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HISTÓRIA

Beuer e Freud: Cura vinha a partir de tornar consciente o inconsciente.

Teoria Freud: Formas de acessar o inconsciente: livre associação, interpretação dos sonhos e a análise da
transferência. A repressão, era o responsável pelo caráter patogênico e que o ato de trazer conteúdos de volta à
consciência produzia a perda da característica e, por conseguinte, o desaparecimento dos sintomas.
Princípio da realidade X princípio do prazer.

Teoria da Psicologia do ego - Anna Freud: O conflito se manifesta por meio da ­ansiedade, os sintomas vem
como soluções de compromisso entre a expressão plena dos impulsos (ou sentimentos) e sua repressão ou seu
manejo pelos mecanismos de defesa. Entendimento das resistencias. A análise das defesas, que surgem como
resistência ao tratamento, é o foco da psicoterapia à luz da psicologia do ego. Ou seja, o sintoma acontece
quando a pulsão vem e o mecanismo de defesa age.

Teoria das relações de objeto - Melanie Klein: Relação mãe-bebê, objetos e trocas transferenciais, projeções e
introjeções ocorrem desde muito cedo, com estudos principalmente nos primeiros seis meses de vida.
As questões mais cruciais no desenvolvimento da personalidade envolvem o aumento da capacidade e da
necessidade de libertar-se do objeto primário (a mãe), a fim de estabelecer uma firme noção de si mesma e
desenvolver relações com outros objetos (pessoas). O seio materno seria o primeiro objeto parcial para o bebê,
que o julgaria bom ou não, dependendo da satisfação do instinto do ID e nesse momento inicial o bebê não se
relaciona socialmente.
A teoria das relações objetais propõe duas fases evolutivas no desenvolvimento infantil, denominadas
esquizoparanóide e depressiva.
À medida que se expande o universo do bebê, ele se relaciona com objetos completos (a mãe como pessoa,
por exemplo) e não com objetos parciais.

Psicologia do self - Heinz Kohut: As relações externas ajudam a manter a autoestima e a coesão do self e a
empatia é o elemento chave da terapia. O paciente que necessita desse olhar teórico costuma ser o que tem
necessidade desesperada de certas respostas de outras pessoas para manter um senso de bem-estar.
Dois tipos principais de transferências ocorrem: a especular - “brilho nos olhos da mãe” e a idealizadora “mãe
totalmente boa”. Isso se transfere para o terapeuta quando o paciente o admira ou idealiza.

Teoria do apego - Bowlby e Bion: Apego da criança a sua mãe é necessário para a sobrevivência, e, quando
ele é perturbado pela perda de um dos pais ou por causa de um apego instável, as crianças veem a si mesmas
como não dignas de receber amor e consideram suas mães ou cuidadores como pessoas com quem não
podem contar e que abandonam. Bion - mãe como continente de ansiedades e faz a tradução.

Teoria de Erikson: considera o desenvolvimento do ego ao longo de todo o ciclo vital, através de crises
psicossociais sucessivas, do nascimento à morte.

*mecanismo de defesa: tenho que compreender para retirar mas também ajudar o paciente a lidar.

PSICOTERAPIAS DINÂMICAS: TIPOS, INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES

PSICOTERAPIA BREVE

Os bons resultados da psicoterapia dinâmica breve dependem da seleção cuidadosa dos pacientes.
A qualidade das relações objetais é um dos melhores preditores do resultado.

Os critérios de seleção:
- capacidade de insight (principal ingrediente terapêutico) ou disposição psicológica
- níveis elevados de funcionamento do ego
- forte motivação para compreender a si mesmo, além do mero sintoma de alívio
- capacidade de formar relações aprofundadas (particularmente, uma aliança inicial com o terapeuta)
- capacidade de tolerar a ansiedade
- ter um conflito que seja o foco do processo, que possa ser abordado de forma mais direta.
Critérios de contraindicação:
- Paciente não consegue delimitar o problema a uma questão de foco dinâmico, não sabe dizer qual o
problema.
- Transtornos da personalidade que sejam responsivos a abordagens expressivas de longo prazo (salvo
apresente uma queixa situacional)
- Pacientes com uma história de relações interpessoais problemáticas ou um diagnóstico de transtorno da
personalidade geralmente não são adequados para a terapia breve

Características gerais:
- Mais de 35 sessões para atingir mudanças dinâmicas estáveis
- Dura de 2 a 3 meses no mínimo e de 5 a 6 meses no máximo e envolve uma variação de 10 a 24
sessões
- O uso mais frequente das interpretações transferenciais pode ser mais produtivo com alguns subgrupos
de pacientes, dependendo das características clínicas e da capacidade de trabalho na transferência. Usa
menos interpretações tranferenciais do que a psicanálise, foco maior nas relações extra transferênciais e
conflito atual.
- Os terapeutas devem formular sua hipótese central mais rapidamente e devem proceder à interpretação
das resistências ao insight de modo mais precoce e de forma mais vigorosa.
- Identificar três componente no paciente o mais rápido possível durante a fase de avaliação: um desejo,
uma resposta vinda do outro e uma resposta do self.

PSICOTERAPIA EXPRESSIVA DE APOIO

Por parte do paciente, requerem a capacidade de estabelecer uma relação terapêutica, de se vincular
afetivamente e de se comunicar de forma honesta com o terapeuta, bem como de ter confiança e desejo sincero
de fazer mudanças. Essas condições são necessárias para todos os modelos de terapia.

Insight é o objetivo máximo da terapia mas a relação terapêutica por si só é curativa. Pelo fato de que o analista
disponibiliza a si mesmo para o desenvolvimento de uma nova ‘relação objetal’ entre ele e o paciente.

Expressiva: Análise das defesas e à exploração da transferência.


Apoio: Orientada à supressão do conflito inconsciente e ao reforço das defesas.
Objetivos:
- se adaptar aos estresses e a fortalecer as defesas
- capacidade adaptativa para lidar com os estresses da vida cotidiana
- a construção do ego

Psicoterapia de apoio não é inferior à terapia expressiva. O benefício depende da indicação do conflito e das
capacidades de cada paciente.

Continuum expressivo de apoio: Mesmo com um foco específico, todos os tipos contam com uma parte
“mista” e fornece insight e compreensão de tempos em tempos, dependendo do estado do paciente. Elas raras
vezes ocorrem de forma pura. Em vez de considerar a psicoterapia expressiva e a psicoterapia de apoio como
duas modalidades distintas de tratamento, deveríamos enxergar a psicoterapia como um.

Mesmo a psicoterapia de apoio é orientada psicanaliticamente.


A depender do foco do paciente se decide se a psicoterapia vai pender mais para a questão suportiva, de apoio
ou para a expressiva. Mudam as intervenções e a análise das transferências:

A questão da frequência está conectada ao papel da transferência no processo psicoterapêutico, por isso uma
maior quantidade de sessões semanais caracteriza a extremidade expressiva do continuum.

INDICAÇÕES:
1) uma forte motivação para compreender a si próprio
2) um sofrimento que interfere na vida, a ponto de tornar-se um incentivo para o paciente suportar os rigores do
tratamento
3) uma capacidade de não apenas regredir e abrir mão do controle de sentimentos e pensamentos, mas
também para rapidamente obter de novo o controle e refletir sobre essa regressão (regressão a serviço do ego)
4) tolerância para a frustração
5) uma capacidade de insight ou disposição psicológica
6) teste de realidade intacto
7) relações objetais significativas e duradouras
8) controle de impulsos razoavelmente bom
9) capacidade para manter um emprego
10) A capacidade para pensar em termos de metáforas e analogias, em que um conjunto de circunstâncias
pode ser entendido em paralelo com outro, também indica um bom prognóstico para o tratamento expressivo.

PSICOTERAPIA DE APOIO BREVE


- Principal indicação: pessoas relativamente saudáveis que estão passando por uma crise específica em
suas vidas.
- As técnicas envolvidas são semelhantes àquelas da psicoterapia de apoio de longo prazo: formação do
ego, facilitação do desenvolvimento de uma transferência positiva sem interpretá-la e restauração de
defesas adaptativas.
- Há sempre o perigo de os terapeutas prescreverem o que eles acham que o paciente precisa, em vez do
que o paciente quer. Tomar cuidado.

PSICANÁLISE E PSICOTERAPIA DE ORIENTAÇÃO ANALÍTICA

OBJETIVOS:
- Processo psicoterapêutico como uma busca pela verdade sobre o indivíduo. Os excessos (de
resistencias, mecanismos de defesa, etc) são removidos para se chegar ao essencial do mundo interno
do paciente.
- Capacidade de reflexão sobre o próprio mundo interno
- Reintegração de aspectos do self que foram previamente perdidos pela identificação projetiva
- Melhoria na qualidade das relações do indivíduo

PSICANÁLISE:
- O analista adota uma atitude neutra, sentando-se às costas do paciente, não havendo, portanto, um
contato visual direto.
- O paciente é orientado a expressar livremente e sem censura seus pensamentos, sentimentos,
fantasias, sonhos, imagens, assim como as associações que ocorrem, sem prejulgar sobre sua
relevância ou seu significado (regra fundamental da livre associação).
- O terapeuta, sentado atrás do divã, mantém uma atitude de curiosidade e de ouvinte atento. De tempos
em tempos, interrompe as associações do paciente, fazendo-o observar determinadas conexões entre
fatos de sua vida mental (interpretação), particularmente emoções ou fantasias relacionadas com a
pessoa do terapeuta (transferência), que passam despercebidas, e refletir sobre seu significado
subjacente (inconsciente).
- Em virtude da neutralidade, da repetição frequente das sessões e do divã, são estabelecidas uma
regressão e uma relação transferencial por parte do paciente, que passa a deslocar para a pessoa do
terapeuta pensamentos e sentimentos voltados originariamente para indivíduos importantes de seu
passado, repetindo padrões primitivos de relacionamento.

PSICOTERPARIA DE ORIENTAÇÃO ANALITICA:


- As associações não são tão livres como na psicanálise, pois habitualmente são dirigidas pelo terapeuta
para questões-chave da terapia, na busca, a princípio, de intervenção em áreas circunscritas ou
problemas delimitados.
- Dentro da área selecionada (foco), o paciente é estimulado a explorar seus sentimentos, ideias e
atitudes em suas relações com figuras importantes de sua vida atual, do passado e com o próprio
terapeuta, a fim de obter insight.
- São interpretadas as defesas, mas as interpretações transferenciais são menos frequentes. É feito uso
maior de esclarecimento, assinalamento e até mesmo de técnicas comportamentais (reforços) do que na
psicanálise.

CONDIÇÕES EXIGIDAS DO PACIENTE:


- Capacidade de introspecção razoável.
- Tenha motivação necessária para modificar aspectos de sua pessoa e interesse em aumentar sua
compreensão sobre si mesmo.
- Seja capaz de experimentar afetos intensos sem externalizá-los na conduta.
- Seja capaz de desenvolver um bom vínculo com o terapeuta e uma aliança terapêutica e de
comunicar-se de forma honesta com o terapeuta, predominantemente em palavras, e não por meio de
ações.
- Disponha de tempo e condições financeiras para arcar com os custos. Em geral, essas duas condições
definem a modalidade de terapia a ser escolhida: se psicanálise ou terapia de orientação analítica.

INDICAÇÕES:
- Transtornos da personalidade, especialmente os do grupo C (evitativa, dependente e
obsessivo-compulsiva), e transtorno da personalidade borderline.
- Traços de personalidade ou caráter disfuncionais. Os problemas são provenientes do caráter.
- Conflitos não resolvidos nas relações com os pais, que levam a dificuldades nas relações interpessoais,
inclusive sexualidade.
- Lacunas em tarefas evolutivas (p. ex., aquisição de identidade própria, independência, autonomia,
capacidade de se envolver afetivamente).

CONTRAINDICAÇÕES:
- No caso de transtornos mentais para os quais existem tratamentos efetivos mais breves e de menor
custo (p. ex., transtornos de ansiedade generalizada).
- Na presença de problemas de natureza aguda e que exigem solução urgente (p. ex., depressão,
transtorno de estresse agudo, transtorno de pânico, etc.).
- Na ausência de um ego razoavelmente integrado e cooperativo (p. ex., psicose, transtornos da
personalidade graves, dependência de substâncias, etc). Sem consciencia de si.
- Pacientes impulsivos que não toleram níveis, mesmo que pequenos, de frustração (p. ex., indivíduos
alta­mente narcisistas e centrados em si mesmos ou voluntariosos).
- Transtornos da personalidade que dificultam o estabelecimento de um vínculo (p. ex., esquizoide,
esquizotípica, antissocial) e que dificilmente se enquadram na estrutura do tratamento analítico.
- Pacientes gravemente comprometidos e, portanto, sem condições cognitivas para trabalhar na busca de
insight.
- Pacientes com pouca capacidade para introspecção (alexitimia) ou com pouca sofisticação psicológica.
- Na ausência de motivação para terapia de insight ou de interesse em um trabalho introspectivo.
- As associações não são tão livres como na psicanálise, pois habitualmente são dirigidas pelo terapeuta
para questões-chave da terapia, a qual, em princípio, busca intervir em áreas circunscritas ou problemas
delimitados.

ASPECTOS DISTINTIVOS DA TÉCNICA PSICODINÂMICA:


- Foco no afeto e na expressão da emoção
- Exploração das tentativas de evitar aspectos da experiência
- Identificação de temas e padrões recorrentes
- Discussão de experiências passadas
- Foco nas relações interpessoais
- Foco na relação terapêutica
- Exploração dos desejos, sonhos e fantasias

TRATAMENTOS EM PSICOTERAPIA DINÂMICA: ELEMENTOS


*Quanto mais dirigida ao insight for a psicoterapia (psicanálise ou psicoterapia de orientação analítica), mais
importantes serão esses elementos. Quanto mais suportiva e objetiva for a psicoterapia (psicoterapia de apoio
ou TCC), menos relevantes esses elementos serão, e mais ativo será o papel do terapeuta.

ASSOCIAÇÃO LIVRE
Forma pela qual o paciente se comunica com o analista. Isso requer que o paciente relaxe o controle habitual
sobre seus processos de pensamento, em um esforço de dizer qualquer coisa que vier à mente, sem
censurar suas palavras ou seus pensamentos.

NEUTRALIDADE
Postura não julgadora em relação aos comportamentos, pensamentos, desejos e sentimentos. O terapeuta é
atraído para um papel que é evocado pelo mundo interno do paciente e, depois, tenta se desembaraçar de tal
papel, de forma a refletir o que está acontecendo entre ele e o paciente. Não deve ser confundida com
distanciamento e indiferença em relação ao paciente. Necessidade de colocar a pessoa real em suspenso no
trabalho terapêutico, a partir de uma “dissociação útil do ego”, a qual cria um espaço mental para o paciente
sem a invasão das crenças, dos desejos e dos sentimentos do terapeuta.

ANONIMATO
Adquirir a opacidade de um espelho. Anonimato total é utopia.

ABSTINÊNCIA
Analisar os momentos em que deve conter a gratificação dos desejos transferenciais, de modo que esses
desejos possam ser analisados, em vez de satisfeitos, quando fizer bem ao paciente. Manter a abstinência em
relação à gratificação de desejos sexuais e de qualquer outra forma potencial de exploração do paciente para
suas próprias necessidades pessoais. Postura adotada pelo terapeuta no intuito de não interferir diretamente
naquilo que está ocorrendo na sessão.

RELAÇÃO TERAPEUTICA
- Determinante e comum a todas as formas de psicoterapias e refere-se ao vínculo estabelecido entre
paciente e terapeuta
- Envolve todos os elementos, sentimentos, pensamentos e atitudes que ocorrem a partir do momento em
que se forma uma dupla terapeuta-paciente.
- A aliança de trabalho diz respeito aos aspectos mais maduros e colaborativos de cada dupla.
- Quando bem construída, cria o campo para que os elementos da relação terapêutica sejam examinados
e utilizados como instrumentos para a mudança psíquica.
- Não é impactada pela transferência pois corresponde aos elementos da relação real que atuam na
direção dos objetivos terapêuticos.
- A psicoterapia pode ser considerada uma nova relação de apego que reestrutura a memória implícita
relacionada aos apegos.
- Três elementos essenciais:
1. desenvolvimento de vínculo pessoal composto por sentimentos positivos recíprocos
2. acordo sobre os objetivos do tratamento
3. acordo sobre as tarefas que cabem ao terapeuta e ao paciente no processo psicoterapêutico
- Bases:
1. Motivação do paciente para superar sua doença.
2. Sua sensação de desamparo
3. Sua disposição consciente e racional para cooperar
4. Capacidade de seguir as instruções e os insights do analista, disposições que são favorecidas se o
paciente apresentar vivências de relacionamentos de objetos de boa qualidade em sua história.
- Dois tipos:
1. o paciente percebe o terapeuta como oferecendo ajuda e suporte, e ele mesmo como receptivo
2. paciente se percebe trabalhando em conjunto com o terapeuta pelo objetivo terapêutico. + efetiva

RESISTÊNCIA
- Surgimento das defesas características do paciente dentro da situação terapêutica. Nas terapias mais
expressivas, analisar e compreender a resistência é parte da rotina diária do trabalho do terapeuta.
- A resistência relacionada às questões de transferência é chamada de resistência transferencial. Ela
envolve interferências com o trabalho terapêutico oriundas das percepções da transferência.
- Ela aparece quando há tendência inconsciente do paciente de se agarrar firmemente a uma relação
objetal interna em particular, que está sendo mobilizada pelo processo, para tentar compelir o paciente à
ação irrefletiva, em vez da observação reflexiva.
- Alguns teóricos consideram as resistências como atividades psíquicas saudáveis que salvaguardam o
crescimento do self. Em vez de interpretar as resistências, eles empatizam com a necessidade do
paciente de manifestá-las.
- O terapeuta pode encorajar a resistência - certos assuntos são desagradáveis demais para serem
discutidos e devem ser adiados para um momento mais oportuno.

ELABORAÇÃO
As interpretações geralmenten são repelidas pelas forças da resistência e requerem repetição frequente por
parte do terapeuta em diferentes contextos. Essa interpretação repetitiva da transferência e da resistência até
que o insight tenha se tornado plenamente integrado à consciência do paciente é conhecida como elaboração.
Embora os esforços do terapeuta sejam necessários, o paciente faz parte do trabalho de aceitação e integração
dos insights do terapeuta entre as sessões de terapia.

O triângulo de insight: certos padrões 1) nas relações externas do paciente e depois os vincula aos 2) padrões
de transferência e às 3) relações anteriores com os parentes. Em algum momento, o paciente se torna
consciente dessas ligações inconscientes. À medida que o paciente vê um padrão se repetindo em novos
contextos, o padrão se torna menos estranho e o paciente obtém maior domínio sobre ele.

Para a elaboração efetiva dos problemas do paciente, os terapeutas também devem validar a experiência
interna subjetiva do paciente com empatia e compreensão.

TRANSFERÊNCIA
- Deslocamento para um objeto da atualidade de todos os impulsos, defesas, atitudes, sentimentos e
respostas experimentados nas relações com os primeiros objetos da vida de um indivíduo. A
transferência é uma repetição de situações cujas origens se encontram no passado.
- Indica que os pacientes em psicoterapia vão trazer para o relacionamento com o terapeuta (transferir)
seu modo de ser e agir em seus relacionamentos habituais, especialmente nos relacionamentos
primordiais de suas vidas.
- Ao ser estudada fornece elementos do funcionamento mental do paciente.
- O objetivo do terapeuta deve ser oferecer-se como continente para essas transferências,
- Mostrar ao paciente que ele enxerga nas pessoas que o cercam elementos que, na verdade, são seus,
permite que ele possa retificar a imagem dessas pessoas. Quando o terapeuta consegue mostrar ao
paciente que não está com raiva e que este é um sentimento dele (paciente), a figura do terapeuta já se
modificou para ele. O paciente passa, então, a reavaliar seus outros relacionamentos.
- Empregam a interpretação extratransferencial, assim como a interpretação transferencial. A psicoterapia
pode ser um tanto mais limitada do que a psicanálise, pois ela foca as disposições transferenciais mais
intimamente relacionadas aos problemas apresentados.

- TIPOS:
TRANSFERÊNCIA POSITIVA
Sentimentos positivos em relação ao terapeuta. O paciente se esforça para agradar o terapeuta e fazer
ele sentir orgulho. Em terapias primariamente de apoio deve ser estimuladas.
TRANSFERÊNCIA NEGATIVA
Sentimentos negativos em relação ao terapeuta.
TRANSFERÊNCIA ESPECULAR
Os pacientes com falhas básicas de maternagem têm necessidade de que o terapeuta funcione como
um espelho para que sintam que existem e são valorizados.
TRANSFERÊNCIA IDEALIZADORA
Transferência para o terapeuta da “imago parental idealizada”, característica de uma etapa do
desenvolvimento emocional primitivo.
TRANSFERÊNCIA ERÓTICA
Transferência de sentimentos sexuais, em que o paciente aceita os limites do setting e, por meio de
sublimações, estabelece uma dupla criativa com o terapeuta. Saudável.
TRANSFERÊNCIA EROTIZADA
Forma intensa e maligna de transferência erótica em que predominam o ódio e o desejo de posse do
terapeuta por parte do paciente, que não se satisfaz com gratificações psíquicas e exige contato físico.
TRANSFERÊNCIA PERVERSA
Tentativas de perverter a natureza do encontro psicoterapêutico. O paciente tenta deslocar o terapeuta
de seu lugar e suas funções. Tenta inverter papéis.
PSICOSE DE TRANSFERÊNCIA
Distorção mais intensa da figura do terapeuta de forma transitória e articulada ainda com uma percepção
mais realista dele. Risco importante de interrupção do tratamento.

CONTRATRANSFERÊNCIA
- Respostas psicológicas do terapeuta ao paciente, como resultantes de conflitos neuróticos a serem
superados.
- Para lidar com esses desdobramentos na mente do terapeuta do material oriundo da mente do paciente,
era indicado o tratamento pessoal do terapeuta.
- Importante fonte de informação a respeito do paciente. Ao experimentar determinado sentimento ou
pensamento na presença de seu paciente, o terapeuta deve se questionar se o que está experimentando
é algo apenas seu ou se tem conexão com algum material proveniente do paciente, o que ele pode
despertar nos outros.
- Para utilizar a contratransferencia não precisa estar convicto de que sua impressão é verdadeira;
havendo uma boa relação terapêutica, pode verificar isso com o paciente.
- ­Quando um terapeuta se surpreende pensando demasiadamente em algum paciente fora do setting,
deve ficar atento ao sentimento que está experimentando. Uma contratransferência positiva intensa,
como aguardar ansiosamente para atender tal paciente, pode indicar dificuldades tão importantes quanto
o contrário, uma sensação desagradável e o desejo de evitar o ­paciente.
- Sensações indefinidas, como a impotência ou o sono, podem ser apenas o derivado consciente de uma
representação inconsciente ainda mais informativa sobre o funcionamento psicopático do paciente em
questão.

Contratransferência normal (concordante): útil para o trabalho terapêutico, informativa, que propicia
experiência de aprendizagem e crescimento para paciente e terapeuta.
Contratransferência perturbadora (complementar): Esta última pode ter origem nos conflitos não superados
pelo terapeuta e, enquanto permanecer inconsciente, irá funcionar como obstáculo para o trabalho terapêutico.

INTERVENÇÕES:

INTERPRETAÇÃO
Envolve tornar consciente algo que era inconsciente anteriormente. Explicação que vincula um sentimento, um
pensamento, um comportamento ou um sintoma a seu significado ou sua origem inconsciente.

OBSERVAÇÃO
Não tentar explicar significados inconscientes ou fazer vínculos causativos. O terapeuta meramente aponta um
comportamento não verbal, um padrão, mas não especula sobre o motivo para o comportamento.
CONFRONTAÇÃO
Aborda algo que o paciente não quer aceitar ou identifica a evitação ou a minimização de material comsciente
do paciente.

CLARIFICAÇÃO
Reformulação ou síntese das verbalizações do paciente.

ENCORAJAMENTO PARA FALAR


Pedido por informações a respeito de um tópico trazido à tona pelo paciente.

VALIDAÇÃO EMPÁTICA
Demonstração da sintonia empática do terapeuta com o estado interno do paciente. Quando os pacientes
sentem que o terapeuta compreende suas experiências subjetivas, é mais provável que eles aceitem
interpretações.

INTERVENÇÕES PSICOEDUCACIONAIS
Informações compartilhadas com um paciente com base no treinamento e no conhecimento do terapeuta.

ACONSELHAMENTO E ELOGIO
O aconselhamento envolve sugestões diretas ao paciente com respeito a como se comportar, enquanto o elogio
reforça certos comportamentos do paciente ao expressar a aprovação explícita a esses.

A maioria dos processos psicoterapêuticos contém todas essas intervenções em algum momento do tratamento.

ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO NORMAL - CRIANÇAS

ASPECTOS FUNDAMENTAIS
- Os primeiros anos de vida da criança. Isso porque nessa etapa se formam as primeiras relações, que
servem de base para o estabelecimento das demais.
- A gratificação excessiva ou reduzida / privação, percebida pela criança, poderia fazer com que seu
desenvolvimento ficasse fixado em alguma das fases do desenvolvimento.
- Importância do ambiente como condição necessária para o desenvolvimento da criança. (Winnicott)
- É importante identificar a capacidade de adaptação desses indivíduos a dificuldades e situações
adversas, antes de considerar um possível transtorno psicopatológico.
- Existem predisposições universais que são compartilhadas por todas as crianças em diferentes lugares e
culturas com relação ao seu desenvolvimento, como, por exemplo, a época aproximada em que a
criança aprende a andar, falar, etc. Por outro lado, existem diferenças que são características
particulares de uma ou de um grupo de crianças.
- O desenvolvimento emocional normal da criança também pressupõe certo grau de desenvolvimento
cognitivo já que quando um bebê atinge uma nova habilidade cognitiva, seus laços emocionais também
se modificam, já que ele assume um papel cada dia mais ativo e distinto nas suas interações.
- As vivências entre mãe e bebê são cruciais para o desenvolvimento da criança e o estabelecimento de
suas futuras relações de objeto.
- É fundamental para o desenvolvimento do bebê e da criança pequena a capacidade da mãe/cuidador de
entendê-la e se comunicar com ele.
- Há o reconhecimento crescente do papel das diferenças individuais em uma ampla variedade de
características comportamentais, que dão formas a estratégias de socialização dos pais.

DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL

ATÉ 1 ANO - ORAL: Relação mãe-bebe, sem integração do objeto. Cuidado inicial tem influência direta na
regulação das emoções e neuroplasticidade. Exploração do mundo pela boca. Egocentrismo. Mãe como
extensão. Fixação nessa fase está associada a problemas com a tolerância à frustração. Pai traz para a
realidade a partir do 4° mês. Ansiedades de separação começam a aparecer a partir do 7° mês.
Processo primário, regido pelo inconsciente e princípio do prazer. Posição Esquizoparanoide.

1 a 3 ANOS - ANAL: Crianças começam a se comportar de forma que sistematicamente exercitam e testam os
demais, para ver se estes permanecem. Essa etapa é marcada pela crescente independência e assertividade
das crianças, controle sobre si mesmo e habilidade e alegria em dizer “não”. O brincar é essencialmente
individual. Começam os sentimentos de culpa pelo que causa nos pais.

3 A 6 ANOS - FÁLICA: A noção de gênero começa a ficar evidente acontece para a teoria psicanalítica a partir
de processos de identificação, ou seja, a adoção de características e condutas do genitor do mesmo sexo.O
brincar começar a propiciar a socialização do brinquedo e a interação efetiva com outras. Complexo de édipo +
separação da mãe. Simbolização é a capacidade construída quando o objeto transicional teria a função de
simbolizar a falta materna. Capacidade de tolerar frustração começa a se formar. Objeto transicional.
Desenvolvimento do superego.

O complexo de Édipo desaparece com o complexo de castração: o menino reconhece então na figura paterna,
representante da castração, o obstáculo à realização de seus desejos. Se o menino sai do Édipo através da
angústia de castração, a menina ingressa nele pela descoberta da castração e pela inveja do pênis. No trajeto
edípico, observa-se a escolha de objeto e novas identificações, especialmente quando a criança se desliga da
mãe para escolher um objeto do mesmo sexo.

6 A PUBERDADE - LATÊNCIA: Fase escolar é caracterizada pela aquisição do autocontrole, de papéis, de


regras e pela internalização dos mecanismos de competência e controle. Uma percepção rigorosa e clara sobre
o certo e o errado vai se formando. Repressão da sexualidade.

PUBERDADE ATÉ ADULTO - GENITAL

*Ponto de fixação: gratificação ou privação excessiva que leva a pessoa a retornar para alguma das fases
quando está fragilizada.

ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO NORMAL - ADOLESCENTES

- Destaque a dificuldade de ser adolescente, pelas transformações das instituições, a crise dos valores até
então vigentes, as ameaças que o mundo externo impõe ao jovem e sua família.
- O início da fase está vinculada às primeiras manifestações da puberdade, o final se encontra bem menos
demarcado, caracterizando-se pela dissolução da problemática adolescente, com o assentamento das
bases afetivas e profissionais e a definição dos traços físicos e de caráter.
- Mais aptidão para pensar sobre situações hipotéticas e sobre conceitos abstratos,pode gerenciar
conscientemente o próprio funcionamento mental, pois consegue pensar sobre o seu próprio raciocínio.
- Envolvimento com grupos homossexuais, cujas funções principais são conter as confusões e ansiedades
paranoides, confrontar com grupos de pessoas de sexo oposto e rivalizar com outros grupos de pessoas
do mesmo sexo.
- Na sequência, ocorre a afiliação de membros do sexo oposto ao grupo, marcando a passagem para o
grupo heterossexual, de caracterís ticas mais depressivas (integradas). Nesse grupo, poderão
experimentar as relações humanas como acontecem no mundo real, sem a presença de adultos
- A pulsão sexual, que até então era autoerótica, passa a buscar um objeto sexual e se coloca a serviço
da função reprodutora. Todas as pulsões parciais cooperam para o alcance dessa nova meta sexual.
- O desligamento da autoridade parental, que cria a oposição essencial para o progresso da cultura entre
a nova e a velha geração
- O adolescente deve renunciar ao corpo infantil, que representa uma renúncia a todo o seu mundo
infantil, a fim de assumir tarefas de maior responsabilidade social e pessoal.
- Luto pelos pais da infância.
- Necessidade de uma nova definição de si mesmo. impacto do acesso à maturidade biológica leva a uma
regressão desorganizadora da capacidade de simbolizar, por reativar e mobilizar as relações do
adolescente com os pais internos e seus próprios objetos edípicos, em toda sua complexidade
psicopatológica.
- Amadurecimento do ego e modificações do superego e do ideal de ego. A síndrome da adolescência
normal inclui os seguintes “sintomas”: busca de si mesmo e da identidade; tendência grupal;
necessidade de fantasiar e intelectualizar; crises religiosas; deslocalização temporal; evolução sexual
manifesta; atitude social reivindicatória; contradições sucessivas em todas as manifestações da conduta;
separação progressiva dos pais e constantes flutuações do humor e do estado de ânimo.

O PROCESSO PSICOTERÁPICOS COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES


- Esses pacientes sofrem, de forma mais aguda, a participação e a interferência de terceiros, pais ou
responsáveis, no vínculo psicoterápico.
- A criança e o adolescente ainda não usam a palavra no mesmo nível que o adulto, utilizando outras
formas comunicativas, além da expressão verbal para trazer o material das sessões.
- Através do tratamento pessoal, o terapeuta entra em contato com o seu jeito de ser, de funcionar,
possibilitando que reconheça suas reações. Para poder entender as transferências envolvidas.
- Requer de nossa mente flexibilidade e continência e um constante acesso ao nosso próprio material
inconsciente, para dar conta dos fenômenos contratransferenciais que essas faixas etárias suscitam
- O jogo e o brincar, denuncia algo (inconsciente) que aos poucos, vão organizando a experiência infantil.
- Uma diferença da psicoterapia com adultos é que, com crianças, tudo acontece de forma inesperada e
rápida, exigindo do terapeuta dinamismo e flexibilidade mental, além de muita disponibilidade para
movimentação física.
- OBJETIVOS:
- Remissão dos sintomas
- Ajudar a criança a expressar melhor suas emoções e a compreendê-las
- Modificações no mundo intrapsíquico e inter-relacional
- Não é um objetivo a adaptação da criança, mas sim oportunizar a essa um espaço de autoconhecimento
a partir da exploração de seus potenciais.

O CAMPO PSICOTERÁPICO
- O par terapêutico não pode ser visto como duas pessoas isoladas, mas como uma estrutura.
- O campo é produto dos integrantes da relação, resultado da interação e dos aspectos inconscientes,
tanto do paciente quanto do terapeuta.
- Composto por relação terapêutica e o desenvolvimento do vínculo; os fenômenos de transferência;
contratransferência e aspectos resistenciais; fenômenos que ocorrem entrelaçados.
- Levar em conta as fantasias inconscientes dos pais, mas levando em conta o foco na criança.
- O setting age como uma moldura desse campo
- Os pais podem e devem ser chamado para participar mais ativamente da psicoterapia de sua filha.

A RELAÇÃO TERAPÊUTICA
- Não é uma relação natural e espontânea; ela vai sendo construída no vínculo, baseada num contrato
com algumas normas a serem seguidas. Se dá num espaço específico, onde ocorrem os encontros: o
setting. Não existe a reciprocidade que encontramos em outras formas de relacionamento. Ela é
assimétrica.
- Enfatiza-se a questão do sigilo e confidencialidade dos dados das sessões.
- O contrato deve ser feito com o paciente e com os responsáveis. Esses têm que se responsabilizar pela
cooperação, em manter as condições externas de levar, buscar e cumprir horários das sessões e
estarem disponíveis sempre que necessário, além de se responsabilizarem financeiramente pelos
honorários. Para que o setting interno do psicoterapeuta seja preservado.
- Psicoterapeuta deve manter um espaço para simbolizações e o pensar a respeito do que está sendo
comunicado pelo paciente no “aqui e agora” de cada sessão. Sem ir com uma ideia fixa sobre a sessão.
Ter condições de estar disponível emocionalmente.
- Crianças e adolescentes tendem a captar os aspectos da personalidade do terapeuta e, a partir disso,
também poderão agir. Importante é estarmos atentos ao jogo de identificações projetivas e introjetivas
que moldam os fenômenos transferenciais/contratransferenciais,
- Tomando consciência dos sentimentos provocados em nós, é que poderemos compreender o sofrimento
e agir terapeuticamente.
- Capacidade de transferir existe na criança desde muito cedo, e se estabelece de forma
espontânea e rápida, devido à permeabilidade consciente/inconsciente.
- Seu ego rudimentar é capaz de usar mecanismos primitivos para lidar com as ansiedades ligadas
às pulsões de vida e de morte, que são a base de sua vida de fantasia. Vão ser utilizados mais
mecanismos como projeção, identificação projetiva, cisão.
- Através dos mecanismos introjetivos e projetivos, mesmo a criança muito pequena já teria “um passado”
a transferir: as vivências precoces parentais internalizadas seriam transferidas ao terapeuta.
- O passado que é transferido é bem mais recente mas muito primitivo. Os relacionamentos objetais
precoces são transferidos através da técnica do jogo simbólico.
INTERVENÇÕES: QUANDO E COMO INTERPRETAR
MODELO FREUDIANO: Prioriza a compreensão dos fenômenos da relação terapêutica em redes de relações
históricas e de causas e efeitos. (transferência e contratransferencia)
MODELO KLEINIANO: Busca compreensão de níveis intrapsíquicos ou das fantasias inconscientes. O jogo, os
personagens e as narrativas nas sessões refletem aspectos da vida interna do paciente. Defesas.
MODELO BION: “relacional insaturado”, em que as narrativas geradas no campo são compreendidas como
projeções da relação emocional paciente/terapeuta, comunicando histórias partilhadas e que exprimem afetos.
INTERPRETAÇÃO: Processo de colocar sensações em palavras, tornando conhecido para o paciente as
fantasias, as ansiedades, os conflitos, as defesas e os modos de funcionamento mental que não podiam ser
conhecidos por serem inaceitáveis em função de mecanismos de repressão.
PROCESSO DE INTERPRETAÇÃO:
- Inclui períodos em que o terapeuta tem a função de conter sentimentos e pensamentos projetados em si
pelo paciente, guardá-los e processá-los mentalmente. O terapeuta tem que tolerar o seu próprio
desconhecimento do que está ocorrendo na relação terapêutica para poder, só mais tarde, intervir.
- Até que ocorra a ocasião para devolvê-los para reintrojeção. Função alfa.
- Ter tato para devolver, muitas vezes a criança resiste e se fecha quando a intervenção é apenas verbal
ou no momento inadequado. Através do lúdico.
- A criança vai te mostrar se a intervenção foi adequada ou não.
- Frequentemente, o paciente aceita melhor as interpretações quando essas não se referem diretamente a
ele, mas ao seu brincar e às personificações que cria.

ETAPAS DA PSICOTERAPIA COM CRIANÇAS


- As etapas não são determinadas por sua duração, mas sim pelas características do vínculo
terapeuta-paciente, que se modificam no decorrer do processo psicoterápico.
- Crianças em pleno desenvolvimento, sofrem transformações constantes processo psicoterápico
complexo.
- As forças pulsionais e do ego estão em constante fluxo e adaptação. sabemos que há na criança
alternâncias nos seus movimentos progressivos e regressivos; que surgem variadas formas de defesa;
e os derivativos pulsionais, ego e diretrizes de desenvolvimento evoluem em ritmos desiguais
- O brincar, na psicoterapia infantil, emerge como um constante recriar situações do cotidiano da criança,
revelando as diferentes maneiras que se relaciona com o seu mundo.

PERÍODO DE AVALIAÇÃO: O ENCONTRO


Período no qual se faz necessário compreender os dados globais do paciente:
1. Elementos do funcionamento e organização da família (hábitos, rotinas, valores)
2. Funcionamento psíquico da criança (fase de desenvolvimento; mecanismos de defesas predominantes,
recursos egóicos, fantasias)
3. Diferenciar as crises vitais (desenvolvimento normal) das acidentais (história de vida da própria criança)
4. Diferenciar sintomas decorrentes de fatores orgânicos daqueles de origem emocional.

- A partir da observação, normalmente, percebemos algum fator desencadeante importante, consciente ou


não, sendo de fundamental necessidade conhecer a conflitiva subjacente para melhor compreender a
criança em questão.
- Também é importante que se questione: Por que a procura de atendimento nesse momento? Há algo
especial que motivou a busca? O que ocorre não somente com a criança, mas com a sua família? De
quem é a demanda? De que modo o funcionamento dessa criança está prejudicado?
- Essa etapa não pode ser apenas considerada uma coleta de dados da história e do contexto da criança,
já é o início da construção de vínculo.
- A entrevista com a criança é denominada ‘Hora de Jogo Diagnóstica’
- Caixa individual representa o sigilo e o mundo interno da criança.
- Comentar sobre os pensamentos da criança acerca do motivo de seu encaminhamento já na primeira
sessão, assinalando seus medos, expectativas e fantasias sobre o que lhe acontecerá no decorrer da
avaliação, estará facilitando a aliança terapêutica.
- Em muitos casos necessita-se o atendimento combinado com profissionais de outras áreas

RESULTADO - FORMULAÇÃO PSICODINÂMICA:


- Abrange os aspectos passados, presentes (diagnóstico) e futuros (prognósticos: aspectos preditivos da
resposta do paciente a terapia)
-Descrição das principais defesas
-Apresentação dos conflitos centrais do paciente e uma apreciação do modelo de funcionamento mental
predominante e das relações de objeto que estabelece.
- Seus recursos de ego e sua motivação para o tratamento
COMUNICAÇÃO DO RESULTADO;
- Formulação diagnóstica e indicação terapêutica deve ser comunicada de uma forma compreensível ao
paciente e seus familiares nas entrevistas de devolução, que é a última etapa do período avaliativo
- Iniciar pelos aspectos saudáveis
- Desejo dos pais: uma criança perfeita e com um relacionamento familiar ideal. Psicoterapeuta deve estar
preparado para lidar com as manobras defensivas que possam surgir em decorrência do rompimento
desse ideal narcísico parental.
- Indicada a psicoterapia, aspectos relativos ao contrato terapêutico podem ser abordados já nas
entrevistas de devolução. Imprescindível para o curso do tratamento e para a consolidação e
manutenção do setting
- De acordo com a idade a própria criança entrega o pagamento de seu tratamento ao psicoterapeuta
auxiliará a compreender o investimento dos pais e a seriedade do tratamento
- Número de sessões menos sessões maiores possibilidades de que atuem o conflito fora do setting
psicoterápico, dando a impressão de estarem “piores” com a terapia,

FASE INICIAL: A ALIANÇA


- Caracteriza-se pela construção de um vínculo de confiança e aliança de trabalho.
- Período que a maioria dos abandonos de tratamento costumam ocorrer. Isso se deve ao fato de o
terapeuta possuir menos recursos para trabalhar as ambivalências, desconfianças e resistências acerca
do tratamento que se inicia.
- O planejamento da psicoterapia: deve incluir indicação, objetivos, recursos do paciente considerando
suas necessidades e possibilidades.
- Predominam emoções e ansiedades paranoides que devem ser compreendidas e trabalhadas.
- No final da primeira fase, o paciente, mais aliviado dos sentimentos persecutórios e mais familiarizado
com o processo terapêutico, deverá se aliar ao terapeuta na tarefa de identificar conflitos e buscar
elaborá-los, mostrando-se mais preparado para receber interpretações

FASE INTERMEDIÁRIA: O PROCESSO ELABORATIVO


- Dura desde a aliança terapêutica consolidada até começar a falar sobre o desejo de terminar. Ideal que
fosse combinado mas muitas vezes não é.
- Percebemos que o tratamento passou para fase intermediária quando a criança começa a trazer mais
vezes algum material já trazido antes, quando ela repete demonstra que se sente confortável, e que a
aliança terapêutica está consolidada. Compulsão à repetição.
- A criança passa a pensar no terapeuta como alguém da vida diária mas com funções e papel bem
distintos, isso é importante pois lá ela pode ter o espaço dela, com suas coisas/relações.
- Muito importante que o terapeuta tolere os sentimentos de raiva e aversão para que a criança se sinta
acolhida.
- Quando ela traz esses conteúdos mais agressivos é um sinal de que está na fase intermediária.
- Apontar/dizer que a criança tem permissão de expressão simbólica para brincar, desenhar ou falar sobre
qualquer coisa, mas não pode FAZER tudo, lembrar dos respeitos e limites do setting.
- O fornecimento de um ambiente suficientemente bom na fase mais primitiva capacita o começar a existir,
ter experiências, construir um ego pessoal. Um setting adequado para o indivíduo desenvolver
potencialidades, individualidades mas com limites. Winnicott
- O paciente só poderá ser ele mesmo e demonstrar aspectos positivos e negativos quando se sentir
seguro.
- O paciente fornece indícios do momento adequado para interpretações ou outras intervenções dirigidas
a tais conflitos. quando ele passa a brincar igual, repetir, demonstra que ela está pronta, aberta para
entrar no tópico.
- Se aquilo não é acolhido na sessão ela vai atuar fora da sessão
- Para o psicoterapeuta, uma das tarefas mais difíceis no curso da psicoterapia é o defrontar-se com o
profundo sofrimento da criança. Nestes momentos, é necessário estar atento aos sentimentos
contratransferenciais para não entrar em conluio inconsciente com o paciente, evitando tocar nessas
situações dolorosas.
- O brincar não deve trazer sentidos prontos, interpretações previamente saturadas pela mente do
terapeuta podem ser um erro, padronizar uma coisa sem considerar a singularidade. A dupla deve
buscar desconstruir juntos ou criar os sentidos do brincar.
- Quando a criança está sofrendo por uma perda real, concreta, por morte ou abandono, ele precisa mais
de continência do que de interpretações.
- Na evolução da psicoterapia espera-se que a criança alcance insights cada vez mais genuínos e
significativos com um consequente alívio dos sintomas e crescimento mental. Conforme começam a
compreender elas passam a verbalizar, antes comumente não verbalizam.
- Maior uso de linguagem verbal quer dizer que diminui o uso de mecanismos regressivos e de actings
produto da interação de três elementos (terapeuta,paciente,pais)
- É importante lembrar que a elaboração não se limita à hora terapêutica; é comum que a criança relate a
ocorrência de insights fora da sessão.

FASE FINAL – A DESPEDIDA


- Se estende desde a primeira menção séria de término do tratamento até o minuto final da última sessão,
combinada para o encerramento de fato.
- Ajudar a criança a examinar as suas condições reais para o término. trabalhar o luto, identificar ganhos e
situações que ainda merecem atenção.
- Na entrevista final a criança finalmente consegue compreender que deixará a psicoterapia e reviver de
modo sintético o processo terapêutico.
- O final de um processo psicoterápico implica também na perda da onipotência.
- Os critérios para se decidir um término relacionam-se aos objetivos terapêuticos e à mudança psíquica
alcançada pela criança em três espaços:
1) espaço intrasubjetivo, ligado às pulsões, seus derivativos e fantasias;
2) espaço intersubjetivo, que envolve as relações objetais e espaços vinculares
3) espaço transubjetivo, que responde pelo espaço social e cultural

- Critérios de alta:
1) Apresenta uma ideia mais realista do terapeuta e de suas funções, demonstrando bom relacionamento
com ele, sendo desfeitos os vínculos e transferências.
2) Passa a trazer mais material referente à vida cotidiana, dando-se conta da perspectiva de tempo e
apresentando planos futuros.
3) Demonstra mudança na qualidade das suas comunicações, havendo aumento de verbalizações.
4) Demonstra sentimentos ambivalentes com relação ao término, como tristeza e pesar, acompanhados de
satisfação com seus ganhos.
5) Apresenta comportamentos sublimatórios, desenvolvendo novos interesses e criatividade.
6) Usa defesas mais flexíveis e evoluídas.
7) Obtém insights, tornando-se mais reflexiva na busca de entendimento acerca das causas dos fenômenos
que observa em si e na realidade externa.
8) Retoma o curso de seu desenvolvimento sem tantas barreiras e sofrimentos.

O LUGAR DOS PAIS NA PSICOTERAPIA


- É obrigatório que pelo menos um dos pais tenha conhecimento sobre o tratamento
- A percepção de que o filho precisa de terapia pode gerar desconforto e culpa nos pais.
- KLEIN:
- Entender quem são os pais reais mas também quais são os pais do mundo interno pois é com eles que
a gente trabalha, os pais relevantes são os fantasiados.
- Menos enfatizado o caráter relacional e intersubjetivo
- Para uma análise infantil alcançar sucesso, é necessário estabelecer uma relação de confiança com os
pais; só assim o analista estaria em condições de obter informações úteis sobre o comportamento da
criança fora das sessões.
- Abstinha em intervir na educação da criança a não ser que observasse erros grosseiros nos manejos
dos pais
- Contar com a parceria dos pais nas resistências, quando a criança não quiser comparecer às sessões.
- O desaparecimento ou redução da neurose (sintoma) tem efeito sobre os pais (aí vai deses perceberem
como positivo ou negativo)
- A posição sustentada da neurose dos pais possui um papel fundamental no sintoma da criança. Muitas
vezes o sintoma da criança encobre o problema dos pais e a criança pode ocupar fantasias, desejos e
discurso dos pais, ficando ela fixada em um determinado lugar em virtude dos desejos e fantasias deles.
A criança procura se identificar com o que suspeita ser o desejo materno, criando um falso self e
deixando de existir da forma que se é.
- Deixar os pais a parte do tratamento apenas suscitará fantasias e resistências
- Ter um olhar para a criança em separado dos pais pois a criança tem ums vida mental própria mesmo
que atravessada pelas projeções e pela subjetividade dos seus pais. fazer a conexão com a criança real,
com o que ela acredita
- desamarrar questões e fantasmas da história de cada família que podem estar impedindo o
desenvolvimento sadio da criança
- aspectos transgeracionais: o ser humano já nasce na cultura que o antecede, valores, histórias
transgeracionais, mitos familiares e identificações. Há uma transmissão pelo negativo, resultante do
não-dito, não-nomeável mas que se repetem por gerações “amarrando” o sujeito a algo que ele não tem
acesso.
- Os objetos transgeracionais exercem uma demanda de desinvestimento da vida comum, como se
houvesse uma “fidelidade” aos mortos. A estrutura familiar fica comprometida com a família
transgeracional, que exige sacrifício.
- A criança pode se alienar ao desejo narcísico da mãe e tentar sustentar a falta da mãe.
- A terapia ajuda a separar e desemaranhar o filho das questões da família, discriminar ele em sua
subjetividade
- Outras questões merecem atenção: qual é a posição que o filho ocupa no equilíbrio psíquico dos pais, da
sua família como um todo? Possuem essa capacidade para suportar e manter o processo psicoterápico
do filho?
- O adolescente pode ir sozinho, por demanda espontânea, mas em algum momento os pais deverão ser
chamados. Dependerá da vontade do adolescente comparecer junto aos pais nessas sessões.
- É parte da competência terapêutica auxiliar os pais a compreender suas fantasias a respeito da criança e
as mudanças que o tratamento poderá trazer.

IMPORTÂNCIA DO PAI NO DESENVOLVIMENTO


Representa a possibilidade do equilíbrio pensado como regulador da capacidade da criança de investir no
mundo real.
Aparece como o terceiro imprescindível para que a criança elabore a perda da relação inicial com a mãe, sendo
que a criança necessita do pai para desprender-se da mãe.
Crucial também para o desenvolvimento dos filhos na entrada na adolescência, quando a maturação genital
obriga a criança a definir o seu papel na procriação.
Crianças que não convivem com o pai acabam tendo problemas de identificação sexual, dificuldades de
reconhecer limites e de aprender regras de convivência social.
O vazio promovido pela ausência do pai é formado pela noção das crianças de não serem amadas pelo genitor
que está ausente, com uma grande desvalorização de si mesmas, em consequência disso. Além dessa
autodesvalorização, ocorrem os sentimentos de culpa por a criança se achar má, por acreditar haver provocado
a separação e até por ter nascido, seu núcleo de confiança será esvaziado, ficando prejudicadas as relações
com outros semelhantes, havendo prejuízos nas demais funções de seu desenvolvimento.

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