MATERNIDADE PARA MÃES TRABALHADORAS
MATERNIDADE PARA MÃES TRABALHADORAS
MATERNIDADE PARA MÃES TRABALHADORAS
BAURU
2014
Milena Valelongo Manente
Bauru
2014
Manente, Milena Valelongo.
Maternidade para trabalhadoras : depressão pós-
parto, stress, rede de apoio e conjugalidade / Milena
Valelongo Manente, 2014
125 f.
À Deus e aos anjos encarnados aqui na Terra que me inspiram com boas palavras e
Aos meus familiares que confiam e me apoiam no presente : minha mãe Toninha e meu
Maria de Lourdes.
Ao meu marido, melhor amigo que sempre espelha e valida minhas qualidades
preciso.
Ao meu anjinho Heitor, filho desejado e amado; espírito evoluído que nos ensina a
Aos amigos que tive oportunidade de conhecer durante o presente curso, em especial à
Bruna Hammer, mãe e amiga que me amparou nos momentos de desânimo com
feliz a jornada da maternidade. Foi recordando de cada uma delas durante a minha
Rafaela Schiavo, pesquisadora do ciclo gravídico-puerperal que me recebeu em sua casa antes
mesmo de ingressar neste curso de pós-graduação, me estimulando a investir neste tema tão
Aos amigos e colegas de trabalho Fabiana, Flávia, Thaís, Roseli, Élio, Sabrina, Cassia e em
materializar este trabalho, com auxílio na apresentação dos dados desta dissertação, com
encorajamento e confiança.
- Profa. Dra. Sandra Calaes, que já tive a oportunidade de convidá-la e ouvi-la em outros
- Dra Gabriela Silva, junguiana e também amiga das deusas mitológicas protetoras do parto
-Orientadores Prof. Dr. Kester Carrara e Prof. Olga Rodrigues que aceitaram me
da outra pessoa que não interfira nem abuse de sua autoridade, que não
RESUMO
mulher. Se, adicionalmente, a mãe trabalha fora, ajustes são necessários à parentalidade de
modo a garantir sua saúde emocional. Objetivo: A presente pesquisa visou mostrar como
realizou associação entre depressão/ stress e 27 variáveis de saúde pré e pós-parto. Método:
Participaram da pesquisa 30 primigestas trabalhadoras com bebês entre dois e seis meses. Os
instrumentos adotados para avaliação emocional das mães foram: Escala de Auto-avaliação de
mães com sintomatologia depressiva foi de 13,3% e de stress foi de 43,3% com predomínio
apoio na gestação, representando 90% delas e 97% estavam satisfeitas com a conjugalidade.
puerpério as mães sentiram-se apoiadas, sendo o marido participativo nas tarefas com o bebê
para 77% da amostra. O estudo também detectou falta de acesso às informações sobre
aleitamento na gestação para 60% das mães e aleitamento exclusivo nos primeiros seis meses
apenas entre 30% da amostra. Dentre as variáveis associadas com depressão, confirmaram-se
por meio do teste Fisher, associação entre saúde emocional na gestação e depressão, com
p=0,008; associação entre sentir falta de ajuda e depressão, com p=0,026; associação entre
pretensão de retorno ao trabalho e depressão, com p=0,001. Entre as associações com stress,
confirmaram-se: associação entre saúde emocional na gestação e stress com p=0,007 por meio
do teste Fisher; associação entre sentir falta de ajuda e stress com teste qui-quadrado
de acordo com teste Fisher. Discussão: O estudo mostrou a necessidade das informações
sobre aleitamento e direitos das mães trabalhadoras passarem a ser reforçadas pelos serviços
prevalência de DPP se mostrou menor em relação à outros estudos que avaliaram mães
conjugalidade
MANENTE, MV Motherhood for working mothers: postpartum depression, stress, and
marital support network. 2014. 125p. Dissertation (Master in Developmental Psychology
and Learning), UNESP, Faculty of Sciences, Bauru, 2014.
ABSTRACT
Introduction: The transition period of pregnancy and post partum, bring some transformation
to the life of the woman. If, additionally the mother works outside, some adjustments will be
necessary to the parents, in order to guarantee their emotional health. Objective: The present
research aimed to show how worker women report their feelings about pregnancy, parturition
and motherhood, describing their emotional and conjugal status, professional life and support
available. Besides obtaining social demographic information from the mothers, the study has
also made an association among the depression/stress and 27 variables concerning care.
Method: A total of 30 worker women, first-baby-mothers, with babies from two to six
months of age, took part of this study. The instruments employed for the emotional evaluation
of the mothers were: Edinburgh Postnatal Depression Scale and Lipp Stress symptoms
Inventory for Adults. For the social demographic collection and information about care, an
inventory was applied, comprising the following: pregnancy history, perinatal, puerperium,
motherhood and support available, conjugal satisfaction and motherhood and occupational
life. Results: The percentage of mothers, with symptoms of depression was 13;3% and stress
was 43,3%, with predominance for the resistance phase and psychological symptoms. Among
the socio-demographic variables studied, it was observed the presence of protective factors,
during the transition. The mothers were pleased with the support available during pregnancy,
representing 90%, and 97% were happy with the conjugal status. The same mothers took part
in pregnancy informative groups, equivalent to 53% of the sample. During puerperium the
mothers felt supported, and the husband helped with tasks concerning the baby in 77% of the
sample. The study has also detected lack of access to information about breastfeeding for 60%
of the mothers, and exclusive breastfeeding on the first six months of age for only 30% of the
sample. Among the variables associated with depression, with p=0,008; association between
feeling lack of help and depression, with p=0,026; association between not intention of
returning to work and depression, with p=0,001. Among the associations with stress, it was
confirmed: association between emotional health during pregnancy and stress, with p=0,007;
association between feeling lack of help and stress, with p=0,012 and association between
collaboration of the partner (parent) realizing tasks and stress, with p=0,025. Discussion: The
study demonstrates the necessity of information about breastfeeding and the right of worker
mothers for having access to pre-natal reinforcement services. This study, supporting the
associations between feeling lack of help and depression/stress, is in accordance with other
researches, which correlate negatively the social support and emotional disorders, during
pregnancy- puerperium period. Returning to work caused preocupation for the mothers.
This study also points some findings from other researches reinforcing the hypothesis that the
depressive symptoms and stress are manifested since pregnancy. Conclusion: the prevalence
of postpartum depression was lower, comparing to other studies which assessed needy
mothers or with lower educational level. Stress was present in part of the assessed sample, but
additional studies are necessary to compare the results found. Mothers were pleased with the
Key-words: worker mothers; postpartum depression; stress; support available and conjugal
status
ÍNDICE DE TABELAS
gestação ............................................................................................................................... 65
Tabela 4. Relato das participantes sobre o parto e condições em que ocorreu o primeiro
abandono ............................................................................................................................. 68
Tabela 6. Relato sobre parentalidade de acordo com a perspectiva das mães trabalhadoras .. 70
Tabela 10. Dados referentes à depressão pós-parto (DPP) segundo EPDS; stress, fases e
Tabela 11. Associação entre variáveis sócio-demográficas, aspectos de saúde pré e pós-parto
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 14
3 MÉTODO .................................................................................................................... 55
4 RESULTADOS ............................................................................................................ 62
5 DISCUSSÃO ............................................................................................................... 92
1 INTRODUÇÃO
1.1 Maternidade
cultural e social da mulher. Os motivos para gerar um filho perpassam razões biológicas,
subjetivas e/ou sociais, variando de acordo com a classe sócio-cultural da mãe. De acordo
com Scavone (2001) a maternidade pode ocorrer em função de atender o “calendário fértil”
esperança de uma companhia. Pode também dar novos sentidos à união do casal, podendo
fragilizado. Maldonado e Dickstein (2010) acrescentam que a maternidade pode ocorrer para
atender uma convenção social ou representar vantagens econômicas, como em famílias das
regiões rurais que dependem de mais gente para trabalhar e produzir, garantindo o provimento
familiar.
MALDONADO, 1985).
15
filho, não parecendo corresponder aos relatos compartilhados por muitas mães acompanhadas
clinicamente durante a gestação e após o nascimento dos seus bebês. A gestação e o pós-parto
representam um vasto contexto a ser explorado, de acordo com estes autores. Badinter (2011)
esclarece que a chegada dos filhos pode gerar insatisfação e sobrecarga à mulher ao conciliar
à atividade profissional.
ajustes no período de transição entre a gestação e primeiros meses de vida do bebê. Ainda é
2011; AZEVEDO; ARRAIS, 2006; SCAVONE, 2001; GALIÁS, 2001). Apesar do casamento
ter deixado de ser obrigatório quanto aos costumes, a união estável não modificou a situação
ainda continua sendo a principal protagonista no desempenho destes papéis dentro do núcleo
proteção, tanto para a mãe como para o bebê. A literatura (MAGALHÃES et al. 2006;
1.2 Gravidez
irreversíveis, tanto nas modificações do corpo, que podem gerar receio de perder a beleza e
rejeição como mulher, assim como o temor de gerar um filho com má-formação, e também
dúvidas em relação às próprias habilidades de ser mãe. Sendo uma fase transitória do ciclo
vital, induz a mulher a reorganizar sua identidade, passando da condição de filha à de mãe
profissionais e/ou sociais que lhe impossibilitam doação integral de tempo à maternidade,
Ao longo da gestação, certos comentários da gestante podem ser recusados por todos
que a rodeiam, não sendo autorizadas queixas de desconforto físico (peso da barriga), ou
longo da maternidade, justamente por nossa cultura exaltar somente os estereótipos belos da
àquela que se torna mãe, o que a obriga a se calar e refugiar-se em seus próprios medos
1.3 Parto
No início da gestação, o parto não costuma ser motivo de preocupação para a gestante.
É percebido com maior ansiedade conforme sua aproximação. Enquanto o bebê está na
17
barriga, a mulher prossegue ativa, trabalhando fora ou realizando suas rotinas domésticas sem
transtornos. No entanto, a partir do nascimento, ela se vê restrita aos cuidados do seu bebê e
2010).
No país, parece haver um discurso de “respeito” pelas escolhas das mulheres, com o
tipo de parto de sua preferência, considerando a maneira pessoal e expectativa de cada uma.
grandes centros urbanos e na saúde privada. Logo no início da gestação, muitos obstetras do
país, induzem as mães a agendarem a cirurgia de acordo com a maturidade fetal, antes do
No Brasil, predomina o parto realizado no hospital, com a mulher deitada numa mesa
tendência ascendente deste tipo de parto no país, principalmente nas regiões Sul, Sudeste e
Centro- Oeste. No ano de 2010, 52% dos partos ocorreram na forma de cesárea, contrariando
o recomendando pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que preconiza entre 5 à 15% a
taxa de cesárea tolerável, sendo o parto cesariano somente indicado quando o parto vaginal
oferece risco para a mãe e/ou criança. Dentre os fatores que explicam tal resultado, estão:
e segurança do médico) e fatores associados à mulher (medo da dor e crenças de que o parto
cesáreo pode ser melhor para o bebê) (ANS, 2013; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011;
favorecedoras da prática abusiva de partos cesáreos no Brasil. Uma delas, é acreditar que seja
18
um “procedimento inócuo”, sem grandes efeitos de risco para mãe e/ou bebê, o que não
ocorre necessariamente, pois a produção do leite demora, sendo precedido do colostro (leite
produzido pelas glândulas mamárias ainda imaturas). O corte dificulta a locomoção nos
primeiros dias e o intestino demora mais para voltar a funcionar. Outra delas envolve “evitar
que o bebê passe pelo trauma do nascimento”, ou ainda “acreditar que o parto vaginal traz
autores ressaltam a importância do bom senso na escolha, observando que a cesariana não
deve ser feita aleatoriamente, e sim, realizada dependendo do histórico do pré-natal e da saúde
da parturiente.
concluíram que as altas taxas de nascimento por cesárea não constituem indicadores de
melhores cuidados, e este fato pode estar associado com danos, tais como: aumento no uso de
maiores chances de admissão dos bebês para cuidados intensivos. Um estudo da World Health
Organization (WHO) analisou a associação entre o parto cesariano e o aumento dos riscos
para as mães na America Latina, Ásia e África. Descobriu que esse tipo de parto aumenta em
três vezes as chances de efeitos adversos em curto prazo, quando comparado ao vaginal,
principalmente nos casos de partos cesáreos sem indicação médica (WHO, 2010).
incorporação das cesáreas de rotina nas condutas hospitalares. Isso pode ser observado
tratamento da parturiente, seja pelo descaso em anestesiar a dor e até maus tratos verbais,
19
fenômeno ainda recorrente em alguns hospitais (GUTMAN, 2010; DINIZ, 2009, 2005,
Dos diferentes tipos de parto (cesariana, vaginal, com uso de fórceps), o parto vaginal
imediato com seu bebê. Para esta mãe, o momento do parto é vivido como uma transição
natural, na qual seu bebê é transferido do útero diretamente para seu colo (MALDONADO,
DICKSTEIN, 2010).
PuMed e BIREME, usando o unitermo “parto traumático” entre 1994 e 2009, tendo
encontrado sete estudos observando uma prevalência de 30% deste tipo de parto. Destacam
transtorno, sugerindo alguns cuidados, tais como: avaliação realizada pela equipe assistencial
parto, que não tocaram o seu bebê nos primeiros 30 minutos após o nascimento, apresentaram
mais ampla sintomatologia depressiva. Essa pesquisa destaca a importância do contato com o
sendo a indução do tipo de parto gerador de desconforto para a gestante. Além disso, esse
estudo mostrou que as demandas emocionais não foram atendidas, sendo unânime a atenção à
mãe nesse período, sugerindo indicação de cuidados pelos profissionais por meio da atenção
psíquico. Outros autores apontam as características específicas dessa fase com possibilidade
situação transicional que demanda um processo de elaboração da mãe. Assim, durante essa
preservando a relação que será construída entre mãe e bebê, garantindo a saúde mental de
Para Murta et al (2011) a transição para a parentalidade vai exigir dos pais uma
vivido no momento de nascimento dos filhos. Em seu estudo, com o objetivo de identificar
novos papéis, encontraram a interação com o bebê, e a busca da rede de apoio como recursos
tratar de um período negligenciado de assistência direcionada para a mãe, sendo a maior parte
das atenções voltadas ao bebê, havendo ainda a expectativa da mulher assumir prontamente a
complementa essa idéia, apresentando uma proposta de cuidados para o binômio mãe-bebê,
mas tendo como foco principal a saúde emocional das mães, através de visitas e oferecimento
das próprias mães em receber ajuda, justamente por temerem parecer inábeis com seus bebês,
bebê, diversas necessidades da criança, inclusão da figura paterna nos cuidados, estimulação
das capacidades sensórias do bebê, mudanças esperadas nos papéis parentais, sexualidade do
binômio mãe-bebê.
22
1.5 Amamentação
ideal de formação da família, do cuidado com as crianças e conversão das mulheres em mães
Em sua época surge o conceito de instinto materno, sendo importante que a mulher se
dedicasse ao filho. A política de “amor materno” foi fortemente defendida no século XVIII.
Segundo esse autor, Maria, mãe de Jesus, aparece como figura simbólica importante, a fim de
reafirmar este compromisso materno, de dedicação exclusiva ao ser mãe, o que reforçava na
entregavam seus bebês para as escravas, que cuidavam de amamentá-los, criando-se a função
das “amas de leite”. Assim, as mães biológicas viviam o fenômeno da maternidade de forma
pouco afetiva e sem grande ligação com os seus bebês; isso somado à precariedade dos
no século XIX, surge no país o movimento higienista, que coloca como natural dos cônjuges,
o cuidado pessoal com a prole, argumentando ser a mãe responsável por amamentar seu
próprio filho. O hábito da entrega da criança para as amas-de-leite possui como uma das
1999).
aleitamento materno exclusivo por seis meses, e complementado até os dois anos ou mais. O
leite da mãe proporciona benefícios para ambos. Na criança, evita morte infantil, diarréia,
inteligência e contribui para melhor desenvolvimento da cavidade bucal. Para as mães, evita
23
nova gravidez, reduz custos financeiros, protege contra o câncer de mama, promove o vínculo
afetivo entre ela e seu bebê, além de melhorar a qualidade de vida (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2009).
De acordo com o estudo de Wenzel e Sousa (2011) entre as mães da região Norte e as
alimentar da criança, por volta dos seis meses. As autoras destacam a necessidade de reforço
das estratégias de saúde pública, que impactem as mães para manter a amamentação após os
materna até o primeiro mês seguido ao parto. O mesmo estudo comparou com outras mães,
quatro meses pós-parto, e também investigou a saúde paterna, mas não encontrou associação
Entretanto, a amamentação parece ainda ser foco de dúvidas entre as lactantes, que,
apesar do acesso à informação da alimentação exclusiva nos primeiros seis meses, não se
longitudinal realizado com 101 lactantes saudáveis, com bebês nascidos a termo, nos seus
aleitamento foi decisiva no aleitamento materno exclusivo neste período (SANTIAGO, et al.
que descrevem o papel do profissional pediatra, Santiago et al. (2003) enfatizam que, apesar
do caráter de responsabilidade deste profissional, ainda parece haver pouca procura dos
Badinter (2011) faz uma revisão dos movimentos importantes de apoio e incentivo à
aleitamento. Em 1990, 32 países assinaram junto à OMS, UNICEF e outras organizações não-
para pôr em prática esta política; 3.Informar todas as mulheres grávidas das vantagens do
aleitamento materno; 4. Deixar o bebê pele a pele com a mãe imediatamente após o
nascimento, pronto para mamar, oferecendo ajuda se necessário; 5.Ensinar as mães a praticar
6.Não dar ao recém-nascido nenhum alimento ou nenhuma bebida além do leite materno; 7.
Deixar a criança com a mãe 24 horas por dia; 8. Estimular o aleitamento nos seio a pedido da
criança; 9. Não dar às crianças alimentadas no seio nenhum bico artificial ou chupeta; 10.
25
instituições públicas e privadas. E entre seus resultados destaca-se que, sete em cada dez
bebês receberam outro substrato nutricional além do leite materno. A lactação materna
comparado com 2,9% nas instituições privadas, evidenciando o baixo índice nestes locais.
que as mães escandinavas são as que mais amamentam exclusivamente, após a saída da
seus bebês, seguidas das austríacas, alemãs e italianas. As possíveis explicações dos índices
dos salários integrais. Todavia, a autora critica a institucionalização do aleitamento pelo seu
caráter ideológico, favorecendo uma idéia de culpabilidade da mulher que “escolhe” não
amamentar seu bebê. O perfil sócio-cultural dos países desenvolvidos, que automaticamente
padroniza um perfil de mãe que amamenta, como aquela com cerca de 30 anos, inserida numa
amamentação, apenas ocorrerá quando for desfocada da atuação exclusiva junto à mulher
puérpera, passando a incorporar toda a comunidade na qual esta será assistida, como rede de
sobre a amamentação.
O fato da mãe trabalhar fora, não parece ser a causa responsável pela não ocorrência
de amamentação exclusiva no quarto mês de vida do bebê, respondendo como causa, a falta
parece favorecer na amamentação exclusiva no quarto mês de vida do bebê; assim, programas
sociais que atendam populações de mães carentes, devem reforçar as ações educativas
Alguns estudos com puérperas na maternidade e nos primeiros dias após o parto,
destacam a falta de informações sobre aleitamento recebidas nas instituições que deveriam ter
serviço de destaque em orientar a lactente está presente no cenário de saúde pública nacional,
representado pelos bancos de leite. Estes foram regulamentados no Brasil pela lei no171/06 da
Anvisa, como o lugar onde a mulher que amamenta e quer amamentar, encontra apoio à
lactação de modo próximo, contínuo e oportuno. Desta forma, os bancos de leite, que também
além das visitas domiciliares, deveriam ser denominados como “centros de apoio à lactação”
diretamente das práticas de assistência adotadas pelas maternidades. Berra et al. (2002)
apontaram que as rotinas hospitalares, como atrasar o primeiro contato entre mãe e filho, a
numa fase de maior sensibilidade para a mulher, como o período gestacional e puerperal,
maternidade ou baby blues, caracterizada mais como um quadro reativo, transitório, com
considerada como um quadro clínico e agudo que acomete em torno de 10 a 20% das mães
com sintomas importantes tais como: instabilidade de humor, tristeza, desinteresse pelas
psicose puerperal, que é um transtorno mental raro e grave, o qual exige a internação da mãe
para evitar comprometimento da sua integridade física e do bebê; com presença ou não do
quadro de mania, pode favorecer na agitação da criança por algumas condutas inadequadas da
existe um programa de atenção individual e em grupo para mães com diagnóstico de DPP
(AZEVEDO; ARRAIS, 2006). Estas autoras narram o caso de uma mãe frequentadora deste
grupo: primigesta, 37 anos, profissional dinâmica e ativa que, após o nascimento de sua filha,
sentiu-se profundamente fragilizada, em conflito conjugal, com rede de apoio restrita e com
permissiva e acolhedora. Assim, as autoras acreditam tê-la auxiliado a tornar sua maternidade
menos angustiante.
gestantes (com filhos até o primeiro ano de vida), consideradas de risco, como latinas
pré- menstrual e sentimento de desconforto com o corpo após o parto, violência familiar,
anteriores para engravidar (PÓO et al., 2008; IACONELLI, 2005). Costa, Pacheco e
Figueiredo (2007) também verificaram que mulheres com preocupação concernentes à própria
saúde e do bebê durante o parto, com complicações no parto e demora no primeiro contato
e não uso da língua local, desfavorecendo as mulheres no acesso à assistência a saúde no país
de residência atual.
29
Silva (2008) citou como possíveis fatores de risco no grupo de mães de periferia
investigado: carência material, baixa escolaridade, pai trabalhar fora, mãe ter filhos de outros
relacionamentos, maior número de filhos, casa com muitas pessoas, gravidez indesejada,
intercorrências na gestação, histórico parental negativo, falta de acesso à rede de apoio social,
multiparidade e ausência do marido no parto. A autora aponta ainda, que os fatores de risco
Uma pesquisa realizada em duas etapas (pré e pós-parto), por Silva et al. (2012) entre
os anos de 2006 e 2008, em Pelotas-RS, com 1.109 mães residentes na região urbana, visou
tabaco e pobreza. Outros estudos também apontam a baixa renda familiar e os fatores sociais,
nascimento do bebê, mostrou diferenças na prevalência, duração e abordagem dos dois países.
Nas mães brasileiras, a prevalência da depressão se mostrou mais tardia em relação às mães
inglesas, sendo crescente durante as três fases de coleta investigadas (terceiro, décimo
segundo e vigésimo quarto mês), ao invés de decrescer como aconteceu com as mães inglesas
bebê e familiar, acrescentando que a duração e a intensidade dos sintomas são determinantes
COX, HOLDEN, SAGOVSKY, 1987). Entretanto, serviços de saúde que garantam cuidados
integrais a estas mulheres ainda são pouco presentes em consultórios médicos e ambulatórios.
Chelini, Lucci e Otta (2012) apontam que desconhecem os fatores etiológicos da DPP,
sendo já conhecidas as associações multifatoriais envolvidas, que variam entre causas sociais,
hormonal de mulheres, com e sem depressão, por meio de coleta de sangue e aplicação do
último hormônio aumentava significativamente os riscos de DPP. Ruschi et al. (2009) que
EPDS.
variando entre 6,5% a 53%, de acordo com a população de mulheres investigadas no mundo.
desde a gravidez até os primeiros meses após o parto apontaram prevalência significativa de
DPP: 26,8% (SILVA, 2008). Em outro trabalho, a última autora destaca a variabilidade nos
coleta de dados no Brasil. De acordo com esse estudo a média de depressão tende a ser maior
nos estudos de auto-avaliação quando comparados aos que utilizaram entrevista clínica
(SILVA, 2013).
impacto direto na prevalência da DPP, conforme observado nos estudos de Póo et al. (2008)
com nota de EPDS 9/10 no Chile ; Cox, Holden, Sagovsky (1987) com nota de corte EPDS
12/13 na Inglaterra; Costa, Pacheco e Figueiredo (2007) com EPDS >/ 13 em Portugal; e
prolongar até o segundo ano de vida do bebê (IACONELLI, 2005). Segundo esta autora, os
sintomas da DPP.
Outro estudo longitudinal, que avaliou hispânicas entre o terceiro trimestre gestacional
comparando com o stress parental checado nos primeiros seis meses de vida do bebê. Na
amostra composta por maioria primigesta, casada, branca, com média de escolaridade de 16
foi fator de risco para o stress parental, mesmo quando tratadas com antidepressivos durante a
32
menor atenção e resposta às expressões faciais. Portanto, as mães passaram mais tempo
problemas de saúde mental no pai, até o primeiro ano de vida do bebê (KERBER, FALCETO,
complementaram esta idéia, revisando artigos que tratavam de intervenções terapêuticas com
mães depressivas, atestando ser frequente, entre estas mulheres, o sentimento de inabilidade
Para Lipp (2001) o stress apresenta componentes físicos e mentais havendo uma
físicas manifestas. A autora afirma que o stress varia de acordo com a capacidade individual
de suportar tensão, podendo afetar a qualidade de vida composta pelas áreas: social,
profissional, afetiva e de saúde. Acrescenta que o indivíduo apenas se sente saudável quando
satisfeito com todas estas áreas. Para esta pesquisadora, a resistência ao stress não é
respondida como sendo de origem genética ou pela aprendizagem. Entretanto, garante ser o
33
população em geral, porque faz com que organismo libere cortisol na corrente sanguínea,
causando alterações orgânicas que, a longo prazo resultam em diminuição da imunidade. Lipp
(2000) complementa denominando o estado de stress como uma reação adaptativa, dividida
manifestação do stress vai depender de como a pessoa avalia a situação, gerando ou não
mudanças aguardados nesta fase, tais como: temores sobre o parto, medo da própria morte ou
o stress gestacional foi avaliado e correlacionado com as influências do stress puerperal, sobre
trimestre gestacional, 76% manifestaram sintomas de stress, sendo que 72% se enquadravam
participantes avaliadas manifestaram stress, 80% estavam na fase de resistência e 20% na fase
estes resultados a novas investigações, para se pensar em políticas públicas de atenção neste
Nos poucos estudos existentes atrelando stress e depressão em pais, destaca-se Ribas,
Ribas Jr. e Valente (2006) que avaliaram o bem estar de 51 pais de crianças entre zero e cinco
parental, encontraram níveis elevados de stress em 63% dos pais. Uma parcela dos genitores
pais apresentaram queixas de falta de tempo para si, problemas de administração do tempo e
desejo de permanecer mais tempo com os filhos. Apesar desses resultados, os genitores
parental.
levantaram as fontes de stress na perspectiva das gestantes associando ou não com a prática
regular de atividade física. Entre todas as participantes, 10 foram avaliadas como fisicamente
ativas e 93% apresentaram níveis considerados elevados de stress emocional. Tal resultado
como as sedentárias utilizaram a estratégia de pensar no bebê como alívio das fontes de stress.
física.
puerpério. Encontrou correlação entre stress no terceiro trimestre da gestação com a depressão
no pós-parto, acrescentando que, quanto mais elevada a fase do stress, mais elevada a
investigação de stress durante o puerpério, sendo mais frequentes pesquisas sobre o assunto
na fase gestacional. Assim, ressalta a importância destes estudos serem continuados no pós-
parto.
36
Neste período, as mães costumam apresentar dúvidas, sendo a sexualidade afetada pela
amamentação, justamente por haver uma representação social da região do seio como parte do
corpo “voltada exclusivamente” para a nutrição do bebê, o que pode interferir nos desejos
casamento, sendo as investigações mais concentradas a partir dos anos 2000. Em revisão
sobre o assunto, Scorsolini-Comin e Santos (2010) perceberam que a satisfação está atrelada à
mudança sofrida pelo sistema familiar. Esta revisão aponta dentre os eixos dos trabalhos
2003). Frizzo, Prado, Linares e Piccininia (2010) investigaram duas famílias, cujas mães têm
um tempo para permaneceram juntos, apesar de sentirem falta deste espaço. Uma estratégia
organização marido-mulher é direcionado para relação filial. Mediante uma boa organização
satisfação conjugal em duas coletas: aos quatro meses de gestação e aos quatro meses no pós-
parto. Os resultados mostraram correlação inversa entre a idade dos cônjuges e a expressão de
afeto e entre a idade e coesão diádica (consenso entre o casal). Em outro estudo longitudinal
de Menezes e Lopes (2007) com quatro casais primigestos, desde a gestação até o décimo
oitavo mês do bebê, as autoras verificaram como fatores decisivos na satisfação conjugal, a
como fator protetivo para elas. Paulson e Bazemore (2010) ressaltaram, na questão da
depressão pós-parto em pais, o olhar preventivo. A intervenção deverá ser focada no casal e na
colaboração pai-mãe reduzindo o estresse parental comum neste período, pode ser uma
alternativa de intervenção neste momento da vida dos pais (DESSEN; COSTA JUNIOR,
2005). Murta et al. (2011) complementaram esta idéia, sugerindo que durante a transição
parental haja a disponibilização de programas de atenção aos pais, informando sobre cuidados
com o bebê, relação conjugal e aumento das estratégias para lidar com uma possível invasão
da rede de apoio nos cuidados com o bebê. Os objetivos destes programas seriam ensinar aos
pais, estratégias para lidar com as mudanças de papéis, com a sexualidade do casal e no
sentimento de menor eficácia e desvalia na relação apareceram causando prejuízos não apenas
à mães, mas à toda família. Outro estudo acompanhando dois casos clínicos corroborou as
período puerperal devido o afastamento geográfico das famílias de origem. Desta forma, o
marido adota um papel na proteção e legitimização da esposa nos cuidados com o bebê,
Piccininid (2007) encontraram no estudo comparativo de interação entre mães com e sem
Mendonça, Bussab e Siqueira (2012) também encontraram que os conflitos conjugais não
determinam a DPP. No entanto, conflitos conjugais tendem a ser mais frequentes com mães
depressivas.
mãe, pois, além da rede de apoio muito restrita, novos referenciais históricos estão se
profissional.
da dispensa arbitrária da gestante; b) licença de 120 dias para a mãe e de cinco dias para o pai;
assistência aos filhos ou reembolso-creche; d) pausas para amamentar até os seis meses de
A ampliação da licença maternidade de 120 para 180 dias no Brasil tornou-se possível
a partir da lei no 11.770 de 9/9/2008 que cria no país o Programa Empresa Cidadã com o
funcionários em regime CLT. Desde que a empresa adira ao Programa, a trabalhadora deverá
pedir a prorrogação da licença até o final do primeiro mês após o parto. Os 120 dias
prosseguem sendo mantidos pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) e os 60 dias
com crianças pequenas para o trabalho, a repercussão deste último na convivência com o
superada, a resistência por parte do marido quanto ao trabalho remunerado da mulher fora do
lar. Comparando três grupos de mulheres (do lar, com trabalho parcial e trabalho integral),
verificou-se que os maridos auxiliavam mais nos cuidados com os filhos no grupo das que
trabalhavam integralmente, sendo suas crianças tidas como mais independentes em relação ao
grupo de mães do lar. Quanto aos motivos destas trabalharem, foi um misto de realização
jornada parcial, se mostraram mais satisfeitas, inferindo-se como responsável por este
resultado à conciliação dos diversos papéis, com destaque para a profissão e função materna.
Apesar do estudo ser considerado cronologicamente antigo, mostrou-se atual para servir de
geralmente distante geograficamente dos demais familiares, não podendo contar com uma
rede de apoio familiar. Quando o casal trabalha ainda em jornada integral, a decisão sobre
40
quem se encarregará dos cuidados com bebê pode se tornar um dilema (MALDONADO;
DICKSTEIN, 2010).
Godoy et al. (2011) investigaram numa maternidade 122 mulheres em puerpério, com
expectativa do retorno da licença maternidade. Concluíram que, das mulheres que exerciam
domésticas. Para o retorno ao trabalho, a expectativa envolvia lidar com as múltiplas funções
e articular com o trabalho fora de casa. Entretanto, as condições para este regresso
sem especificar qual o tipo de apoio que esta amostra de mães gostaria de receber do seu
ambiente de trabalho.
O retorno ao trabalho pode representar preocupação para algumas mães por estar
associado à idéia de separação do bebê, conforme o estudo de Sousa, Prado e Piccinini (2011)
DPP, com bebês entre seis e sete meses, sendo uma primigesta. Ambas questionavam suas
competências e habilidades nos cuidados com seus bebês nos primeiros dias.
A maternidade pode ter impacto nos cuidados das crianças e na satisfação das mães no
desempenho deste papel, de acordo com a opção de cuidado substituto eleito pela mãe que
trabalha fora. Preus (1986) investigou atitudes maternas e o tipo de cuidado alternativo
escolhido, envolvendo creche ou babá, por mães que trabalham fora. No estudo com 60 mães,
seu filho, verificou-se que em ambos os grupos a autonomia infantil não variou. Entretanto, as
mães que deixavam seus filhos em instituições, apresentavam atitudes maternas menos
supervalorizadoras do seu papel de mãe, ou seja, ao deixarem seus filhos em casa com babás,
evidenciaram atitudes mais satisfatórias com seu papel materno. Este estudo sugere cautela na
41
popular, com bebês em fase de adaptação em creche, e que trabalhavam fora. Percebeu que
era semelhante nos grupos, o sentido de maternidade atrelado ao cuidado das crianças,
incluindo a atenção aos filhos através do brincar. Além disso, o sentimento de culpa por
trabalhar fora aparece em ambos os grupos, mesmo que os motivos da locação no mercado de
trabalho divirjam (para as mães da classe média trata-se de um projeto de vida, já, para a
classe baixa é por subsistência). No entanto, entre as mães da classe baixa é mais presente a
capacidade de dividir ou delegar a tarefa do cuidado com a creche. A identidade da mãe que
trabalha fora parece não conciliar os papéis da maternidade e do trabalho numa única
puerperal pode acentuar sintomas de saúde mental como depressão e stress, quando
comparado com grupos de trabalhadoras e donas de casa. Possíveis causas destes resultados
social e menor auto-estima. Tais resultados pioram quando agregado aos fatores ligados à
interação com o recém-nascido, tais como: dormir pouco, criança frequentemente doente e
nascidos, concluindo que o emprego foi considerado fator de proteção para a saúde mental das
mães, por promover a afirmação de identidade e aliviar o stress do período através do contato
social. Outro estudo avaliou as mudanças na saúde emocional das mães no primeiro ano após
o parto, mostrou que a alta quantidade de horas trabalhadas e período de licença inferior a 24
42
CHALONER, 1994).
Saurel- Cubizolles, Romito, Ancel, Lelong (2000) encontraram, entre mães francesas
explicam esse resultado pela condição de que o desemprego favorece desvantagens sociais, e
vivência da maternidade de maneira solitária. Outro dado observado nesse estudo, foi que as
crianças das mães desempregadas são mais frequentemente hospitalizadas em seu primeiro
ano de vida.
Morais, Lucci e Otta (2013) consideram muito complexa a interação entre a depressão
da mãe, características do bebê, interação entre a dupla, bem como os fatores ambientais na
qual mãe e bebê se encontram inseridos. A carência social é abordada por alguns autores
(SILVA et al. 2012; KERBER; FALCETO; FERNANDES, 2011; PÓO et al., 2008; RUSCHI
et al. 2007; IACONELLI, 2005) como fator de risco na manifestação dos transtornos mentais
no pós-parto.
desemprego dos pais, dentre outras situações que podem comprometer a saúde a curto e
médio prazo da criança. Sabe-se que a depressão dos pais, agregada ao contexto de
Murta et al. (2011) encontraram entre pais de recém-nascidos, tipos de apego com
esta premissa em seu estudo de revisão do tema, fatores de risco, afirmando que, a existência
psicomotoras de bebês entre quatro, oito e doze meses, comparando-os com as suas mães
alimentar quando comparado com os bebês de mães deprimidas. Segundo as autoras, uma
explicação possível envolve o ofertar de menos estimulação aos filhos entre as genitoras
deprimidas.
que este é avaliado pela integração do indivíduo com o meio, e de acordo com a percepção da
Gutman (2010) explica que o termo pós-parto ou “quarentena” deriva de uma época
antiga, na qual a mulher puérpera e o recém-nascido eram zelados por outras mulheres mais
proporcionado pela família nuclear isolou a mulher, muitas vezes, afastada geograficamente
dos seus membros familiares, que convive com seu bebê em espaços domésticos pequenos em
apoio à mãe, espera-se que ofereça ajuda emocional (manifestação de atenção), informacional
mesmos autores verificaram o quanto são reduzidos os estudos sobre apoio social no Brasil e,
as mães e os bebês até seu primeiro ano de vida (RAPOPORT; PICCININI, 2006). A rede de
materna, e que, as principais pessoas disponíveis para o momento são os pais e avós maternos.
As puérperas precisam de rede de apoio que lhes ofereça ajuda nos cuidados
domésticos, com o bebê e também na esfera do cuidado afetivo, de assistência para a mulher,
relação da mãe e seu bebê. Como alternativa para a mãe contemporânea surge a figura da
“doula”, palavra grega que designa “escrava da mulher”. Esta mulher experiente conhecedora
45
de puericultura e enfermagem pode ser requisitada como presença na casa da puérpera para
diagnóstico de transtornos mentais, a outro grupo com transtornos mentais, percebeu alteração
na percepção do suporte social, sendo a satisfação com a rede de apoio maior no primeiro
grupo. O estudo ainda mostrou que condições financeiras precárias inferem negativamente na
“responsabilização” das mães. Desta forma, os autores citam a participação dos profissionais
interação entre os membros familiares. Num outro estudo semelhante, Dantas, Araújo, Paulino
depressivos, utilizando dentre seus instrumentos Escala de Apoio Social (EAS) e Escala de
Oliveira e Dessen (2012) pesquisaram 45 grávidas (grupo A), e 42 mães com bebês de
até seis meses (grupo B), com o objetivo de avaliar alterações na rede de apoio nestas
domésticas e cuidados com os filhos. Foi detectado que a participação da rede de apoio foi
mais o grupo B através do apoio, atenção, carinho e mais ajuda material e financeira. Neste
Martins et al. (2008), foi encontrado que o suporte dos avós é o mais presente nas famílias
mentais com EPDS e IDATE, e encontraram correlação positiva entre depressão e ansiedade
46
com intensidade moderada e correlação negativa entre depressão, ansiedade e suporte social.
Agregando, Fonseca, Silva e Otta (2010) ao avaliarem a rede de apoio das gestantes no último
trimestre e aos quatro meses de vida do bebê, observaram que percepção positiva do apoio
Pode ocorrer julgamento pela família em relação à mãe com DPP, denominando-a
como egoísta e preguiçosa. Segundo Iaconelli (2005) isto acontece pela desinformação,
pela mídia como amar o bebê o tempo todo, pois os desconfortos físicos e emocionais na
símbolo de felicidade plena, que se contrasta com a realidade vivenciada por algumas
mulheres neste momento de sua vida, pode favorecer a instalação e manutenção da Depressão
Pós-parto. Arrais (2005) investiga a subjetividade de mães com diagnóstico de depressão pós-
autora identificou que o exercício da maternidade está articulado aos discursos ideológicos
aponta ser o ideal de felicidade, geralmente apresentado como natural e instintivo, prejudicial
ao grupo de mulheres do estudo, pois pode se integrar com outros elementos subjetivos, como
No estudo longitudinal de Fonseca, Silva e Otta (2010) no qual foi aplicada a Escala
mães deprimidas, quatro meses depois. Entretanto, a funcionalidade da relação destas mães
com seus bebês não foi afetada. Em outro estudo, Frizzo e Piccinini (2007) também apontam
diferença significativa na interação entre mães, com e sem depressão, nos itens: sensibilidade,
familiar. Neste estudo, os autores denominam as mães deprimidas como resilientes; pois,
apesar de se perceberem muito tristes e sofrerem com este sintoma, se preocupavam com um
Silva (2008) sugere estudos que investiguem quem são as pessoas da rede de apoio
social da mãe que é percebida como disponível para apoiá-la. Para esta autora, os bebês
exigido da mãe um elevado custo de esforço parental. Assim, para a autora, pode ser
considerado adaptativo para a mãe reduzir o esforço parental, se esse comportamento motivar
revela haver uma crise entre o ser, e o se tornar mãe na atualidade, considerando que muitas
destas mulheres estão em fase de adaptação com o bebê. Entre os motivos relatados que
dificultam esta fase, estão: queixas de insatisfação, advindas da restrição à vida doméstica e
cuidados com o bebê, gerando sentimentos de inutilidade, pois esta não consegue se ocupar de
outras tarefas das quais estava acostumada, podendo conduzir a um quadro depressivo.
correlação entre privação material e baixo suporte social, sendo a depressão e infecção de
Murta et al. (2011) realizaram um estudo com pais de bebês entre 18 e 36 meses e
com casais com bebês recém-nascidos, com o objetivo de avaliar se a busca de apoio foi um
das principais estratégias de enfrentamento ao stress gerado pelo nascimento do bebê. Como
saúde. Por outro lado, o apoio social foi também considerado “invasivo” e estressor para os
Sutcliffe (2012) quando realizaram revisão entre 1966 e Jan/2008 das evidências de
intervenção para depressão pós-parto e encontraram apenas seis estudos que atenderam a estes
objetivos. Os autores destacam a partir dos estudos encontrados, que mulheres com depressão
Também grupos são indicativos pelo baixo custo, tempo reduzido, comparado ao tratamento
profissionais de saúde.
Ribas, Ribas Jr. e Valente (2006) apontaram correlação positiva entre stress, depressão
medidas de bem estar dos pais, mas sim a percepção da rede de apoio. Os autores
preventivos de atenção aos pais, considerando haver uma correlação direta entre o bem-estar
saúde das mães logo após o parto, sendo muitas subdiagnosticadas como depressivas e
oferecimento de atenção em saúde mental nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Assim,
avaliar a DPP acaba gerando uma demanda, na qual, o serviço público não apresenta recursos
humanos para atender. A última autora sugere ainda, maior investimento do poder público em
planejamento familiar, pois em seu estudo com usuárias de UBS, encontrou desinformação
como uma experiência humana que obrigatoriamente impõe uma “mudança no fazer” de
quem assiste a mulher. Maldonado (2010) afirma que, apesar da maior segurança
ambiente hospitalar geralmente é percebido como não acolhedor e até assustador para as
parturientes.
profissionais no pré-natal, ratificaram que o profissional da saúde mental não está disponível
durante a gestação no hospital e ou postos de saúde. Este estudo demonstrou que existe uma
50
emocionais.
serviços materno-infantis devem ser ampliadas. RUGULO et al. (2004) avaliou 108 puérperas
adultas e adolescentes entre os segundo e terceiro dia após o parto, mediu a percepção com
relação ao serviço materno infantil num hospital universitário, e checou que a maioria das
mães tiveram contato com o filho logo após o nascimento, mas poucas tiveram contato pele a
pele prolongado ou seguraram o seu bebê. Apesar de 98% de satisfação com as informações
recebidas sobre os cuidados obstétricos e pós-natal, a maioria das mães desconhecia os nomes
dos médicos obstetras de plantão e desconhecia se eram residentes ou médicos. Outro estudo
apenas no acesso aos recursos tecnológicos, sendo a atenção das equipes de saúde
O estudo de Moura et al. (2004) que objetivou avaliar crenças e cognições parentais
em 405 primíparas, com bebês de até um ano de vida, em diferentes regiões no Brasil,
51
mostrou correlação positiva entre a escolaridade materna. Outra contribuição importante deste
estudo, foi a ratificação de que os grupos de mães brasileiras não são homogêneos nas
conhecimentos sobre seus bebês. Este estudo intercultural sugere que variáveis sociais e
infantil.
Grupos psicoprofiláticos, com gestantes como de Falcone et al. (2005) podem ser uma
relato de experiência envolvendo uma coleta de dados com 103 gestantes (71 adultas e 32
aconteceram num Centro de Saúde de um bairro periférico de uma grande cidade brasileira e
O mesmo estudo destaca a essencialidade do apoio para estas mães, que pode ser
fortalecimento da díade mãe-bebê, principalmente dirigido àquelas com restrita rede de apoio
social. Aiello (2003) ao acompanhar mães em grupo, num Ambulatório, observou queixas de
52
sentimentos de inutilidade, pois estas mulheres não conseguem se ocupar de outras tarefas das
Sabe-se que os cuidados devem acontecer desde o pré-natal, para prevenção do baixo
particularidades de cada família. Oakley (1985) descobriu que o peso do recém-nascido pode
ser influenciado pelo suporte social recebido pela mãe na gestação. Assim, o autor destaca que
os programas de intervenção em saúde perinatal devem incluir aos cuidados, também fatores
alta hospitalar. As autoras ressaltam que a visita domiciliar como um propósito educativo para
a puérpera, seguida ao parto e retorno doméstico, deveria fazer parte das políticas de
Honey, Bennett e Morgan (2004) testaram um grupo educativo breve, com mulheres
comportamentais para mudança nas crenças errôneas sobre a maternidade e aumento e uso de
técnicas de relaxamento. Os resultados mostraram que o grupo é um recurso válido para uso
dois grupos de mulheres, realizando controle das variáveis (idade do bebê, idade das mães,
comparado com o grupo que permaneceu somente nos cuidados primários de rotina. Outro
vida da mulher, que podem gerar sentimentos conflitantes e não acolhidos socialmente, uma
sugestão seria fomentar, nas comunidades, espaços de encontro para as mães dialogarem,
favorecendo no seu fortalecimento e engajamento num grupo com outras mães. Os grupos de
mães promovidos pela prefeitura de Porto Alegre favoreciam a socialização das informações
PÓO et al. (2008) convocam todos os pesquisadores das fases gestacional e puerperal,
para chamar a atenção dos profissionais de saúde, com contato regular ou frequente com as
consequências negativas decorrentes deste transtorno para a saúde global da mãe e do bebê.
Os autores que pesquisaram mães usuárias da rede de saúde pública do Chile, sugerem a
da depressão pós-parto, intitulado Mamás y Bebés/ Mothers and Babies Course, merece
mães, da gestação até os 12 meses de vida do bebê (MUÑOZ et al., 2007). Os resultados
controle não submetido ao curso (25%). O mesmo foi criado para as gestantes e novas mães,
também elucidado por Schardosim e Heldt (2011) em revisão de literatura a respeito das
nas rotinas de assistência. Os grupos de mães promovidos pela prefeitura de Porto Alegre,
percepção dos serviços de saúde pelas mães em fase puerperal, portanto, num momento
A presente dissertação levanta entre primíparas trabalhadoras, com bebês entre dois e
com a DPP e o stress. Dentre as hipóteses principais do presente estudo, estão: a participação
das mães em grupos no pré e pós-natal representaria um fator de proteção contra a depressão e
o stress; e, mães que não intencionam retornar ao trabalho apresentariam mais prevalência de
transtornos emocionais.
55
2 OBJETIVO GERAL
3 MÉTODO
3.1 Participantes
idade acima de 18 anos, primíparas, e cujos bebês deveriam estar por ocasião da coleta de
dados, entre o segundo e sexto mês seguido do parto. Das 30 participantes, 24 foram
duas foram localizadas por meio de indicação de uma doula e duas por intermédio de pessoas
conhecidas da pesquisadora.
entre o segundo e sexto mês puerperal, foram contatadas por telefone e convidadas para
participarem da pesquisa.
3.2 Local
sua atividade profissional no local, contou com a ajuda de uma equipe de trabalho (serviço de
enfermagem e administrativo), para localizar e contatar as mães com o perfil da coleta. Neste
licença maternidade. Ali, são oferecidas desde 2010, oficinas informativas para as
O Ambulatório onde ocorreu a maior parte da coleta, está localizado numa instituição
pública de saúde administrada por uma fundação privada (Fundação para o Desenvolvimento
trabalham 1593 funcionários, sendo 466 homens e 1127 mulheres em sua maioria em idade
Bauru-SP.
Também foi oferecida a opção da entrevista ocorrer na residência das mães, atendendo sua
Maio/13.
57
3.3 Instrumentos
apoio disponível no período da gestação. O capítulo II, apresentou informações sobre o parto,
como o tipo, e se foi o desejado, dados do neonato (se foi a termo e peso), quando ocorreu o
suficientes. O capítulo III, abordou o aspecto emocional nos primeiros 45 dias após o parto,
se houve apoio no período, e por quem; informações sobre amamentação, como procura pelo
banco de leite, motivos, e como se sentiu ao levar seu bebê para casa. O capítulo IV,
investigava com quem o bebê passa a maior parte do tempo, amamentação e motivos do
abandono entre as não lactantes. Também investigava a rede de apoio disponível, satisfação
sobre mãe e bebê (como nome, data de nascimento, idade, estado civil, escolaridade,
ocupação, tempo de ocupação, com quem reside, nome do parceiro, ocupação do parceiro,
(versão brasileira adaptada por SANTOS; MARTINS; PASQUALI, 1999) com aplicação pela
0 a 3 pontos. Este instrumento foi testado em mães brasileiras entre seis e 24 semanas, com
escolaridade considerada média-alta, numa amostra de classe média de uma região nacional
instrumento foi medida pelo coeficiente alfa de Crombach de 0,80. A média de pontuação
entre as puérperas consideradas deprimidas foi 13,5, enquanto as não-deprimidas foi de 6,6. A
pontuação 11/12 foi considerada limítrofe para o encaminhamento das mães para investigação
na saúde mental. Sendo assim, Santos, Martins e Pasquali (1999) consideram esse ponto de
especificidade de 89% e valor preditivo positivo de 78%. A versão original de Cox, Holden,
Sagovsky (1987) afirma que a EPDS, além de aplicação rápida, retrata como a mãe se sentiu
blues” (estado emocional que acomete grande parte das mulheres no pós-parto devido às
resposta era composto por três quadros de distância temporal (quadro 1: 24 horas; quadro 2:
uma semana e quadro 3: um mês). O instrumento contém 15 itens para o quadro 1, sendo 12
para o quadro 2, sendo 10 itens relacionados aos sintomas físicos e cinco relacionados aos
sintomas psicológicos e, 23 itens para o quadro 3, sendo 12 relacionados aos sintomas físicos
3.4 Procedimento
O rastreamento das mães do Centro de Psicologia ocorreu por meio de checagem dos
com a finalidade de agendar a entrevista no mesmo dia e horário de consulta dos bebês no
local.
1
Este inventário não constará dos anexos, posto que é privativo do psicólogo e todos os
direitos de reprodução são reservados à Casa do Psicólogo que o publicou.
60
O outro grupo de mães foi localizado por intermédio da doula ou pessoas conhecidas
da pesquisadora. As entrevistas com este grupo de mães foram realizadas em suas residências
instrumentos ocorreu numa única etapa, sendo exercida exclusivamente pela pesquisadora e
não ultrapassando mais do que 40 minutos. O acesso aos resultados da sua própria avaliação
foi oferecido para todas as mães, sendo dado pessoalmente ou por e-mail. Entre as
participantes que mostraram alguma etapa alterada, todas foram comunicadas e orientadas a
qualidade da rede de apoio, foi analisado através do auxílio do programa estatístico SPSS, for
Windows, versão 17.0, adotando o teste Qui-Quadrado, e quando necessário o teste de Fisher
11/12, de acordo com versão brasileira deste instrumento proposta por Santos, Martins e
61
Pasquali (1999). De acordo com os autores, esta pontuação em puérperas é indicativa para
variáveis: escolaridade materna, sexo do bebê, peso do bebê, saúde física e emocional na
foi o tipo desejado, primeiro contato com o bebê, informação amamentação na maternidade,
conjugal, satisfação comunicação entre o casal, colaboração nas tarefas domésticas, apoio do
trabalho.
foram apresentadas cinco opções de figuras nas quais as mães apontavam como se sentiam
4 RESULTADOS
civil de 100% casadas, foram coincidentes, não sendo considerados critérios de inclusão no
estudo.
O tempo de convivência com o parceiro era de até três anos de relacionamento para
Os bebês das primigestas eram em sua maioria do sexo feminino (57%); nascidos em sua
maioria a termo, ou seja, com mais de 37 semanas gestacional (87%), e com peso acima de
3000grs (70%).
Características da amostra N %
Idade
25 a 29 anos 17 57%
30 a 34 anos 9 30%
Escolaridade
Estado civil
Casadas 30 100%
Profissões desempenhadas
Assistente Social 2 7%
Farmacêutica/Técnica de Farmácia 2 7%
Empresária 2 7%
Médica 2 7%
Professora 2 7%
Supervisora Jurídica 1 3%
Psicóloga 1 3%
Serviços Gerais 1 3%
Sexo do bebê
Masculino 13 43%
Feminino 17 57%
Idade do bebê
Tempo ao nascer
30 a 37 semanas 5 17%
Peso do bebê
relacionados aos sentimentos e percepções desde a gestação, rede de apoio no período, parto,
e pós-parto das mães trabalhadoras; nesta última seção, checa-se se há associação ou não
dados da gestação, convivência com o bebê: satisfação conjugal e qualidade da rede de apoio.
questões sobre o período gestacional. A Tabela 2 apresenta estes dados. Para 83% das mães a
gravidez foi planejada e, para todas elas o significado foi positivo. As justificativas relatadas
mais frequentes foram: “sempre foi meu sonho” (60%), e “esta gravidez foi uma realização”
(26%). Quanto à saúde durante a gestação, 80% relataram boa saúde física e 67% boa saúde
emocional.
65
Aspectos avaliados N %
Gravidez planejada
Sim 25 83%
Não 5 17%
Significado da Gravidez
Positivo 30 100%
Boa 24 80%
Ruim 06 20%
Boa 20 67%
Ruim 10 33%
Desejada/sonho 18 60%
Companhia 1 3,3%
gestação. Na Tabela 3, observa-se que, das participantes, 53% realizaram alguma atividade
em grupo, sendo as mais frequentes, aquelas organizadas no próprio trabalho (37%), ou pelo
convênio (25%). Dentre elas, 69% relataram que foi bom, porque tiravam dúvidas e havia a
troca de experiências. Quanto aos direitos das gestantes, 60% das participantes não receberam
informações sobre eles. Das participantes, 90% relataram terem ficado satisfeitas com a rede
2
Pergunta que permite respostas múltiplas. Esse tipo de notação será utilizado também nas
demais tabelas
66
de apoio disponível no período, e 97% satisfeitas com a sua vida conjugal. Dente elas, 40%
Tabela 3. Descrição dos aspectos protetivos durante a gestação (acesso a informações, participação em grupos,
Aspectos avaliados N %
Sim 16 53%
Não 14 47%
Sim 12 40%
Não 18 60%
Sim 27 90%
Não 3 10%
Sim 29 97%
Não 1 03%
Sim 12 40%
Não 18 60%
Em relação ao parto, a Tabela 4 indica que 90% maioria das mães se submeteu à
cesárea e dentre elas, 57% realizaram cesárea pré-agendada. Das participantes, 63%
declararam ter sido o tipo de parto desejado, e 94% viram seus bebês logo após o parto.
Dentre elas, 57% visualizaram, sem tocar seus bebês, no centro cirúrgico, 37% apresentaram
contato corporal imediato com seu bebê, e 6% viram seu bebê apenas no quarto.
67
Tabela 4. Relato das participantes sobre o parto e condições em que ocorreu o primeiro contato com o bebê
Aspectos avaliados N %
Natural 3 10%
Sim 19 63%
Não 11 37%
Sobre as condições de aleitamento das mães, a Tabela 5, evidencia que 100% delas
amamentaram seus bebês nas primeiras semanas de vida dele, e 83% relataram que receberam
informações sobre amamentação na maternidade. Entretanto, 64% das mães julgaram que
maternidade, 73% das mães recorreram aos serviços especializados em aleitamento, como
Banco de Leite. Os motivos da busca para 36% delas foi decorrente de sensações de
desconforto, tais como: rachadura no seio, dor, mamas ingurgitadas. Ainda entre os motivos
outros alimentos como leite artificial, e 27% das mães ofereciam exclusivamente leite
68
artificial. Quanto aos motivos do não aleitamento no momento, as mães relataram diversos
Tabela 5. Relato das participantes sobre o processo do aleitamento: aderência e motivos do abandono
Aspectos avaliados N %
Sim 25 83%
Não 5 17%
Entre aquelas que receberam informações, julgam que foram suficientes (25)
Sim 9 36%
Não 16 64%
Sim 30 100%
Não 00
Sim 22 73%
Não 08 27%
Armazenamento/doação 4 13%
Febre 1 3,3%
Amamentando no momento
Tabela 5. Relato das participantes sobre o processo do aleitamento: aderência e motivos do abandono
(continuação)
Outros motivos (febre da mãe, internação da mãe, bebê se afogou, perda de peso do 7 23%
Quanto ao novo papel, o de mãe, a Tabela 6, mostra que, das puérperas, 43% relataram
não se sentirem muito bem, e 20% relataram que se sentiram mal. Desta forma, observa-se
que algum tipo de mal-estar emocional ocorreu após o parto para 63% da amostra.
avaliou como muito satisfeitas (50%), e satisfeitas (40%), no desempenho de suas funções
maternas, totalizando, portanto, 90% das mães. O mesmo ocorreu na avaliação delas na
interação com o bebê: 93% estavam muito satisfeitas e 7% satisfeitas, correspondendo ao total
de 100% da amostra. Quanto ao questionamento, sobre com quem o bebê permanecia a maior
parte do tempo, 80% das mães responderam que exclusivamente com elas e 17% com os
Tabela 6. Relato sobre parentalidade de acordo com a perspectiva das mães trabalhadoras
Aspectos avaliados N %
Bem 11 37%
Ruim 6 20%
Satisfeita 12 40%
Indiferente 3 10%
Satisfeita 2 07%
Creche/berçário 1 03%
revelando que 94% das mães se declararam muito satisfeitas ou satisfeitas no relacionamento
atual com o pai da criança. Dentre elas, 77% percebem preocupação do parceiro com elas e
90% estavam satisfeitas com a comunicação entre o casal. Das mães que relataram
Aspectos avaliados N %
Satisfeita 11 37%
Indiferente 2 06%
Sim 23 77%
As vezes 7 23%
Sim 27 90%
Não 3 10%
Além dos aspectos relacionados à conjugalidade, a relação com o parceiro pode prover
outras ajudas, configurando-se como uma rede de apoio. Tal rede de apoio pode ser
profissionais configurando-se como ações protetivas que podem ocorrer durante o período. A
Tabela 8 mostra estes aspectos. Entre as participantes, 100% referem ter recebido apoio nos
primeiros 45 dias pós-parto, sendo o marido (93%), e os pais (83%) as principais fontes de
apoio neste período. Na ocasião da coleta os maridos prosseguiam sendo os apoios principais.
Das participantes, 77% informaram que o parceiro colabora nas tarefas de cuidados com o
bebê. Dentre elas, 93% relataram que compartilham sentimentos sobre a maternidade, sendo
72
assinalados. Das mães que indicaram o pediatra, 80% o apontaram como o profissional
acessível naquele momento. Quanto à frequência de grupos, 87% das mães relataram que não
frequentavam nenhum, no momento. Ainda, 43% das participantes relataram sentir falta de
ajuda, sendo os motivos mais frequentes apresentados: auxílio nos cuidados domésticos
Tabela 8. Aspectos protetivos na maternidade de acordo com as participantes (rede de apoio em geral,
Aspectos analisados N %
Sim 30 100%
Marido/companheiro 28 93%
Pais 25 83%
Doula 2 6,6%
Marido/companheiro 29 96%
Pais 20 66%
Babá/Creche 2 6,6%
Tabela 8. Aspectos protetivos na maternidade de acordo com as participantes (rede de apoio em geral,
Sim 23 77%
Não 7 23%
Sim 28 93%
Não 2 7%
Genitora 14 46%
Familiares 13 43%
Marido 10 33%
Pediatra 29 96%
Ginecologista/Obstetra 5 16%
Sim 24 80%
Não 6 20%
Sim 4 13%
Não 26 87%
Sim 13 43%
Não 17 57%
74
Tabela 8. Aspectos protetivos na maternidade de acordo com as participantes (rede de apoio em geral,
Uma questão relacionada à auto estima foi apresentada e, das participantes, 70% das
respostas foram classificadas em satisfeitas ou muito satisfeitas. O restante (30%) das mães
A volta ao trabalho é uma questão importante nesta fase. A Tabela 9, mostra aspectos
das percepções das mães sobre a fase gestacional no ambiente de trabalho, e com relação à
retomada de suas funções profissionais pós-licença gestante. 70% das mães relataram receber
algum tipo de apoio durante o período gestacional; 57% acreditavam estar suficientemente
informadas sobre seus direitos mediante o retorno da licença maternidade. Para 90% delas, a
intenção de retornar ao trabalho estava presente, sendo que 53% julgavam-se informadas
sobre seus direitos. Para 83%, o retorno ao trabalho era motivo de preocupação, alegando
como motivos principais “deixar o bebê” (47%), e “adaptação do bebê com cuidadores
ao trabalho, estavam: “julgo ter uma boa rede de apoio” (60%), ou “não pretendo retornar”
Tabela 9. Aspectos relacionados ao trabalho, de acordo com as mães trabalhadoras desde a gestação, expectativa
Aspectos analisados N %
Sim 21 70%
Não 9 30%
Sim 17 57%
Não 13 43%
Sim 27 90%
Não 3 10%
Sim 25 83%
Não 5 17%
Vida financeira 1 3%
Peso do bebê 1 3%
Motivos entre as mães que referiram despreocupação com o retorno ao trabalho (n=5)
Sim 17 57%
Não 13 43%
76
pós- parto e de stress. Para avaliar a depressão pós-parto, foi aplicada a EPDS. Os resultados
obtidos e descritos na Tabela 10, mostraram que, das participantes, 13% apresentaram sinais
clínicos investigativos para depressão pós-parto. Esclarecemos que entre essas quatro mães,
duas delas apresentaram pontuação limítrofe para a depressão e as outras duas primíparas
Quanto ao stress, avaliado com o ISSL, a mesma tabela mostra que 43,3% das mães
mostravam sintomas de stress. Dentre elas, 85% estavam na fase de Resistência, e com
predomínio de sintomas psicológicos para 85% das mães. Observa-se que 15%, ou seja, duas
das primíparas investigadas, estavam numa fase considerada negativa do stress, ambas com
depressão pós-parto, todas confirmaram também presença de stress de acordo com o ISSL.
Dessas mães, todas apresentavam stress na fase da resistência, sendo duas com predomínio de
Tabela 10. Dados referentes à depressão pós-parto (DPP) segundo EPDS; stress, fases e predominância de
Aspectos analisados N %
Sim 4 13%
Não 26 87%
Sim 13 43,3%
Não 17 56,7%
Alerta 0 0
Resistência 11 85%
Quase-exaustão 2 15%
Exaustão 0 0
Psicológicos 11 85%
Físico 2 15%
Tabela 11. Associação entre variáveis sócio-demográficas, aspectos de saúde pré e pós-parto e depressão
Variável Depressão P
Sem Com
Tabela 11. Associação entre variáveis sócio-demográficas, aspectos de saúde pré e pós-parto e depressão
utilizando o teste Fisher (continuação)
Satisfação conjugal na gestação Boa 26 (89,7%) 3 (10,3%) 0,133
Ruim 0 1 (100%)
imediato
Não
Não 17 (100,0%) 0
Tabela 11. Associação entre variáveis sócio-demográficas, aspectos de saúde pré e pós-parto e depressão
utilizando o teste Fisher (continuação)
Satisfação comunicação conjugal Sim 24 (88,9%) 3 (11,1%) 0,360
Não 0 3 (100,0%)
Obs. - Conforme legendado para as associações entre as variáveis sócio-demográficas e de saúde pré e pós-
gestacional das trabalhadoras e depressão, utilizou-se o qui-quadrado (x2) quando no teste aparece 0 cells
(0,0%). O teste Fisher não tem valor como o qui-quadrado (x2) sendo considerado apenas como probabilidade
estatística e utilizado se houver mais do que 25% das células com frequência esperada menor do que 5.
Conforme a Tabela 11 nota-se que o teste adotado em todas as associações foi o teste
Apesar de não fazer parte dos critérios de inclusão das participantes no estudo, houve
Aplicando o teste não houve associação entre escolaridade materna e presença de depressão,
sendo o resultado expresso pelo teste p= 0,563. Houve predominância de bebês do sexo
feminino, entre as participantes. Segundo o teste, não houve associação entre sexo do bebê e
presença de depressão, sendo p=0,613. A maioria das mães tiveram bebês com peso normal,
apenas cinco das 30 primíparas investigadas pariram bebês considerados com baixo peso.
81
Entretanto, durante a entrevista, estas últimas não referiram nenhuma preocupação especial
sobre saúde, com os filhos, quando comparadas às mães com bebês de peso normal.
Aplicando o teste, não houve associação entre peso do bebê e presença de depressão sendo
p=1,000.
Segundo a mesma tabela, nota-se predominância de boa saúde física durante a gestação entre
24 das 30 participantes investigadas. Aplicando o teste Fisher não houve associação entre
saúde física da mãe na gestação e presença de depressão, sendo que o cruzamento mostrou
p=0,008. Este resultado é explicado, pois 4 das 10 mães que refiram saúde emocional
EPDS.
algum tipo de grupo informativo sobre o período gestacional durante a fase do pré-natal.
Sendo que os locais de participação em grupo eram organizados pelo próprio ambiente de
trabalho, ou através de convênio (ver descrição da tabela 3). Aplicando o teste Fisher, não
houve associação entre participação das mães em grupos na gestação e presença de depressão,
sendo o p=1,000. Assim, segundo este resultado, ter participado de algum tipo de grupo, seja
investigadas, da DPP.
mães trabalhadoras investigadas. Aplicando o mesmo teste, não houve associação entre
mães investigadas, 17 delas não tiveram acesso às informações sobre direitos da gestante e 18
Aplicando o teste, não houve associação entre ambas as variáveis e depressão. A associação
entre acesso aos direitos da gestante revelou p= 0,613 e a associação entre acesso às
depressão, sendo p= 0,133. Nota-se que este resultado positivo sobre a conjugalidade se
cuidados do seu companheiro. Portanto, não houve a confirmação da associação entre cuidado
conjugal e presença de depressão, sendo o p =0,225 segundo o teste Fisher. Nota-se ainda
que, entre 27 delas consideram haver uma comunicação satisfatória entre o casal. Aplicando o
depressão, sendo o p= 0,360 de acordo com o mesmo teste. Os resultados finalizam esse tema
nos cuidados domésticos e com o bebê. O teste não confirmou associação entre colaboração
rede de apoio durante a gestação segundo 27 das mães investigadas. Aplicando o teste, não
houve associação entre rede de apoio na gestação e presença de depressão, sendo p=0,360.
83
total de mães investigadas. Aplicando o teste, não houve associação entre o tipo de parto e
como desejado, entretanto, 11 delas consideraram o tipo de parto não desejado. Também não
Nota-se predominância de não contato imediato com o bebê entre 20 das 30 mães.
Assim, apenas para 10 delas o contato imediato com seus bebês no centro cirúrgico foi
possível. Aplicando o teste, não houve associação entre primeiro contato com o bebê e
Sobre a variável aleitamento verificou-se que na maternidade 25 das mães julgaram ter
treinados para auxiliarem as lactantes. Não houve associação entre informação aleitamento na
maternidade e presença de depressão, sendo o p=1,000. A maior parte das mães sentiu a
necessidade de recorrer ao banco de leite, o que representou 22 das 30 mães. Também não se
após. Assim, 19 delas consideraram não se sentirem muito bem naquele momento. Segundo o
teste Fisher, não houve associação entre sentimentos 45 dias após o parto e presença de
depressão, sendo o p=1,000. Para 28 das mães, julgam partilhar seus sentimentos com os
outros, sendo as pessoas eleitas por elas para a escuta, descritas na Tabela 8. Aplicando o
84
mesmo teste, não houve associação entre partilhar sentimentos e manifestação de depressão,
sendo o p=0,253.
Conforme a tabela 11, nota-se que a maior parte das mães, ou seja, 26 delas, não
frequentavam grupo no momento. Aplicando o teste Fisher, não houve associação entre
aos grupos, não se confirmou como ausência de necessidade de ajuda. Isto pode ser inferido
pela associação verificada entre sentir falta de ajuda e manifestação de depressão, sendo
apresentado pelo teste p=0,026. No caso das mães da amostra, 13 delas relataram sentir falta
de algum tipo ajuda (sendo as formas de ajuda necessitadas descritas na Tabela 8). Este
resultado pode ser explicado por 4, das 13 mães que refiram sentir falta de ajuda,
Finalizando a descrição da Tabela 11, nota-se que para 21 das mães, o ambiente de
trabalho ofereceu apoio durante a gestação, não se confirmando associação entre a variável,
aplicado. Ainda, de acordo com os resultados, nota-se que entre 27 das mães trabalhadoras,
havia a pretensão de retornar ao trabalho. Aplicando o teste Fisher, houve associação entre
pelo fato das três mães que afirmaram não pretender retornar ao trabalho, apresentarem
indicação pelo EPDS de sintomas depressivos. Para 25 das mães investigadas, havia a
vínculo”, e de deixar a criança com cuidadores substitutos (descritos na Tabela 9). Aplicando
Aqui serão descritas as associações encontradas envolvendo stress (com e sem stress)
Tabela 12. Associação entre variáveis sócio-demográficas e de saúde pré e pós-gestacional e stress utilizando o
Com Sem
Ruim 01 (100%) 0
86
Tabela 12. Associação entre variáveis sócio-demográficas e de saúde pré e pós-gestacional e stress utilizando o
teste qui-quadrado (x2 ) ou Fisher. (continuação)
Presença de rede de apoio na gestação Boa 11 (40,7%) 16 (59,3%) **0,565
parcialmente
Não 2 (100%) 0
Tabela 12. Associação entre variáveis sócio-demográficas e de saúde pré e pós-gestacional e stress utilizando o
teste qui-quadrado (x2 ) ou Fisher. (continuação)
Apoio do trabalho na gestação Sim 8 (38,1%) 13 (61,9%) **0,443
Não 3 (100%) 0
*Conforme legendado para as associações entre as variáveis sócio-demográficas e de saúde pré e pós-gestacional
das trabalhadoras e depressão, utilizou-se o qui-quadrado (x2 ) quando no teste aparece 0 cells (0,0%). O teste
Fisher não tem valor como o qui-quadrado (x2) sendo considerado apenas como probabilidade estatística e
utilizado se houver mais do que 25% das células com frequência esperada menor do que 5.
e de saúde das mães investigadas; no entanto, as distribuições dos resultados serão de acordo
com a classificação com e sem stress. Das mães, a predominância da escolaridade no ensino
superior se manteve; tal resultado pode ser inferido pela maioria do público investigado:
profissionais da saúde. Os resultados variaram entre teste qui-quadrado (x2) e Fisher, também
com dominância deste último teste. Não se verificou associação entre escolaridade materna e
presença de stress, sendo p= 0,443 segundo o teste Fisher. Portanto, a variável sexo do bebê,
mostrou predominância de bebês do sexo feminino com qui-quadrado (x2 = 1.475; (gl) 1, p =
0,225), não sendo encontrada nenhuma associação com stress.A variável peso do bebê,
apresentou predomínio de bebês com peso normal, ou seja, igual ou acima de 2,500 kg. De
acordo com teste Fisher p = 1,000 não houve associação entre peso do bebê e presença de
stress materno.
88
Aplicando o teste Fisher não houve associação entre saúde física, durante a gestação e stress,
Aplicando o teste Fisher houve associação entre saúde emocional e stress no pós-parto,
sendo p = 0,007. Observa-se que, das 10 mães que referiram saúde emocional alterada durante
LIPP.
teste qui-quadrado, não houve associação entre participação em grupos durante a gestação e
manifestação de stress materno, sendo de acordo com teste (x2 = 0,002; (gl) 1, p = 0,961). A
teste Fisher, não houve associação entre planejamento da gestação e presença de stress, sendo
o p = 0,138.
sobre direitos e aleitamento, entre as mães trabalhadoras durante a gestação. Aplicando o teste
acordo com teste (x2 = 0,074; (gl) 1, p = 0,785). Em relação à associação entre a variável
acesso à informação de aleitamento durante a gestação e stress, também não se confirmou tal
correlação, sendo de acordo com o teste qui-quadrado (x2 = 0,362; (gl) 1, p = 0,547).
89
teste Fisher, não houve associação entre satisfação conjugal durante a gestação e stress, sendo
gestacional, entre 27 das mães trabalhadoras. Aplicando o teste Fisher, não houve associação
entre satisfação rede de apoio durante a gestação e presença de stress, sendo p=0,565. No
entanto, apesar das mães se descreverem satisfeitas com o apoio recebido no período, 11
teste Fisher, não houve associação entre o tipo de parto e presença stress, sendo p=1,000. De
acordo com a mesma tabela, nota-se a predominância do tipo de parto desejado, de acordo
com o relato das participantes. Aplicando o teste Fisher, não houve associação entre tipo de
com seu bebê, nota-se que foram mantidos os mesmos resultados totais, da associação desta
mesma variável com depressão; ou seja, 20 das mães não apresentaram contato com seu filho
no perinatal. Aplicando o teste Fisher, não houve associação entre contato imediato com o
bebê e presença de stress, sendo p=0,255. Entretanto, deve-se considerar o dado que mostra
que das 20 mães que confirmaram não contato imediato com seu bebê na sala de parto, sete
aleitamento na maternidade. De acordo com avaliação de Fisher, não houve associação entre
nos primeiros 45 dias após o parto, entre as mães trabalhadoras investigadas. Aplicando o
teste Fisher, não houve associação entre sentimento 45 dias após o parto e presença de stress,
90
durante o puerpério.
recorreram ao serviço do banco de leite. De acordo com o teste Fisher, não houve associação
questionamento sobre amamentação, 22 das mães afirmaram que o aleitamento era parcial ou
exclusivo, no momento. Aplicando o teste Fisher, também não houve associação entre
entorno. Aplicando o teste Fisher, não houve associação entre partilhar sentimentos e
mães que não julgam sentir falta de ajuda, no momento. Entretanto, aplicando o teste qui-
quadrado, houve associação entre sentir falta de ajuda e presença de stress, de acordo
com o teste (x2 =6,266;gl1,p=0,012). Esse resultado é explicado pelo fato de 9, do total de 13
mães que refiram sentir falta de ajuda, apresentarem sintomas indicativos de stress de acordo
percepção de cuidado conjugal entre as mães. Aplicando o teste Fisher, não houve associação
entre cuidado conjugal e presença de stress, sendo p=0,666. Ainda, verifica-se satisfação das
mães com a comunicação conjugal. De acordo com o teste Fisher, não houve associação entre
colaboração do parceiro nas tarefas. Segundo o teste Fisher, houve associação entre
colaboração do parceiro nas tarefas e presença de stress, sendo p =0,025. Este resultado é
91
somente às vezes nas tarefas de cuidados com o bebê, apresentaram sintomas indicativos de
o teste Fisher, não houve associação entre apoio do trabalho durante a gestação e presença de
pretensão em retornar ao trabalho, entre as mães. Aplicando o teste Fisher, não houve
mães. Segundo o mesmo teste, não houve associação entre a preocupação do retorno ao
5 DISCUSSÃO
primigestas, com bebês entre dois e seis meses de idade. Além de conhecer os dados sócio-
demográficos das mães, o estudo procurou descrever suas experiências com a maternidade,
maneira:
primiparidade, bebês entre dois e seis meses e a mãe trabalhar fora. Apesar disso, coincidiu-se
durante a fase gestacional, característica que se manteve durante todo ciclo gravídico-
puerperal. Talvez este resultado possa ser explicado pela maternidade conciliar com a
condição de empregabilidade considerada por Chen (2001) fator de proteção para a saúde das
interação social.
preconiza de 5 à 15%, a taxa de cesárea tolerável. De acordo com WHO (2010) quando este
tipo de parto não tem indicação médica, os efeitos adversos são mais frequentes, aumentando
93
admissão do bebê para cuidados intensivos e morte fetal. Esse mesmo estudo aponta que
demográfico das mães investigadas neste estudo. A ANS, 2013; MINISTÉRIO DA SAÚDE,
e causas associadas à mulher (medo da dor e crenças como o parto cesáreo ser melhor para o
bebê). A maior parte das mães afirmou que o parto realizado foi o desejado, entretanto,
o discurso sobre a ausência de riscos desse tipo de parto para mãe e o bebê. Sabe-se que ainda
é frequente a indicação pelos médicos obstetras de parto tipo cesariana mesmo entre mães
sem indicação para esse tipo de parto, mantendo elevados os índices desse tipo de parto no
país.
O presente estudo verificou que a maioria das mães não obteve acesso à informação
sobre aleitamento durante a gestação, confirmando outros estudos atribuindo à falhas dos
orientar melhor como o aleitamento se faz (RODRIGUES et al.,2006; RUGULO et al., 2004).
Esta desinformação relatada pelas primíparas investigadas, talvez contribua para o abandono
precoce do aleitamento exclusivo, observado entre as participantes antes do sexto mês de vida
do bebê.
concentravam na faixa dos quatro aos seis meses, observa-se que a sugestão da OMS de
aleitamento exclusivo até os seis meses não foi encontrada na amostra. Parte das mães
94
ratificando outro estudo de coleta transversal realizado por Carvalho e Silva (2005)
mês de vida. As autoras concluem nesse estudo, que a amamentação exclusiva por período
igual ou maior a quatro meses, é importante para diminuir riscos de quadros infecciosos como
pneumonia e infecções respiratórias nos primeiros dois anos da criança. Santiago et al. (2003)
sugere como favorável à amamentação exclusiva dentro do período determinado pela OMS, a
amamentação, considerado padrão-ouro para nutrizes e bebês que desejam superar todas as
reforçadas durante o pré-natal. Podemos inferir a desinformação sobre amamentação das mães
abandono do aleitamento a partir do sexto mês de vida do bebê entre mães mais escolarizadas
Os principais direitos da mulher que trabalha estão contidos numa cartilha do Ministério da
Saúde (2010) que destaca a garantia do aleitamento por seis meses, para mulheres com
direito de horário especial de amamentação até o bebê completar seis meses, inclusive com
incentivo para levar a criança ao ambiente de trabalho para favorecer o aleitamento. Outro
empresa com mais de 30 funcionárias com idade reprodutiva, sendo possível esse benefício
ser transformado em reembolso (auxílio-creche) para a mãe. Outro aspecto de avanço das
ampliou o período de licença de 120 para 180 dias, oferecendo incentivos fiscais para as
no país, esse benefício parece não atender grande parte das trabalhadoras do país, não fazendo
Ainda na primeira seção do estudo nota-se que o primeiro contato com o bebê ocorreu
para grande parte das mães apenas por meio visual no próprio centro cirúrgico. Também
destacamos que boa parte das mães com sintomas de stress confirmados não apresentaram
contato imediato com seus bebês na sala de parto. Estes resultados confirmam o estudo de
Rugulo et al, (2004) observando também a baixa prevalência de colo logo após o nascimento.
entre 108 mães adultas e adolescentes multíparas e primíparas. Esse estudo revelou satisfação
com os cuidados recebidos pela equipe de saúde e instituição, resultado também confirmado
na presente investigação. Para os autores, a falta de crítica das mães precisa ser analisada com
cautela, pois pode sinalizar gratidão ou medo de discriminação pela instituição. Devemos
ainda destacar a baixa prevalência de contato físico entre mãe-bebê encontrada talvez seja
mãe (BRASIL,1990).
96
O estudo verificou que a maioria das mães trabalhadoras, manifestou algum tipo de
mal-estar emocional durante o puerpério, ou seja, nos 45 dias seguidos ao parto. Entretanto, as
funções maternas se mostraram preservadas, assim como a satisfação na relação com o bebê.
Fonseca, Silva e Otta (2010) também encontraram estes resultados entre as mães
acompanhadas, entre o último trimestre gestacional, parte delas com sintomas depressivos. As
autoras concluem que as relações funcionais das mães com seus bebês se mantiveram
autores descrevem as mães como resilientes, pois apesar de se perceberam muito tristes e
representar um fator protetivo para a DPP e o stress. Dantas, Araújo, Paulino e Maia (2012)
atuando como fator de proteção dos sintomas depressivos. As autoras destacam como
melhoria do atendimento da díade mãe-bebê. Outros estudos também destacam que a garantia
a saúde emocional da mãe (DANTAS, ARAÚJO, PAULINO, MAIA, 2012; PÓO et al., 2008;
participantes, que se revelaram satisfeitas com o parceiro desde a gestação e ainda ressaltaram
receber ajuda nas tarefas com o bebê e na vida doméstica. O presente estudo parece não
Mendonça, Bussab e Siqueira (2012) Frizzo, Prado, Linares e Piccinini, (2010) e Sotto-Mayor
97
e Piccinini (2005). Já para Lopes e Menezes (2007) a satisfação conjugal pode aumentar com
a transição parental. Geralmente em casais cujos maridos são mais ativos e participativos nos
autoras ratificam que é subjetiva para cada indivíduo a avaliação desse período de transição
impacto desta transição entre os casais, recomendando mais pesquisas que abordem a
cuidados domésticos e com o bebê. Esse resultado parece corroborar o estudo de Paz e
apresentavam tendência a descrever seus parceiros como mais colaborativos nos cuidados
com os filhos, quando comparados com o grupo de mães em regime de trabalho parcial ou do
lar. O mesmo estudo mostrou ainda, que as crianças das mães trabalhadoras eram mais
marido como principal rede de apoio durante a fase transicional, corrobora outros trabalhos
(MURTA et al., 2011; DESSEN; BRAZ, 2000) que também ressaltaram as transformações da
participação dos maridos e influência dos avós durante a gestação e puerpério. Podemos
considerar entre as primíparas abordadas, que a busca de apoio foi uma das principais
trabalho trouxe mais uma colaboração ao ratificar a importância do apoio como fator
protetivo, para a saúde emocional das mães desde a gestação até o sexto mês de vida do bebê.
interesse por esta investigação, compartilhamos com Schardosim e Heldt (2011) a sugestão de
98
propõem maior utilização de instrumentos de avaliação da saúde emocional das mães nas
EPDS foi utilizado em visitas realizadas por agentes de saúde às residências de mães suecas,
escolarizadas talvez explique essa diferença na prevalência encontrada de DPP. A maioria dos
econômicos mais baixos. Sabe-se que a carência sócio-econômica e baixa escolaridade são
considerados fatores de risco para DPP (PÓO et al.,2008; SILVA, 2008; IACONELLI, 2005).
Outros trabalhos apontam também a condição de desemprego como fator de risco para
stress encontrados nesta pesquisa foram semelhantes aos de Rodrigues e Schiavo (2011)
stress durante o puerpério, sendo mais freqüentes as pesquisas sobre o assunto na fase
encontrou ocorrência simultânea de DPP e stress, ou seja, as mães avaliadas como depressivas
99
psicológicos.
envolvendo a depressão pós-parto ratifica outros estudos, sugerindo que os fatores de risco da
DPP podem ser identificados já durante a fase gestacional (SILVA, 2008; MARTINEZ-
et al. (2008) e Iaconelli (2005) destacam entre os principais fatores de risco para DPP, a
Este estudo encontrou também associações simultâneas entre: sentir falta de ajuda e
depressão, e sentir falta de ajuda e stress. Tal dado parece se agregar à outra associação
observada nesta pesquisa, envolvendo baixa colaboração do marido e stress. Outros trabalhos
mostram semelhantemente haver uma correlação negativa entre suporte social e transtornos
Póo et al. (2008) destacaram que o fato da mulher trabalhar durante o período
depressão, mas sim o número de filhos anteriores. Assim, concluem que as primigestas
quanto o retorno ocupacional parece ser uma preocupação, independente da presença dos
trabalho parece ser uma constante entre as mães. Sousa, Prado e Piccinini (2011)
100
complementam afirmando que o retorno ao trabalho gera preocupações por estar ligado à
idéia de separação do bebê. Dado que foi também confirmado entre as participantes que
substitutos.
Considera-se significativo o fato das mães com presença de sintomas indicativos para
a DPP também se mostrarem com stress de acordo com os resultados da presente pesquisa.
Esse dado ratifica outros trabalhos (SILVA et al., 2010; RAPOPORT; PICCININI, 2006)
mulher, o que indicaria a presença políticas públicas que viabilizassem o acesso à assistência
de uma equipe multiprofissional que acompanhe a saúde física e mental da recente mãe. A
correlação encontrada entre depressão e stress reforça a necessidade das mães serem avaliadas
implementadas pelos serviços de saúde, que acompanham gestantes e mães logo após o parto,
estão: palestras, oficinas e grupos de apoio à gestantes e mães primigestas ou multíparas. Por
isso, o presente estudo questiona a respeito das participações das mães em grupos, durante a
fase pré-natal e pós-parto. Entretanto, nossa hipótese sobre as participações em grupos pré e
investigadas não pode ser corroborada. Uma limitação verificada sobre esse tema envolve as
grupos no bem-estar e saúde de gestantes e puérperas. Assim, não foi possível colaborar com
a literatura que ressalta a importância das mães serem acompanhadas emocionalmente durante
todo o ciclo gravídico-puerperal (SILVA et al., 2012; SILVA, 2008; IACONELLI, 2005).
gestação, o que pode ser inferido pela disponibilidade da mãe, que nesse momento ainda não
101
se ocupa com as tarefas de cuidados, exigidas pelo bebê. Ou ainda, este resultado se explique
pela indisponibilidade nos serviços de saúde em geral de acesso aos grupos de apoio às mães
durante fase puerperal conforme também ressaltam Schiavo (2011) e Silva (2008). Entre os
poucos trabalhos dessa natureza encontrados no país, destaca-se o de Moura et al. (2004) com
experiência de grupo de apoio às mães nos primeiros meses de vida do bebê ou ainda, visitas
promovidas por agentes de saúde para avaliar a saúde mental de mães em pós-parto (SCOPE,
Sintetizando os achados essenciais descritos nos itens a,b e c, a pesquisa serviu para
esclarecer que a satisfação com o apoio social e conjugalidade das mães trabalhadoras esteve
psicológicos, entre a amostra de mães investigadas. Grande parte das mães alegaram
seguidos ao parto, o que pode ser explicado pelo baby-blues, estado emocional que acomete
encontrada entre sentir falta de ajuda e depressão/stress, reforça a correlação negativa entre a
trabalho, apresentavam sintomas de depressão confirmados pelo EPDS. Talvez esse resultado
tarefas e sintomas em sua maioria psicológicos como cansaço excessivo, apatia, sensação de
manifestação dos transtornos emocionais, a partir da fase gestacional. Além disso, parte das
reforçando a necessidade de haver políticas de saúde materna que ofereçam o acesso aos
profissionais, que durante o pré-natal avaliem os fatores emocionais da mãe e não apenas
prestados.
pesquisas, uma investigação mais detalhada sobre os fatores que expliquem o não acesso à
atualmente grande parte das mães apresentam dupla jornada, ambos os temas são de interesse,
investigações. Para isso, sugerimos novas pesquisas envolvendo grupos controle que
mães não frequentadoras. Desta forma, será possível verificar melhor a prevalência de
manifestação de stress esteve presente. Em três casos, o stress apareceu nas fases de
103
mais pesquisas comparativas que avaliem o stress entre mães com bebês a termo e pré-termo.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
relação à outros estudos que avaliaram mães carentes ou menos escolarizadas. O stress
acometeu parte da amostra avaliada, havendo a necessidade de mais estudos que comparem
simultânea de DPP e stress. Verificou-se satisfação com a rede de apoio disponível durante as
períodos; as mãe se revelaram satisfeitas com o parceiro e ainda ressaltaram receber ajuda do
marido nas tarefas com o bebê. As associações encontradas entre saúde emocional na
retornar ao trabalho.
A presente pesquisa procurou oferecer mais uma colaboração nas investigações sobre
REFERÊNCIAS
7. AZEVEDO, K.R; ARRAIS, A.R. O mito da mãe exclusiva e seu impacto na depressão pós-
parto. Psicologia: Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v.19, n.2, 2006.
10. BRASIL. LEI NO 11.970 de 9 de Setembro de 2008. Cria o programa empresa cidadã,
destinado à prorrogação da licença-maternidade mediante concessão de incentivo fiscal.
Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 10 de Setembro de 2008.
Disponível em: <http.www.im.br/unp_leis/leis_texto.asp>. acesso em Dez/13.
12. BRASIL. Secretaria dos Direitos Humanos. Lei federal Lei nO8.069. Art. 10 estabelece que os
hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares.
Estatuto da Criança e do Adolescente, Brasília, 1990.
13. BADINTER, E. A mãe perfeita é um mito. Veja, São Paulo: Abril, 20 Jul. 2011.
14. ____________. O conflito a mulher e a mãe. Tradução Vera Lúcia dos Reis. Rio de Janeiro:
Record, 2011.
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114
Nome: Idade:
Escolaridade:
Data da coleta: / /
I - GRAVIDEZ
II. PERINATAL
1.Tipo de parto:
( ) Natural
( ) Natural com uso de fórceps/episiotomia
( ) Cesária pré-agendada
( ) Cesária não-agendada
4. Peso do bebê:
( ) não se lembra
( ) menor que 2500 gramas
( ) entre 2500 a 3000 gramas
( ) maior que 3000 gramas
III.PUERPÉRIO
1. Como se sentiu emocionalmente nos primeiros 45 dias após o nascimento do seu bebê?
( ) Bem ( )Não muito bem ( ) Ruim ( ) Péssima
Por quem?
( ) Marido/companheiro
( ) Seus pais
( ) Outros familiares
( ) Outras mães/amigas
( ) Doula
( ) Profissionais de Saúde
( ) Babás/creche
Nas figuras abaixo, escolha a que melhor representa você (afetivamente) neste momento.
No relacionamento conjugal
9. Quem são as pessoas que mais ajudam nos cuidados com o bebê?
( ) Marido/companheiro
( ) Seus pais
( ) Outros familiares
( ) Outras mães/amigas
( ) Doula
( ) Profissionais de Saúde
( ) Babás/creche
11. Por quais profissionais se sente apoiada no desempenho das funções maternas?
( ) Pediatra
( ) Ginecologista
( ) Obstetra
12. Percebe a colaboração dos profissionais disponíveis no momento nas suas práticas
parentais de cuidados?
( ) Sim ( ) Não
V. SATISFAÇÃO CONJUGAL
3. Percebe que seu parceiro/marido colabora nas tarefas de cuidados com o bebê?
( ) Sim ( ) Às vezes ( ) Não
Explique:__________________________________________________.
1.Durante a gestação ou seu ambiente de trabalho lhe proporcionou algum tipo de apoio?
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
4. Julga estar suficientemente informada sobre seus diretos legais quanto à amamentação e
atestados quando regressar ao trabalho?
( ) Sim ( ) Não
122
ANEXO 1 – EPDS
2) Eu sinto prazer quando penso no que está por acontecer em meu dia-a-dia:
Como sempre senti 0
Talvez menos do que antes 1
Com certeza menos 2
De jeito nenhum 3
10) A idéia de fazer mal a mim mesma passou por minha cabeça:
Sim, muitas vezes, ultimamente 3
Algumas vezes nos últimos dias 2
Pouquíssimas vezes, ultimamente 1
Nenhuma vez 0
125