidade individual

de suportar tensão, podendo afetar a qualidade de vida composta pelas áreas: social,

profissional, afetiva e de saúde. Acrescenta que o indivíduo apenas se sente saudável quando

satisfeito com todas estas áreas. Para esta pesquisadora, a resistência ao stress não é

respondida como sendo de origem genética ou pela aprendizagem. Entretanto, garante ser o
33

enfrentamento do stress passível de aprendizagem, ressaltando-se a importância desta

aprendizagem o quanto antes, para se evitar as consequências negativas do stress prolongado

à saúde orgânica do indivíduo.

De acordo com Margis et al.(2003) o stress elevado é considerado preocupante na

população em geral, porque faz com que organismo libere cortisol na corrente sanguínea,

causando alterações orgânicas que, a longo prazo resultam em diminuição da imunidade. Lipp

(2000) complementa denominando o estado de stress como uma reação adaptativa, dividida

em fases, e dependendo da fase, os sintomas físicos e psicológicos se manifestam podendo

gerar doenças agudas e crônicas.

As fases do stress são: alerta, resistência e exaustão e possuem a finalidade de

enfrentamento do evento percebido como exigente ao organismo. Percebeu-se a existência de

uma fase intermediária entre a resistência e exaustão, denominada de quase-exaustão, na qual

a pessoa já se mostra enfraquecida não resistindo adaptativamente ao agente estressor. Na fase

da quase-exaustão os sintomas começam a aparecer, mas ainda com preservação da

funcionalidade da pessoa (LIPP, 2000).

Os eventos estressores são considerados como os períodos de mudanças importantes

na vida, como mediante do nascimento de um filho. Estes apresentam componentes cognitivo,

comportamental e fisiológico que serão determinados por fatores ambientais e genéticos. A

manifestação do stress vai depender de como a pessoa avalia a situação, gerando ou não

respostas orgânicas que vulnerabilizam a saúde do indivíduo (MARGIS, et al.,2003).

O stress na gestação, perinatal ou puerpério, pode ocorrer em função dos eventos de

mudanças aguardados nesta fase, tais como: temores sobre o parto, medo da própria morte ou

do neonato, ajustes financeiros, conjugais, insuficiência de rede de apoio, preocupações com o

corpo, entre outras (RODRIGUES, SCHIAVO, 2011). Estas autoras destacam o

desconhecimento dos efeitos do stress nesta fase de transição do desenvolvimento, citando


34

apenas um estudo (MEINLSCHMIDT, MARTIN, NEUMANN, HEINRICHS, 2010) em que

o stress gestacional foi avaliado e correlacionado com as influências do stress puerperal, sobre

o desenvolvimento infantil e comportamento materno.

Schiavo e Rodrigues (2011) encontraram presença de stress na gestação e no

puerpério, sendo maior a prevalência no período da gravidez. Das 98 participantes no terceiro

trimestre gestacional, 76% manifestaram sintomas de stress, sendo que 72% se enquadravam

na fase da resistência, 25% na quase exaustão e 3% na exaustão. Houve predominância dos

sintomas psicológicos, representando 87% das participantes. No puerpério, 63% das

participantes avaliadas manifestaram stress, 80% estavam na fase de resistência e 20% na fase

da quase exaustão. Os sintomas psicológicos também foram predominantes, representando

83% comparado com 10% físicos e 7% concomitantes. Apesar da prevalência ter se

apresentado menos frequente no puerpério, as autoras enfatizaram a importância de agregar

estes resultados a novas investigações, para se pensar em políticas públicas de atenção neste

período de risco, no que se refere à manifestação de stress.

Lipp (2001) propõe o tratamento individual do stress através do reconhecimento dos

estressores externos e internos, indicando estratégias para enfrentamento destes estressores;

para os internos, propõe um plano de modificação das verbalizações inadequadas,

reestruturação das crenças irracionais, desenvolvimento de métodos de resolução de conflitos,

treino de controle da ansiedade, treino da assertividade e comportamentos, além de técnicas

de relaxamento e mudança de hábitos de vida.

Nos poucos estudos existentes atrelando stress e depressão em pais, destaca-se Ribas,

Ribas Jr. e Valente (2006) que avaliaram o bem estar de 51 pais de crianças entre zero e cinco

anos, em sua maioria primigestos. Investigando a presença de depressão, stress e papel

parental, encontraram níveis elevados de stress em 63% dos pais. Uma parcela dos genitores

também se mostraram deprimidos representando 23% da amostra, sendo mães em maioria. Os


35

pais apresentaram queixas de falta de tempo para si, problemas de administração do tempo e

desejo de permanecer mais tempo com os filhos. Apesar desses resultados, os genitores

investigados evidenciaram auto-avaliação positiva no desempenho do papel parental e

apontaram maiores indicadores de satisfação e menores de competência no desempenho

parental.

Segato et al. (2009) ressaltaram a importância do controle do stress no período

gestacional devido à predisposição para abortos espontâneos, trabalho de parto prematuro e

hipertensão arterial na mãe e baixo peso do bebê ao nascer. Os autores avaliaram a

manifestação de stress em 30 gestantes através da Escala de Estresse Percebido; também

levantaram as fontes de stress na perspectiva das gestantes associando ou não com a prática

regular de atividade física. Entre todas as participantes, 10 foram avaliadas como fisicamente

ativas e 93% apresentaram níveis considerados elevados de stress emocional. Tal resultado

pode ser explicado, segundo os pesquisadores pelo contexto em si da gestação, como:

proximidade do parto, mudanças familiares e sócio-econômicas. Tanto as gestantes ativas

como as sedentárias utilizaram a estratégia de pensar no bebê como alívio das fontes de stress.

Os autores concluíram que a presença do stress elevado independe da realização de atividade

física.

Schiavo (2011) acompanhou primigestas do terceiro trimestre gestacional ao

puerpério. Encontrou correlação entre stress no terceiro trimestre da gestação com a depressão

no pós-parto, acrescentando que, quanto mais elevada a fase do stress, mais elevada a

pontuação na EPDS. Rodrigues e Schiavo (2011) sugerem que há uma carência de

investigação de stress durante o puerpério, sendo mais frequentes pesquisas sobre o assunto

na fase gestacional. Assim, ressalta a importância destes estudos serem continuados no pós-

parto.
36

1.9 Maternidade e outros papéis: sexualidade e satisfação conjugal

Uma investigação envolvendo sexualidade constatou que a própria mãe e as amigas da

puérpera são as fontes de suporte de esclarecimento sobre a sexualidade durante o puerpério.

Neste período, as mães costumam apresentar dúvidas, sendo a sexualidade afetada pela

amamentação, justamente por haver uma representação social da região do seio como parte do

corpo “voltada exclusivamente” para a nutrição do bebê, o que pode interferir nos desejos

sexuais da mulher (SALIM, ARAÚJO, GUALDA, 2010).

O tema satisfação conjugal parece tão indefinido e complexo como a conceituação de

casamento, sendo as investigações mais concentradas a partir dos anos 2000. Em revisão

sobre o assunto, Scorsolini-Comin e Santos (2010) perceberam que a satisfação está atrelada à

fase ou ao contexto investigado, citando o período de transição parental considerado de maior

mudança sofrida pelo sistema familiar. Esta revisão aponta dentre os eixos dos trabalhos

publicados, a correlação entre satisfação conjugal e outras variáveis, como a comunicação, a

percepção interpessoal e as semelhanças entre os cônjuges.

Poucos são os estudos em que discutem “conjugalidade” e pós-parto (RUZZI-

PEREIRA e SANTOS, 2012; MARTINEZ-SCHALLMOSER, TELLEN, MACMULLEN,

2003). Frizzo, Prado, Linares e Piccininia (2010) investigaram duas famílias, cujas mães têm

diagnóstico de DPP. Os dados revelam que os casais apresentavam dificuldades em encontrar

um tempo para permaneceram juntos, apesar de sentirem falta deste espaço. Uma estratégia

adotada envolvia aproveitar enquanto as crianças dormiam.

Magagnin et al. (2003) investigaram a transição da “conjugalidade” e parentalidade

arriscando na definição de satisfação conjugal, como sinônimo de qualidade conjugal,

elucidando que se trata do período do ciclo vital familiar no qual, o investimento na

organização marido-mulher é direcionado para relação filial. Mediante uma boa organização

neste processo, as consequências envolvem ajuste dos comportamentos e satisfação. Os


37

autores investigaram 41 casais com apenas um filho, através de escalas específicas de

satisfação conjugal em duas coletas: aos quatro meses de gestação e aos quatro meses no pós-

parto. Os resultados mostraram correlação inversa entre a idade dos cônjuges e a expressão de

afeto e entre a idade e coesão diádica (consenso entre o casal). Em outro estudo longitudinal

de Menezes e Lopes (2007) com quatro casais primigestos, desde a gestação até o décimo

oitavo mês do bebê, as autoras verificaram como fatores decisivos na satisfação conjugal, a

qualidade do envolvimento emocional do casal prévio, a transição parental e a percepção

positiva da relação conjugal com a parentalidade.

Kerber, Falceto, Fernandes (2011) destacaram a importância de ser avaliada a saúde

mental das mães já no pré-natal, dando importância à investigação da qualidade conjugal

como fator protetivo para elas. Paulson e Bazemore (2010) ressaltaram, na questão da

depressão pós-parto em pais, o olhar preventivo. A intervenção deverá ser focada no casal e na

qualidade da interação familiar, ao invés do individual. Após o nascimento do primeiro filho

são frequentes as queixas de insatisfação conjugal principalmente na mulher. Em função

disso, experiências como da Universidade de Minnesota, com a finalidade de favorecer na

colaboração pai-mãe reduzindo o estresse parental comum neste período, pode ser uma

alternativa de intervenção neste momento da vida dos pais (DESSEN; COSTA JUNIOR,

2005). Murta et al. (2011) complementaram esta idéia, sugerindo que durante a transição

parental haja a disponibilização de programas de atenção aos pais, informando sobre cuidados

com o bebê, relação conjugal e aumento das estratégias para lidar com uma possível invasão

da rede de apoio nos cuidados com o bebê. Os objetivos destes programas seriam ensinar aos

pais, estratégias para lidar com as mudanças de papéis, com a sexualidade do casal e no

fortalecimento da rede de apoio.

Sotto-Mayor e Piccinni (2005) realizaram uma revisão de literatura que aponta

correlação entre a depressão materna e prejuízo no relacionamento conjugal. As queixas de


38

sentimento de menor eficácia e desvalia na relação apareceram causando prejuízos não apenas

à mães, mas à toda família. Outro estudo acompanhando dois casos clínicos corroborou as

dificuldades na convivência conjugal durante puerpério afetando principalmente a

comunicação entre os cônjuges (FRIZZO;PRADO;LINARES;PICCININIa 2010).

Silva e Piccininni (2009) destacaram a centralização do apoio na figura do marido no

período puerperal devido o afastamento geográfico das famílias de origem. Desta forma, o

marido adota um papel na proteção e legitimização da esposa nos cuidados com o bebê,

apresentando ainda a função de moderador da DPP no desenvolvimento infantil. Frizzo e

Piccininid (2007) encontraram no estudo comparativo de interação entre mães com e sem

depressão na tríade pai-mãe-bebê, maior insatisfação conjugal entre o primeiro grupo.

Mendonça, Bussab e Siqueira (2012) também encontraram que os conflitos conjugais não

determinam a DPP. No entanto, conflitos conjugais tendem a ser mais frequentes com mães

depressivas.

1.10 Maternidade e trabalho

Azevedo e Arrais (2006) acompanhando mães com diagnóstico de depressão pós-parto

discutem o fenômeno da solidão na qual a mulher contemporânea está submetida ao se tornar

mãe, pois, além da rede de apoio muito restrita, novos referenciais históricos estão se

construindo em torno da mulher, na conciliação das duas tarefas: maternidade e vida

profissional.

No Brasil, desde a Constituição de 1988 são assegurados à mulher com registro em

carteira profissional, alguns direitos de proteção ao período de maternidade como: a) vedação

da dispensa arbitrária da gestante; b) licença de 120 dias para a mãe e de cinco dias para o pai;

c) em estabelecimento empregatício de mais de 30 funcionárias, oferecimento de vigilância e


39

assistência aos filhos ou reembolso-creche; d) pausas para amamentar até os seis meses de

vida do bebê (BRASIL, 2010).

A ampliação da licença maternidade de 120 para 180 dias no Brasil tornou-se possível

a partir da lei no 11.770 de 9/9/2008 que cria no país o Programa Empresa Cidadã com o

propósito de oferecer concessão de incentivo fiscal para as empresas com contratação de

funcionários em regime CLT. Desde que a empresa adira ao Programa, a trabalhadora deverá

pedir a prorrogação da licença até o final do primeiro mês após o parto. Os 120 dias

prosseguem sendo mantidos pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) e os 60 dias

agregados serão pagos pelo empregador (PANTALEÃO, 2013; BRASIL, 2008).

O estudo de Paz e Alencar (1987) identificou os motivos que conduziram mulheres

com crianças pequenas para o trabalho, a repercussão deste último na convivência com o

marido e filhos e satisfação com a atividade profissional. As autoras encontraram como

superada, a resistência por parte do marido quanto ao trabalho remunerado da mulher fora do

lar. Comparando três grupos de mulheres (do lar, com trabalho parcial e trabalho integral),

verificou-se que os maridos auxiliavam mais nos cuidados com os filhos no grupo das que

trabalhavam integralmente, sendo suas crianças tidas como mais independentes em relação ao

grupo de mães do lar. Quanto aos motivos destas trabalharem, foi um misto de realização

profissional e participação financeira. Portanto, as mulheres do grupo que trabalhavam em

jornada parcial, se mostraram mais satisfeitas, inferindo-se como responsável por este

resultado à conciliação dos diversos papéis, com destaque para a profissão e função materna.

Apesar do estudo ser considerado cronologicamente antigo, mostrou-se atual para servir de

parâmetro para novas investigações sobre o tema maternidade e trabalho.

A mulher contemporânea residente em grandes centros urbanos, se mantém

geralmente distante geograficamente dos demais familiares, não podendo contar com uma

rede de apoio familiar. Quando o casal trabalha ainda em jornada integral, a decisão sobre
40

quem se encarregará dos cuidados com bebê pode se tornar um dilema (MALDONADO;

DICKSTEIN, 2010).

Godoy et al. (2011) investigaram numa maternidade 122 mulheres em puerpério, com

o objetivo de conhecer sua situação trabalhista, conciliação do trabalho e demais papéis e a

expectativa do retorno da licença maternidade. Concluíram que, das mulheres que exerciam

atividade remunerada, a maioria se concentrava em empregos informais, principalmente como

domésticas. Para o retorno ao trabalho, a expectativa envolvia lidar com as múltiplas funções

e articular com o trabalho fora de casa. Entretanto, as condições para este regresso

ocupacional ocorrer, envolveria a existência do apoio social dentro de casa e no do trabalho,

sem especificar qual o tipo de apoio que esta amostra de mães gostaria de receber do seu

ambiente de trabalho.

O retorno ao trabalho pode representar preocupação para algumas mães por estar

associado à idéia de separação do bebê, conforme o estudo de Sousa, Prado e Piccinini (2011)

que investigou a representação da maternidade em duas mães adultas, com diagnóstico de

DPP, com bebês entre seis e sete meses, sendo uma primigesta. Ambas questionavam suas

competências e habilidades nos cuidados com seus bebês nos primeiros dias.

A maternidade pode ter impacto nos cuidados das crianças e na satisfação das mães no

desempenho deste papel, de acordo com a opção de cuidado substituto eleito pela mãe que

trabalha fora. Preus (1986) investigou atitudes maternas e o tipo de cuidado alternativo

escolhido, envolvendo creche ou babá, por mães que trabalham fora. No estudo com 60 mães,

distribuídas em dois grupos de 30 participantes, segundo a escolha de cuidado acionada para

seu filho, verificou-se que em ambos os grupos a autonomia infantil não variou. Entretanto, as

mães que deixavam seus filhos em instituições, apresentavam atitudes maternas menos

supervalorizadoras do seu papel de mãe, ou seja, ao deixarem seus filhos em casa com babás,

evidenciaram atitudes mais satisfatórias com seu papel materno. Este estudo sugere cautela na
41

generalização destes resultados, indicando mais investigações sobre o tema maternidade e

cuidados alternativos, optados pelas mães que trabalham fora.

Almeida (2007) investigou comparativamente dois grupos de mães de classe média e

popular, com bebês em fase de adaptação em creche, e que trabalhavam fora. Percebeu que

era semelhante nos grupos, o sentido de maternidade atrelado ao cuidado das crianças,

incluindo a atenção aos filhos através do brincar. Além disso, o sentimento de culpa por

trabalhar fora aparece em ambos os grupos, mesmo que os motivos da locação no mercado de

trabalho divirjam (para as mães da classe média trata-se de um projeto de vida, já, para a

classe baixa é por subsistência). No entanto, entre as mães da classe baixa é mais presente a

capacidade de dividir ou delegar a tarefa do cuidado com a creche. A identidade da mãe que

trabalha fora parece não conciliar os papéis da maternidade e do trabalho numa única

identidade (ALMEIDA, 2007; PREUS, 1986).

Estudos mostram que a condição de desemprego da mulher durante o período

puerperal pode acentuar sintomas de saúde mental como depressão e stress, quando

comparado com grupos de trabalhadoras e donas de casa. Possíveis causas destes resultados

envolvem condições de desvantagens, sócio-econômica, baixa escolaridade, menor contato

social e menor auto-estima. Tais resultados pioram quando agregado aos fatores ligados à

interação com o recém-nascido, tais como: dormir pouco, criança frequentemente doente e

fadiga materna (CHEN, 2001; SAUREL-CUBIZOLLES, ROMITO, ANCEL, LELONG,

2000, GJERDINGEN, CHALONER, 1994).

Chen (2001) comparou a situação do trabalho e bem-estar em mães de bebês recém-

nascidos, concluindo que o emprego foi considerado fator de proteção para a saúde mental das

mães, por promover a afirmação de identidade e aliviar o stress do período através do contato

social. Outro estudo avaliou as mudanças na saúde emocional das mães no primeiro ano após

o parto, mostrou que a alta quantidade de horas trabalhadas e período de licença inferior a 24
42

semanas favorece a manifestação de sofrimento mental entre as mulheres (GJERDINGEN,

CHALONER, 1994).

Saurel- Cubizolles, Romito, Ancel, Lelong (2000) encontraram, entre mães francesas

com bebê de até um ano de idade e desempregadas, mais manifestações de sofrimento

emocional, quando comparadas com mães trabalhadoras ou donas-de-casa. Os autores

explicam esse resultado pela condição de que o desemprego favorece desvantagens sociais, e

vivência da maternidade de maneira solitária. Outro dado observado nesse estudo, foi que as

crianças das mães desempregadas são mais frequentemente hospitalizadas em seu primeiro

ano de vida.

1.11 Fatores de proteção à maternidade

Morais, Lucci e Otta (2013) consideram muito complexa a interação entre a depressão

materna e possíveis impactos no desenvolvimento do bebê, pois depende de fatores internos

da mãe, características do bebê, interação entre a dupla, bem como os fatores ambientais na

qual mãe e bebê se encontram inseridos. A carência social é abordada por alguns autores

(SILVA et al. 2012; KERBER; FALCETO; FERNANDES, 2011; PÓO et al., 2008; RUSCHI

et al. 2007; IACONELLI, 2005) como fator de risco na manifestação dos transtornos mentais

no pós-parto.

Sapienza e Pedromônico (2005) esclareceram que os fatores de risco para o

desenvolvimento da criança são variáveis ambientais que aumentam os efeitos indesejados,

como: prematuridade, desnutrição, baixo peso, comprometimento neurológico, pobreza,

desemprego dos pais, dentre outras situações que podem comprometer a saúde a curto e

médio prazo da criança. Sabe-se que a depressão dos pais, agregada ao contexto de

desvantagem sócio-econômica potencializa a vulnerabilidade. Assim, muitas vezes o risco não


43

aparece de maneira individual ou segregada; em função disso, os autores propõem a

‘reconceitução’ do termo “fatores” para “mecanismos” de risco.

Murta et al. (2011) encontraram entre pais de recém-nascidos, tipos de apego com

exposição a práticas educativas parentais coercitivas e apego inseguro, indicando presença de

fatores de risco para a relação pais-bebê. Sapienza e Pedrômonico (2005) complementaram

esta premissa em seu estudo de revisão do tema, fatores de risco, afirmando que, a existência

de pais coercitivos num contexto de pobreza na infância, predispõe a problemas

comportamentais na adolescência, como: baixo desempenho acadêmico, uso de drogas e

mudanças bruscas de comportamento. Assim, os programas familiares de intervenção

precisam ocorrer a longo prazo para mudar crenças culturais.

Morais, Lucci e Otta (2013) em um estudo longitudinal, investigaram as características

psicomotoras de bebês entre quatro, oito e doze meses, comparando-os com as suas mães

classificadas como deprimidas e não deprimidas. Dentre os dados encontrados, as autoras

consideraram significativa a diferença entre os bebês de mães não deprimidas, que

começaram a andar mediante o suporte dos adultos e apresentaram maior variabilidade

alimentar quando comparado com os bebês de mães deprimidas. Segundo as autoras, uma

explicação possível envolve o ofertar de menos estimulação aos filhos entre as genitoras

deprimidas.

1.12 Rede de apoio e participação em grupos

Na revisão de literatura sobre suporte social, Rodrigues e Madeira (2009) ratificam

que este é avaliado pela integração do indivíduo com o meio, e de acordo com a percepção da

disponibilização dos serviços e pessoas disponíveis. Os autores ainda destacam o suporte

social como fator de proteção e promoção da saúde do indivíduo, em momentos de mudanças,

como durante a instalação das doenças crônicas e transição parental.


44

Gutman (2010) explica que o termo pós-parto ou “quarentena” deriva de uma época

antiga, na qual a mulher puérpera e o recém-nascido eram zelados por outras mulheres mais

experientes, num contexto comunitário, no qual todas as mulheres cuidavam reciprocamente

de suas crianças. A mesma autora destaca que a mulher contemporânea se encontra em

condições desfavoráveis em termos de realidade social de apoio, pois o formato

proporcionado pela família nuclear isolou a mulher, muitas vezes, afastada geograficamente

dos seus membros familiares, que convive com seu bebê em espaços domésticos pequenos em

grandes centros urbanos.

Segundo Rapoport e Piccinini (2011) sobre a rede considerada como referência de

apoio à mãe, espera-se que ofereça ajuda emocional (manifestação de atenção), informacional

(orientação e instrução) ou instrumental (provisão de recursos, serviços e soluções de

problemas). Em outro trabalho de revisão de literatura sobre apoio social e maternidade, os

mesmos autores verificaram o quanto são reduzidos os estudos sobre apoio social no Brasil e,

os poucos trabalhos que abordam a fase complexa da maternidade, geralmente acompanham

as mães e os bebês até seu primeiro ano de vida (RAPOPORT; PICCININI, 2006). A rede de

apoio implica na disponibilidade de pessoas significativas que reforcem as estratégias de

enfrentamento do indivíduo diante de situações de transição e mudanças, que favorecem o

aparecimento do stress. Os autores concluíram que a rede de apoio favorece a responsividade

materna, e que, as principais pessoas disponíveis para o momento são os pais e avós maternos.

As puérperas precisam de rede de apoio que lhes ofereça ajuda nos cuidados

domésticos, com o bebê e também na esfera do cuidado afetivo, de assistência para a mulher,

companhia, encorajamento, disponibilidade, sem desautorizar, julgar ou se intrometer na

relação da mãe e seu bebê. Como alternativa para a mãe contemporânea surge a figura da

“doula”, palavra grega que designa “escrava da mulher”. Esta mulher experiente conhecedora
45

de puericultura e enfermagem pode ser requisitada como presença na casa da puérpera para

apoiá-la afetivamente, instruí-la e acompanhá-la nesta fase (GUTMAN, 2010).

Ruzzi-Pereira e Santos (2012) ao comparar um grupo de mães sem precedentes de

diagnóstico de transtornos mentais, a outro grupo com transtornos mentais, percebeu alteração

na percepção do suporte social, sendo a satisfação com a rede de apoio maior no primeiro

grupo. O estudo ainda mostrou que condições financeiras precárias inferem negativamente na

“responsabilização” das mães. Desta forma, os autores citam a participação dos profissionais

da saúde na atenção e intervenção junto a estas famílias, visando promover qualidade na

interação entre os membros familiares. Num outro estudo semelhante, Dantas, Araújo, Paulino

e Maia (2012), entrevistaram mães adultas de bebês pré-termo hospitalizados, com a

finalidade de checar a relação entre a percepção do apoio social e a prevalência de sintomas

depressivos, utilizando dentre seus instrumentos Escala de Apoio Social (EAS) e Escala de

Depressão Pós-Parto de Edimburgo (EPDS), encontrando índices altos de depressão e

correlação negativa entre a percepção do apoio social e manifestação de sintomas depressivos.

Oliveira e Dessen (2012) pesquisaram 45 grávidas (grupo A), e 42 mães com bebês de

até seis meses (grupo B), com o objetivo de avaliar alterações na rede de apoio nestas

diferentes fases, checando a participação do marido/companheiro e avós nas tarefas

domésticas e cuidados com os filhos. Foi detectado que a participação da rede de apoio foi

pequena, e se concentra na figura do marido/companheiro e avós maternos, que auxiliavam

mais o grupo B através do apoio, atenção, carinho e mais ajuda material e financeira. Neste

estudo, apesar da restrição da quantidade de rede de apoio, as mães pareciam satisfeitas. Em

Martins et al. (2008), foi encontrado que o suporte dos avós é o mais presente nas famílias

investigadas, sendo considerado maior, em relação ao cônjuge.

Baptista, Baptista e Torres (2006) avaliaram gestantes sem precedente de transtornos

mentais com EPDS e IDATE, e encontraram correlação positiva entre depressão e ansiedade
46

com intensidade moderada e correlação negativa entre depressão, ansiedade e suporte social.

Agregando, Fonseca, Silva e Otta (2010) ao avaliarem a rede de apoio das gestantes no último

trimestre e aos quatro meses de vida do bebê, observaram que percepção positiva do apoio

social pelas mães na gestação, favoreceria na responsividade ou funcionalidade materna após

o nascimento dos bebês.

Pode ocorrer julgamento pela família em relação à mãe com DPP, denominando-a

como egoísta e preguiçosa. Segundo Iaconelli (2005) isto acontece pela desinformação,

portanto é importante um diagnóstico precoce, para evitar maiores transtornos e orientar o

parceiro e familiares a ajudarem, sendo compreensivos, não cobrando atitudes idealizadas

pela mídia como amar o bebê o tempo todo, pois os desconfortos físicos e emocionais na

mulher durante o ciclo gravidez-parto e puerpério são esperados.

Para Azevedo e Arrais (2006) a variável cultural de idealização da maternidade como

símbolo de felicidade plena, que se contrasta com a realidade vivenciada por algumas

mulheres neste momento de sua vida, pode favorecer a instalação e manutenção da Depressão

Pós-parto. Arrais (2005) investiga a subjetividade de mães com diagnóstico de depressão pós-

parto dentro do pressuposto de compreensão da maternidade como fenômeno cultural. A

autora identificou que o exercício da maternidade está articulado aos discursos ideológicos

dominantes, ligados à ciência, aos preceitos religiosos e à economia social, excedendo,

portanto, o fenômeno instintivo, associado à estrutura biológica feminina. A pesquisadora

aponta ser o ideal de felicidade, geralmente apresentado como natural e instintivo, prejudicial

ao grupo de mulheres do estudo, pois pode se integrar com outros elementos subjetivos, como

conflitos conjugais e parentais e a vida profissional, gerando um sofrimento.

No estudo longitudinal de Fonseca, Silva e Otta (2010) no qual foi aplicada a Escala

de Depressão Pós-Parto Edimburgo (EDPS), com gestantes (n=261), no último trimestre e

mães (n=138), no pós-natal, as autoras encontram 28% de gestantes deprimidas e 29,7% de


47

mães deprimidas, quatro meses depois. Entretanto, a funcionalidade da relação destas mães

com seus bebês não foi afetada. Em outro estudo, Frizzo e Piccinini (2007) também apontam

a preservação da funcionalidade da mãe deprimida na interação com o bebê, não encontrando

diferença significativa na interação entre mães, com e sem depressão, nos itens: sensibilidade,

afeto negativo, afeto positivo, desengajamento, intrusividade, estimulação cognitiva e aliança

familiar. Neste estudo, os autores denominam as mães deprimidas como resilientes; pois,

apesar de se perceberem muito tristes e sofrerem com este sintoma, se preocupavam com um

possível impacto do seu estado emocional sobre seus bebês.

Silva (2008) sugere estudos que investiguem quem são as pessoas da rede de apoio

social da mãe que é percebida como disponível para apoiá-la. Para esta autora, os bebês

humanos são muito dependentes de cuidados. Portanto, mesmo em crianças saudáveis, é

exigido da mãe um elevado custo de esforço parental. Assim, para a autora, pode ser

considerado adaptativo para a mãe reduzir o esforço parental, se esse comportamento motivar

os indivíduos da rede social a aumentarem o provimento do apoio. A autora sugere que a

depressão pode eliciar maior suporte social.

Aiello- Vaisberg e Granato (2003) ao acompanhar mães em grupo num Ambulatório,

revela haver uma crise entre o ser, e o se tornar mãe na atualidade, considerando que muitas

destas mulheres estão em fase de adaptação com o bebê. Entre os motivos relatados que

dificultam esta fase, estão: queixas de insatisfação, advindas da restrição à vida doméstica e

cuidados com o bebê, gerando sentimentos de inutilidade, pois esta não consegue se ocupar de

outras tarefas das quais estava acostumada, podendo conduzir a um quadro depressivo.

Baker et al. (1997) investigaram a relação entre presença, suporte de apoio, e

manifestação de sintomas em torno da maternidade (pré-parto e puerpério), indicando haver

correlação entre privação material e baixo suporte social, sendo a depressão e infecção de

urina os sintomas apresentados pela maior parte das mães.


48

Murta et al. (2011) realizaram um estudo com pais de bebês entre 18 e 36 meses e

com casais com bebês recém-nascidos, com o objetivo de avaliar se a busca de apoio foi um

das principais estratégias de enfrentamento ao stress gerado pelo nascimento do bebê. Como

fontes de apoio social citadas, destacam-se: o cônjuge, a família extensa e os serviços de

saúde. Por outro lado, o apoio social foi também considerado “invasivo” e estressor para os

pais e mães primíparas, mediante as informações contraditórias que causavam dúvidas.

Das pesquisas internacionais envolvendo intervenção com grupo de mulheres em pós-

parto, denominados de programas de depressão pós-natal (PND,) destacam-se Scope, Booth,

Sutcliffe (2012) quando realizaram revisão entre 1966 e Jan/2008 das evidências de

percepções e experiências em grupo de terapia cognitiva comportamental e outros grupos de

intervenção para depressão pós-parto e encontraram apenas seis estudos que atenderam a estes

objetivos. Os autores destacam a partir dos estudos encontrados, que mulheres com depressão

pós-natal tendem a se beneficiar do tratamento em grupo de terapia cognitiva

comportamental, por favorecer no desenvolvimento do seu papel como esposa e mãe.

Também grupos são indicativos pelo baixo custo, tempo reduzido, comparado ao tratamento

individual. Esta revisão também apontou a importância de visitas domiciliares por

profissionais de saúde.

Ribas, Ribas Jr. e Valente (2006) apontaram correlação positiva entre stress, depressão

e auto-percepção menos favorável do papel parental. A escolaridade não influenciou nas

medidas de bem estar dos pais, mas sim a percepção da rede de apoio. Os autores

recomendam maiores investigações com pais e mães brasileiras e implantação de projetos

preventivos de atenção aos pais, considerando haver uma correlação direta entre o bem-estar

dos genitores e a satisfação parental deles.


49

1.13 Assistência e políticas públicas

O Ministério da Saúde (2005) recomenda como atribuição de investigação pelo

profissional da saúde no puerpério:

“sintomas que se configurem como mais desestruturantes e que fogem da adaptação


“normal” característica do puerpério. Leve em conta a importância do
acompanhamento no pós-parto imediato e no puerpério, prestando o apoio
necessário à mulher no seu processo de reorganização psíquica quanto ao vínculo
com o seu bebê, nas mudanças corporais e na retomada do planejamento familiar”
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005. p.37)

Para Dessen e Costa Junior (2005) faltam no Brasil, programas de rastreamento da

saúde das mães logo após o parto, sendo muitas subdiagnosticadas como depressivas e

encaminhadas para serviços especializados, perdendo-se o acompanhamento destes casos.

Schiavo (2011) e Silva (2008) complementam, abordando a negligência do sistema de saúde

no período potencial de crise, durante e após o puerpério, como a inviabilidade de

oferecimento de atenção em saúde mental nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Assim,

avaliar a DPP acaba gerando uma demanda, na qual, o serviço público não apresenta recursos

humanos para atender. A última autora sugere ainda, maior investimento do poder público em

planejamento familiar, pois em seu estudo com usuárias de UBS, encontrou desinformação

quanto ao uso dos métodos contraceptivos.

Diniz (2005) esclarece que o perinatal humanizado implica na percepção do parto

como uma experiência humana que obrigatoriamente impõe uma “mudança no fazer” de

quem assiste a mulher. Maldonado (2010) afirma que, apesar da maior segurança

proporcionada pela presença dos recursos tecnológicos disponíveis no centro cirúrgico, o

ambiente hospitalar geralmente é percebido como não acolhedor e até assustador para as

parturientes.

Piccinini, Carvalho, Ourique e Lopes (2012) investigando a disponibilidade dos

profissionais no pré-natal, ratificaram que o profissional da saúde mental não está disponível

durante a gestação no hospital e ou postos de saúde. Este estudo demonstrou que existe uma
50

expectativa de cuidado integral entre as gestantes primíparas atendendo, inclusive, demandas

emocionais.

Investigações que valorizam a satisfação com a qualidade da assistência recebida em

serviços materno-infantis devem ser ampliadas. RUGULO et al. (2004) avaliou 108 puérperas

adultas e adolescentes entre os segundo e terceiro dia após o parto, mediu a percepção com

relação ao serviço materno infantil num hospital universitário, e checou que a maioria das

mães tiveram contato com o filho logo após o nascimento, mas poucas tiveram contato pele a

pele prolongado ou seguraram o seu bebê. Apesar de 98% de satisfação com as informações

recebidas sobre os cuidados obstétricos e pós-natal, a maioria das mães desconhecia os nomes

dos médicos obstetras de plantão e desconhecia se eram residentes ou médicos. Outro estudo

indicou insatisfação com a qualidade do pré-natal, devido a consultas rápidas, centradas

apenas na criança gerada, desfavorecendo na interação da gestante com seus familiares e

profissionais que a estavam atendendo (MARTINS et al., 2008).

Segundo Maldonado e Dickstein (2010) uma assistência adequada não se baseia

apenas no acesso aos recursos tecnológicos, sendo a atenção das equipes de saúde

fundamentais em proporcionar confiança e bem-estar à gestante. Gimol (2002) complementa,

definindo a gestação não apenas resumida como um período de espera, mas na

experimentação da formação do apego materno.

O avanço tecnológico e a garantia do pré-natal pelo Sistema Único de Saúde (SUS),

colaboraram para a antecipação de respostas emocionais, antes surgidas no pós-parto. O

profissional de Psicologia, adentrou às equipes pré-natal para auxiliar familiares e

profissionais a lidar com situações estressantes, como: dificuldade de concepção, tensão do

parto e risco de má formação fetal (GIMOL, 2002).

O estudo de Moura et al. (2004) que objetivou avaliar crenças e cognições parentais

em 405 primíparas, com bebês de até um ano de vida, em diferentes regiões no Brasil,
51

mostrou correlação positiva entre a escolaridade materna. Outra contribuição importante deste

estudo, foi a ratificação de que os grupos de mães brasileiras não são homogêneos nas

diferentes regiões brasileiras, sendo as mães de Porto Alegre, possuidoras de mais

conhecimentos sobre seus bebês. Este estudo intercultural sugere que variáveis sociais e

culturais precisam ser consideradas, na implantação de políticas de assistência materno-

infantil.

Grupos psicoprofiláticos, com gestantes como de Falcone et al. (2005) podem ser uma

alternativa importante para a detecção e tratamento dos transtornos afetivos. Trata-se de um

relato de experiência envolvendo uma coleta de dados com 103 gestantes (71 adultas e 32

adolescentes), aplicando dois instrumentos: Self Reporting Questionnarie e Beck Depression

Inventory. Os instrumentos foram aplicados no pré e pós - intervenção. As dez sessões

aconteceram num Centro de Saúde de um bairro periférico de uma grande cidade brasileira e

conduzidas por uma equipe multidisciplinar, constituída por enfermeiras, nutricionistas,

pedagogas, psicólogas, fisioterapeutas, assistentes sociais e agentes comunitários. A conclusão

do artigo foi de que o atendimento pré-natal dirigido às gestantes, através da ação de um

grupo multidisciplinar, revelou-se como uma oportunidade de prevenção, detecção e

tratamento de transtornos afetivos para as gestantes, gerando impacto direto na

disponibilidade de vinculação afetiva com seus futuros bebês.

Avaliando fatores de estresse em 39 mães adultas, no primeiro ano do bebê, Rapoport

e Piccinini (2011) encontraram como eventos estressantes: o período pós-parto, dificuldades

na amamentação, cansaço materno, o banho do bebê e a responsabilidade de cuidar do filho.

O mesmo estudo destaca a essencialidade do apoio para estas mães, que pode ser

intermediado por políticas públicas que implementem trabalhos preventivos para o

fortalecimento da díade mãe-bebê, principalmente dirigido àquelas com restrita rede de apoio

social. Aiello (2003) ao acompanhar mães em grupo, num Ambulatório, observou queixas de
52

insatisfação advindas da restrição à vida doméstica e cuidados com o bebê, gerando

sentimentos de inutilidade, pois estas mulheres não conseguem se ocupar de outras tarefas das

quais estavam acostumadas, podendo conduzir a um quadro depressivo.

Sabe-se que os cuidados devem acontecer desde o pré-natal, para prevenção do baixo

peso e mortalidade perinatal, requerendo assim, aumento dos investimentos na assistência

materno-infantil e prestação de serviços mais personalizados, no atendimento às

particularidades de cada família. Oakley (1985) descobriu que o peso do recém-nascido pode

ser influenciado pelo suporte social recebido pela mãe na gestação. Assim, o autor destaca que

os programas de intervenção em saúde perinatal devem incluir aos cuidados, também fatores

psicossociais, como classe social e suporte emocional adequado.

Rodrigues, Fernandes, Silva e Rodrigues (2006) investigaram as representações

sociais de puérperas sobre os cuidados de enfermagem na maternidade e domicílio, onde

definiram o alojamento conjunto como um lugar de abandono, atitudes grosseiras e antiéticas

do profissional, onde o burocrático se sobrepõe à assistência, com equipe de enfermagem

pouco informativa e pouco presente. As mesmas participantes revelaram-se inseguras após a

alta hospitalar. As autoras ressaltam que a visita domiciliar como um propósito educativo para

a puérpera, seguida ao parto e retorno doméstico, deveria fazer parte das políticas de

assistência materno-infantil, para aumentar a segurança e autoconfiança da mãe.

Honey, Bennett e Morgan (2004) testaram um grupo educativo breve, com mulheres

no pós-parto, com informações sobre depressão pós-parto, uso de técnicas cognitivo-

comportamentais para mudança nas crenças errôneas sobre a maternidade e aumento e uso de

técnicas de relaxamento. Os resultados mostraram que o grupo é um recurso válido para uso

por profissionais de saúde, em visitas de acompanhamento. Este estudo testou mudanças em

dois grupos de mulheres, realizando controle das variáveis (idade do bebê, idade das mães,

paridade e dados sócio-demográficos). Os autores concluíram que as mães que frequentaram


53

as oito semanas do grupo experimental, reduziram mais os índices do EPDS, quando

comparado com o grupo que permaneceu somente nos cuidados primários de rotina. Outro

estudo semelhante, também evidenciou que a frequência em sessões de grupo, incluindo a

participação do marido, também evidenciou diminuição significativa na pontuação no EPDS

(MORGAN, MATTHEY, BARNETT, RICHARDSON, 1997).

Compreendendo a gravidez e o puerpério como períodos marcados por mudanças na

vida da mulher, que podem gerar sentimentos conflitantes e não acolhidos socialmente, uma

sugestão seria fomentar, nas comunidades, espaços de encontro para as mães dialogarem,

favorecendo no seu fortalecimento e engajamento num grupo com outras mães. Os grupos de

mães promovidos pela prefeitura de Porto Alegre favoreciam a socialização das informações

sobre o desenvolvimento infantil (MOURA et al, 2004).

PÓO et al. (2008) convocam todos os pesquisadores das fases gestacional e puerperal,

para chamar a atenção dos profissionais de saúde, com contato regular ou frequente com as

mães, quanto à importância de se avaliar a depressão pós-parto, considerando as

consequências negativas decorrentes deste transtorno para a saúde global da mãe e do bebê.

Os autores que pesquisaram mães usuárias da rede de saúde pública do Chile, sugerem a

aplicação do EPDS em toda atenção primária.

Iniciativas como o preparo e planejamento de um curso bilíngue de caráter preventivo

da depressão pós-parto, intitulado Mamás y Bebés/ Mothers and Babies Course, merece

destaque no cenário internacional, como uma iniciativa de acompanhar e comparar grupos de

mães, da gestação até os 12 meses de vida do bebê (MUÑOZ et al., 2007). Os resultados

evidenciaram redução na prevalência de depressão maior (14.3%), comparado com o grupo

controle não submetido ao curso (25%). O mesmo foi criado para as gestantes e novas mães,

ensinando estratégias modeladoras de humor, atitudes e comportamentos e parentagem. O


54

manual também se mostrou viável, devido à retenção do grupo durante os 12 meses de

investigação, atendimento de diferentes etnias e diversas estratégias de comunicação adotada.

De um modo geral, percebe-se uma preocupação dos pesquisadores em investigar a

saúde emocional no período transicional da gestação até o pós-parto. No entanto, conforme

também elucidado por Schardosim e Heldt (2011) em revisão de literatura a respeito das

escalas de rastreamento do pós-parto, existe uma ausência na utilização destes instrumentos

nas rotinas de assistência. Os grupos de mães promovidos pela prefeitura de Porto Alegre,

favoreciam a socialização das informações sobre o desenvolvimento infantil (MOURA et al,

2004). Rugulo et al. (2004) destacaram a importância de pesquisas que evidenciam a

percepção dos serviços de saúde pelas mães em fase puerperal, portanto, num momento

decisivo de cuidados para elas e seu bebê.

A presente dissertação levanta entre primíparas trabalhadoras, com bebês entre dois e

seis meses de idade, a prevalência de DPP e stress, funcionalidade da rede de apoio

disponível, sentimentos em relação à satisfação conjugal e mediante o retorno ao trabalho.

Também pretende responder questões relacionadas à gestação, parto, aleitamento, contato

com o bebê, participação em grupos associando com variáveis sócio-demográficas e cuidados

com a DPP e o stress. Dentre as hipóteses principais do presente estudo, estão: a participação

das mães em grupos no pré e pós-natal representaria um fator de proteção contra a depressão e

o stress; e, mães que não intencionam retornar ao trabalho apresentariam mais prevalência de

transtornos emocionais.
55

2 OBJETIVO GERAL

Descrever em mães trabalhadoras as variáveis sócio-demográficas com dados sobre a

gestação, parto, conjugalidade, apoio disponível e sentimentos referentes à maternidade.

Avaliar a ocorrência de depressão pós-parto e stress, verificando ainda possíveis associações

entre as principais variáveis levantadas e os aspectos emocionais investigados.

3 MÉTODO

3.1 Participantes

Os critérios de inclusão das participantes no estudo foram: mães trabalhadoras, com

idade acima de 18 anos, primíparas, e cujos bebês deveriam estar por ocasião da coleta de

dados, entre o segundo e sexto mês seguido do parto. Das 30 participantes, 24 foram

localizadas num Ambulatório para Funcionários de uma instituição de saúde de Bauru-SP;

duas eram frequentadoras do Projeto de extensão do Centro de Psicologia da UNESP-Bauru;

duas foram localizadas por meio de indicação de uma doula e duas por intermédio de pessoas

conhecidas da pesquisadora.

A amostra foi de conveniência, pelo fato da pesquisadora realizar sua atividade

profissional como psicóloga clínica no Ambulatório para Funcionários. Todas as participantes,

entre o segundo e sexto mês puerperal, foram contatadas por telefone e convidadas para

participarem da pesquisa.

O delineamento do estudo foi transversal, descritivo e exploratório. Durante a coleta as

participantes foram informadas sobre as regras contidas no termo de consentimento livre e

esclarecido, constando a inexistência de ônus relacionado à sua participação, tempo de coleta,

garantia de privacidade na apresentação dos dados, e na possibilidade de retirada deste

consentimento a qualquer tempo.


56

3.2 Local

A localização de parte destas mães se deu num Ambulatório para Funcionários

localizado na Saúde do Trabalhador do Hospital Estadual Bauru. A pesquisadora, que realiza

sua atividade profissional no local, contou com a ajuda de uma equipe de trabalho (serviço de

enfermagem e administrativo), para localizar e contatar as mães com o perfil da coleta. Neste

Ambulatório, além de consultas, exames e acompanhamentos especializados para as

trabalhadoras, existem levantamentos para rastrear gestantes e funcionárias egressas da

licença maternidade. Ali, são oferecidas desde 2010, oficinas informativas para as

trabalhadoras sobre o período gravídico-puerperal, implantadas após a observação informal de

sofrimento com os ajustamentos do período entre as trabalhadoras.

O Ambulatório onde ocorreu a maior parte da coleta, está localizado numa instituição

pública de saúde administrada por uma fundação privada (Fundação para o Desenvolvimento

Médico e Hospitalar- FAMESP), que também administra outras instituições de saúde em

Bauru e região. Apenas no local de funcionamento do Ambulatório (Hospital Estadual Bauru),

trabalham 1593 funcionários, sendo 466 homens e 1127 mulheres em sua maioria em idade

reprodutiva. Duas participantes foram localizadas nas outras instituições da FAMESP de

Bauru-SP.

As coletas foram realizadas em salas reservadas no Ambulatório e no Centro de

Psicologia da referida universidade, buscando-se garantir a privacidade das participantes.

Também foi oferecida a opção da entrevista ocorrer na residência das mães, atendendo sua

preferência. Quando as mães optavam pela coleta na residência, a pesquisadora orientava

sobre a necessidade da realização num ambiente reservado e silencioso, garantindo a

privacidade das informações. O período de coleta ocorreu entre os meses de Agosto/12 e

Maio/13.
57

3.3 Instrumentos

3.3.1 Inventário de dados da gestação, convivência com o bebê: satisfação conjugal e

qualidade da rede de apoio

O inventário (Apêndice 2), contemplou dados demográficos e seis capítulos breves

sobre o histórico da gravidez; perinatal, puerpério, maternidade e rede de apoio, satisfação

conjugal, maternidade e vida ocupacional. O capítulo I, apresentou o histórico gestacional

envolvendo a saúde física, emocional, planejamento da gravidez, participação em grupos,

recebimento de informações de amamentação e direitos da gestante, avaliação da rede de

apoio disponível no período da gestação. O capítulo II, apresentou informações sobre o parto,

como o tipo, e se foi o desejado, dados do neonato (se foi a termo e peso), quando ocorreu o

primeiro contato com o bebê, informações, amamentação na maternidade e se estas foram

suficientes. O capítulo III, abordou o aspecto emocional nos primeiros 45 dias após o parto,

se houve apoio no período, e por quem; informações sobre amamentação, como procura pelo

banco de leite, motivos, e como se sentiu ao levar seu bebê para casa. O capítulo IV,

apresentou uma auto-avaliação dos sentimentos em relação ao desempenho das funções

maternas, auto-estima, preocupações gerais, interação com o bebê e conjugal. Também

investigava com quem o bebê passa a maior parte do tempo, amamentação e motivos do

abandono entre as não lactantes. Também investigava a rede de apoio disponível, satisfação

com esta rede e participação em grupos. O capítulo V, apresentou exclusivamente a satisfação

conjugal no momento, levantando percepções a respeito da preocupação do parceiro com ela,

comunicação entre o casal e colaboração do companheiro com as tarefas do bebê. O capítulo

VI, apresentou a vida ocupacional e maternidade, checando se o ambiente de trabalho

proporcionou algum tipo de apoio na gestação, expectativa de apoio futuro, acesso às


58

informações e direitos mediante o término da licença, pretensão ou não de retorno ao

trabalho, e significados a respeito. No geral, o inventário contemplou 43 questões, sendo a

maioria delas pautadas em questionamentos de saúde e interação da mãe.

Os dados demográficos presentes no inventário foram compostos por informações

sobre mãe e bebê (como nome, data de nascimento, idade, estado civil, escolaridade,

ocupação, tempo de ocupação, com quem reside, nome do parceiro, ocupação do parceiro,

sexo e data de nascimento do bebê e data da coleta).

3.3.2 Escala de Auto-avaliação de Depressão Pós-Parto de Edimburgo (EPDS)

Utilizou-se a Escala de Auto-avaliação de Depressão Pós-Parto de Edimburgo (EPDS)

(versão brasileira adaptada por SANTOS; MARTINS; PASQUALI, 1999) com aplicação pela

própria pesquisadora. A escala é composta de 10 questões, com valores correspondentes entre

0 a 3 pontos. Este instrumento foi testado em mães brasileiras entre seis e 24 semanas, com

escolaridade considerada média-alta, numa amostra de classe média de uma região nacional

considerada de alto índice de desenvolvimento humano. O EPDS foi testado com 69

puérperas, selecionadas a partir de uma amostra de 236 mães. A consistência interna do

instrumento foi medida pelo coeficiente alfa de Crombach de 0,80. A média de pontuação

entre as puérperas consideradas deprimidas foi 13,5, enquanto as não-deprimidas foi de 6,6. A

pontuação 11/12 foi considerada limítrofe para o encaminhamento das mães para investigação

na saúde mental. Sendo assim, Santos, Martins e Pasquali (1999) consideram esse ponto de

corte mais adequado para o contexto do país, apresentando sensibilidade de 72%,

especificidade de 89% e valor preditivo positivo de 78%. A versão original de Cox, Holden,

Sagovsky (1987) afirma que a EPDS, além de aplicação rápida, retrata como a mãe se sentiu

na última semana, detectando desordem de sofrimento mais prolongado do que o “baby


59

blues” (estado emocional que acomete grande parte das mulheres no pós-parto devido às

mudanças fisiológicas do período caracterizado pelo sentimento de melancolia).

3.3.3 Inventário de Sintomas de Stress de Lipp (ISSL)1

O Inventário de Sintomas de Stress de Lipp (ISSL) (LIPP, 2000) avaliou as fases do

stress classificadas em: fase de alerta, resistência, quase-exaustão e exaustão. O protocolo de

resposta era composto por três quadros de distância temporal (quadro 1: 24 horas; quadro 2:

uma semana e quadro 3: um mês). O instrumento contém 15 itens para o quadro 1, sendo 12

relacionados a sintomas físicos e três relacionados a sintomas psicológicos; outros 15 itens

para o quadro 2, sendo 10 itens relacionados aos sintomas físicos e cinco relacionados aos

sintomas psicológicos e, 23 itens para o quadro 3, sendo 12 relacionados aos sintomas físicos

e 11 para os sintomas psicológicos.

3.4 Procedimento

3.4.1 Identificação das participantes

O rastreamento das mães do Centro de Psicologia ocorreu por meio de checagem dos

prontuários. Mediante o atendimento do perfil de coleta, o contato telefônico era realizado

com a finalidade de agendar a entrevista no mesmo dia e horário de consulta dos bebês no

local.

1
Este inventário não constará dos anexos, posto que é privativo do psicólogo e todos os
direitos de reprodução são reservados à Casa do Psicólogo que o publicou.
60

O outro grupo de mães foi localizado por intermédio da doula ou pessoas conhecidas

da pesquisadora. As entrevistas com este grupo de mães foram realizadas em suas residências

após a apresentação do estudo pela própria pesquisadora e o agendamento por telefone.

Seguido do aceite, todas as mães assinaram o termo de consentimento livre e

esclarecido, constando inexistência de ônus relacionado à sua participação, garantia de

privacidade quando da apresentação dos dados e com possibilidade de retirada deste

consentimento a qualquer tempo.

Das 30 mães abordadas, nenhuma se recusou em participar do estudo. A aplicação dos

instrumentos ocorreu numa única etapa, sendo exercida exclusivamente pela pesquisadora e

não ultrapassando mais do que 40 minutos. O acesso aos resultados da sua própria avaliação

foi oferecido para todas as mães, sendo dado pessoalmente ou por e-mail. Entre as

participantes que mostraram alguma etapa alterada, todas foram comunicadas e orientadas a

procurarem ajuda profissional para melhor investigação.

3.4.2 Procedimento de análise dos dados:

O Inventário de dados da gestação, convivência com o bebê, satisfação conjugal e

qualidade da rede de apoio, foi analisado através do auxílio do programa estatístico SPSS, for

Windows, versão 17.0, adotando o teste Qui-Quadrado, e quando necessário o teste de Fisher

para associações, considerando p< 0,05 como nível de significância.

As questões abertas foram divididas em categorias. De acordo com Minayo (1994) as

categorias são capazes de indicar a representação social da realidade vivida pelas

participantes, incluindo seus pensamentos, sentimentos e ações.

Os dados do EPDS foram analisados considerando a nota de corte com pontuação

11/12, de acordo com versão brasileira deste instrumento proposta por Santos, Martins e
61

Pasquali (1999). De acordo com os autores, esta pontuação em puérperas é indicativa para

encaminhamentos ao profissional de saúde mental.

Os dados do ISSL foram transcritos em ficha de protocolo apropriada, de análise, que

permite verificar a fase do stress (alerta, resistência, quase-exaustão e exaustão) da

participante e sintomatologia predominante apresentada (física, psicológica ou ambos).

Os dados dos instrumentos EPDS e ISSL foram posteriormente associados com 27

variáveis: escolaridade materna, sexo do bebê, peso do bebê, saúde física e emocional na

gestação, planejamento da gestação, participação em grupos, informações sobre direitos e

amamentação na gestação, satisfação conjugal e rede de apoio na gestação, tipo de parto, se

foi o tipo desejado, primeiro contato com o bebê, informação amamentação na maternidade,

sentimentos nos 45 dias pós-parto, recorreu ao Banco de Leite, amamentação no momento,

partilha sentimentos, frequência em grupo no momento, sente falta de ajuda, cuidado

conjugal, satisfação comunicação entre o casal, colaboração nas tarefas domésticas, apoio do

trabalho durante a gestação, pretensão de voltar a trabalhar e preocupação, retorno ao

trabalho.

No capítulo IV do Inventário (Apêndice B), especificamente nas questões 1,2,3 e 4

foram apresentadas cinco opções de figuras nas quais as mães apontavam como se sentiam

referente ao desempenho materno, auto-estima, vínculo com o bebê e relacionamento

conjugal. As respostas foram classificadas pela pesquisadora em muito satisfeitas, satisfeita,

indiferente, ruim e péssima.


62

4 RESULTADOS

A Tabela 1 mostra que as participantes apresentavam média de idade de 32 anos; A

escolaridade predominante no ensino superior, equivalendo a 70% das participantes e o estado

civil de 100% casadas, foram coincidentes, não sendo considerados critérios de inclusão no

estudo.

O tempo de convivência com o parceiro era de até três anos de relacionamento para

53% da amostra. As mães trabalhavam fora e desempenhavam funções variadas

predominando as áreas de Enfermagem (30%), Administrativas (16%) e Reabilitação (10%).

Os bebês das primigestas eram em sua maioria do sexo feminino (57%); nascidos em sua

maioria a termo, ou seja, com mais de 37 semanas gestacional (87%), e com peso acima de

3000grs (70%).

Tabela 1. Descrição das características sócio-demográficas da amostra de participantes

Características da amostra N %

Idade

25 a 29 anos 17 57%

30 a 34 anos 9 30%

35 anos ou mais 4 13%

Escolaridade

Ensino Médio Completo 9 30%

Ensino Superior Completo 21 70%

Estado civil

Casadas 30 100%

Tempo de relacionamento com o parceiro

Até 3 anos 16 53,3%

Mais de 3 anos 14 46,3%


63

Tabela 1. Descrição das características sócio-demográficas da amostra de participantes (continuação)

Profissões desempenhadas

Técnica de enfermagem/Enfermeira 9 30%

Serviço administrativo/Administradora 5 16%

Fisioterapeuta/Terapeuta Ocupacional 3 10%

Assistente Social 2 7%

Farmacêutica/Técnica de Farmácia 2 7%

Empresária 2 7%

Médica 2 7%

Professora 2 7%

Supervisora Jurídica 1 3%

Psicóloga 1 3%

Serviços Gerais 1 3%

Sexo do bebê

Masculino 13 43%

Feminino 17 57%

Idade do bebê

Até 3 meses 10 33%

4 meses ou mais 20 67%

Tempo ao nascer

30 a 37 semanas 5 17%

>37 semanas 25 83%

Peso do bebê

Menor que 2500 gr 4 13%

Entre 2500 e 3000gr 5 17%

Maior que 3000 gr 21 70%


64

Os resultados deste trabalho serão apresentados em três seções denominadas de: 1. A

gestação e a maternidade: sentimentos e aspectos protetivos; com descrição dos aspectos

relacionados aos sentimentos e percepções desde a gestação, rede de apoio no período, parto,

assistência perinatal e a experiência presente da maternidade. 2. Presença/Ausência de

depressão pós-parto e stress; com descrição da presença de sintomas sugestivos para

investigação depressão pós-parto e stress, fase e sintomatologia predominante do stress. 3.

Associação entre depressão/stress e variáveis sócio-demográficos: aspectos de saúde, pré

e pós-parto das mães trabalhadoras; nesta última seção, checa-se se há associação ou não

entre a avaliação emocional e 27 variáveis sócio-demográficas selecionadas do Inventário de

dados da gestação, convivência com o bebê: satisfação conjugal e qualidade da rede de apoio.

4.1 A gestação e a maternidade: sentimentos e aspectos protetivos

O período que antecede a maternidade é preparatório para o mesmo. Informações

acerca deste período podem auxiliar o entendimento de aspectos presentes na vivência da

maternidade. As mães participantes do presente estudo responderam a um conjunto de

questões sobre o período gestacional. A Tabela 2 apresenta estes dados. Para 83% das mães a

gravidez foi planejada e, para todas elas o significado foi positivo. As justificativas relatadas

mais frequentes foram: “sempre foi meu sonho” (60%), e “esta gravidez foi uma realização”

(26%). Quanto à saúde durante a gestação, 80% relataram boa saúde física e 67% boa saúde

emocional.
65

Tabela 2. Informações coletadas entre as mães trabalhadoras referentes à evolução da gestação

Aspectos avaliados N %

Gravidez planejada

Sim 25 83%

Não 5 17%

Significado da Gravidez

Positivo 30 100%

Saúde física na gestação

Boa 24 80%

Ruim 06 20%

Saúde emocional na gestação

Boa 20 67%

Ruim 10 33%

Significado da gravidez (37)*

Desejada/sonho 18 60%

Realização pessoal e familiar/presente pelo gerar 8 26%

Cresceu/completou a família 4 13%

Passou a gostar 4 13%

Melhorou a saúde da mãe 2 6,6%

Companhia 1 3,3%

* quantidade de respostas totais das mães 2

Outro conjunto de dados refere-se às ações protetivas que ocorreram durante a

gestação. Na Tabela 3, observa-se que, das participantes, 53% realizaram alguma atividade

em grupo, sendo as mais frequentes, aquelas organizadas no próprio trabalho (37%), ou pelo

convênio (25%). Dentre elas, 69% relataram que foi bom, porque tiravam dúvidas e havia a

troca de experiências. Quanto aos direitos das gestantes, 60% das participantes não receberam

informações sobre eles. Das participantes, 90% relataram terem ficado satisfeitas com a rede

2
Pergunta que permite respostas múltiplas. Esse tipo de notação será utilizado também nas
demais tabelas
66

de apoio disponível no período, e 97% satisfeitas com a sua vida conjugal. Dente elas, 40%

receberam informações sobre a amamentação durante a gestação.

Tabela 3. Descrição dos aspectos protetivos durante a gestação (acesso a informações, participação em grupos,

avaliação da rede de apoio e conjugalidade)

Aspectos avaliados N %

Participou de grupos na gestação

Sim 16 53%

Não 14 47%

Recebeu informações sobre seus direitos durante a gestação

Sim 12 40%

Não 18 60%

Ficou satisfeita com a rede de apoio disponível durante a gestação

Sim 27 90%

Não 3 10%

Ficou satisfeita com a vida conjugal na gestação

Sim 29 97%

Não 1 03%

Recebeu informações sobre amamentação durante a gestação

Sim 12 40%

Não 18 60%

Em relação ao parto, a Tabela 4 indica que 90% maioria das mães se submeteu à

cesárea e dentre elas, 57% realizaram cesárea pré-agendada. Das participantes, 63%

declararam ter sido o tipo de parto desejado, e 94% viram seus bebês logo após o parto.

Dentre elas, 57% visualizaram, sem tocar seus bebês, no centro cirúrgico, 37% apresentaram

contato corporal imediato com seu bebê, e 6% viram seu bebê apenas no quarto.
67

Tabela 4. Relato das participantes sobre o parto e condições em que ocorreu o primeiro contato com o bebê

Aspectos avaliados N %

Tipo de parto realizado

Natural 3 10%

Cesárea pré-agendada 17 57%

Cesárea não agendada 10 33%

O tipo de parto foi o desejado

Sim 19 63%

Não 11 37%

Quando ocorreu o primeiro contato com o bebê

Apenas visualizaram seu bebê no centro cirúrgico 17 57%

Teve contato corporal imediato 11 37%

Só viu no quarto 2 06%

Sobre as condições de aleitamento das mães, a Tabela 5, evidencia que 100% delas

amamentaram seus bebês nas primeiras semanas de vida dele, e 83% relataram que receberam

informações sobre amamentação na maternidade. Entretanto, 64% das mães julgaram que

estas informações foram insuficientes para o aleitamento se manter. Após a saída da

maternidade, 73% das mães recorreram aos serviços especializados em aleitamento, como

Banco de Leite. Os motivos da busca para 36% delas foi decorrente de sensações de

desconforto, tais como: rachadura no seio, dor, mamas ingurgitadas. Ainda entre os motivos

da procura desse serviço especializado em aleitamento, estava a dificuldade em posicionar o

bebê ao amamentar, para 20% da amostra.

Por ocasião da entrevista, 30% das participantes relataram aleitamento materno

exclusivo, 43% realizavam aleitamento parcial, ou seja, complementam a amamentação com

outros alimentos como leite artificial, e 27% das mães ofereciam exclusivamente leite
68

artificial. Quanto aos motivos do não aleitamento no momento, as mães relataram diversos

motivos para o abandono, pouco representativos para citação.

Tabela 5. Relato das participantes sobre o processo do aleitamento: aderência e motivos do abandono

Aspectos avaliados N %

Recebeu informação sobre amamentação na maternidade

Sim 25 83%

Não 5 17%

Entre aquelas que receberam informações, julgam que foram suficientes (25)

Sim 9 36%

Não 16 64%

Amamentou nas primeiras semanas

Sim 30 100%

Não 00

Recorreu ao Banco de leite

Sim 22 73%

Não 08 27%

Motivos que a conduziram ao Banco de leite (28)

Peito rachou/mamas ingurgitadas/dor 11 36%

Dificuldade em posicioná-lo no seio/pega incorreta 6 20%

Armazenamento/doação 4 13%

Baixa produção de leite 3 10%

Local entrou em contato/busca de informação 2 6,6%

Febre 1 3,3%

Não justificou 1 3,3%

Amamentando no momento

Sim, aleitamento exclusivo 9 30%

Sim, complementando com leite artificial 13 43%

Não, somente leite artificial 8 27%


69

Tabela 5. Relato das participantes sobre o processo do aleitamento: aderência e motivos do abandono

(continuação)

Dentre as que não amamentavam no momento, os motivos (11)

Outros motivos (febre da mãe, internação da mãe, bebê se afogou, perda de peso do 7 23%

bebê, chorava de fome, leite secou, bebê se acostumou com a mamadeira)

Fissura no seio 2 6,6%

Orientação pediátrica 2 6,6%

Quanto ao novo papel, o de mãe, a Tabela 6, mostra que, das puérperas, 43% relataram

não se sentirem muito bem, e 20% relataram que se sentiram mal. Desta forma, observa-se

que algum tipo de mal-estar emocional ocorreu após o parto para 63% da amostra.

Todavia, em relação à parentalidade no momento da coleta, a maioria das mães se

avaliou como muito satisfeitas (50%), e satisfeitas (40%), no desempenho de suas funções

maternas, totalizando, portanto, 90% das mães. O mesmo ocorreu na avaliação delas na

interação com o bebê: 93% estavam muito satisfeitas e 7% satisfeitas, correspondendo ao total

de 100% da amostra. Quanto ao questionamento, sobre com quem o bebê permanecia a maior

parte do tempo, 80% das mães responderam que exclusivamente com elas e 17% com os

familiares e apenas 3% deixavam seus filhos em creches e berçários.


70

Tabela 6. Relato sobre parentalidade de acordo com a perspectiva das mães trabalhadoras

Aspectos avaliados N %

Como se sentiu emocionalmente nos primeiros 45 dias após o parto

Bem 11 37%

Não muito bem 13 43%

Ruim 6 20%

Como me avalio nas funções maternas

Muito satisfeita 15 50%

Satisfeita 12 40%

Indiferente 3 10%

Como me sinto em relação ao bebê

Muito satisfeita 28 93%

Satisfeita 2 07%

Com quem fica o bebê a maior parte do tempo

Exclusivamente com a mãe 24 80%

Com familiares 5 17%

Creche/berçário 1 03%

Aspectos como conjugalidade e a satisfação com a mesma, foram também analisadas.

A Tabela 7 apresenta resultados referentes à conjugalidade e satisfação conjugal no período,

revelando que 94% das mães se declararam muito satisfeitas ou satisfeitas no relacionamento

atual com o pai da criança. Dentre elas, 77% percebem preocupação do parceiro com elas e

90% estavam satisfeitas com a comunicação entre o casal. Das mães que relataram

preocupações referentes à conjugalidade, 23% referiram dificuldade em conciliar atenção

entre marido e bebê, e 6% relataram insatisfação com a vida sexual.


71

Tabela 7. Satisfação conjugal e conjugalidade segundo as primíparas investigadas

Aspectos avaliados N %

Como me sinto em relação ao pai da criança

Muito Satisfeita 17 57%

Satisfeita 11 37%

Indiferente 2 06%

Percebe preocupação do parceiro com ela

Sim 23 77%

As vezes 7 23%

Considera a comunicação satisfatória entre o casal

Sim 27 90%

Não 3 10%

Aspectos que preocupam as mães com relação à conjugalidade (12)

Conciliar atenção entre o marido e o bebê 7 23%

Insatisfação com a vida sexual 2 6,6%

Conflitos recentes 1 3,3%

Inveja da liberdade do marido 1 3,3%

Impaciência com o bebê 1 3,3%

Além dos aspectos relacionados à conjugalidade, a relação com o parceiro pode prover

outras ajudas, configurando-se como uma rede de apoio. Tal rede de apoio pode ser

complementada por auxílios vindos de outras fontes, como: família estendida ou de

profissionais configurando-se como ações protetivas que podem ocorrer durante o período. A

Tabela 8 mostra estes aspectos. Entre as participantes, 100% referem ter recebido apoio nos

primeiros 45 dias pós-parto, sendo o marido (93%), e os pais (83%) as principais fontes de

apoio neste período. Na ocasião da coleta os maridos prosseguiam sendo os apoios principais.

Das participantes, 77% informaram que o parceiro colabora nas tarefas de cuidados com o

bebê. Dentre elas, 93% relataram que compartilham sentimentos sobre a maternidade, sendo
72

as principais pessoas escolhidas, as (os) amigos (53%), e a genitora (46%). Quanto à

presença de apoio profissional, 96% designava ao pediatra esta função, já os outros

profissionais investigados (ginecologista, outros profissionais da saúde), foram pouco

assinalados. Das mães que indicaram o pediatra, 80% o apontaram como o profissional

acessível naquele momento. Quanto à frequência de grupos, 87% das mães relataram que não

frequentavam nenhum, no momento. Ainda, 43% das participantes relataram sentir falta de

ajuda, sendo os motivos mais frequentes apresentados: auxílio nos cuidados domésticos

(20%) e auxílio de pessoas mais experientes (13%).

Tabela 8. Aspectos protetivos na maternidade de acordo com as participantes (rede de apoio em geral,

participação dos profissionais de saúde e percepção de cuidados da rede disponível)

Aspectos analisados N %

Sentiu-se apoiada nos primeiros 45 dias pós-parto

Sim 30 100%

Por quem se sentiu apoiada nos primeiros 45 dias ( 90)

Marido/companheiro 28 93%

Pais 25 83%

Outros familiares 22 73%

Outras mães/Amigas 12 40%

Doula 2 6,6%

Profissional de Saúde 1 3,3%

Por quem se sentiu apoiada no momento ( 68)

Marido/companheiro 29 96%

Pais 20 66%

Outros familiares 12 40%

Outras mães/Amigas 4 13%

Babá/Creche 2 6,6%

Profissional de Saúde 1 3,3%


73

Tabela 8. Aspectos protetivos na maternidade de acordo com as participantes (rede de apoio em geral,

participação dos profissionais de saúde e percepção de cuidados da rede disponível) (continuação)

Parceiro colabora nas tarefas com o bebê

Sim 23 77%

Não 7 23%

Partilha sentimentos com alguém

Sim 28 93%

Não 2 7%

Com quem partilha sentimentos (55)

Amigos (as) 16 53%

Genitora 14 46%

Familiares 13 43%

Marido 10 33%

Grupo Facebook/Vizinha 2 6,6%

Profissionais que presta apoio no momento (39)

Pediatra 29 96%

Ginecologista/Obstetra 5 16%

Outros Clínicos/psicólogos 3 10%

Outras agências sociais 2 6,6%

Percebe disponibilidade dos profissionais nos cuidados parentais

Sim 24 80%

Não 6 20%

Frequenta grupos de apoio

Sim 4 13%

Não 26 87%

Sente falta de mais ajuda

Sim 13 43%

Não 17 57%
74

Tabela 8. Aspectos protetivos na maternidade de acordo com as participantes (rede de apoio em geral,

participação dos profissionais de saúde e percepção de cuidados da rede disponível) (continuação)

Tipos de ajuda na qual sente falta (14)

Pedir ajuda/ contratação de funcionária/ajuda doméstica 6 20%

Ajuda de irmã e mãe mais experiente 4 13%

Orientação /interação com outras mães 2 6,6%

Apoio do trabalho 1 3,3%

Ajuda do marido 1 3,3%

Uma questão relacionada à auto estima foi apresentada e, das participantes, 70% das

respostas foram classificadas em satisfeitas ou muito satisfeitas. O restante (30%) das mães

apresentou resposta categorizada como “indiferente”, conforme descrito no item 3.4.2

Procedimento análise de dados.

A volta ao trabalho é uma questão importante nesta fase. A Tabela 9, mostra aspectos

das percepções das mães sobre a fase gestacional no ambiente de trabalho, e com relação à

retomada de suas funções profissionais pós-licença gestante. 70% das mães relataram receber

algum tipo de apoio durante o período gestacional; 57% acreditavam estar suficientemente

informadas sobre seus direitos mediante o retorno da licença maternidade. Para 90% delas, a

intenção de retornar ao trabalho estava presente, sendo que 53% julgavam-se informadas

sobre seus direitos. Para 83%, o retorno ao trabalho era motivo de preocupação, alegando

como motivos principais “deixar o bebê” (47%), e “adaptação do bebê com cuidadores

substitutos” (37%). Entre as que apresentaram justificativas de despreocupação com o retorno

ao trabalho, estavam: “julgo ter uma boa rede de apoio” (60%), ou “não pretendo retornar”

(20%). Das participantes, 57% ainda apresentavam expectativa de apoio à maternidade,

mediante o retorno da licença maternidade.


75

Tabela 9. Aspectos relacionados ao trabalho, de acordo com as mães trabalhadoras desde a gestação, expectativa

de retorno ocupacional e presença de preocupações.

Aspectos analisados N %

Recebeu apoio do trabalho na gestação

Sim 21 70%

Não 9 30%

Julga-se informada dos seus direitos no retorno da licença maternidade

Sim 17 57%

Não 13 43%

Pretende retornar ao trabalho

Sim 27 90%

Não 3 10%

Preocupa-se com o retorno ao trabalho

Sim 25 83%

Não 5 17%

Motivos de preocupação entre as que responderam afirmativamente (n=25)

Deixar o bebê/perda do vínculo 14 47%

Adaptação com os cuidadores substitutos (babá/familiar/creche) 11 37%

Ficar dividida entre o bebê e o trabalho 2 7%

Vida financeira 1 3%

Peso do bebê 1 3%

Horário das mamadas 1 3%

Motivos entre as mães que referiram despreocupação com o retorno ao trabalho (n=5)

Julgam ter uma boa rede de apoio 3 60%

Não retornará 1 20%

Sente falta do trabalho 1 20%

Apresenta expectativa de apoio à maternidade no retorno ao trabalho

Sim 17 57%

Não 13 43%
76

4.2 Presença/Ausência de depressão pós-parto e stress

A saúde mental materna foi avaliada em termos de presença/ausência de depressão

pós- parto e de stress. Para avaliar a depressão pós-parto, foi aplicada a EPDS. Os resultados

obtidos e descritos na Tabela 10, mostraram que, das participantes, 13% apresentaram sinais

clínicos investigativos para depressão pós-parto. Esclarecemos que entre essas quatro mães,

duas delas apresentaram pontuação limítrofe para a depressão e as outras duas primíparas

investigadas, mostraram pontuação acima do limítrofe de acordo com o instrumento.

Quanto ao stress, avaliado com o ISSL, a mesma tabela mostra que 43,3% das mães

mostravam sintomas de stress. Dentre elas, 85% estavam na fase de Resistência, e com

predomínio de sintomas psicológicos para 85% das mães. Observa-se que 15%, ou seja, duas

das primíparas investigadas, estavam numa fase considerada negativa do stress, ambas com

queixas psicológicas, como: hipersensibilidade, pensar num único assunto, diminuição da

libido, dúvida quanto a si própria, cansaço excessivo, etc.

Entre as quatro participantes que confirmaram sintomatologia investigativa para

depressão pós-parto, todas confirmaram também presença de stress de acordo com o ISSL.

Dessas mães, todas apresentavam stress na fase da resistência, sendo duas com predomínio de

sintomas físicos e as outras duas com sintomatologia predominantemente psicológica.


77

Tabela 10. Dados referentes à depressão pós-parto (DPP) segundo EPDS; stress, fases e predominância de

sintomas de acordo com o ISSL

Aspectos analisados N %

Presença de depressão segundo EPDS

Sim 4 13%

Não 26 87%

Presença de stress segundo ISSL

Sim 13 43,3%

Não 17 56,7%

Fase do stress (n=13)

Alerta 0 0

Resistência 11 85%

Quase-exaustão 2 15%

Exaustão 0 0

Predominância de sintomas de stress (n=13)

Psicológicos 11 85%

Físico 2 15%

4.3 Associação entre depressão/stress e variáveis sócio-demográficas das mães

Aqui serão associados os resultados de depressão e stress, com 27 variáveis sócio-

demográficas e de saúde da mãe, no pré e após o parto, selecionadas do Inventário de Dados

da Gestação, Convivência com o Bebê: satisfação conjugal e qualidade da rede de apoio. O

critério de seleção entre as 43 questões do inventário incluiu as principais informações sócio-

demográficas da mãe, do bebê, acesso à rede de apoio, participação em grupos de apoio às

gestantes e mães, satisfação conjugal e participação do trabalho no período gravídico-

puerperal, contidas no instrumento. A forma de realização das associações estão descritas no

ítem 3.4.2: Procedimento de análise dos dados.


78

4.3.1 Associação entre depressão e variáveis sócio-demográficas, aspectos de saúde pré

e pós parto das mães trabalhadoras

Aqui serão descritas as associações encontradas, envolvendo depressão pós-parto (com

e sem depressão), e as 27 variáveis principais levantadas. A Tabela 11 informará através do

teste Fisher, quando houve associação ou não.

Tabela 11. Associação entre variáveis sócio-demográficas, aspectos de saúde pré e pós-parto e depressão

utilizando o teste Fisher

Variável Depressão P

Sem Com

Escolaridade Ensino médio 7 (77,8%) 2 (22,2%) 0,563

Ensino superior 19 (90,5%) 2 (9,5%)

Sexo do bebê Masculino 12 (92,3%) 1 (7,7%) 0, 613

Feminino 14 (82,4%) 3 (17,6%)

Peso do bebê Baixo peso 05(100%) 0 1,000

Peso normal 21 (84,0%) 4 (16,0%)

Saúde Física na gestação Boa 22 (91,7%) 2 (8,3%) 0,153

Alterada 4 (66,6%) 2 (33,4%)

Saúde emocional na gestação Boa 20 (100%) 0 0,008

Alterada 6 (60%) 4 (40%)

Participação em grupos na gestação Sim 14 (87,5%) 2 (12,5%) 1,000

Não 12 (85,7%) 2 (14,3%)

Gravidez planejada Sim 22 (88,0%) 3 (12,0%) 0,538

Não 4 (80,0%) 1 (40,0%)

Informação de direitos na gestação Sim 12 (92,3%) 1 (7,7%) 0,613

Não 14 (82,4%) 3 (17,6%)

Informação aleitamento na gestação Sim 10 (83,3%) 2 (16,7%) 1,000

Não 16 (88,9%) 2 (11,1%)


79

Tabela 11. Associação entre variáveis sócio-demográficas, aspectos de saúde pré e pós-parto e depressão
utilizando o teste Fisher (continuação)
Satisfação conjugal na gestação Boa 26 (89,7%) 3 (10,3%) 0,133

Ruim 0 1 (100%)

Presença de rede de apoio na Boa 24 (88.9%) 3 (11.1%) 0,360

gestação Ruim 2 (66,7%) 1 (33,3%)

Tipo de parto Natural 2 (66,7%) 1 (33,3%) 0,360

Cesárea 24 (88,9%) 3 (11.1%)

Parto desejado Sim 17 (89,5%) 2 (10,5%) 0,611

Não 9 (81,8%) 2 (18,2%)

Primeiro contato com o bebê Contato imediato 8 (80,0%) 2 (20,0%) 0,584

Não teve contato 18 (90,0%) 2 (10,0%)

imediato

Informação aleitamento na Sim 21 (84,0%) 4(16,0%) 1,000

maternidade Não 5 (100,0%) 0

Sentimentos primeiros 45 dias Bem 10 (90,0%) 1 (9,1%) 1,000

Não muito bem 16 (84,2%) 3 (15,8%)

Recorreu ao banco de leite Sim 19 (86,4%) 3 (13,6%) 1,000

Não 7 (87,5%) 1 (12,5%)

Amamentando no momento Sim,exclusivamente 20 (90.0%) 2 (9,1%) 0,284

ou parcialmente 6 (75,0%) 2 (25,0%)

Não

Partilha sentimentos Sim 25 (89,3%) 3 (10,7%) 0,253

Não 1 (50,0%) 1 (50,0%)

Participação em grupos após o parto Sim 4 (100,0%) 0 1,000

Não 22 (84,6%) 4(15,4%)

Sente falta de ajuda Sim 9 (69,2%) 4 (30,8%) 0,026

Não 17 (100,0%) 0

Percepção/ cuidado conjugal Sim 21 (91,3%) 2 (8,7%) 0,225

Às vezes 5 (71,4%) 2 (28,6%)


80

Tabela 11. Associação entre variáveis sócio-demográficas, aspectos de saúde pré e pós-parto e depressão
utilizando o teste Fisher (continuação)
Satisfação comunicação conjugal Sim 24 (88,9%) 3 (11,1%) 0,360

Às vezes 2 (66,7%) 1 (33,3%)

Colaboração parceiro Sim 20 (87,0%) 3 (13,0%) 1,000

Às vezes 6 (85,7%) 1 (14,3%)

Apoio do trabalho na gestação Sim 18 (85,7%) 3 (14,3%) 1,000

Não 8 (88,9%) 1 (11,1%)

Pretensão/ retorno ao trabalho Sim 26 (96,3%) 1 (3,7%) 0,001

Não 0 3 (100,0%)

Preocupação/retorno ao trabalho Sim 22 (88,8%) 3 (12,0%) 0,538

Não 4 (80,0%) 1 (20,0%)

Obs. - Conforme legendado para as associações entre as variáveis sócio-demográficas e de saúde pré e pós-

gestacional das trabalhadoras e depressão, utilizou-se o qui-quadrado (x2) quando no teste aparece 0 cells

(0,0%). O teste Fisher não tem valor como o qui-quadrado (x2) sendo considerado apenas como probabilidade

estatística e utilizado se houver mais do que 25% das células com frequência esperada menor do que 5.

Conforme a Tabela 11 nota-se que o teste adotado em todas as associações foi o teste

Fisher, que apresenta somente probabilidades, e não valores como no qui-quadrado. Os

resultados foram distribuídos na classificação sem depressão e com depressão.

Apesar de não fazer parte dos critérios de inclusão das participantes no estudo, houve

predominância da escolaridade no ensino superior, entre as mães trabalhadoras investigadas.

Aplicando o teste não houve associação entre escolaridade materna e presença de depressão,

sendo o resultado expresso pelo teste p= 0,563. Houve predominância de bebês do sexo

feminino, entre as participantes. Segundo o teste, não houve associação entre sexo do bebê e

presença de depressão, sendo p=0,613. A maioria das mães tiveram bebês com peso normal,

apenas cinco das 30 primíparas investigadas pariram bebês considerados com baixo peso.
81

Entretanto, durante a entrevista, estas últimas não referiram nenhuma preocupação especial

sobre saúde, com os filhos, quando comparadas às mães com bebês de peso normal.

Aplicando o teste, não houve associação entre peso do bebê e presença de depressão sendo

p=1,000.

Segundo a mesma tabela, nota-se predominância de boa saúde física durante a gestação entre

24 das 30 participantes investigadas. Aplicando o teste Fisher não houve associação entre

saúde física da mãe na gestação e presença de depressão, sendo que o cruzamento mostrou

p=0,153. Quanto à descrição da saúde emocional durante a gestação entre as participantes,

verifica-se predominância de boa saúde emocional no período. Aplicando o teste, houve

associação entre saúde emocional da mãe na gestação e presença de depressão, sendo o

p=0,008. Este resultado é explicado, pois 4 das 10 mães que refiram saúde emocional

alterada durante a gestação, apresentarem indicação de sintomas de depressão, segundo o

EPDS.

Pouco mais da metade da amostra das mães trabalhadoras, referiram participação em

algum tipo de grupo informativo sobre o período gestacional durante a fase do pré-natal.

Sendo que os locais de participação em grupo eram organizados pelo próprio ambiente de

trabalho, ou através de convênio (ver descrição da tabela 3). Aplicando o teste Fisher, não

houve associação entre participação das mães em grupos na gestação e presença de depressão,

sendo o p=1,000. Assim, segundo este resultado, ter participado de algum tipo de grupo, seja

de apoio ou informativo durante a gestação, não vulnerabilizou ou protegeu as mães

investigadas, da DPP.

Conforme a Tabela 11 nota-se predominância do planejamento da gestação entre as

mães trabalhadoras investigadas. Aplicando o mesmo teste, não houve associação entre

planejamento da gestação e presença de depressão, sendo o p=0,538. Portanto, de acordo com


82

a amostra investigada, não planejar a gravidez não representou um fator de vulnerabilidade,

para sintomas investigativos de depressão pós-parto.

De acordo com a mesma tabela, nota-se a predominância da ausência de informações

sobre direitos da maternidade e a respeito do aleitamento, durante a gestação. Entre as 30

mães investigadas, 17 delas não tiveram acesso às informações sobre direitos da gestante e 18

descrevem ausência de acesso às informações de aleitamento, durante o período gestacional.

Aplicando o teste, não houve associação entre ambas as variáveis e depressão. A associação

entre acesso aos direitos da gestante revelou p= 0,613 e a associação entre acesso às

informações, aleitamento na gestação e depressão revelou p= 1,000.

Predominou entre as mães, o relato de existência de satisfação conjugal durante a fase

gestacional. Para 29 delas, a satisfação conjugal no período esteve preservada. O teste

também não confirmou associação entre satisfação conjugal na gestação e presença de

depressão, sendo p= 0,133. Nota-se que este resultado positivo sobre a conjugalidade se

manteve no pós-parto, quando 23 das mães investigadas afirmaram haver percepção de

cuidados do seu companheiro. Portanto, não houve a confirmação da associação entre cuidado

conjugal e presença de depressão, sendo o p =0,225 segundo o teste Fisher. Nota-se ainda

que, entre 27 delas consideram haver uma comunicação satisfatória entre o casal. Aplicando o

teste também não se encontrou associação entre comunicação conjugal e presença de

depressão, sendo o p= 0,360 de acordo com o mesmo teste. Os resultados finalizam esse tema

evidenciando que no pós-parto para 23 participantes seus parceiros se mostram colaborativos

nos cuidados domésticos e com o bebê. O teste não confirmou associação entre colaboração

marido e presença de depressão, sendo p=1,000.

Quanto à variável rede de apoio verifica-se predomínio de presença e satisfação com a

rede de apoio durante a gestação segundo 27 das mães investigadas. Aplicando o teste, não

houve associação entre rede de apoio na gestação e presença de depressão, sendo p=0,360.
83

De acordo com a Tabela 11 nota-se predominância de tipo de parto cesárea entre 27 do

total de mães investigadas. Aplicando o teste, não houve associação entre o tipo de parto e

presença de depressão, sendo o p =0,360. As mães consideraram o tipo de parto ocorrido

como desejado, entretanto, 11 delas consideraram o tipo de parto não desejado. Também não

se confirmou associação entre tipo de parto desejado e presença de depressão, sendo o

p=0,611 segundo o teste Fisher.

Nota-se predominância de não contato imediato com o bebê entre 20 das 30 mães.

Assim, apenas para 10 delas o contato imediato com seus bebês no centro cirúrgico foi

possível. Aplicando o teste, não houve associação entre primeiro contato com o bebê e

presença de depressão, sendo p=0,584.

Sobre a variável aleitamento verificou-se que na maternidade 25 das mães julgaram ter

recebido informações sobre aleitamento, parecendo ser disponibilizado no local profissionais

treinados para auxiliarem as lactantes. Não houve associação entre informação aleitamento na

maternidade e presença de depressão, sendo o p=1,000. A maior parte das mães sentiu a

necessidade de recorrer ao banco de leite, o que representou 22 das 30 mães. Também não se

confirmou associação entre recorrer ao banco de leite e presença de depressão, sendo o

p=1,000 de acordo com o teste aplicado.

Durante o momento de coleta de dados, 22 das mães trabalhadoras relataram estar

amamentando exclusiva ou parcialmente. Aplicando o teste Fisher, não houve associação

entre amamentar no momento e depressão, sendo o p=0,284.

As participantes do estudo referiram presença de sentimentos de mal-estar nos 45 dias

após. Assim, 19 delas consideraram não se sentirem muito bem naquele momento. Segundo o

teste Fisher, não houve associação entre sentimentos 45 dias após o parto e presença de

depressão, sendo o p=1,000. Para 28 das mães, julgam partilhar seus sentimentos com os

outros, sendo as pessoas eleitas por elas para a escuta, descritas na Tabela 8. Aplicando o
84

mesmo teste, não houve associação entre partilhar sentimentos e manifestação de depressão,

sendo o p=0,253.

Conforme a tabela 11, nota-se que a maior parte das mães, ou seja, 26 delas, não

frequentavam grupo no momento. Aplicando o teste Fisher, não houve associação entre

frequentar grupo e prevalência de depressão, sendo o p=1,000. Entretanto, a não frequência

aos grupos, não se confirmou como ausência de necessidade de ajuda. Isto pode ser inferido

pela associação verificada entre sentir falta de ajuda e manifestação de depressão, sendo

apresentado pelo teste p=0,026. No caso das mães da amostra, 13 delas relataram sentir falta

de algum tipo ajuda (sendo as formas de ajuda necessitadas descritas na Tabela 8). Este

resultado pode ser explicado por 4, das 13 mães que refiram sentir falta de ajuda,

apresentarem indicação de sintomas investigativos de , segundo o EPDS.

Finalizando a descrição da Tabela 11, nota-se que para 21 das mães, o ambiente de

trabalho ofereceu apoio durante a gestação, não se confirmando associação entre a variável,

apoio do trabalho na gestação, e presença de depressão, sendo p=1,000 segundo o teste

aplicado. Ainda, de acordo com os resultados, nota-se que entre 27 das mães trabalhadoras,

havia a pretensão de retornar ao trabalho. Aplicando o teste Fisher, houve associação entre

retornar ao trabalho e presença de depressão, sendo o p=0,001. Esta associação é notada

pelo fato das três mães que afirmaram não pretender retornar ao trabalho, apresentarem

indicação pelo EPDS de sintomas depressivos. Para 25 das mães investigadas, havia a

preocupação com o retorno ao trabalho, descrevendo em geral a preocupação de “romper o

vínculo”, e de deixar a criança com cuidadores substitutos (descritos na Tabela 9). Aplicando

o teste, não se confirmou a associação entre a preocupação retorno ao trabalho e manifestação

da depressão pós-parto, sendo p=0,538.


85

4.3.2 Associação entre stress e variáveis sócio-demográficas e de saúde pré e pós-

gestacional das mães trabalhadoras

Aqui serão descritas as associações encontradas envolvendo stress (com e sem stress)

e as mesma 27 variáveis principais citadas anteriormente. A Tabela 12 informa através do

teste qui-quadrado (x2) ou Fisher quando houve ou não associação.

Tabela 12. Associação entre variáveis sócio-demográficas e de saúde pré e pós-gestacional e stress utilizando o

teste qui-quadrado (x2 ) ou Fisher.

Variável Stress a*/b**

Com Sem

Escolaridade Materna Ensino médio 5 (55,6%) 4 (44,6%) **0,443

Ensino superior 8 (38,1%) 13 (61,9%)

Sexo do bebê Masculino 4 (30,8%( 9 (69,2%) * 0,225

Feminino 9 (52,9%) 8 (47,1%)

Peso do bebê Baixo peso 2 (40,0%) 3 (60,0%) ** 1,000

Peso normal 11 (44,0%) 14 (56,0%)

Saúde Física na gestação Boa 9 (37,5%) 15 (62,5%) ** 0,360

Alterada 4 (66,7%) 2 (33,3%)

Saúde emocional na gestação Boa 5 (25,0%) 15 (75,0%) ** 0,007

Alterada 8 (80,0%) 2 (20,0%)

Participação em grupos na gestação Sim 7 (43,8%) 9 (56,2%) *0,961

Não 6 (42,9%) 8 (57,1%)

Gravidez planejada Sim 9 (36,0%) 16 (64,0%) **0,138

Não 4 (80,0%) 1 (20,0%)

Informação de direitos na gestação Sim 6 (45,2%) 7 (53,8%) *0,785

Não 7 (41,2%) 10 (58,8%)

Informação aleitamento na gestação Sim 6 (50,0%) 6 (50,0%) *0,547

Não 7 (38,9%) 11 (61,1%)

Satisfação conjugal na gestação Boa 12 (41,4%) 17 (58,6%) **0,433

Ruim 01 (100%) 0
86

Tabela 12. Associação entre variáveis sócio-demográficas e de saúde pré e pós-gestacional e stress utilizando o
teste qui-quadrado (x2 ) ou Fisher. (continuação)
Presença de rede de apoio na gestação Boa 11 (40,7%) 16 (59,3%) **0,565

Ruim 2 (66,7%) 1 (33,3%)

Tipo de parto Natural 1 (33,3%) 2 (66,7%) **1,000

Cesárea 12 (44,4%) 15 (55,6%)

Parto desejado Sim 8 (42,1%) 11 (57,9%) **1,000

Não 5 (45,5%) 6 (54,5%)

Primeiro contato com o bebê Contato imediato 6 (60,0%) 4 (40,0%) **0,255

Não teve contato imediato 7 (35,0%) 13 (65,0%)

Informação aleitamento na maternidade Sim 12 (48,0%) 13 (52,0%) **0,355

Não 1 (20,0%) 4 (80,0%)

Sentimentos primeiros 45 dias Bem 3 (27,3%) 8 (72,7%) **0,259

Não muito bem 10 (52,6%) 9 (47,4%)

Recorreu ao banco de leite Sim 10 (45,5%) 12 (54,5%) **1,000

Não 3 (37,5%) 5 (62,5%)

Amamentando no momento Sim,exclusivamente ou 8 (36,4%) 14 (63,6%) **0,242

parcialmente

Não 5 (62,5%) 3 (37,5%)

Partilha sentimentos Sim 11 (39,3%) 17 (60,7%) **0,179

Não 2 (100%) 0

Participação em grupos após o parto Sim 2 (50,0%) 2 (50,0%) **1,000

Não 11 (42,3%) 15 (57,7%)

Sente falta de ajuda Sim 9 (69,2%) 4 (30,8%) *0,012

Não 4 (23,5%) 13 (76,5%)

Percepção/ cuidado conjugal Sim 9 (39,1%) 14 (60,9%) **0,666

Às vezes 4 (57,1%) 3 (42,9%)

Satisfação comunicação conjugal Sim 11 (40,7%) 16 (59,3%) **0,565

Às vezes 2 (66,7%) 1 (33,3%)

Colaboração parceiro Sim 7 (30,4%) 16 (69,6%) **0,025

Às vezes 6 (85,7%) 1 (14,3%)


87

Tabela 12. Associação entre variáveis sócio-demográficas e de saúde pré e pós-gestacional e stress utilizando o
teste qui-quadrado (x2 ) ou Fisher. (continuação)
Apoio do trabalho na gestação Sim 8 (38,1%) 13 (61,9%) **0,443

Não 5 (55,6%) 4 (44,4%)

Pretensão/ retorno ao trabalho Sim 10 (37,01%) 17 (63,0%) **0,070

Não 3 (100%) 0

Preocupação/ retorno ao trabalho Sim 11 (44,0%) 14 (56,0%) **1,000

Não 2 (40,0%) 3 (60,0%)

a *) P adotado teste qui-quadrado (x2)

b**) P adotado teste Fisher

*Conforme legendado para as associações entre as variáveis sócio-demográficas e de saúde pré e pós-gestacional

das trabalhadoras e depressão, utilizou-se o qui-quadrado (x2 ) quando no teste aparece 0 cells (0,0%). O teste

Fisher não tem valor como o qui-quadrado (x2) sendo considerado apenas como probabilidade estatística e

utilizado se houver mais do que 25% das células com frequência esperada menor do que 5.

Na Tabela 12, repetiram os mesmos resultados totais das variáveis sócio-demográficas

e de saúde das mães investigadas; no entanto, as distribuições dos resultados serão de acordo

com a classificação com e sem stress. Das mães, a predominância da escolaridade no ensino

superior se manteve; tal resultado pode ser inferido pela maioria do público investigado:

profissionais da saúde. Os resultados variaram entre teste qui-quadrado (x2) e Fisher, também

com dominância deste último teste. Não se verificou associação entre escolaridade materna e

presença de stress, sendo p= 0,443 segundo o teste Fisher. Portanto, a variável sexo do bebê,

mostrou predominância de bebês do sexo feminino com qui-quadrado (x2 = 1.475; (gl) 1, p =

0,225), não sendo encontrada nenhuma associação com stress.A variável peso do bebê,

apresentou predomínio de bebês com peso normal, ou seja, igual ou acima de 2,500 kg. De

acordo com teste Fisher p = 1,000 não houve associação entre peso do bebê e presença de

stress materno.
88

Conforme a tabela anterior, nota-se a predominância de boa saúde física, na gestação.

Aplicando o teste Fisher não houve associação entre saúde física, durante a gestação e stress,

sendo p = 0,360. Verificou-se a predominância de boa saúde emocional, durante a gestação.

Aplicando o teste Fisher houve associação entre saúde emocional e stress no pós-parto,

sendo p = 0,007. Observa-se que, das 10 mães que referiram saúde emocional alterada durante

a gestação, 8 delas apresentarem resultado indicativo de stress de acordo com o inventário

LIPP.

A participação das mães trabalhadoras em grupos informativos ocorreu mais

intensamente durante a fase gestacional em relação ao puerpério; sendo 16 mães que

participaram de encontros dessa natureza no pré-parto e 4 mães no pós-parto. Aplicando o

teste qui-quadrado, não houve associação entre participação em grupos durante a gestação e

manifestação de stress materno, sendo de acordo com teste (x2 = 0,002; (gl) 1, p = 0,961). A

frequência em grupos no pós-parto e presença de stress, baseado no teste Fisher, não

apresentou associação, sendo p=1,000.

De acordo com os resultados, manteve-se a proporção de respostas de planejamento

da gestação. Entre as mães que planejaram, 9 apresentaram sintomas de stress. Segundo o

teste Fisher, não houve associação entre planejamento da gestação e presença de stress, sendo

o p = 0,138.

Conforme dados da Tabela 12, nota-se a predominância do não acesso à informação

sobre direitos e aleitamento, entre as mães trabalhadoras durante a gestação. Aplicando o teste

qui-quadrado, não houve associação entre informação de direitos na gestação e stress, de

acordo com teste (x2 = 0,074; (gl) 1, p = 0,785). Em relação à associação entre a variável

acesso à informação de aleitamento durante a gestação e stress, também não se confirmou tal

correlação, sendo de acordo com o teste qui-quadrado (x2 = 0,362; (gl) 1, p = 0,547).
89

A satisfação conjugal na gestação manteve-se entre as mães da amostra. Aplicando o

teste Fisher, não houve associação entre satisfação conjugal durante a gestação e stress, sendo

p = 0,433). O mesmo aconteceu em relação à avaliação da rede de apoio durante a fase

gestacional, entre 27 das mães trabalhadoras. Aplicando o teste Fisher, não houve associação

entre satisfação rede de apoio durante a gestação e presença de stress, sendo p=0,565. No

entanto, apesar das mães se descreverem satisfeitas com o apoio recebido no período, 11

desse total apresentaram sintomas investigativos de stress no puerpério.

Conforme a Tabela 12, nota-se a predominância de parto tipo cesárea. Aplicando o

teste Fisher, não houve associação entre o tipo de parto e presença stress, sendo p=1,000. De

acordo com a mesma tabela, nota-se a predominância do tipo de parto desejado, de acordo

com o relato das participantes. Aplicando o teste Fisher, não houve associação entre tipo de

parto desejado e presença de stress, sendo p=1,000.

Quanto ao questionamento sobre presença de contato imediato das mães da amostra

com seu bebê, nota-se que foram mantidos os mesmos resultados totais, da associação desta

mesma variável com depressão; ou seja, 20 das mães não apresentaram contato com seu filho

no perinatal. Aplicando o teste Fisher, não houve associação entre contato imediato com o

bebê e presença de stress, sendo p=0,255. Entretanto, deve-se considerar o dado que mostra

que das 20 mães que confirmaram não contato imediato com seu bebê na sala de parto, sete

delas manifestavam sintomas investigativos de stress, de acordo com inventário de Lipp.

Manteve-se entre as participantes, a informação de acesso à informação sobre

aleitamento na maternidade. De acordo com avaliação de Fisher, não houve associação entre

informação aleitamento na maternidade e presença de stress, sendo p=0,355.

Segundo a Tabela 12, nota-se a predominância do sentimento de mal-estar emocional

nos primeiros 45 dias após o parto, entre as mães trabalhadoras investigadas. Aplicando o

teste Fisher, não houve associação entre sentimento 45 dias após o parto e presença de stress,
90

sendo p =0,259. No entanto, deve-se considerar o dado de que, do total de 13 que

apresentaram sintomas de stress, 10 das mães referiram sentimentos de mal-estar emocional

durante o puerpério.

Conforme resultado mostrado na tabela acima, nota-se a predominância de mães que

recorreram ao serviço do banco de leite. De acordo com o teste Fisher, não houve associação

entre recorrer ao banco de leite e presença de stress, sendo p=1,000. Quanto ao

questionamento sobre amamentação, 22 das mães afirmaram que o aleitamento era parcial ou

exclusivo, no momento. Aplicando o teste Fisher, também não houve associação entre

amamentação no período e manifestação de stress, sendo o p = 0,242.

Nota-se a predominância de mães que partilham sentimentos com as pessoas em seu

entorno. Aplicando o teste Fisher, não houve associação entre partilhar sentimentos e

presença de stress, sendo p=0,179. Agregando-se a esse dado, verifica-se a predominância de

mães que não julgam sentir falta de ajuda, no momento. Entretanto, aplicando o teste qui-

quadrado, houve associação entre sentir falta de ajuda e presença de stress, de acordo

com o teste (x2 =6,266;gl1,p=0,012). Esse resultado é explicado pelo fato de 9, do total de 13

mães que refiram sentir falta de ajuda, apresentarem sintomas indicativos de stress de acordo

com o inventário ISSL.

Segundo resultado apresentado na mesma tabela, nota-se a predominância de

percepção de cuidado conjugal entre as mães. Aplicando o teste Fisher, não houve associação

entre cuidado conjugal e presença de stress, sendo p=0,666. Ainda, verifica-se satisfação das

mães com a comunicação conjugal. De acordo com o teste Fisher, não houve associação entre

satisfação com a comunicação conjugal e presença de stress, sendo p=0,565. Referente

também ao tema conjugalidade, os resultados mostram predominância da percepção da

colaboração do parceiro nas tarefas. Segundo o teste Fisher, houve associação entre

colaboração do parceiro nas tarefas e presença de stress, sendo p =0,025. Este resultado é
91

verificado, porque 6, das 7 participantes que mencionarem receber ajuda do companheiro

somente às vezes nas tarefas de cuidados com o bebê, apresentaram sintomas indicativos de

stress de acordo com o inventário aplicado.

Finalizando a apresentação dos resultados da Tabela 12, verificou-se a predominância

da percepção de apoio do trabalho durante a gestação, entre as mães trabalhadoras. Aplicando

o teste Fisher, não houve associação entre apoio do trabalho durante a gestação e presença de

stress, sendo p= 0,443. Ainda referente ao tema trabalho, nota-se a predominância da

pretensão em retornar ao trabalho, entre as mães. Aplicando o teste Fisher, não houve

associação entre retorno ao trabalho e manifestação de stress, com p=0,070. Entretanto, os

resultados evidenciam predominância de preocupação com o retorno ao trabalho, entre as

mães. Segundo o mesmo teste, não houve associação entre a preocupação do retorno ao

trabalho e presença de stress p=1,000.


92

5 DISCUSSÃO

O estudo investigou sintomas de depressão pós-parto e stress entre trabalhadoras

primigestas, com bebês entre dois e seis meses de idade. Além de conhecer os dados sócio-

demográficos das mães, o estudo procurou descrever suas experiências com a maternidade,

apoio disponível, convivência conjugal e variáveis, denominadas de saúde pré e pós-parto.

Após esse levantamento de informações, realizou-se uma associação entre as principais

variáveis investigadas e os dados de saúde emocional materna (depressão pós-parto e stress).

Os dados serão discutidos de acordo com as três seções do estudo, da seguinte

maneira:

(a) Na primeira seção investigou-se o período gestacional, perinatal e puerperal das

mães trabalhadoras. Ressalta-se que os critérios principais de inclusão envolviam a

primiparidade, bebês entre dois e seis meses e a mãe trabalhar fora. Apesar disso, coincidiu-se

o perfil sócio-demográfico envolvendo a escolaridade superior completa e o estado civil, de

casada. As mães trabalhadoras se ocupavam de funções variadas, com predomínio na área da

saúde e serviços administrativos.

Entre as mães investigadas, houve presença de apoio pelo ambiente de trabalho

durante a fase gestacional, característica que se manteve durante todo ciclo gravídico-

puerperal. Talvez este resultado possa ser explicado pela maternidade conciliar com a

condição de empregabilidade considerada por Chen (2001) fator de proteção para a saúde das

mães ao promover afirmação social e aliviar o stress parental através do favorecimento na

interação social.

Houve predomínio do parto cesáreo entre as mães trabalhadoras investigadas,

contrariando o recomendável de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), que

preconiza de 5 à 15%, a taxa de cesárea tolerável. De acordo com WHO (2010) quando este

tipo de parto não tem indicação médica, os efeitos adversos são mais frequentes, aumentando
93

os riscos de morte da mãe, da necessidade de transfusão de sangue, histerectomia na mulher,

admissão do bebê para cuidados intensivos e morte fetal. Esse mesmo estudo aponta que

mulheres casadas, com mais de 12 anos de educação formal, e no primeiro nascimento,

apresentam a maior frequência de realização do parto cesáreo, corroborando o perfil sócio-

demográfico das mães investigadas neste estudo. A ANS, 2013; MINISTÉRIO DA SAÚDE,

2011; MINISTÉRIO DA SÁUDE, 2009b, o número aumentado de cesáreas explica-se por

fatores associados à organização da atenção obstétrica (conveniência e segurança do médico)

e causas associadas à mulher (medo da dor e crenças como o parto cesáreo ser melhor para o

bebê). A maior parte das mães afirmou que o parto realizado foi o desejado, entretanto,

discutimos os limites de suas escolhas considerando a pressão do sistema de saúde em manter

o discurso sobre a ausência de riscos desse tipo de parto para mãe e o bebê. Sabe-se que ainda

é frequente a indicação pelos médicos obstetras de parto tipo cesariana mesmo entre mães

sem indicação para esse tipo de parto, mantendo elevados os índices desse tipo de parto no

país.

O presente estudo verificou que a maioria das mães não obteve acesso à informação

sobre aleitamento durante a gestação, confirmando outros estudos atribuindo à falhas dos

programas de saúde em disponibilizar informações de aleitamento a partir da fase gestacional.

Além de informar os benefícios da amamentação, os serviços de saúde também devem

orientar melhor como o aleitamento se faz (RODRIGUES et al.,2006; RUGULO et al., 2004).

Esta desinformação relatada pelas primíparas investigadas, talvez contribua para o abandono

precoce do aleitamento exclusivo, observado entre as participantes antes do sexto mês de vida

do bebê.

Considerando que a maioria das mães investigadas apresentava bebês que se

concentravam na faixa dos quatro aos seis meses, observa-se que a sugestão da OMS de

aleitamento exclusivo até os seis meses não foi encontrada na amostra. Parte das mães
94

investigadas não amamentaram, ou complementaram a dieta do bebê precocemente,

ratificando outro estudo de coleta transversal realizado por Carvalho e Silva (2005)

encontrando valores semelhantes de prevalência de aleitamento materno exclusivo até o sexto

mês de vida. As autoras concluem nesse estudo, que a amamentação exclusiva por período

igual ou maior a quatro meses, é importante para diminuir riscos de quadros infecciosos como

pneumonia e infecções respiratórias nos primeiros dois anos da criança. Santiago et al. (2003)

sugere como favorável à amamentação exclusiva dentro do período determinado pela OMS, a

inserção imediata das mães em grupos conduzidos por equipe multidisciplinar e de

amamentação, considerado padrão-ouro para nutrizes e bebês que desejam superar todas as

dificuldades do aleitamento materno.

Faria, Leal, Andrade e Cavaglieri (2008) confirmam a presença de mitos e crenças

entre primíparas, destacando a necessidade das informações sobre aleitamento serem

reforçadas durante o pré-natal. Podemos inferir a desinformação sobre amamentação das mães

gestantes em razão do foco exclusivo oferecido pelos serviços pré-natais em preservar a

qualidade do desenvolvimento do bebê e a escolha do tipo de parto. Tais focos podem

“contaminar” a mulher grávida primigesta e até determinar suas atenções. Concluindo, os

resultados a respeito de aleitamento materno encontrados neste estudo parecem confirmar

outra investigação epidemiológica e demográfica no Brasil que evidencia a tendência ao

abandono do aleitamento a partir do sexto mês de vida do bebê entre mães mais escolarizadas

e com maior renda (WENZEL; SOUZA, 2011).

Outro aspecto importante observado envolveu o não acesso às informações sobre os

direitos da gestante. Esse dado é relevante, considerando a condição de mães trabalhadoras.

Os principais direitos da mulher que trabalha estão contidos numa cartilha do Ministério da

Saúde (2010) que destaca a garantia do aleitamento por seis meses, para mulheres com

contrato de trabalho formal. De acordo com o documento, a mãe trabalhadora apresenta o


95

direito de horário especial de amamentação até o bebê completar seis meses, inclusive com

incentivo para levar a criança ao ambiente de trabalho para favorecer o aleitamento. Outro

direito garantido envolve o oferecimento de creche e berçário entre as trabalhadoras de

empresa com mais de 30 funcionárias com idade reprodutiva, sendo possível esse benefício

ser transformado em reembolso (auxílio-creche) para a mãe. Outro aspecto de avanço das

políticas-públicas de proteção à maternidade, está presente na lei no11.770 de 9/9/2008, que

ampliou o período de licença de 120 para 180 dias, oferecendo incentivos fiscais para as

empresas que a adotarem. Apesar de representar um avanço entre as políticas materno-infantil

no país, esse benefício parece não atender grande parte das trabalhadoras do país, não fazendo

parte da realidade da amostra de mães trabalhadoras, investigadas nesse estudo.

Ainda na primeira seção do estudo nota-se que o primeiro contato com o bebê ocorreu

para grande parte das mães apenas por meio visual no próprio centro cirúrgico. Também

destacamos que boa parte das mães com sintomas de stress confirmados não apresentaram

contato imediato com seus bebês na sala de parto. Estes resultados confirmam o estudo de

Rugulo et al, (2004) observando também a baixa prevalência de colo logo após o nascimento.

entre 108 mães adultas e adolescentes multíparas e primíparas. Esse estudo revelou satisfação

com os cuidados recebidos pela equipe de saúde e instituição, resultado também confirmado

na presente investigação. Para os autores, a falta de crítica das mães precisa ser analisada com

cautela, pois pode sinalizar gratidão ou medo de discriminação pela instituição. Devemos

ainda destacar a baixa prevalência de contato físico entre mãe-bebê encontrada talvez seja

explicada pelas maternidades não disponibilizarem alojamento conjunto com

responsabilidade. Tal condição contraria o artigo dez do Estatuto da Criança e do Adolescente

(ECA) abordando a obrigatoriedade da adequação das maternidades públicas e privadas de

disponibilizar alojamento conjunto possibilitando ao neonato a permanência contínua junto à

mãe (BRASIL,1990).
96

O estudo verificou que a maioria das mães trabalhadoras, manifestou algum tipo de

mal-estar emocional durante o puerpério, ou seja, nos 45 dias seguidos ao parto. Entretanto, as

funções maternas se mostraram preservadas, assim como a satisfação na relação com o bebê.

Fonseca, Silva e Otta (2010) também encontraram estes resultados entre as mães

acompanhadas, entre o último trimestre gestacional, parte delas com sintomas depressivos. As

autoras concluem que as relações funcionais das mães com seus bebês se mantiveram

preservadas. Frizzo e Piccinini (2007) também encontraram resultados equivalentes. Os

autores descrevem as mães como resilientes, pois apesar de se perceberam muito tristes e

sofrerem com os sintomas depressivos, se preocupam com qualquer impacto no quadro

emocional dos bebês.

As mães investigadas revelaram-se satisfeitas com a rede de apoio disponível durante

as fases gestacional e puerperal. A garantia da presença de apoio social já na gestação, pode

representar um fator protetivo para a DPP e o stress. Dantas, Araújo, Paulino e Maia (2012)

elucidam que a presença do apoio social revela-se essencial no ciclo gravídico-puerperal,

atuando como fator de proteção dos sintomas depressivos. As autoras destacam como

fundamental este tipo de investigação, com a finalidade de embasar ações de saúde na

melhoria do atendimento da díade mãe-bebê. Outros estudos também destacam que a garantia

de presença de apoio social no ciclo gravídico-puerperal, representa um fator de proteção para

a saúde emocional da mãe (DANTAS, ARAÚJO, PAULINO, MAIA, 2012; PÓO et al., 2008;

SILVA, 2008; COSTA, PACHECO, FIGUEIREDO, 2007).

Houve também preservação da conjugalidade no período gestacional entre as

participantes, que se revelaram satisfeitas com o parceiro desde a gestação e ainda ressaltaram

receber ajuda nas tarefas com o bebê e na vida doméstica. O presente estudo parece não

corroborar outras investigações sobre o tema, realizadas no período transicional, como de

Mendonça, Bussab e Siqueira (2012) Frizzo, Prado, Linares e Piccinini, (2010) e Sotto-Mayor
97

e Piccinini (2005). Já para Lopes e Menezes (2007) a satisfação conjugal pode aumentar com

a transição parental. Geralmente em casais cujos maridos são mais ativos e participativos nos

cuidados com o bebê, as mães tendem a se sentirem mais satisfeitas conjugalmente. As

autoras ratificam que é subjetiva para cada indivíduo a avaliação desse período de transição

parental, e destaca a importância de investigações que procurem responder e identificar o

impacto desta transição entre os casais, recomendando mais pesquisas que abordem a

participação dos familiares de origem no desenvolvimento do casal.

Entre a maioria das mães trabalhadoras investigadas, o marido colaborava nos

cuidados domésticos e com o bebê. Esse resultado parece corroborar o estudo de Paz e

Alencar (1987) constatando que as mães em jornada de trabalho em regime integral,

apresentavam tendência a descrever seus parceiros como mais colaborativos nos cuidados

com os filhos, quando comparados com o grupo de mães em regime de trabalho parcial ou do

lar. O mesmo estudo mostrou ainda, que as crianças das mães trabalhadoras eram mais

independentes em relação ao grupo de mães do lar.

Os resultados encontrados entre as mães trabalhadoras investigadas destacando o

marido como principal rede de apoio durante a fase transicional, corrobora outros trabalhos

(MURTA et al., 2011; DESSEN; BRAZ, 2000) que também ressaltaram as transformações da

rede de apoio durante o período transicional dos pais, enfatizando a preservação da

participação dos maridos e influência dos avós durante a gestação e puerpério. Podemos

considerar entre as primíparas abordadas, que a busca de apoio foi uma das principais

estratégias de enfrentamento ao stress esperado no período. Assim, verificamos que este

trabalho trouxe mais uma colaboração ao ratificar a importância do apoio como fator

protetivo, para a saúde emocional das mães desde a gestação até o sexto mês de vida do bebê.

(b) Antes de discutir os resultados da segunda seção do estudo, e também reforçando o

interesse por esta investigação, compartilhamos com Schardosim e Heldt (2011) a sugestão de
98

haver um desconhecimento da população e dos profissionais de saúde, quanto à importância

do acompanhamento clínico das mães no período da gestação ao pós-parto. Os autores

propõem maior utilização de instrumentos de avaliação da saúde emocional das mães nas

rotinas de assistência. No trabalho de Rubertsson, Wickberg, Gustavsson e Radestad (2005) o

EPDS foi utilizado em visitas realizadas por agentes de saúde às residências de mães suecas,

nos primeiros meses seguidos do parto.

A prevalência de depressão pós-parto encontrada no presente trabalho entre as mães

trabalhadoras foi 13% considerada inferior à prevalência de 20,8% e 26,8% encontradas

respectivamente nos trabalhos nacionais de Silva (2013;2008). O perfil da amostra

investigada no estudo, ou seja, de primíparas trabalhadoras, casadas e principalmente

escolarizadas talvez explique essa diferença na prevalência encontrada de DPP. A maioria dos

estudos nacionais acompanham e investigam mães pouco escolarizadas e de extratos sócio-

econômicos mais baixos. Sabe-se que a carência sócio-econômica e baixa escolaridade são

considerados fatores de risco para DPP (PÓO et al.,2008; SILVA, 2008; IACONELLI, 2005).

Outros trabalhos apontam também a condição de desemprego como fator de risco para

depressão pré e pós-parto (RUBERTSSON et al.,2005).

A ocorrência encontrada de stress segundo o ISSL foi de 43,3% da amostra, havendo a

necessidade de mais estudos que comparem com o resultado encontrado. Os resultados de

stress encontrados nesta pesquisa foram semelhantes aos de Rodrigues e Schiavo (2011)

durante o puerpério, também houve prevalência na fase de resistência e predomínio de

sintomas psicológicos. As autoras complementam haver uma carência de investigação de

stress durante o puerpério, sendo mais freqüentes as pesquisas sobre o assunto na fase

gestacional, assim ressaltam a importância de novas pesquisas. O presente estudo também

encontrou ocorrência simultânea de DPP e stress, ou seja, as mães avaliadas como depressivas
99

obtiveram confirmação de stress em fase de resistência e com predomínio de sintomas

psicológicos.

(c) Na terceira seção, o estudo verificou coincidentemente associações entre saúde

emocional na gestação e depressão, e saúde emocional na gestação e stress. O resultado

envolvendo a depressão pós-parto ratifica outros estudos, sugerindo que os fatores de risco da

DPP podem ser identificados já durante a fase gestacional (SILVA, 2008; MARTINEZ-

SCHALLMOSER, TELLEN, MACMULLEN, 2003). Complementando esta discussão, Póo

et al. (2008) e Iaconelli (2005) destacam entre os principais fatores de risco para DPP, a

antecedência pessoal de transtorno mental, ou seja, a presença de episódios depressivos em

épocas anteriores ao período gestacional.

Este estudo encontrou também associações simultâneas entre: sentir falta de ajuda e

depressão, e sentir falta de ajuda e stress. Tal dado parece se agregar à outra associação

observada nesta pesquisa, envolvendo baixa colaboração do marido e stress. Outros trabalhos

mostram semelhantemente haver uma correlação negativa entre suporte social e transtornos

emocionais, no período gravídico-puerperal (BAPTISTA, BAPTISTA, TORRES, 2006;

COUTINHO, BAPTISTA, MORAIS, 2002).

Póo et al. (2008) destacaram que o fato da mulher trabalhar durante o período

gestacional e puerperal não é considerado um fator de risco sócio-demográfico para

depressão, mas sim o número de filhos anteriores. Assim, concluem que as primigestas

parecem estar menos vulneráveis à manifestação de sintomatologia depressiva. No entanto,

verificamos entre as mães primíparas investigadas, associação envolvendo pretensão de não

retornar ao trabalho e presença de depressão pós-parto, assim como também obervamos o

quanto o retorno ocupacional parece ser uma preocupação, independente da presença dos

sintomas depressivos. Para Almeida (2007) o sentimento de culpa ao conciliar maternidade e

trabalho parece ser uma constante entre as mães. Sousa, Prado e Piccinini (2011)
100

complementam afirmando que o retorno ao trabalho gera preocupações por estar ligado à

idéia de separação do bebê. Dado que foi também confirmado entre as participantes que

mencionaram preocupação em perder o vínculo com o bebê, ou em adaptá-lo com cuidadores

substitutos.

Considera-se significativo o fato das mães com presença de sintomas indicativos para

a DPP também se mostrarem com stress de acordo com os resultados da presente pesquisa.

Esse dado ratifica outros trabalhos (SILVA et al., 2010; RAPOPORT; PICCININI, 2006)

situando o período de transição de parentalidade como de risco para a saúde emocional da

mulher, o que indicaria a presença políticas públicas que viabilizassem o acesso à assistência

de uma equipe multiprofissional que acompanhe a saúde física e mental da recente mãe. A

correlação encontrada entre depressão e stress reforça a necessidade das mães serem avaliadas

e acompanhadas pelos profissionais de saúde. Dentre as ações possíveis a serem

implementadas pelos serviços de saúde, que acompanham gestantes e mães logo após o parto,

estão: palestras, oficinas e grupos de apoio à gestantes e mães primigestas ou multíparas. Por

isso, o presente estudo questiona a respeito das participações das mães em grupos, durante a

fase pré-natal e pós-parto. Entretanto, nossa hipótese sobre as participações em grupos pré e

pós-gestacional como recurso protetivo na preservação da saúde emocional das mães

investigadas não pode ser corroborada. Uma limitação verificada sobre esse tema envolve as

perguntas a respeito de grupo, contidas no instrumento adotado. Talvez as questões de grupo

adotadas se mostraram inadequadas ou insuficientes para avaliar a eficácia e efetividade do

grupos no bem-estar e saúde de gestantes e puérperas. Assim, não foi possível colaborar com

a literatura que ressalta a importância das mães serem acompanhadas emocionalmente durante

todo o ciclo gravídico-puerperal (SILVA et al., 2012; SILVA, 2008; IACONELLI, 2005).

Na amostra investigada, observa-se que a participação em grupos foi maior durante a

gestação, o que pode ser inferido pela disponibilidade da mãe, que nesse momento ainda não
101

se ocupa com as tarefas de cuidados, exigidas pelo bebê. Ou ainda, este resultado se explique

pela indisponibilidade nos serviços de saúde em geral de acesso aos grupos de apoio às mães

durante fase puerperal conforme também ressaltam Schiavo (2011) e Silva (2008). Entre os

poucos trabalhos dessa natureza encontrados no país, destaca-se o de Moura et al. (2004) com

o relato da experiência de um grupo de primíparas promovido pelo serviço público de saúde

de Porto Alegre. Na literatura internacional, foram encontradas mais evidências de

experiência de grupo de apoio às mães nos primeiros meses de vida do bebê ou ainda, visitas

promovidas por agentes de saúde para avaliar a saúde mental de mães em pós-parto (SCOPE,

BOOTH, SUTCLIFFE, 2012; MUÑOZ et al.,2007; RUBERTSSON et al.,2005; HONEY,

BENNETT, MORGAN, 2004; MORGAN et al., 1997).

Sintetizando os achados essenciais descritos nos itens a,b e c, a pesquisa serviu para

esclarecer que a satisfação com o apoio social e conjugalidade das mães trabalhadoras esteve

preservada durante todo o ciclo gravídico-puerperal. Apesar disso, houve a manifestação de

depressão pós-parto e presença de stress com predomínio na fase da resistência e sintomas

psicológicos, entre a amostra de mães investigadas. Grande parte das mães alegaram

sentimento de mal-estar emocional durante o puerpério, ou seja, nos primeiros 45 dias

seguidos ao parto, o que pode ser explicado pelo baby-blues, estado emocional que acomete

grande parte das mulheres no pós-parto, caracterizado pelos sentimentos de melancolia

decorrente das mudanças neuro-fisiológicas do período. Para acrescentar a associação

encontrada entre sentir falta de ajuda e depressão/stress, reforça a correlação negativa entre a

percepção de presença de apoio e manifestação de transtornos emocionais..

De acordo com os resultados encontrados, as mães que não pretendiam retornar ao

trabalho, apresentavam sintomas de depressão confirmados pelo EPDS. Talvez esse resultado

se explique pela presença simultânea também observada do stress, gerando sobrecarga de


102

tarefas e sintomas em sua maioria psicológicos como cansaço excessivo, apatia, sensação de

incompetência em todas as área, vontade de fugir de tudo, etc.

Houve associação entre saúde emocional na gestação e prevalência de

depressão/stress, confirmando outros achados de pesquisa que apontam poder ocorrer

manifestação dos transtornos emocionais, a partir da fase gestacional. Além disso, parte das

mães investigadas, referiram apresentar sintomas de mal-estar emocional desde a gestação,

reforçando a necessidade de haver políticas de saúde materna que ofereçam o acesso aos

profissionais, que durante o pré-natal avaliem os fatores emocionais da mãe e não apenas

exclusivamente o desenvolvimento do bebê como parece ocorrer nos serviços atuais

prestados.

Destacamos que a pesquisa em razão do número restrito de participantes e

conveniência da amostra impede a generalização de dados apresentados. Sugere-se nas novas

pesquisas, uma investigação mais detalhada sobre os fatores que expliquem o não acesso à

informações sobre aleitamento e direitos maternos durante o pré-natal. Considerando que

atualmente grande parte das mães apresentam dupla jornada, ambos os temas são de interesse,

principalmente entre as mães iniciantes.

Ainda, ressaltamos que os resultados, envolvendo presença de depressão/stress e

participação em grupo de apoio durante o período gravídico-puerperal, precisam de mais

investigações. Para isso, sugerimos novas pesquisas envolvendo grupos controle que

acompanhem mães frequentadoras de grupos durante a gestação e pós-parto, comparando com

mães não frequentadoras. Desta forma, será possível verificar melhor a prevalência de

depressão pós-parto e stress, entre ambos os grupos.

A pesquisa não delimitou entre os critérios de inclusão, participantes pré-termo, mas

observamos que entre os cinco casos de nascimentos, igual ou inferiores a 37 semanas, a

manifestação de stress esteve presente. Em três casos, o stress apareceu nas fases de
103

resistência e quase-exaustão, com predomínio de sintomas psicológicos. Assim, sugerimos

mais pesquisas comparativas que avaliem o stress entre mães com bebês a termo e pré-termo.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entre as mães trabalhadoras investigadas, a prevalência de DPP se mostrou menor em

relação à outros estudos que avaliaram mães carentes ou menos escolarizadas. O stress

acometeu parte da amostra avaliada, havendo a necessidade de mais estudos que comparem

com o resultado encontrado. As primíparas apresentaram stress na fase da resistência e com

predomínio sintomático psicológico. O presente estudo também encontrou ocorrência

simultânea de DPP e stress. Verificou-se satisfação com a rede de apoio disponível durante as

fases gestacional e puerperal. A conjugalidade também se manteve preservada em ambos os

períodos; as mãe se revelaram satisfeitas com o parceiro e ainda ressaltaram receber ajuda do

marido nas tarefas com o bebê. As associações encontradas entre saúde emocional na

gestação e depressão pós-parto/stress ratificam que os fatores de risco para manifestação de

sintomas emocionais podem ser identificados a partir do período gestacional. A percepção da

mãe envolvendo a presença de apoio preserva ou a vulnerabiliza na ocorrência de sintomas

emocionais. Sintomas indicativos de depressão pós-parto podem afetar a intenção da mãe em

retornar ao trabalho.

A presente pesquisa procurou oferecer mais uma colaboração nas investigações sobre

o período da gestação e pós-parto. Ratificamos a necessidade de mais pesquisas que

descrevam a maternidade entre mães trabalhadoras, considerando a importância da

conciliação de ambos os papéis na qualidade da saúde emocional da mulher contemporânea.


104

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114

APÊNDICE A: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido


115

APÊNDICE B: Inventário de dados da gestação, convivência com o bebê, satisfação


conjugal e qualidade da rede de apoio.

Nome: Idade:

Estado civil: Tempo juntos:

Nome do parceiro: Ocupação da mãe:

Escolaridade:

Com quem reside:

Data de nascimento do bebê: / / Sexo ( )M ( )F

Data da coleta: / /

I - GRAVIDEZ

1.Saúde física na gestação ( ) Boa ( ) Alterada ( ) Ruim

2. Saúde emocional na gestação? ( ) Boa ( ) Alterada ( ) Ruim

3. A gravidez foi planejada? ( ) Sim ( )Não

4. Qual foi o significado dela para você?


( )Positivo, Por quê?______________________________________________________
( ) Negativo, Por quê _____________________________________________________

5. Participou de grupo de gestantes? ( ) Sim ( ) Não


Onde: ________________________________________________________________.
Como foi: _____________________________________________________________.

6. Durante a gestação recebeu informações sobre a amamentação?


( ) Sim ( ) Não
116

7.Durante a gestação recebeu informações sobre direitos da gestante?


( ) Sim ( ) Não

8. Como avaliava a satisfação conjugal nesse período?


( ) Boa ( ) Ruim

9. Ainda na gestação, como avaliava a rede de apoio?


( ) Boa ( ) Ruim

II. PERINATAL

1.Tipo de parto:
( ) Natural
( ) Natural com uso de fórceps/episiotomia
( ) Cesária pré-agendada
( ) Cesária não-agendada

2. Foi o tipo de parto desejado?


( ) Sim
( ) Não

3.Bebê nascido com _______ semanas de gestação

4. Peso do bebê:
( ) não se lembra
( ) menor que 2500 gramas
( ) entre 2500 a 3000 gramas
( ) maior que 3000 gramas

5. Quando foi o primeiro contato com seu bebê?


( ) viu o bebê antes deste ser levado para cuidados
( ) teve contato corporal imediato
117

( ) permaneceu com o bebê o tempo todo


( ) só viu o bebê no quarto
6. Na Maternidade recebeu informações sobre amamentação?
( ) Sim ( ) Não

7. Em caso afirmativo, as informações recebidas na maternidade foram suficientes para ajudá-


la na amamentação?
( ) Sim ( ) Não

III.PUERPÉRIO

1. Como se sentiu emocionalmente nos primeiros 45 dias após o nascimento do seu bebê?
( ) Bem ( )Não muito bem ( ) Ruim ( ) Péssima

2. Sentiu-se apoiada pelas pessoas neste período (primeiros 45 dias do pós-parto)?


( ) Sim ( ) Não

Por quem?
( ) Marido/companheiro
( ) Seus pais
( ) Outros familiares
( ) Outras mães/amigas
( ) Doula
( ) Profissionais de Saúde
( ) Babás/creche

3. Amamentou nas primeiras semanas?


( ) Sim ( ) Não

4.Recorreu ao Banco de Leite?


( ) Sim Por quê?_____________________________
( ) Não Por quê?_____________________________
118

5.Como se sentiu emocionalmente ao ir para sua casa com seu bebê?

IV.MATERNIDADE e REDE DE APOIO

Nas figuras abaixo, escolha a que melhor representa você (afetivamente) neste momento.

1. Como me sinto em minhas funções de mãe?

2. Como venho me sentindo emocionalmente nos seguintes aspectos: auto-cuidados e


auto-estima?

3. Como me sinto afetivamente em relação ao bebê?

4. Como me sinto afetivamente relação ao pai da criança?

5. Está amamentando no momento?


( ) Sim, oferecendo exclusivamente o seio
( ) Sim, complementando com leite artificial
( ) Não, somente leite artificial
119

6. Caso tenha amamentado antes explique os motivos do abandono do aleitamento materno?

7. Com quem fica seu bebê a maior parte do tempo?


( ) Com você
( ) Com cuidadora contratada
( ) Com familiares de origem
( ) Na creche/berçário

8. Quais suas preocupações atuais:


Em relação ao bebê

Em relação à vida social

No relacionamento conjugal

Em relação à vida familiar


120

9. Quem são as pessoas que mais ajudam nos cuidados com o bebê?
( ) Marido/companheiro
( ) Seus pais
( ) Outros familiares
( ) Outras mães/amigas
( ) Doula
( ) Profissionais de Saúde
( ) Babás/creche

10. Você compartilha com alguém seus sentimentos quanto à maternidade?


( ) Sim Com quem?:_______________________________________
( ) Não

11. Por quais profissionais se sente apoiada no desempenho das funções maternas?

( ) Pediatra

( ) Ginecologista

( ) Outros Clínicos/Psicólogos Quais?______________________________

( ) Obstetra

( ) Outras agências sociais/serviço social, saúde mental, agentes comunitários

12. Percebe a colaboração dos profissionais disponíveis no momento nas suas práticas
parentais de cuidados?

( ) Sim ( ) Não

13.Participa ou já participou de algum grupo de mães?


( ) Sim ( ) Não

14. Sente falta de algum tipo de ajuda no momento?


( ) Sim Qual seria?_________________________________________________
( ) Não
121

V. SATISFAÇÃO CONJUGAL

1. Percebe que seu parceiro/ marido se preocupa com você?


( ) Sim ( ) Às vezes ( ) Não
Explique: _______________________________________________

2. Considera a comunicação satisfatória entre você e seu parceiro/marido?


( ) Sim ( ) Às vezes ( ) Não
Explique:__________________________________________________.

3. Percebe que seu parceiro/marido colabora nas tarefas de cuidados com o bebê?
( ) Sim ( ) Às vezes ( ) Não
Explique:__________________________________________________.

VI. MATERNIDADE e VIDA OCUPACIONAL

1.Durante a gestação ou seu ambiente de trabalho lhe proporcionou algum tipo de apoio?

( ) Sim ( ) Não

2.Pretende voltar às funções ocupacionais?

( ) Sim ( ) Não

3.Espera receber algum tipo de apoio do seu ambiente de trabalho?

( ) Sim ( ) Não Quais:______________________________________________.

4. Julga estar suficientemente informada sobre seus diretos legais quanto à amamentação e
atestados quando regressar ao trabalho?

( ) Sim ( ) Não
122

5. O retorno ao trabalho é motivo de preocupação?

( ) Sim Por quê? ______________________________________


( ) Não Por quê? ______________________________________
123

ANEXO 1 – EPDS

Abaixo há um questionário para você responder. Trata-se de algumas afirmações que


descrevem sentimentos pessoais APRESENTADOS NOS ÚLTIMOS 7 DIAS. Leia com
atenção as afirmações e assinale com um círculo, um dos números (0,1,2 ou 3) à direita de
cada afirmativa. Não há respostas certas ou erradas; será levada em conta a sua avaliação.

1) Eu tenho sido capaz de rir e achar graça das coisas:


Como sempre fiz 0
Não tanto quanto antes 1
Sem dúvida menos que antes 2
De jeito nenhum 3

2) Eu sinto prazer quando penso no que está por acontecer em meu dia-a-dia:
Como sempre senti 0
Talvez menos do que antes 1
Com certeza menos 2
De jeito nenhum 3

3) Eu tenho me culpado sem necessidade quando as coisas saem erradas:


Sim, na maioria das vezes 3
Sim, algumas vezes 2
Não muitas vezes 1
Não, nenhuma vez 0

4) Eu tenho me sentido ansiosa ou preocupada sem uma boa razão:


Não, de maneira nenhuma 0
Pouquíssimas vezes 1
Sim, algumas vezes 2
Sim, frequentemente 3

5) Eu tenho me sentido assustada ou em pânico sem um bom motivo:


Sim, muitas vezes 3
Sim, algumas vezes 2
Não apenas raramente 1
Não, nenhuma vez 0

6) Eu tenho me sentido esmagada pelas tarefas e acontecimentos do meu dia-a-dia:


Sim, na maioria das vezes e não consigo lidar bem com eles 3
Sim, algumas vezes e não consigo lidar bem como antes 2
Não, na maioria das vezes consigo lidar bem com eles 1
Não, consigo lidar bem com eles tão bem quanto antes 0
124

7) Eu tenho me sentido tão infeliz que eu tenho tido dificuldades de dormir:


Sim, na maioria das vezes 3
Sim, algumas vezes 2
Não muitas vezes 1
Não, nenhuma vez 0

8) Eu tenho me sentido triste ou arrasada:


Sim, na maioria das vezes 3
Sim, muitas vezes 2
Não apenas raramente 1
Não, nenhuma vez 0

9) Eu tenho me sentido tão infeliz que eu tenho chorado:


Sim, quase todo tempo 3
Sim, muitas vezes 2
De vez em quando 1
Não, nenhuma vez 0

10) A idéia de fazer mal a mim mesma passou por minha cabeça:
Sim, muitas vezes, ultimamente 3
Algumas vezes nos últimos dias 2
Pouquíssimas vezes, ultimamente 1
Nenhuma vez 0
125

ANEXO 2 – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA

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