9º ano

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9º ano- HISTÓRIA- CEPI ANA MARIA/Profª LETÍCIA

Causas da Guerra Fria


A Guerra Fria foi iniciada logo após a Segunda Guerra Mundial e existe um debate acirrado entre
os historiadores a respeito de como foi iniciado esse conflito político-ideológico. De toda forma, existe um
certo consenso de que o marco que iniciou a Guerra Fria seja o discurso realizado pelo presidente americano,
Harry Truman, em 1947.
Esse discurso de Truman foi realizado no Congresso americano e, nessa ocasião, o presidente
americano solicitava verbas para que os Estados Unidos pudessem se engajar para evitar o avanço do
comunismo na Europa. Na visão de Truman, era papel dos EUA liderar a luta contra o avanço do comunismo
no continente europeu.
Esse discurso deu início ao que ficou conhecido como Doutrina Truman, que consistiu no conjunto de
medidas tomadas pelos EUA para conter o avanço do comunismo. A primeira ação tomada por essa doutrina
foi o Plano Marshall, plano de recuperação econômica da Europa com o qual os americanos forneceriam
grandes somas de dinheiro para os países interessados.
A atuação dos Estados Unidos na Europa por meio da Doutrina Truman justifica-se única e
exclusivamente pelo discurso alarmista que apresentava a URSS como uma potência expansionista e que
procuraria conquistar todo o continente europeu sob a égide do comunismo. Os americanos sabiam que os
problemas econômicos da Europa no pós-guerra eram um campo fértil para o crescimento da ideologia
comunista lá.
Ainda assim, historiadores como Eric Hobsbawm e Isaac Deutscher argumentam que a União
Soviética não era uma nação expansionista e não demonstrava interesse em atuar fora da sua zona de
influência (o Leste Europeu). Esses historiadores apontam que a União Soviética não tinha interesses em
financiar e apoiar movimentos comunistas armados em outras partes do mundo e que a postura soviética no
pós-guerra era abertamente defensiva por causa da destruição do país como consequência da Segunda Guerra
Mundial.
A ideia por trás da ação americana em impor-se como nação hegemônica na Europa e no mundo é
explicada pelos interesses de Truman em manter elevados os índices de crescimento econômico do país.
Assim, o discurso maniqueísta praticado pelos americanos começou a ser praticado também pelos
soviéticos, e as relações dos dois países em nível internacional passaram a ser baseadas no boicote.
Além disso, existem evidências que apontam que o governo soviético não tinha interesse em expandir-
se territorialmente e tinha o objetivo de assegurar apenas a sua área de influência. Isso de fato aconteceu e, na
Segunda Guerra, os locais invadidos pelo Exército Vermelho, que era o exército soviético, foram
transformados em Estados-satélites do regime comunista de Moscou.
Características da Guerra Fria
A Guerra Fria estendeu-se de 1947 a 1991 e algumas características desse período podem ser destacadas.
 Polarização do mundo: a disputa travada entre americanos e soviéticos resultou em uma forte
polarização do mundo que afetava as relações internacionais dessas nações como um todo. Houve
uma tentativa de criar um movimento não alinhado em que algumas nações procuravam seguir um
caminho independente sem necessariamente se vincular com alguma das duas potências.
 Corrida armamentista: a procura pela hegemonia internacional fez com que as duas potências
investissem bastante no desenvolvimento de novas tecnologias bélicas. Assim, no período, o número
de armas nucleares e termonucleares produzidas disparou.
 Corrida espacial: a corrida espacial foi um dos campos de disputa entre americanos e soviéticos e, ao
longo da década de 1960, inúmeras expedições espaciais foram realizadas. Para saber mais sobre esse
aspecto, clique aqui.
 Interferência estrangeira: tanto americanos quanto soviéticos interferiram em assuntos internos de
diferentes países do planeta. Dois exemplos são a interferência americana na política brasileira na
década de 1960 e a interferência militar no Afeganistão na década de 1980.
Acontecimentos importantes da Guerra Fria
A Guerra Fria criou um clima de forte tensão internacional a respeito da possibilidade de um conflito
aberto entre americanos e soviéticos. A existência de armamentos nucleares e termonucleares sob a posse
desses países tornava essa expectativa de um conflito muito mais pavorosa, pois um conflito desse tipo
causaria a aniquilação da humanidade. Ao longo das décadas da Guerra Fria, houve inúmeros momentos de
tensão que serão destacados a seguir.
 Revolução Chinesa
A Guerra Civil Chinesa, que se arrastava desde a década de 1920, retornou com força depois da Segunda
Guerra Mundial, e o fortalecimento dos comunistas, liderados por Mao Tsé-tung, levou os americanos a
apoiar os nacionalistas, liderados por Chiang Kai-shek.
A vitória dos comunistas, conhecida como Revolução Chinesa, em 1949, alarmou os americanos sob
a possibilidade de que o comunismo fosse disseminado pelo continente asiático por meio da influência
chinesa. Para saber mais sobre a Revolução Chinesa, clique aqui.
 Guerra da Coreia
Primeiro momento de grande tensão após a Segunda Guerra Mundial. Esse conflito iniciou-se em
1950, quando os comunistas norte-coreanos, apoiados por chineses e soviéticos, invadiram o território sul-
coreano, apoiados pelos americanos. O objetivo era reunificar a Península da Coreia sob a liderança dos
comunistas.
Esse conflito contou com o envolvimento direto de soldados americanos, mas ao longo do conflito
nenhum dos dois lados sobressaiu-se e o conflito teve fim, em 1953, com um armistício que ratificou a
divisão das Coreias – divisão que existe até hoje. Os soviéticos também participaram desse conflito, mas os
americanos não tomaram nenhuma ação, pois queriam evitar um conflito direto. Para saber mais sobre a
Guerra da Coreia, clique aqui.
 Crise dos Mísseis em Cuba
A Crise dos Mísseis foi o momento de maior tensão entre as duas potências da Guerra Fria e se
passou em 1962. Naquele ano, o serviço de inteligência dos EUA descobriu que a URSS estava instalando
uma base de mísseis em Cuba, país que havia passado por uma revolução nacionalista em 1959. A
inteligência americana sabia que os mísseis soviéticos representavam pouca ameaça para os EUA, mas o
presidente americano sabia que a questão teria repercussão negativa sob seu governo e decidiu intervir.
O governo americano disse aos soviéticos que se os mísseis não fossem retirados, seria declarada guerra.
As negociações arrastaram-se durante semanas e os dois lados chegaram a um acordo. Os soviéticos
decidiram retirar os mísseis de Cuba e os americanos aceitaram retirar seus mísseis instalados na Turquia.
Guerra do Vietnã
A Guerra do Vietnã foi um conflito travado entre 1959 e 1975 entre Vietnã do Norte e Vietnã do Sul e
ambos lados procuravam unificar o país sob seu controle. Os americanos entraram nesse conflito, em 1965, e
enviaram milhares de soldados ao Vietnã. Essa guerra foi extremamente impopular nos EUA, e os
americanos retiraram-se do conflito, sem alcançar seus objetivos, em 1973. Os comunistas tomaram o
controle do país, em 1976, logo após vencerem a guerra. Para saber mais sobre a Guerra do Vietnã.
 Guerra do Afeganistão de 1979
O Afeganistão é mencionado por muitos como o “Vietnã da União Soviética”. Esse conflito foi
travado entre 1979 e 1989 e se iniciou quando os soviéticos invadiram o Afeganistão para apoiar o governo
comunista daquele país contra rebeldes islâmicos. A invasão soviética levou os americanos a financiarem e
treinarem os rebeldes islâmicos e esse conflito foi extremamente penoso para os soviéticos que se retiraram
em 1989. Para saber mais sobre a Guerra do Afeganistão.
Cooperação política e militar durante a Guerra Fria
Ao longo dos anos da Guerra Fria, americanos e soviéticos procuraram coordenar ações para
concentrar o seu poder sob sua zona de influência. Uma das estratégias utilizadas foi a criação de formas
de cooperação econômica e militar dos quais destacam-se o Plano Marshall e a Comecon, no âmbito
econômico, e a OTAN e o Pacto de Varsóvia, no âmbito político-militar.
 Plano Marshall e Comecon
O Plano Marshall, conforme mencionado, foi um plano de cooperação econômica mediante o qual os
americanos disponibilizavam grandes somas de dinheiro para financiar a reconstrução dos países destruídos
por conta da Segunda Guerra Mundial. O projeto defendia a ideia que apoiar o desenvolvimento econômico
de determinados países ajudaria a conter o avanço do comunismo.
Em contrapartida, os soviéticos criaram o Conselho para Assistência Econômica Mútua, mais conhecido
como Comecon (sigla em inglês). Nesse plano, as nações do bloco comunista, agrupadas sob a liderança dos
soviéticos. Esse plano foi criado pelos soviéticos para evitar que o Plano Marshall seduzisse as nações do
bloco comunista a aliarem-se com os americanos.
 Otan e Pacto de Varsóvia
No campo militar, foi criada a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em 4 de abril de
1949. A ideia da Otan era criar uma aliança militar de países alinhados aos Estados Unidos visando a impedir
uma posição de agressão dos soviéticos. A Otan foi uma forma de os EUA imporem a sua hegemonia sobre o
continente europeu.
Na mesma proposta, os soviéticos criaram o Pacto de Varsóvia, em 1955. A ideia era garantir a
segurança das nações do bloco comunista e evitar uma possível agressão realizada pelos estadunidenses.
Assim, se uma nação fosse agredida, todas as outras se mobilizariam em defesa dela.
Alemanha na Guerra Fria
No caso da Alemanha, a Guerra Fria teve impactos muito maiores do que em grande parte do mundo. Isso
porque ao final da Segunda Guerra a Alemanha foi dividida em zonas de influência de soviéticos,
americanos, franceses e britânicos. Essa divisão teve reflexos no futuro do país que acabou sendo dividido
em duas nações:
 República Democrática Alemã (RDA), alinhada à União Soviética e conhecida como Alemanha
Oriental;
 República Federal da Alemanha (RFA), alinhada aos Estados Unidos e conhecida como Alemanha
Ocidental.
A cidade de Berlim também foi dividida e transformou-se na capital das duas Alemanhas. O lado
oriental era comunista e o lado ocidental era o capitalista. Ao longo da década de 1950, milhares de cidadãos
da Alemanha Oriental começaram a mudar-se para Berlim Ocidental. Para impedir essa fuga de cidadãos, as
autoridades da União Soviética e da Alemanha Oriental decidiram construir um muro isolando Berlim
Ocidental.
Durante 28 anos, o Muro de Berlim separou os dois lados da cidade de Berlim e, por isso, converteu-
se em um grande símbolo da Guerra Fria.
Fim da Guerra Fria
A Guerra Fria teve fim com a dissolução da União Soviética, que ocorreu em 26 de dezembro de
1991. O fim da URSS foi resultado da grande crise econômica e política que atingiu aquele país a partir da
década de 1970. A falta de ações para resolver os problemas do bloco comunista foram responsáveis por levar
o país ao fim.
A economia soviética demonstrava, já na década de 1970, claros sinais de esgotamento e o país era
mais atrasado em relação às grandes potências. A indústria soviética estava em queda, a produção agrícola era
insuficiente e os indicadores sociais começaram a regredir demonstrando um claro empobrecimento do país.
A disparada no valor do petróleo criou uma falsa sensação de prosperidade no começo da década de
1980 e, por isso, o país não passou por reformas importantes em sua economia. Além disso, a sociedade
soviética não tinha acesso a tecnologias que garantiam avanço na qualidade de vida no ocidente e a corrupção
tornava tudo pior.
Dois acontecimentos na década de 1980 acabaram agravando a situação do país. A invasão do
Afeganistão forçou a União Soviética a gastar milhões na luta contra os rebeldes islâmicos e, em 1986,
o acidente nuclear em Chernobyl causou morte e destruição, além de forçar os soviéticos a gastarem altas
somas para conterem os efeitos do acidente nuclear.
A situação econômica ruim contribuiu para aumentar a insatisfação da sociedade com os
governos comunistas. Em todo o bloco, a pouca liberdade de expressão e o autoritarismo manifestado pelos
governos comunistas era uma realidade, e a insatisfação com a crise econômica e a questão política fizeram
surgir movimentos de oposição por todo o bloco comunista.
Os primeiros sinais manifestaram-se na Alemanha Oriental, Hungria e Polônia. Os
alemães derrubaram o Muro de Berlim, no final de 1989, e promoveram a reunificação da Alemanha, os
húngaros abriram as fronteiras do país com o Ocidente e os poloneses elegeram o primeiro governo não
comunista desde a Segunda Guerra.
A União Soviética começou a promover a abertura da sua economia no governo de Mikhail
Gorbachev por meio da Glasnost e Perestroika. Logo, as nações que formavam a URSS começaram a se
mobilizar pela sua independência. Em 25 de dezembro de 1991, Gorbachev renunciou e, no dia seguinte, a
União Soviética foi dissolvida.
Em sequência, uma série de países conquistaram a sua independência, tais como Ucrânia, Bielorrússia,
Armênia etc. Esses países reuniram-se na Comunidade dos Estados Independentes (CEI) e realizaram a
transição para o capitalismo.

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