Comportamento Suicida

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COMPORTAMENTO SUICIDA:

CARACTERIZAÇÃO, AVALIAÇÃO E
MANEJO CLÍNICO
RONALDO SANTHIAGO BONFIM DE SOUZA
MAYCOLN TEODORO

 INTRODUÇÃO

O termo “suicídio” se refere à morte voluntária causada pelo próprio sujeito; etimologicamente
deriva do latim, sui (de si) e caedare (matar), a ação de matar a si mesmo.1,2
É um fenômeno de várias faces, que tem sido apontado como um grave problema de saúde
pública, resultante de uma interação entre questões socioculturais, fatores biológicos, genéticos,
psicológicos, filosófico-existenciais e ambientais, não sendo possível apontar uma única causa.
É como se, abaixo do ponto culminante, houvesse uma escalada de problemas que resultou no
ato.3,4
O suicídio é categorizado como “causa externa” na Classificação Internacional de Doenças
(CID-10), sendo este, portanto, incluído entre as formas de violências e acidentes. Seus
impactos, para o setor de saúde, não contabilizam apenas as mortes provocadas por essa
violência autoinfligida, pois também convergem os danos, as lesões e os traumas relacionados.5
A Organização Mundial da Saúde (OMS)6 é taxativa ao afirmar que o suicídio se tornou um
grave problema de saúde pública, uma vez que atinge a sociedade como um todo. Dessa forma,
tanto o suicídio quanto sua tentativa causam um impacto negativo na comunidade no âmbito
psicológico, social, econômico e político, gerando um grande abalo na saúde púbica, na
sociedade e nas famílias. Em média, um único suicídio afeta pelo menos outras seis pessoas e,
quando este ocorre em local público (escola ou em local de trabalho), sensibiliza centenas de
pessoas.

 OBJETIVOS
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de

 conceituar o comportamento suicida e suas variações;


 reconhecer os fatores de risco e de proteção para um paciente suicida;
 avaliar e classificar o comportamento suicida;
 identificar as etapas do manejo da crise suicida.

 ESQUEMA CONCEITUAL
 CARACTERIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO SUICIDA
O comportamento suicida, de acordo com Maris e colaboradores, 7 engloba quatro outras
atitudes:

 ideação suicida;
 plano suicida;
 tentativa de suicídio;
 ato suicida, ou suicídio consumado.
O comportamento suicida pode se configurar como um continuum, em que há ideação suicida,
planejamento e desejo de se matar; a tentativa de suicídio, quando há o desejo de morrer, ocorre
a tentativa, mas o ato não se concretiza; e o suicídio em si, ou suicídio consumado, em que o
desejo e a escolha por se matar é concretizada.8

A ideação suicida corresponde a pensamentos, ideias e desejos de autoextermínio, os quais


constituem o principal preditor para o suicídio propriamente consumado.6
A Figura 1 apresenta os elementos do comportamento do suicida.

Figura 1 — Componentes do comportamento suicida.


Fonte: Arquivo de imagens dos autores.

 EPIDEMIOLOGIA
Mais de 800 mil pessoas morrem por ano no mundo em decorrência do suicídio, o que
corresponde a uma média de uma morte a cada 40 segundos. Estima-se que, para cada adulto
que cometa suicídio, possa haver mais de 20 outros tentando tirar a própria vida. 6 Esse
fenômeno gera diversas consequências negativas para além da pessoa que vivencia essa
experiência, como familiares, amigos e comunidade, pois, para cada suicídio há, em média,
cinco ou seis pessoas próximas que sofrem consequências emocionais, sociais e/ou
econômicas.

Os enlutados por suicídio, chamados de sobreviventes, podem apresentar sintomatologia


psicopatológica e ideação suicida consideráveis, sendo um grupo de risco para a tentativa de
suicídio.9,10
O Brasil, em comparação com outros países, possui registros de taxas baixas de suicídio. No
entanto, por ser populoso, está entre os 10 países com maiores números de suicídio.9
O índice de suicídio no Brasil vem aumentando nos últimos anos, 9 em decorrência de melhorias
do sistema de informação nacional, o que pode indicar que as taxas baixas se devam a
subnotificação.
Em 2012, cerca de 804 mil pessoas morreram por suicídio em todo o mundo, o que corresponde
a 11,4 a cada 100 mil habitantes. 6 É preciso ter clareza de que os registros sobre o suicídio e as
tentativas de suicídio não são exatos, pois, em muitos casos, ocorre a subnotificação ou a
classificação incorreta, indicando que os índices podem ser ainda maiores. O Brasil apresenta,
em média, 24 suicídios por dia, mas esse número deve ser 20% maior, visto que muitos casos
não são notificados.11 Em 2011, houve 9.852 suicídios oficialmente registrados no país, o que
representa, em média, 27 mortes por dia. 6,12
Um estudo realizado por Machado e Santos,13 referente ao suicídio no Brasil entre 2000 e 2012,
aponta que o perfil das pessoas que cometem suicídio se diferencia, sendo o índice maior entre
os menos escolarizados, indígenas, ocorrendo 3,7 vezes mais frequentemente entre homens
do que entre mulheres, com um aumento em todas as faixas etárias — 22,7% no grupo de 25 a
59 anos de idade, 21,8% entre jovens de 10 a 24 anos e 16,2% entre maiores de 60 anos.

A incidência também é diferente de acordo com as regiões, com maior incidência na região Sul e
no Centro-oeste, seguidas por Sudeste, Norte e Nordeste. No Sudeste, onde se encontra o
Estado de Minas Gerais, houve um crescimento de 34,8% na mortalidade por suicídio. O estudo
aponta, ainda, que os métodos de suicídio mais utilizados no Brasil são o enforcamento, as
lesões por armas de fogo e a autointoxicação por pesticidas.13
As tentativas de suicídio são mais frequentes entre mulheres, ao passo de que os índices
de suicídio consumado são maiores entre os homens. Acredita-se que isso se deva ao fato
de que os homens utilizam meios de autoextermínio mais violentos do que as mulheres,
aumentando, assim, as chances de efetivação do ato. 14 De acordo com um estudo realizado no
município de Campinas/SP, observou-se que, entre os anos de 1996 e 2001, os meios mais
utilizados para a consumação do suicídio entre as mulheres foram o envenenamento, as armas
de fogo e o enforcamento, enquanto os homens utilizaram com maior frequência armas de fogo
e enforcamento.15
Nos últimos 50 anos, verificou-se um aumento de 60% nos índices de suicídio no Brasil.
Segundo Volpe e colaboradores,16 a projeção para o ano de 2020 é que mais de 1,5 milhão de
pessoas cometam suicídio.

ATIVIDADES
1. Observe as afirmativas sobre o suicídio.
I — Refere-se à morte voluntária causada pelo próprio sujeito.
II — É um fenômeno raro, cuja causa é uma alteração psicológica.
III — Seus impactos incluem violência autoinfligida, danos, lesões e traumas relacionados.
Qual(is) está(ão) correta(s)?
A) Apenas a I.

B) Apenas a III.

C) Apenas a I e a II.

D) Apenas a I e a III.

Confira aqui a resposta

2. Quais atitudes o comportamento suicida engloba?


Confira aqui a resposta

3. Observe as afirmativas sobre a epidemiologia do comportamento suicida.


I — As tentativas de suicídio são mais frequentes entre os homens, ao passo que os
índices de suicídio consumado são maiores entre as mulheres.
II — A cada 40 segundos, morre uma pessoa por suicídio no mundo e mais de 800 mil por
ano.
III — O Brasil, em comparação com outros países, possui taxas baixas de suicídio, no
entanto, por ser populoso, está entre os 10 países com maiores números de suicídio.
Qual(is) está(ão) correta(s)?

A) Apenas a I e a II.

B) Apenas a I e a III.

C) Apenas a II e a III.

D) Apenas a II.

Confira aqui a resposta

4. Sobre a epidemiologia do suicídio, marque V (verdadeiro) ou F (falso).


( ) Entre 1996 e 2001, os meios mais utilizados para o ato suicida entre as mulheres foram
a ingestão de medicamentos e o uso de armas de fogo.
( ) Em 2012, cerca de 800 mil pessoas morreram por suicídio em todo o mundo.
( ) No Brasil, a incidência de suicídio é maior nas regiões Norte e Nordeste.
( ) O Brasil apresenta, em média, 24 casos de suicídios por dia.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) F — F — V — V

B) F — V — F — V

C) V — F — V — F

D) V — F — F — V

Confira aqui a resposta

 MITOS E PRECONCEITO
O Conselho Federal de Medicina (CFM) adverte sobre alguns erros e preconceitos que, ao longo
da história, têm sido repetidos sobre o comportamento suicida. Essas ideias distorcidas refletem
diretamente na construção de preconceitos a respeito do comportamento suicida.17
Com a psicoeducação, podem-se orientar pacientes, familiares e amigos acerca da existência
de diversos preconceitos e mitos a respeito do suicídio que precisam ser combatidos. Um dos
mais importantes é o de que falar sobre o suicídio aumenta o risco do paciente se matar. Essa
ideia acaba por isolar o paciente socialmente, quando não interfere no próprio atendimento
psicoterápico. O tema do suicídio deve ser abordado, assim como seu impacto e formas de
manejo.

O fato de a sociedade, de maneira geral, tratar o suicídio como tabu, acaba impedindo que o
assunto seja devidamente discutido pelos profissionais e abordado de forma correta pela
imprensa, portanto, é preciso tratar o assunto com responsabilidade, acolhendo o paciente e
promovendo campanhas de prevenção ao suicídio.
Outro mito refere-se ao fato de que o suicídio é uma decisão pessoal. O paciente que possui
ideação ou planos suicidas quase sempre está passando por momentos de vulnerabilidade, que
influenciam sua percepção e interferem em sua capacidade de decisão.
É necessário que os profissionais, a comunidade, os gestores e os veículos de comunicação
trabalhem o tema do suicídio de forma mais assertiva, fornecendo informações de qualidade em
relação ao local onde é possível se obter ajuda.

 FATORES DE RISCO PARA O SUICÍDIO


Em um documento publicado em 2014, a OMS lista alguns fatores de risco associados ao
suicídio em três categorias relacionais (Quadro 1):6

 ao sistema de saúde e à sociedade como um todo;


 à comunidade e aos relacionamentos;
 à esfera individual.
Quadro 1
FATORES DE RISCO PARA O SUICÍDIO DE ACORDO COM A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE
SAÚDE
 Barreiras para acessar o sistema
 Qualidade dos dados em saúde
Sociedade e sistema de
 Acesso aos meios para operacionalizar o suicídio
saúde
 Divulgação inapropriada da mídia
 Estigma associado ao serviço de apoio

 Desastres, guerras e conflitos


 Estresse de aculturação e deslocamento
 Discriminação
Comunidade e relações
 Trauma e abuso
 Sentimentos de isolamento ou perda de suporte social
 Relacionamento conflituoso, discordância ou perda
 Tentativas prévias
 Transtornos mentais
 Uso abusivo de álcool e outras substâncias
 Perdas financeiras
Indivíduo  4Ds (desesperança, desamparo, desvalor e desamor)
 Impulsividade
 Doenças e dor crônica
 Histórico familiar
 Fatores genéticos e biológicos
Fonte: Adaptado de World Health Organization (2014).6
Na primeira categoria de fatores de risco para o suicídio (ver Quadro 1), a OMS destaca as
dificuldades em acessar o sistema de saúde e em receber os cuidados necessários, a facilidade
em obter meios e instrumentos utilizados para cometer suicídio, a divulgação inapropriada e
sensacionalista do suicídio na mídia e a estigmatização dos que buscam auxílio por conta de
comportamentos suicidas ou de questões de saúde mental e abuso de substâncias.6
Na segunda categoria de fatores de risco para o suicídio, estão incluídos os fatores
relacionados com guerras e desastres, tensões causadas pelo processo de aculturação,
discriminação, abuso, violência, relacionamentos conflituosos e senso de isolamento. Por fim,
a terceira categoria enfoca as tentativas prévias de suicídio, os transtornos mentais, o uso
danoso de álcool, a desesperança, a dor crônica, a falência financeira e o histórico familiar de
suicídio.6
Estudos evidenciam que os principais fatores de risco relacionados ao comportamento suicida
são6,18

 transtornos psiquiátricos;
 casos de suicídio na família;
 abuso físico ou sexual na infância;
 perda dos pais na infância;
 perda de emprego;
 isolamento social;
 histórico de tentativas anteriores.

A religião também é um fator de risco que deve ser averiguado individualmente para cada
paciente, pois a percepção do indivíduo quanto aos princípios religiosos pode gerar impactos
negativos em sua vida.
Devem também ser considerados na esfera psíquica como fatores de risco, porém, não
determinantes:6

 transtornos mentais;
 transtornos de humor;
 depressão;
 transtorno afetivo bipolar;
 transtornos de personalidade;
 transtornos de comportamento decorrentes do uso abusivo de substâncias psicoativas;
 esquizofrenia;
 transtornos de ansiedade;
 comorbidades.

Os fatores de risco devem ser contextualizados em cada análise, e sua ausência não implica em
inexistência de risco. Por exemplo, pessoas que não são portadoras de sofrimento mental
podem tentar o suicídio.
Conforme Mello-Santos e colaboradores,19 entre pacientes atendidos em emergências por
tentativa de suicídio, estima-se que 30 a 60% tiveram tentativas prévias e que 10 a 25% tentarão
novamente no prazo de 1 ano. Não menos importante é o fato de que esses pacientes, muitas
vezes, não são encaminhados para posteriores tratamentos especializados ou eficazes.

ATIVIDADES
5. Qual é a consequência do fato de a sociedade em geral tratar o suicídio como tabu?
Confira aqui a resposta

6. Qual das seguintes alternativas apresenta um fator de risco relacionado à comunidade e


às relações?

A) Trauma e abuso.

B) Tentativas prévias de suicídio.

C) Divulgação inapropriada da mídia.


D) Histórico familiar.

Confira aqui a resposta

7. Quais são os principais fatores de risco relacionados ao comportamento suicida?


Confira aqui a resposta

 AVALIAÇÃO CLÍNICA DO SUICÍDIO


O estabelecimento de políticas públicas realmente consistentes e adequadas à realidade local
depende, fundamentalmente, da sistematização de informações referentes à caracterização
dos indivíduos sob risco de suicídio, bem como das intervenções terapêuticas e/ou preventivas
instituídas para o manejo do comportamento suicida.
Tendo em vista eventuais diferenças regionais e/ou peculiaridades dos usuários atendidos, a
avaliação da efetividade de medidas diversificadas de prevenção do comportamento suicida
pode trazer subsídios para o planejamento e a execução das políticas públicas para o
enfrentamento do risco de suicídio. Nesse contexto, os serviços de emergência ocupam posição
estratégica para sua detecção,20 caracterizando, assim, a importância das intervenções
nesses locais.

A avaliação do paciente suicida é fundamental no processo de compreensão clínica e no


planejamento das intervenções futuras. Devido ao tabu existente na sociedade, é comum o
clínico ter receio de perguntar sobre fatos relacionados com o comportamento suicida, porém, é
preciso romper esse medo e realizar as perguntas corretas sobre as ideações, planejamento e
tentativas, assim como o que aconteceu após cada uma delas.

A entrevista clínica possui um papel crucial no processo de compreensão clínica e no


planejamento das intervenções futuras, podendo ser complementada com a aplicação de
instrumentos de rastreio. Ambos os procedimentos são demonstrados na Figura 2 e serão
descritos a seguir.
Figura 2 — Etapas da avaliação do comportamento suicida.
Fonte: Elaborada pelos autores.

ENTREVISTA
A entrevista clínica é o procedimento mais importante para se estabelecer o vínculo e a
consequente relação de confiança entre o paciente suicida e o terapeuta. Por meio dela, devem
ser exploradas as situações que antecederam e decorreram das ideações suicidas,
planejamento e/ou tentativas. O clínico precisa, de uma maneira empática e gentil, perguntar
sobre os pensamentos, os planos e as tentativas já feitas pelo paciente, assim como pelo efeito
delas decorrente.
A OMS 6 aponta três características psicopatológicas comuns no estado mental dos suicidas
que devem ser observadas durante a entrevista:

 ambivalência — característica representada pela confusão do sujeito entre o desejo de


viver e o de morrer;
 impulsividade — condição em que o suicídio, por mais planejado que seja, parte de um
ato que é usualmente motivado por eventos negativos, ou seja, o impulso para cometer
suicídio é transitório e tem duração de alguns minutos ou horas;
 rigidez/constrição — situação em que os pensamentos, os sentimentos e as ações
apresentam-se muito restritivos.

A avaliação do risco de suicídio deve ser individualizada, e as questões devem


ser claras e diretas, como “Você já pensou em se machucar?” ou “Você já teve
vontade de dormir e não acordar mais?”. O profissional deve avaliar, por meio
de perguntas diretas na entrevista clínica, a existência de planos para o futuro,
o desejo de viver e o possível planejamento de algum ato.

Caso apareça alguma evidência da presença do comportamento suicida, deve ser avaliado se o
paciente tem algum plano específico para morrer/se matar/tirar a própria vida e se ele já cometeu
alguma tentativa de suicídio recentemente.
A entrevista é parte essencial da avaliação do comportamento e do risco suicida. Essa avaliação
pode ser complementada por outros métodos, descritos nas seções seguintes. É importante
prezar pela qualidade das informações, buscando dados claros e descritivos — o clínico precisa
atentar para os detalhes durante a entrevista e coletar o maior número possível de informações.
Existem diversas propostas e formatos de entrevistas para pacientes suicidas. Neste artigo,
serão listadas algumas sugestões de tópicos que deveriam ser incluídos. A proposta é baseada
em Worchel e Gearing21 e First,22 que incluem os temas apresentados a seguir.

Dados sociodemográficos
A seção de dados sociodemográficos deve ser usada para iniciar o vínculo com o paciente e
inclui questões gerais sobre a vida do entrevistado, como nível de escolaridade, com quem
mora, estado civil, orientação sexual etc. As informações aqui obtidas devem propiciar o
conhecimento, por parte do terapeuta, da rede de apoio existente, além de buscar fatores de
risco e de proteção, como uso de drogas lícitas ou ilícitas, condição médica e informações sobre
a vida social do paciente.

Problema identificado/história
A parte sobre problema identificado/história enfoca nas queixas listadas pelo paciente, que vão
além da questão do suicídio (investigado posteriormente).

É fundamental que sejam investigados os impactos médicos e cotidianos dos problemas


relatados pelo entrevistado.

Suicidabilidade atual
Na seção de suicidabilidade atual, devem-se avaliar diferentes aspectos ligados ao
comportamento suicida, conforme apresentado no Quadro 2.
Quadro 2
AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS LIGADOS AO COMPORTAMENTO SUICIDA
 O paciente teve, recentemente, pensamentos sobre morrer?
Ideação suicida
 Como ele se sente com esses pensamentos?

 O paciente possui planos para se matar?


Planejamento
 Se sim, como seria esse plano?
 Durante os pensamentos sobre morrer, o paciente chegou a pensar em execu
Intenção
 Em uma escala de 0 a 10, qual é a probabilidade de o paciente agir de acordo
Viabilidade  O paciente possui meios para executar esse plano?
 Qual é o grau de letalidade do método escolhido?
Letalidade
 O que poderia ser feito para reverter essa tentativa?
Tempo  Há quanto tempo esses pensamentos ocorrem?
AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS LIGADOS AO COMPORTAMENTO SUICIDA
 O paciente possui histórico de agressividade e impulsividade?
Impulsividade/agressão
 O paciente possui controle sobre seus pensamentos?
Desesperança  O que ele pensa sobre seu futuro?

História de suicídio
Na história de suicídio, deve-se investigar as tentativas passadas de suicídio, organizando-as no
tempo. Para cada tentativa, deve-se avaliar sua natureza, método, letalidade, fatores posteriores
ao fato e suas consequências.

História de suicídio familiar ou de amigos/colegas


Quanto à história de suicídio familiar ou de amigos/colegas, deve-se investigar se existe, na rede
familiar ou social do entrevistado, histórias de tentativas ou de suicídios. Caso haja, listar quem
foi, a proximidade, qual o método utilizado, o impacto e as consequências.

Fatores de risco e de proteção


Sobre os fatores de risco e de proteção, é importante que se investigue a existência daqueles
que possam potencializar (risco) ou proteger (proteção) tentativas futuras. Fatores ligados à área
pessoal (história médica anterior, problemas econômicos, história de rejeição/abandono),
questões ambientais e sociais (pobreza, por exemplo), acesso a cuidado mental e físico,
psiquiátrico e características individuais (baixa habilidade, culpa, vergonha) são algumas das
possibilidades a serem investigadas.

INSTRUMENTOS
A avaliação pode ser feita por meio de questionários e escalas, tendo em vista a busca de
evidências da presença ou não do comportamento suicida. Dois instrumentos possíveis para a
avaliação são o inventário de frequência de ideação suicida ( FSII) — escala traduzida e
adaptada para o português do Brasil —, e a escala de ideação suicida (BSI, em inglês Beck
Scale for suicide ideation).
O FSII 23 tem o objetivo de medir a frequência da ideação suicida. O instrumento é constituído
por cinco itens que avaliam a ideação suicida em um prazo de 1 ano, fator que proporciona uma
maior abrangência na avaliação desse comportamento em indivíduos adultos.
O BSI 24 é um instrumento de autorrelato que objetiva identificar a presença de ideação
suicida, além de avaliar os planos, os comportamentos e as atitudes que podem ser
encontrados no paciente que deseja cometer o suicídio. É constituído por 21 itens, cada um com
três alternativas de resposta. Suas propriedades psicométricas na versão em português, 25 em
amostras clínicas e não clínicas, são consideradas satisfatórias.26

CLASSIFICAÇÃO
Para manejar o caso e evoluir no prontuário do paciente, é importante que o clínico faça a
avaliação e a classificação do risco, conforme a seguir:27

 risco baixo — a pessoa teve alguns pensamentos suicidas, mas não fez nenhum plano;
 risco médio — a pessoa tem pensamentos e planos, mas não pretende cometer suicídio
imediatamente;
 risco alto — a pessoa tem um plano definido, tem os meios para fazê-lo e planeja fazê-lo
de pronto; tentou suicídio recentemente e apresenta rigidez quanto a uma nova tentativa; ou
tentou várias vezes em um curto espaço de tempo.
As tentativas de suicídio devem ser notificadas pelo profissional que recebe o paciente. O
Ministério da Saúde estabelece, por meio da Portaria nº. 1.271, de 6 de junho de 2014, 28 a
notificação compulsória e imediata, que deve ser realizada em até 24 horas a partir do
conhecimento da ocorrência pelo profissional.

ATIVIDADES
8. Segundo a OMS, quais as três características psicopatológicas comuns no estado
mental dos suicidas?

A) Ambivalência, impulsividade e rigidez.

B) Flexibilidade, ambivalência e impulsividade.

C) Impulsividade, raiva e rigidez.

D) Passividade, depressão e flexibilidade.

Confira aqui a resposta

9. A confusão do sujeito entre o desejo de viver e o de morrer é definida como qual das
seguintes características psicopatológicas?

A) Rigidez.

B) Constrição.

C) Impulsividade.

D) Ambivalência.

Confira aqui a resposta

10. Na avaliação sobre a suicibilidade atual do paciente, é preciso verificar quais


impactos?
Confira aqui a resposta
11. Sobre o instrumento de avaliação BSI, marque V (verdadeiro) ou F (falso).
( ) É um instrumento de autorrelato.
( ) Objetiva a identificação da ideação suicida.
( ) Tem o objetivo de medir a frequência da ideação suicida.
( ) Avalia planos, comportamentos e atitudes que podem ser encontradas em pacientes
suicidas.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) V — V — F — F

B) V — V — F — V

C) V — F — V — F

D) F — F — V — V

Confira aqui a resposta

12. Com relação ao risco de suicídio, correlacione a primeira e a segunda colunas.


(1) Risco baixo ( ) A pessoa tem um plano
(2) Risco médio definido, tem os meios para
(3) Risco alto fazê-lo e planeja de
imediato. Tentou suicídio há
pouco tempo e apresenta
rigidez quanto a uma nova
tentativa.
( ) A pessoa teve alguns
pensamentos suicidas, mas
não fez nenhum plano.
( ) A pessoa tem pensamentos
e planos, mas não pretende
cometer suicídio
imediatamente.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) 1 — 2 — 3

B) 3 — 2 — 1
C) 3 — 1 — 2

D) 2 — 3 — 1

Confira aqui a resposta

 MANEJO DA CRISE
O manejo do comportamento suicida é um processo complexo, que requer uma abordagem
sistêmica, visto que este é determinado por fatores biológicos, sociais, psicológicos, familiares,
culturais e religiosos, afetando não apenas a pessoa que sofre, mas também todos os que a
rodeiam.29,30
Considerando que o suicídio se configura como um problema de saúde pública mundialmente
reconhecido, com importantes repercussões nos níveis sociais e econômicos, torna-se pertinente
a implementação de intervenções terapêuticas e programas de prevenção no âmbito da atenção
primária, secundária e terciária, podendo, assim, oferecer respostas no plano de cuidados da
saúde, baseadas nas evidências científicas.31

O estabelecimento de políticas preventivas consistentes e adequadas a uma determinada


realidade local depende, fundamentalmente, da sistematização de informações referentes à
caracterização dos indivíduos sob risco de suicídio, bem como das intervenções terapêuticas
e/ou preventivas instituídas para o manejo do comportamento suicida.
Segundo Botega,32 a equipe de saúde deve seguir algumas etapas em casos com
comportamento suicida para um manejo efetivo da crise, como se relata a seguir.

CRISE SUICIDA: MANEJO DO CASO NAS


PRIMEIRAS 48 HORAS
Nas primeiras 48 horas, o paciente deve ser mantido em segurança, o que impede que ele
faça uma nova tentativa. Algumas medidas, como fornecer apoio emocional, montar uma rede de
vigilância constante e incentivar atividades programadas, sempre com a presença de outras
pessoas, devem ser estimuladas. Nesse momento, é imprescindível que sejam afastados do
paciente todos os meios letais.

Nas primeiras 48 horas, deve-se realizar um encaminhamento ao psiquiatra, para garantir uma
intervenção psicofarmacológica visando diminuir a ansiedade, desacelerar as cognições
disfuncionais, conter a impulsividade e garantir uma rotina mais controlada.
O clínico deve identificar pessoas significativas para o paciente, obter seu apoio por meio da
psicoeducação e fornecer esclarecimentos aos familiares, amigos e profissionais.

MANEJO DO CASO NA PRIMEIRA SEMANA


Na primeira semana, o clínico deve monitorar e obter a colaboração do paciente e de sua rede
de apoio, estruturada a partir da participação de familiares, amigos e profissionais. Deve, ainda

 estabelecer um tempo menor entre as consultas e telefonemas periódicos para o


monitoramento do paciente;
 elaborar, junto ao paciente, um plano de segurança e contenção, caso a crise se torne
aguda novamente;
 identificar gatilhos na rotina do paciente que possam ser disparados;
 diminuir estressores na rotina do paciente, ativando os fatores de proteção e garantindo
o aumento do apoio social de que este dispõe;
 viabilizar contatos emergenciais ao paciente e repetir, durante os atendimentos, as
avaliações de risco.
O objetivo do manejo é manter o paciente estável e fora da crise. Por isso, também deve-se
diagnosticar e tratar transtornos mentais, criar estratégias para lidar com estressores crônicos,
abordar clinicamente comportamentos disfuncionais, estimular e realizar o encaminhamento para
a psicoterapia e sempre atentar para a adesão ao tratamento.32

Na saúde pública, a prevenção do suicídio envolve a identificação dos indivíduos que estão em
alto risco, sendo a tentativa um dos mais fortes fatores de risco para o suicídio consumado em
adultos.
Uma metanálise de estudos de mortalidade estimou que indivíduos que tentaram suicídio foram
38 a 40 vezes mais propensos a cometer suicídio do que aqueles que não tinham tentado,
fornecendo, assim, uma investigação prospectiva do suicídio.33
Nos tratamentos fornecidos aos indivíduos que apresentam comportamentos suicidas, a
literatura aponta a eficácia da terapia cognitivo-comportamental (TCC) frente à redução de
tentativas e melhora dos pacientes.34,35 Nesse sentido, para que sejam implantadas medidas de
prevenção, é necessário conhecer o público-alvo população alvo e, dessa forma, identificar a
incidência de indivíduos que apresentam ideias relacionadas com o suicídio, visto que a ideação
se configura como o primeiro passo para o suicídio consumado.

ATIVIDADES
13. Observe as afirmativas sobre o manejo da crise até 48 horas após a tentativa de
suicídio.
I — Manter o paciente seguro, impedindo que ele se mate, e afastar os meios letais a que
possa ter acesso.
II — Garantir e fornecer apoio emocional ao paciente.
III — Elaborar, junto ao paciente, um plano de segurança e contenção, caso a crise se
torne aguda novamente.
IV — Montar uma rede de vigilância constante do paciente e incentivar atividades
programadas, sempre com a presença de outras pessoas.
Quais estão corretas?

A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a II e a III.

C) Apenas a I, a II e a IV.

D) Apenas a I, a II e a III.

Confira aqui a resposta

14. Sobre a ação do clínico na primeira semana de uma crise do paciente com
comportamento suicida, marque V (verdadeiro) ou F (falso).
( ) Estabelecer um tempo menor entre as consultas, assim como telefonemas periódicos,
para o monitoramento do paciente.
( ) Elaborar, junto ao paciente, um plano de segurança e contenção, caso a crise se torne
aguda novamente.
( ) Identificar gatilhos na rotina do paciente que possam ser disparados e diminuir
estressores em sua rotina, ativando os fatores de proteção garantindo o aumento de
seu apoio social.
( ) Identificar pessoas significativas para o paciente e obter seu apoio por meio da
psicoeducação e de esclarecimentos aos familiares, amigos e profissionais.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) V — V — F — F

B) F — V — F — V

C) F — V — V — V

D) V — V — V — F

Confira aqui a resposta

 EXEMPLO CLÍNICO

João, 30 anos de idade, curso superior incompleto, buscou atendimento em razão de quadro
depressivo decorrente do término de um relacionamento amoroso e problemas no trabalho. Na
primeira consulta, relatou ter sido diagnosticado, pela primeira vez, há 10 anos com transtorno
depressivo maior.
Naquela época, estava enfrentando dificuldades conjugais que resultaram no fim do
matrimônio, causando aumento considerável de peso e envolvimento com bebidas
alcoólicas. Foi nesse período que houve o aparecimento das primeiras ideações suicidas.
João se via como fracassado, incapaz de manter um relacionamento conjugal e por isso
pensou em acabar com a própria vida. No entanto, não houve um planejamento
específico, nem a tentativa.
O episódio depressivo atual teve início novamente com o término de um relacionamento
amoroso. João relatou estar muito nervoso, sentir ódio por uma grande parte das pessoas
de seu convívio, estar “sem rumo” e sem “prazer na vida”. Desta vez, houve perda
significativa de peso, dificuldade para se concentrar, falta de apetite e uso de
medicamento para dormir. João tem feito uso abusivo de álcool e se isolado no ambiente
de trabalho e socialmente.
A situação, percebida como dramática, levou João a ideações suicidas, sendo que, desta
vez, houve planejamento. O paciente tinha pensado em duas maneiras de se matar. A
primeira seria com uma arma de fogo, a segunda, com ingestão de medicamentos. Uma
análise da letalidade e da possibilidade dessas duas formas apontou para um risco alto,
visto que o paciente estava tomando muitos medicamentos e possuía arma de fogo. A
avaliação com o BDI resultou um escore de 47 pontos, indicando intensidade alta de
sintomas depressivos.
A história de vida e familiar de João mostra um pai rigoroso e ausente. Ainda na
adolescência, descobriu que o pai possuía outra família, o que o afastou do convívio. Por
outro lado, a mãe era próxima e incentivava seus estudos. Apesar disso, era muito
exigente nas cobranças. O pai era acumulador compulsivo, e a mãe já tinha tido crises de
pânico.
Quando criança, o paciente diz ter sofrido bullying pelos colegas da escola e da igreja, por
ser gordo. As meninas o deixavam sempre de lado. Tinha alteração na glândula tireoide e
chegou a ser obeso antes de realizar tratamento. A partir dos 14 anos de idade, começou
a fazer academia e teve o corpo modificado drasticamente. Comentou que a partir daí as
meninas da escola passaram a ter interesse por ele.
João descreve sua história de relacionamentos amorosos como sendo de fracassos.
Afirma ter “entrado de cabeça” em seus relacionamentos, e em todos eles ter saído
arrasado e endividado. Sempre que havia um rompimento amoroso, João envolvia-se em
problemas no trabalho, seja com enfrentamentos aos chefes ou devido à displicência na
realização das tarefas.
Os dados descritos anteriormente mostram um paciente que possui risco alto para
tentativa de suicídio. Além de estar com depressão, João possui ideação suicida, com
planejamento que envolve meios de alta letalidade. Aparentemente, o rompimento de
relações amorosas é um fator de risco para o desencadeamento dos pensamentos de
morte. Um impacto importante desse processo é o aumento da desesperança e das
dificuldades no trabalho. A proximidade com a mãe é um fator de proteção, apesar dos
altos níveis de cobrança que ela impõe ao filho.
Manejo inicial
Após a avaliação, foi feito contato com a família e com o psiquiatra responsável. Foi
proposta uma sessão conjunta com a mãe, para esclarecimento da situação, porém o
paciente se mostrou, inicialmente, resistente. João argumentava que não poderia
decepcionar a mãe e solicitou que a conversa ocorresse com a irmã. Durante o encontro
com a irmã, foi explicitada a condição de risco do paciente e foram fornecidas as
instruções sobre a monitorização dele.
Foi acordado que os medicamentos ficariam com ela, a qual seria responsável pelo
repasse ao irmão. João concordou em vender a arma de fogo. Em sessão posterior, foi
orientado a buscar atividades que lhe davam prazer e que, por alguma razão, tinha
deixado de fazer. O paciente comentou que, em decorrência de todo o processo, tinha
abandonado o judô, que inclusive o tinha ajudado a superar o primeiro episódio
depressivo.
As sessões de terapia ocorriam, nos primeiros 2 meses, 2 vezes por semana. Ao final
desse período, houve melhora no humor e diminuição da sintomatologia depressiva.

ATIVIDADE
15. Com base no exemplo clínico descrito, liste quais foram as estratégias utilizadas no
manejo do paciente.
Confira aqui a resposta

 CONCLUSÃO
O suicídio se apresenta como um tema complexo e pouco abordado de forma sistemática na
clínica em psicologia. Diante de sua complexidade, o trabalho na crise precisa de uma gestão
por parte do profissional que vai além das situações habituais da rotina do consultório ou do
serviço público.
A atuação qualificada dos profissionais de saúde no manejo da crise suicida é fundamental para
garantir que o paciente possa se sentir acolhido e compreendido durante esse momento delicado
de sua vida. Avanços são necessários nas pesquisas em psicologia na área de intervenções ao
suicídio, assim como é essencial que se realizem estudos clínicos randomizados que
comprovem a efetividade de protocolos clínicos. As políticas de saúde também precisam avançar
para que se possa ter uma melhor comunicação entre os profissionais e a garantia do acesso do
indivíduo aos serviços necessários, tanto no nível da promoção da vida como no tratamento da
crise suicida.
Por último, é necessário que os profissionais se dediquem à sistematização do trabalho clínico
no manejo da crise, para que assim possam compartilhar métodos e resultados que tenham
como objetivo a garantia principal da sobrevivência do paciente durante a crise.

 RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS


Atividade 1
Resposta: D
Comentário: O suicídio é um fenômeno de várias faces, que tem sido apontado como um grave
problema de saúde pública, resultante de uma interação entre questões socioculturais, fatores
biológicos, genéticos, psicológicos, filosófico-existenciais e ambientais, não sendo possível
apontar uma única causa.
Atividade 2
Resposta: O comportamento suicida engloba quatro outras atitudes: ideação suicida, plano
suicida, tentativa de suicídio e suicídio consumado.
Atividade 3
Resposta: C
Comentário: As pesquisas e os bancos de dados em saúde demonstram que a tendência de
tentativas de suicídio é mais frequente entre as mulheres, ao passo que os índices de suicídio
consumado são maiores entre os homens. Esses dados refletem, muitas vezes, a característica
da letalidade do método utilizado, visto que os homens utilizam meios de autoextermínio mais
violentos, fazendo com que o ato seja mais efetivo. Mais de 800 mil pessoas morrem por ano no
mundo em decorrência do suicídio, o que corresponde a uma média de uma morte a cada 40
segundos. O Brasil, em comparação com outros países, possui registros de taxas baixas de
suicídio. No entanto, por ser um país populoso, está entre os 10 com maiores números de
suicídio, contudo, o índice tem aumentado nos últimos anos.
Atividade 4
Resposta: B
Comentário: As tentativas de suicídio são mais frequentes entre as mulheres, ao passo que os
índices de suicídio consumado são maiores entre os homens. A incidência de suicídios no Brasil
é diferente de acordo com as regiões, com maior incidência na região Sul e no Centro-oeste,
seguidas por Sudeste, Norte e Nordeste.
Atividade 5
Resposta: O fato de a sociedade, de maneira geral, tratar o suicídio como tabu, acaba impedindo
que o assunto seja devidamente discutido pelos profissionais e que seja abordado de modo
correto pela imprensa, logo, é preciso tratar o tema com responsabilidade, acolhendo o paciente
e promovendo campanhas de prevenção ao suicídio.
Atividade 6
Resposta: A
Comentário: Os fatores de risco relacionados à comunidade e às relações são desastres,
guerras e conflitos, estresse de aculturação e deslocamento, discriminação, trauma e abuso,
sentimentos de isolamento ou perda de suporte social, relacionamento conflituoso, discordância
ou perda.
Atividade 7
Resposta: Estudos evidenciam que os principais fatores de risco relacionados ao comportamento
suicida são transtornos psiquiátricos, caso de suicídio na família, abuso físico ou sexual na
infância, perda dos pais na infância, perda de emprego, isolamento social e histórico de
tentativas anteriores de suicídio.
Atividade 8
Resposta: A
Comentário: As três características psicopatológicas comuns no estado mental dos suicidas,
segundo a OMS, são a ambivalência, a impulsividade e a rigidez. Nos pacientes suicidas, o
desejo de viver e de morrer podem se confundir (ambivalência). O suicídio, por mais planejado
que seja, pode partir de um ato que é usualmente motivado por eventos negativos
(impulsividade). E, quando uma pessoa decide terminar com a sua vida, os seus pensamentos,
sentimentos e ações podem se apresentar muito restritivos (rigidez).
Atividade 9
Resposta: D
Comentário: A OMS aponta três características psicopatológicas comuns no estado mental dos
suicidas que devem ser observadas durante a entrevista: ambivalência — confusão do sujeito
entre o desejo de viver e o de morrer; impulsividade — o impulso para cometer suicídio é
transitório e tem duração de alguns minutos ou horas; rigidez/constrição — situação em que os
pensamentos, os sentimentos e as ações apresentam-se muito restritivos.
Atividade 10
Resposta: Devem-se avaliar diferentes aspectos ligados ao comportamento suicida: ideação
suicida, planejamento, intenção, viabilidade, letalidade, tempo, impulsividade/agressão,
desesperança.
Atividade 11
Resposta: B
Comentário: O BSI é um instrumento de autorrelato, que objetiva identificar a presença de
ideação suicida, além de avaliar os planos, os comportamentos e as atitudes que podem ser
encontrados no paciente para que cometa o suicídio; já o FSII tem o objetivo de medir a
frequência da ideação suicida
Atividade 12
Resposta: C
Comentário: Na avaliação de risco, é importante que se considere a presença dos pensamentos
de suicídio, no baixo risco, a do plano junto aos pensamentos, no médio e, no alto, a presença
da tentativa junto ao plano e de pensamentos suicidas.
Atividade 13
Resposta: C
Comentário: No manejo da crise, pelo período de até 48 horas, o paciente está em crise aguda,
e deve-se, portanto, adotar condutas de contenção para garantir sua vida nesse período. Depois
de passada essas primeiras 48 horas, e com o paciente mais estabilizado, deve-se elaborar um
plano, para caso a crise retorne.
Atividade 14
Resposta: D
Comentário: A identificação de pessoas significativas para o paciente e a obtenção do apoio por
meio da psicoeducação e dos esclarecimentos aos familiares, amigos e profissionais devem ser
feitas imediatamente depois de identificado o risco de suicídio, e não na primeira semana.
Atividade 15
Resposta: O clínico tentou identificar pessoas significativas para o paciente e obter seu apoio por
meio da psicoeducação e do fornecimento de esclarecimentos. Tentou também obter a
colaboração do paciente e de sua rede de apoio.

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