CFO - História do Pentecostalismo - Apostila 2022 (1)

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HISTÓRIA DO PENTECOSTALISMO

O Curso de Formação de Obreiros tem, como o próprio nome diz, o objetivo de capacitar
homens e mulheres desejosos de trabalhar na obra do Senhor, servindo-O na Igreja, da
melhor maneira possível.
Nessa etapa do nosso curso, estudaremos sobre a HISTÓRIA DO PENTECOSTALISMO.
Estudar sobre o Pentecostalismo é muito importante, porque muitos não sabem porque
somos denominados como pentecostais e muito menos sobre as doutrinas esposadas
pelo Pentecostalismo clássico.
Os evangélicos pentecostais do Brasil são oriundos de um vasto movimento
reavivacionista de herança wesleyana e Holiness norte-americano, desde o fim do século
XVII até sua eclosão na virada do século XX.
O catedrático de Estudos Bíblicos na Faculdade Teológica Evangel Gary B. McGee em seu
panorama histórico do pentecostalismo assim escreveu: “Com a chegada do reavivalismo,
no fim do século XVII e início do século XVIII, na Europa e na América do Norte, os
pregadores calvinistas, luteranos e arminianos passaram a enfatizar o arrependimento e
a piedade na vida cristã. Qualquer estudo do Pentecostalismo tem de se ater aos eventos
desse período, especialmente à doutrina da perfeição cristã ensinada por João Wesley,
o pai do Metodismo, e pelo seu assistente João Fletcher. A publicação por Wesley de A
Short Account of Christian Perfection (1760) conclama seus seguidores a buscarem uma
nova dimensão espiritual. Essa segunda obra da graça, posterior à conversão, libertaria
os crentes de sua natureza moral imperfeita, que os tem induzido ao comportamento
pecaminoso. Essa doutrina chegou à América do Norte, e inspirou o crescimento do
Movimento da Santidade. A ênfase voltada à vida santificada, mas sem mencionar o
falar noutras línguas, registrado nas Escrituras (“derramamento do Espírito”, “batismo no
Espírito Santo”, “línguas de fogo”), tornou-se “marca registrada” da literatura e hinódia
do Movimento da Santidade. Uma das principais líderes da ala metodista do movimento,
Phoebe Palmer, editou o Guide to Holiness e escreveu entre outros livros, The Promise of
the Father (1859). Outro escritor popular, William Arthur, escreveu Tongue of Fire (1856)
um grande sucesso literário (HORTON, 1999, p. 12-13).
O pentecostalismo é, essenciallmente, uma restauração do cristianismo apostólico que
tem por objetivo produzir, na época da chuva serôdia, uma colheita em preparação para a
volta de Cristo. A expressão “chuva serôdia” é uma referência a palavra profética de Joel
2.23 e 28, e, ás vezes, de Tiago 5.7, como um designativo que descreve um reavivamento
no fim dos tempos e uma colheita evangelística esperados por muitos pentecostais. Estes
crêem que o Espírito Santo, nalguma ocasião futura, seria derramado de modo nunca
dantes visto. O ensino da chuva serôdia desenvolveu-se a partir do modelo agrícola que
demonstra, por parte do agricultor, a necessidade de chuva em dois momentos cruciais
do ciclo de crescimento dos vegetais a fim de produzir uma sagra abundante. O primeiro
momento se dá logo após o plantio da semente, quando a “chuva temporã” é necessária
para a germinação da semente a fim de que a plantação seja saudável. O segundo momento
em que a plantação precisa de chuva é imediatamente antes da colheita, precipitação
que se denomina “chuva serôdia”, de modo que haja uma alta produção de grãos até o
momento da colheita que vem logo a seguir. O pentecostalismo da chuva serôdia defende
o ensino de que o derramamento do Espírito em Atos 2 foi a “chuva temporã” e que o
derramamento do Espírito que diz respeito à “chuva serôdia” ocorrerá no final dos tempos”
(ICE, 2004, p. 90-91 - adaptado).
Portanto, a história do pentecostalismo é bastante complexa e emblemática, uma
vez que ela é resultante de vários avivamentos e movimentos espirituais de santidade
oriundos do protestantismo anglo-saxônico. Thomas Ice assim resumiu a história do
pentecostalismo: “ ...o movimento pentecostal teve início em 1 de janeiro de 1901 na
cidade de Topeka, capital do estado de Kansas, quando Agnes Ozman (1870-1937) falou
em línguas sob a tutela de Charles Fox Parham (1873-1929)... “o pentecostalismo, nos
primeiros anos, era denominado de ‘Movimento da Chuva Serôdia’”... Isso se deve ao fato
de que Parham intitulou seu registro do novo movimento de The Latter Rain: The Story of
the Origin of the Original Apostolic or Pnetecostal Movements (“Chuva Serôdia: A História
do Nascimento dos Movimentos Pentecostais ou Apostólicos Originais”). Muitos também
estão informados de que William J. Seymour (1870-1922), sob a influência de Parham, foi
a Houston, no Texas, em 1905, e em seguida levou a mensagem pentecostal para a rua
Azusa em Los Angeles no ano de 1906, de onde ela se disseminou para os quatro cantos
da terra... Sem dúvida, a doutrina da chuva serôdia foi um dos principais componentes
do pentecostalismo (ICE, 2004, p. 91).
A escritora católica secular Karen Armstrong apresenta a história do pentecostalismo
como uma fé “pós-moderna” que ojeriza a modernidade racional do Iluminismo, não se
interessando na dogmática, mas voltando para o primitivismo eclesiástico de Atos dos
Apóstolos, algo retomado na rua Azusa em Los Angeles pelo pastor afro-americano William
Joseph Seymour .
O Movimento Pentecostal inicial, adepto da doutrina da “Chuva Serôdia” de herança
wesleyana e holiness, propunha o aperfeiçoamento individual (santificação) e o
aperfeiçoamento social no âmbito coletivo. Thomas Ice apresenta o pensamento de alguns
líderes pentecostais para explicar o distanciamento do pentecostalismo da doutrina da
“Chuva Serôdia”: “Donald Dayton declara que “o moderno pentecostalismo é a ‘chuva
serôdia’, o derramamento especial do Espírito, que nos últimos dias restaura os dons como
parte da preparação para a ‘colheita’, a volta de Cristo em glória”. David Weslwy Myland
(1858-1943) foi um dos primeiros líderes pentecostais, sendo o autor do primeiro hino
nitidamente pentecostal, intitulado The Latter Rain (“A Chuva Serôdia”) escrito em 1906.
Em 1910, surgiu “a primeira teologia distintamente pentecostal, Latter Rain Covenant
(“Pacto da Chuva Serôdia”), que foi amplamente distribuída. Em seu livro, Myland alega
que “agora estamos no Pentecoste Gentílico, o primeiro Pentecoste deu início à Igreja, o
corpo de Cristo, e este, o segundo Pentecoste, une e aperfeiçoa a Igreja para a volta do
Senhor”. Dayton chega à conclusão de que “a doutrina geral da chuva serôdia estabelecia
uma premissa (...) chave da lógica do pentecostalismo”. Apesar de ocupar um lugar
fundamental no pensamento do pentecostalismo primitivo, “a doutrina da chuva serôdia
estava fadada a desaparecer do pentecostalismo” na década de 1920, “para reaparecer,
todavia, na década de 1940, por ocasião do movimento de revitalização radical da chuva
serôdia”. Uma das causas do declínio dos ensinamentos da chuva serôdia em meados da
década de 1920 reside no fato de que, à medida que se tornou mais institucionalizado,
o pentecostalismo precisava oferecer uma resposta ao avanço do liberalismo nas suas
fileiras. Como se observou anteriormente, o dispensacionalsimo foi visto como um auxílio
nessa área” (ICE, 2004, p. 91-92).
Assim podemos afirmar que o movimento pentecostal nasceu como um grupo
protestante avesso aos princípios liberais, e sem dúvida o fundamentalismo
influenciou as igrejas pentecostais em seu sistema teológico básico. No período em
que o pentecostalismo começou a se desenvolver era necessário uma identificação
firme, sendo que ou se apresentava como liberal ou como fundamentalista, mas
o pentecostalismo tinha o seu próprio caminho: “Enquanto os fundamentalistas
desenvolviam sua fé moderna, os pentecostais elaboravam uma visão “pós-moderna”
que correspondia a uma rejeição popular da modernidade racional do iluminismo.
Enquanto os fundamentalistas retornavam ao que consideravam a base doutrinal do
cristianismo, os pentecostais, que não se interessavam por dogmas, remontavam a um
nível ainda mais fundamental: a essência da religiosidade primitiva que ultrapassa as
formulações de um credo. Enquanto os fundamentalistas acreditavam na palavra das
Escrituras, os pentecostais desdenhavam a linguagem que, como os místicos sempre
enfatizaram, não podia expressar adequadamente a Realidade existente além dos
conceitos e da razão. Seu discurso religioso não era o logos dos fundamentalistas,
mas, que o Espírito Santo descera sobre eles da mesma forma que descera sobre
os apóstolos de Jesus na festa judaica de Pentecostes, quando a presença divina
se manifestou em línguas de fogo e conferiu aos apóstolos o dom de falar idiomas
estrangeiros (ARMSTRONG, 2000, p. 208).

Objetivos desta Disciplina:


Após concluir o estudo desta disciplina, o aluno deverá:
1) Definir o que é pentecosalismo;
2) Saber o que é o evangélico pentecostal;
3) Saber sobre a base bíblica do pentecostalismo;
4) Saber como se deu a percepção da segunda obra da graça;
5) Quais são as evidências do revestimento de Poder;
6) Quais são os obejtivos do Batismo do Espírito Santo.
Esboço da Disciplina - HISTÓRIA DO PENTECOSTALISMO

Capítulo 1 - FALANDO SOBRE PROMESSA DO SENHOR - Introdução......... 06


O Cessacionismo Uma Ideia Humana........................................................................ 08
O que aconteceu com os Dons? .......................................................................09
A Frieza Espsiritual invade a Igreja.............................................................11

Capítulo 2 - OS ANCESTRAIS DO MOVIMENTO PENTECOSTAL................... 12


Origem do Movimento Pentecostal Moderno ............................................................ 13
William Joseph Semour (1870-1922) .......................................................................... 14
O Pentecostalismo contra a Política de Segregação Racial....................................................17
Três ou Duas obras da Graça......................................................................18
Problemas Políticos Sociais......................................................................20

C a p í t u l o 3 - O R G A N I Z AÇ ÃO DA S A S S E M B L E I A S D E D E U S N O S ESTA D O S
UNIDOS DA AMÉRICA.............................................................22

Capítulo 4 - O PENTECOSTALISMO NO BRASIL..................................................... 24


Congregação Cristã no Brasil (1910)......................................................................................... 26

Capítulo 5 - A ORIGEM DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS NO BRASIL...................................... 33

Capítulo 6 - O U T R A S D E N O M I N A Ç Õ E S P E N T E C O S TA I S
NO BRASIL ................................................................... 37
Igreja do Evangelho Quadrangular........................................................37
Igreja Pentecostal O Brasil Para Cristo.................................................. 37
Igreja Pentecostal Deus é Amor ....................................................... 39
Capítulo VII - CARACTERÍSTICAS DO PENTECOSTALISMO BRASILEIRO ........................................40

Capítulo VIII - BIBLIOGRAIFA.........................................................................42


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Área para suas anotações
A ORIGEM DO PENTECOSTALISMO

CAPÍTULO I
FALANDO SOBRE PROMESSA DO SENHOR
Introdução
“Porque a promessa vos diz respeito a vós, a
vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tan-
tos quantos Deus nosso Senhor chamar” (Atos
2:39).
O contexto de ATOS 2.39 está entre os versícu-
los 37 a 47 onde relata as primeiras conversões
em Jerusalém, após o discurso de Pedro no dia de
Pentecostes.
Em Atos 2.39 o apóstolo Pedro declara: “Porque
a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos
e a todos os que estão longe: a tantos quantos
Deus, nosso Senhor, chamar” (At 2.39), ele apre-
senta essa promessa para todos os cristãos, é isso
que o apóstolo ministra após as primeiras con-
versões (Atos 2.37-47).
1. Para vós – aqueles que estavam ali no dia do
pentecostes, judeus do mundo inteiro (judeus na-
tivos e da diáspora);
2. Para Vossos filhos – para a próxima geração,
ou geração seguintes (seus descendentes);Joel
2.28;
3. Para Todos os que estão longe – os que es-
tavam na diáspora, mas também os que estavam
longe geograficamente, e ou outros povos;Isaías
57.19, que é citado em Efésios 2.17 e Atos 22.21;
4. Para Tantos quantos Deus, nosso Senhor

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chamar – todos os que crerem no Senhor Jesus
Cristo como Salvador, em qualquer lugar e tempo
(João 3.16) – Deus ama a humanidade.
Nossa Declaração de Fé declara: “4. A extensão
da promessa. O derramamento do Espírito veio
com um sinal específico, o falar em línguas: “E to-
dos foram cheios do Espírito Santo e começaram
a falar em outras línguas, conforme o Espírito San-
to lhes concedia que falassem” (At 2.4). Essa ex-
periência repete-se na vida da Igreja: “Porque os
ouviam falar em línguas e magnificar a Deus” (At
10.46); “veio sobre eles o Espírito Santo; e fala-
vam línguas e profetizavam” (At 19.6). Isso porque
a experiência pentecostal não ficou restrita ao dia
de Pentecostes; ela acontece no cotidiano da Ig-
reja de Cristo na terra ao longo dos séculos, con-
forme a promessa divina: “Porque a promessa
vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos
os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso
Senhor, chamar” (At 2.39). Jesus disse que é uma
dádiva do Pai para qualquer crente que crê e bus-
ca, homens e mulheres de todas as idades, inde-
pendentemente de seu status social. A promessa
do Espírito Santo diz respeito principalmente aos
“últimos dias” (At 2.17), e não somente à era dos
apóstolos. Além disso, Pedro, ao citar o profeta
Joel, substituiu a expressão “derramarei o meu
Espírito” (Jl 2.28) por “derramarei do meu Espíri-
to” (At 2.17), que indica um ponto de partida.
Isso mostra que o Pentecostes foi o início da dis-
pensação do Espírito Santo, (conhecida também
como Dispensação da Graça ou da Igreja) e que
a efusão do Espírito seria na sua plenitude nos
“últimos dias”, os dias em que estamos vivendo.
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Essa profecia de Joel iniciou o seu cumprimento
no dia de Pentecostes e contempla essa bênção
para homens e mulheres de todas as idades: “E
há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito
sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas fil-
has profetizarão, os vossos velhos terão sonhos,
os vossos jovens terão visões. E também sobre os
servos e sobre as servas, naqueles dias, derrama-
rei o meu Espírito” (Joel 2.28, 29); “E nos últimos
dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito
derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos
e as vossas filhas profetizarão, os vossos jovens
terão visões, e os vossos velhos sonharão sonhos;
e também do meu Espírito derramarei sobre os
meus servos e minhas servas, naqueles dias, e
profetizarão” (At 2.17,18)”. (Delcaração de Fé das
Assembleias de Deus - p. 167-168 - 2ª Edição -
CPAD - 2017).

O CESSACIONISMO UMA IDEIA HUMANA


O cessacionismo é um pensamento humano
que declara que os milagres e demais dons do
Espírito Santo, como falar em línguas, profecias,
curas divinas, cessaram com a morte do último
apóstolo do Novo Testemento.
Esse pensamento humano – o cessacionismo é
pós bíblico, pois a igreja necessita do revestimen-
to do poder para ser testemunha até a volta do
SENHOR (Atos 1.8; Mc 16.15-18; Lc 24.49; 1 Co
13.8-10).

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O QUE ACONTECEU COM OS DONS?
Na carta de Paulo aos Coríntios (1 Co 14) pode
observar o cristianismo pentecostal e dinâmico
da Igreja do Primeiro Século, vivido pelos apósto-
los e pelos primeiros cristãos.

O MONTANISMO
Entre 155-160 surgiu um movimento denomi-
nado de MONTANISMO.Esse movimento defen-
dia a prática da glossolalia e do profetismo.Esse
movimento foi rejeitado pelas lideranças da épo-
ca.
O único documento que temos desse movi-
mento foi escrito por Eusébio de Cesareia, que
apresenta uma caricatura deles: “dizendo que
Montano encarnava o Parácleto e dizia que o Sen-
hor Jesus Cristo retornaria a terra naqueles dias e
estabeleceria a Nova Jerusalém na Frígia”.
Essa caricatura foi apresentada pelos seus
opositores, mas não sobreviveu nenhum texto
produzido pelo montanismo para confirmar a ve-
racidade dessa afirmação.Não, houve o princípio
do contraditório.
Qual seria a imagem do pentecostalismo mod-
erno se dependêssemos apenas da imprensa e
dos documentos dos opositores?
Em uma cética reportagem de primeira pági-
na intitulada “A Babel de Línguas Estranhas”, um
repórter do Los Angeles Times tentou descrever
o que seria conhecido como Avivamento da Rua
Azusa.
“Suspirando expressões estranhas e pronun-
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ciando um credo que ao que parece nenhum
mortal são pode entender”, começa a reporta-
gem, “a mais recente seita religiosa teve início em
Los Angeles”.
Outro repórter de um periódico local em setem-
bro de 1906 descreveu os acontecimentos com as
seguintes palavras: “... infame miscigenação de
raças... elas choram e ficam uivando todo dia e
noite. Correm, pulam, todas se sacodem, gritam
com toda a sua voz, giram em círculos, caem se
sacudindo no chão coberto de serragem, chutan-
do e rolando tudo sobre si”.
Alguns desmaiam e não se movem durante
horas como se estivessem mortos. Essas pessoas
parecem estar loucas, mentalmente perturbadas
ou sob um feitiço.
Elas afirmam estar cheias do Espírito. Elas
têm um negro caolho e iletrado como o seu
pregador que fica de joelhos a maior parte do
tempo com a cabeça escondida entre as caixas
de leite de madeira.
Ele não fala muito, mas às vezes ele pode ser
ouvido gritando ‘arrependei-vos’, e ele acha que
está fazendo isso... Eles cantam repetidamente a
mesma canção, “O Consolador Chegou”.
Os assistentes das reuniões eram às vezes de-
scritos como “Roladores Santos”, “Saltadores
Santos”, “Línguas presas” e “Espiritistas Santos.”
Notícias foram publicadas em todo os EUA e ao
mundo sobre os acontecimentos estranhos em
Los Angeles.
Cristãos de várias tradições foram críticos, di-

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zendo que o movimento era hiper-emocional, a
Escritura mal usada e o foco sobre Cristo foi per-
dido pela super ênfase no Espírito Santo.
Dentro de pouco tempo ministros estavam
alertando suas congregações para ficarem longe
da Missão da Rua Azusa. Alguns chamaram a
polícia e tentaram fazer com que o prédio fosse
fechado.
O mesmo ocorreu com o montanismo, no zelo
de acabar com o movimento que dava ênfase a
espiritualidade, caíram na secura teológica.

A FRIEZA ESPIRITUAL INVADE A IGREJA


Agostinho de Hipona (354-430) declarou que o
sinal das línguas: “foi dado e então expirou. Não
devemos mais alimentar a expectativa de que
quem receba a imposição de mãos deva receber
o Espírito Santo e falar em Línguas”.
João Crisóstomo (354-407) em sua Homilia so-
bre 1 Coríntios reconhece a cessação dos dons
mencionados em 1 Coríntios 12.1.
Embora haja precedentes históricos que a ên-
fase nas línguas é um tanto raro, mas as línguas
de fato existiram antes em vários contextos cris-
tãos.
A ideia da cessação dos dons veio a fazer parte
da teologia da Igreja Ocidental, que atravessou
toda a Idade Média.

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CAPÍTULO II
ANCESTRAIS DO PENTECOSTALISMO

Essa teologia surgiu pelos menos de três mov-


imentos: - Movimento de Eduard Irving, a Igreja
Apostólica Católica;- O Movimento da Santidade,
metodista de John Wesley- Movimento Vida Su-
perior de Keswick.
- Movimento de Eduard Irving, a Igreja Apostóli-
ca Católica;- surgiu 75 anos antes da Rua Azuza;-
Edward Irving (1792-1834);
- O Movimento da Santidade, metodista de John
Wesley. Qualquer estudo do Pentecostalismo tem
de se ater aos eventos desse período, especial-
mente à doutrina da perfeição cristã ensinada por
João Wesley, o pai do Metodismo, e pelo seu as-
sistente João Fletcher.
Essa segunda obra da graça, posterior à con-
versão, libertaria os crentes de sua natureza mor-
al imperfeita, que os tem induzido ao comporta-
mento pecaminoso.
Essa doutrina chegou à América do Norte, e
inspirou o crescimento do Movimento da Santi-
dade.
A ênfase voltada à vida santificada, tornou-se
“marca registrada” da literatura e hinódia do
Movimento da Santidade”.
- Movimento Vida Superior de Keswick (1875).

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ORIGEM DO MOVIMENTO PENTECOSTAL
MODERNO
O movimento pentecostal eclodiu com a inicia-
tiva de Charles Fox Parham (1873-1929). Charles
Parham, fundou em 1900 em Topeka, Kansas o
Bethel Bible College ou Faculdade Bíblica Betel,
uma escola bíblica teológica.
Quarenta alunos, se reuniram para conhecer os
principais princípios do Movimento de Santidade
de Parham.
Parham perguntou sobre a evidência do batis-
Charles Fox Parham
mo no Espírito Santo no Novo Testamento para
seus alunos. (1873-1929)

Parham foi em uma viagem de três dias e pediu


a seus alunos para refletirem sobre esta questão,
enquanto ele estava fora.
Eles concluíram que o falar em línguas era a
prova de que o Espírito Santo caiu sobre um in-
divíduo, conforme Atos 2.
Assim estudando o livro de Atos, os alunos da
escola teológica começaram buscar o batismo no
Espírito Santo, e, no dia 1° de janeiro de 1901,
uma aluna, Agnes Ozman, recebeu o batismo,
com a manifestação do dom de falar em línguas No dia 1° de janeiro
estranhas. de 1901 a estudante de
teologia Agnes Ozman,
O pentecostalismo, nos primeiros anos, era de- recebeu o batismo, com
nominado de ‘Movimento da Chuva Serôdia’. a manifestação do dom
Isso se deve ao fato de que Parham intitulou seu de falar em línguas est-
registro do novo movimento de ‘Chuva Serôdia’. ranhas.
Nesta época as igrejas Holiness “Santidade”,
oriundas da Igreja Metodista, ensinavam que o
batismo no Espírito Santo, a chamada “segunda
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bênção”, significava uma santificação, e não uma
experiência de capacitação de poder sobrenatu-
ral.
O batismo no Espírito Santo, tais como falar em
línguas estranhas, não faziam parte da teologia
da santidade.
A mensagem do Parham, porém, foi que o ba-
tismo no Espírito Santo deve ser acompanhado
com o sinal miraculoso de falar em línguas.
Em Janeiro de 1906 Parham abriu uma outra Es-
cola Teológica na cidade de Houstan, Texas (USA).
Um dos que gostaria de ser aluno na Escola
Teológica de Houstan, Texas era William Seymour.

WILLIAM JOSEPH SEYMOUR (1870-1922)


William J. Seymour viveu 52 anos, era filho de
ex-escravos, era pastor numa pequena igreja
Holiness na cidade, e já estava orando cinco
horas por dia para poder receber a plenitude
do Espírito Santo na sua vida.
Seymour não pode estudar na Escola Teológica
de Houston – Texas devido a política de SEGRE-
GAÇÃO RACIAL.
A segregação racial estabeleceu o afastamento WILLIAM JOSEPH SEYMOUR

entre negros e brancos nos trens, estações fer- (1870-1922)

roviárias, cais, hotéis, barbearias, restaurantes,


teatros, entre outros.
Em 1885, a maior parte das escolas sulistas tam-
bém foram divididas em instituições para bran-
cos e outras para negros.

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Área para suas anotações
Portanto, o primeiro grande confronto político re-
ligioso do pentecostalismo foi contra as leis de
segregação racial vigentes nos EUA.
Seymour enfrentou as leis de segregação racial da
época para poder frequentar a escola teológi-
ca.
Ele não foi autorizado a ficar na sala de aula com
os alunos brancos, sendo obrigado a assistir as
aulas do corredor.
O Pentecostalismo inicial deparou-se com um ob-
stáculo político-cultural intransponível do pon-
to de vista humano: A SEGREGAÇÃO RACIAL
DO SUL DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA.
Devido a política da Segregação Racial, o irmão
Seymour não pode orar, nem receber oração
com os outros alunos brancos, e consequente-
mente, não recebeu o batismo no Espírito San-
to na escola teológica, mesmo concordando
com a mensagem.
Seymour ficou em oração, aumentando seu tem-
po diário de oração para sete horas por dia,
pedindo que Deus lhe desse “aquilo que Par-
ham pregou o verdadeiro Espírito Santo e fogo,
com línguas e o amor e o poder de Deus, como
os apóstolos tiveram”.
Então uma reunião de oração começou na casa
da família Asbery, na Rua Bonnie Brae, número
214.
O grupo levantou uma oferta para poder trazer
Lucy Farrow (1851-1911), amiga de Seymour
que já tinha recebido o batismo no Espírito
Santo, da cidade de Houston.

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Área para suas anotações
Quando ela chegou, Farrow orou para Edward
Lee, que caiu no chão e começou falar em lín-
guas estranhas.
A partir dessa noite, a casa na Rua Bonnie ficou
lotada com pessoas buscando o batismo no Es-
pírito Santo.
Dentro de poucos dias, o próprio Seymour tam-
bém recebeu o batismo e o dom de línguas.
Na noite do dia 9 de abril de 1906, o poder do Es-
pírito Santo caiu na reunião de oração na Rua
Bonnie Brae, e a maioria das pessoas presentes
começaram falar em línguas.
Jennie Moore, que mais tarde se casou com Wil-
liam Seymour foi a primeira mulher a receber o
batismo com o Espírito Santo na cidade de Los
Angeles.
Na ocasião, começou a cantar noutras línguas e a
tocar piano sob o poder de Deus, todos ficaram
maravilhados pois sabiam que ela nunca havia
estudado música.
Sabendo que a casa na Rua Bonnie Brae estava fi-
cando pequena demais para as multidões, Sey-
mour e os outros procuravam um lugar para se
reunir.
Eles acharam um prédio, na Rua Azusa, número
312, que tinha sido uma igreja Metodista Epis-
copal, mas, depois de ser danificado num in-
cêndio, foi utilizado como estábulo e depósito.
Do Pr. William H. Durham, The Apostolic Faith,
fevereiro/março de 1907 sobre William Sey-
mour: “Agora só uma palavra relativa ao irmão
Seymour, que é o líder do movimento debaixo

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de Deus. Ele é o homem mais manso que eu já
encontrei. Ele caminha e conversa com Deus.
O poder dele está na sua fraqueza. Ele parece
manter uma dependência desamparada em
Deus e é tão simples como uma pequena cri-
ança, e ao mesmo tempo ele está tão cheio de
Deus que você sente o amor e o poder toda vez
que você chegar perto dele”.

O PENTECOSTALISMO INICIAL DESTRUIU A


POLÍTICA DE SEGREGAÇÃO RACIAL NA IGREJA
DE CRISTO

Afro-americanos, latinos, brancos e outros ora-


vam e cantavam juntos, criando uma dimensão
de unidade e igualdade espiritual, quase sem
precedentes para a época.
O Pentecostalismo permitiu que homens, mul-
heres e crianças celebrassem sua unidade em
Cristo e participassem como guiados pelo Espíri-
to.
De fato, tão incomum era a mistura de pretos
e brancos, que Frank Bartleman (1871 - 1936) es-
critor pentecostal americano, evangelista e mis-
sionário exclamou com entusiasmo: “A linha de cor
foi lavada no sangue de Jesus”.
Frank Bartleman quis dizer que na obra santifi-
cadora do Espírito Santo, o pecado da política de
preconceito racial havia sido removido pelo sangue
purificador de Jesus Cristo.
O avivamento da Rua Azusa durou apenas três
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anos, mas foi o instrumento na criação do movi-
mento Pentecostal, que é o maior segmento da ig-
reja evangélica global.

Pr. William H. Durham (1873-1912)

O terceiro personagem do pentecostalismo


na perspectiva brasileira será o Pr. William H.
Durham (1873-1912) que recebeu o batismo no
Espírito Santo em Azusa.
William H. Durham foi Pastor da Missão da
Avenida Norte em Chicago, onde muitos primeiros
líderes do movimento pentecostal participaram.

TRÊS OU DUAS OBRAS DA GRAÇA ...

Segundo o movimento da rua Azusa, o batis-


mo com o Espírito Santo seria a terceira obra
da graça, sendo a primeiro obra da graça a SAL-
VAÇÃO, a segundo obra da graça a SANTIFICAÇÃO
a a terceira obra da graça o BATISMO DO ESPÍRI-
TO SANTO (REVESTIMENTO DE PODER). O Pastor
William H. Durham ensinou que não havia se-
gunda obra conhecida como santificação, porque
a santificação já opera no ato da salvação, Jesus
ao nos salvar ele nos justifica e santifica, embo-
ra a santificação seja uma processo contínuo. A
santificação é parte integrante da conversão e um
processo contínuo.

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Para sermos santos, não precisamos buscar
uma segunda obra da graça, mas simplesmente
precisamos nos apropriar dos benefícios da obra
consumada do Calvário.
Assim, sendo, o Batismo do Espírito Santo é a
Segunda Obra da graça.
William H. Durham espalhou a mensagem de
Pentecostes através de um periódico mensal, o
testemunho pentecostal, ele formou missionári-
os na sua igreja em Chicago, Missão da Avenida
Norte, tais como:
Eudorus N. Bell (1866 – 1923) organizador das
Assembleias de Deus nos EUA. Em 1914 ele de-
clarou: “Essas assembleias opõem-se a toda Alta
Crítica radical da Bíblia, a todo modernismo, a
toda a incredulidade na igreja e a filiação a ela de
pessoas não salvas, cheias de pecado e de mun-
danismo. Acreditam em todas as verdades bíbli-
cas genuínas sustentadas por todas as igrejas ver-
dadeiramente evangélicas”

Luigi Franciscon (1866 – 1964) fundador da


Congregação Cristã no Brasil e da Assembleia
Cristiana na Argentina.
Daniel Berg (1884 - 1963) e Gunnar Vingren
(1879 - 1933) fundadores da AD no Brasil.

PENTECOSTALISMO E A TRANSFORMAÇÃO DA
SOCIEDADE
Além do problema político social da Segregação
racial, o pentecostalismo se defrontou com um
segundo problema político social; ora, se alguém
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acredita no aperfeiçoamento pessoal, individu-
al, crerá também no aperfeiçoamento da coisa
pública ou social, no entanto, se o Espírito Santo
foi concedido para aperfeiçoamento individual e
coletivo, por que a sociedade não mudava para
melhor?
Se a santificação aperfeiçoa o indivíduo, ou seja,
então por que no coletivo não se concretizava?
Se Deus dá o Espírito Santo para aperfeiçoar
pessoas, indivíduos, por que não a sociedade for-
mada por esses indivíduos? Porque eles estavam
longe do poder político.
Na passagem do século XIX para o século XX, a
mudança social relacionava-se cada vez mais com
a teoria da evolução proposta por Darwin.
O fundamento da lógica evolucionista foi, en-
tão, utilizado para atacar a própria Bíblia. Excluin-
do os cristãos do poder político.
No período em que o pentecostalismo começou
a se desenvolver era necessária uma identificação
firme, sendo que ou se apresentava como liberal
ou como fundamentalista, mas o pentecostalis-
mo tinha um roteiro próprio.

PROBLEMAS POLÍTICOS SOCIAIS


No início do pentecostalismo, brancos e negros
estavam juntos nas mesmas igrejas.
Mais tarde tornou-se difícil manter esse impul-
so inicial.
Motivos: racismo e leis de segregação racial no
Sul dos EUA.

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Começaram a se formar denominações ex-
clusivas para brancos, negros e hispanos.
O mundo ficava cada vez pior, logo viria a
Primeira Guerra Mundial (1914-1918);
A Revolução Bolchevique (Comunismo) na
Rússia (1917);
O ataque da teologia liberal, o evolucionis-
mo, os constantes problemas políticos e étni-
cos fizeram com que os pentecostais desprez-
assem o mundo secular, dando total devoção
para os elementos escatológicos e bíblicos.
Os elementos teológicos presentes nos
movimentos de santidade Wesleyano e Ho-
liness; os elementos básicos do fundamen-
talismo evangélico; a perspectiva teológica
escatológica do dispensacionalismo; o mile-
narismo; o restauracionismo ou sionismo cris-
tão, amalgamaram-se na crença pentecostal
tão fortemente e tão fervorosamente que o
DNA DO PENTECOSTALISMO É TOTALMENTE
ESCATOLÓGICO.
Mas não é escapista e alienante, pois foi ca-
paz de se tornar em diferentes contextos numa
crítica severa as estruturas de opressão e dom-
inação das populações pobres que constituem
em grande número as congregações assemblei-
anas.

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CAPÍTULO IV
ORGANIZAÇÃO DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS
NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

O Conselho Geral das Assembleias de Deus


(EUA), uma das maiores denominações pente-
costais dos Estados Unidos, foi organizado em
1914 por uma ampla coalizão de ministros que
desejavam trabalhar juntos para cumprir objeti-
vos comuns, como enviar missionários e propor-
cionar comunhão e responsabilidade. Formadas
em meio ao avivamento pentecostal mundial
emergente, as Assembléias de Deus rapida-
mente se enraizaram em outros países e forma-
ram organizações nacionais indígenas. A Assem-
bléia de Deus (EUA) é um membro constituinte
da Associação Mundial de Assembleias de Deus,
a maior irmandade pentecostal do mundo.

FORMAÇÃO DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS


À medida que o avivamento se espalhava rap-
idamente, muitos pentecostais reconheceram
a necessidade de maior organização e respons-
abilidade. Os pais e mães fundadores das As-
sembleias de Deus reuniram-se em Hot Springs,
Arkansas, de 2 a 12 de abril de 1914 para pro-
mover a unidade e a estabilidade doutrinária,
estabelecer uma posição legal, coordenar o em-
preendimento missionário e estabelecer uma
escola de treinamento ministerial. Esses fun-
dadores constituíram o primeiro Conselho Geral

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e elegeram dois oficiais: Eudorus N. Bell como
presidente (título posteriormente alterado para
superintendente geral) e J. Roswell Flower como
secretário, bem como o primeiro presbitério ex-
ecutivo.
Os cerca de 300 delegados do primeiro Consel-
ho Geral representaram uma variedade de igre-
jas independentes e redes de igrejas, incluindo a
“Associação de Assembleias Cristãs” em Indiana
e a “Igreja de Deus em Cristo e em Unidade com
o Movimento de Fé Apostólica” do Alabama, Ar-
kansas, Mississippi e Texas.
Quase imediatamente, os líderes se depar-
aram com uma disputa doutrinária – se deve-
riam abandonar a teologia trinitária tradicional
em favor de uma visão monárquica modal da di-
vindade (também chamada de “Nova Questão”
ou teologia da Unidade). Em 1916, o Conselho
Geral aprovou uma Declaração de Verdades Fun-
damentais, que afirmou a ortodoxia trinitária.
Desde o início, evangelismo e missões têm sido
centrais para a identidade das Assembléias de
Deus e resultaram em um crescimento contín-
uo em casa e no exterior. Em seu centenário em
2014, as Assembleias de Deus reivindicaram uma
membresia nos Estados Unidos de 3.146.741
membros; 12.849 igrejas; e 36.884 ministros. O
Conselho Geral apoiou 2.847 missionários e as-
sociados estrangeiros trabalhando com a Asso-
ciação Mundial das Assembleias de Deus, cujos
adeptos somavam mais de 67 milhões.
Os massivos programas de missões da ig-
reja são projetados para estabelecer corpos

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eclesiásticos nacionais de auto-sustentação e
auto-propagação em todos os países. Ministros
e líderes são treinados em mais de 2.500 escolas
bíblicas estrangeiras e programas de extensão.
As Assembleias de Deus têm 17 faculdades bíbli-
cas, universidades e um seminário endossados​​
nos Estados Unidos.
O Escritório Nacional das Assembleias de Deus
está localizado em Springfield, Missouri. O Es-
critório Nacional inclui um prédio administrati-
vo, a Gospel Publishing House e o Centro Inter-
nacional de Distribuição.
Para saber mais sobre a história das Assemble-
ias de Deus e acessar recursos digitais gratuitos,
visite o site do Centro de Patrimônio Pentecostal
Flor (arquivo das Assembleias de Deus: https://
ag.org/ ).

CAPÍTULO IV
O PENTECOSTALISMO NO BRASIL

O pentecostalismo estava apenas na sua infân-


cia, quando chegou no Brasil um fato importante
para sua autoctonia.
Sem grandes recursos ou denominações es-
tabelecidas, e mais interessado numa última
arrancada evangelística antes do fim do que na
criação institucional, o movimento não estabele-
ceu as relações de dependência que caracteriza-
vam as missões no Brasil.
O Brasil de 1910, era um lugar de pessoas de-
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struídas pela água ardente e pelo tabaco.
O Pentecostalismo chegou e recuperou mil-
hares de pessoas dessa condições miserável de
vida.
As congregações assembleianas tornaram-se a
única estrutura de apoio a milhares de famílias,
crianças e anciãos.
O pentecostalismo chegou no nosso país em
três momentos distintos classificados como as
três ondas por Paul Freston; a primeira onda
seria os chamados pentecostais “clássicos”, o
primeiro grupo que chegou ao Brasil em 1910 e
1911, representados respectivamente pela Con-
gregação Cristã no Brasil e a Assembleia de Deus,
caracterizados pela glossolalia , dons espirituais,
santificação materializados nos usos e costumes
austeros. A segunda onda, surgida na década
de 1950 e início de 1960, formada por algumas
dissidências, em sua maioria da primeira onda,
sendo seu contexto paulista: Igreja do Evangel-
ho Quadrangular, O Brasil Para Cristo e a Igreja
Deus é Amor, caracterizados pela ênfase na cura
divina e no uso do rádio, de tendas e grandes
campanhas evangelísticas, e finalmente a ter-
ceira onda, também denominada de neo-pente-
costal que surgiu na década de 1970 ganhando
forças nos anos 80, Igreja Universal do Reino de
Deus, Igreja da Graça, e outras, caracterizadas
pela doutrina da prosperidade, o uso da tele-
visão e na construção ou locação de amplos es-
paços para templos, sendo seu contexto carioca.
Como nosso CFO objetiva compreender a
história do pentecostalismo e a Assembleia de

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Deus, limitar-se-á a primeira onda, os chamados
pentecostais “clássicos”, que compreende a Con-
gregação Cristã no Brasil (1910) e a Assembleia
de Deus (1911).
A primeira consideração apresentada é o re-
sumo histórico de cada denominação utilizando
a cronologia de sua chegada ao Brasil. Consid-
erando que nesta pesquisa será analisada ape-
nas a Assembleia de Deus, como representante
das demais igrejas depositárias do pentecostal-
ismo “clássico”, que apontam para uma mes-
ma matriz evangélica pentecostal, classificadas
como “clássicas”, e por fazer parte da primeira
onda do pentecostalismo no Brasil. O motivo da
escolha da Assembleia de Deus é pelo fato de
ser a segunda maior denominação cristã do país,
depois da Igreja Católica Romana e pelo fato de
ser a ESTEADEC uma escola confessional da As-
sembleia de Deus.

Congregação Cristã no Brasil (1910)


O principal documento para a reconstituição
dos primórdios da Congregação Cristã no Brasil é
o testemunho escrito por seu fundador, o ancião
Louis Francescon (Luigi Francesconi), em Chica-
go - Illinois, EUA. Originalmente esse livreto re-
cebeu o nome de Resumo de Uma Ramificação
na Obra de Deus Pelo Espírito Santo no Sécu-
lo Atual, publicado pela primeira vez em 1942,
na cidade de São Paulo, atualmente chama-se
Histórico da Obra de Deus, Revelada Pelo Espíri-
to Santo, no Século Atual.
Louis Francescon nasceu no dia 29 de março
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de 1866 na Comarca de Cavasso Nuovo – Provín-
cia de Udine, Itália, tendo emigrado para os EUA
em 1890 para a cidade de Chicago, Estado de Il-
linois. No mesmo ano entrou em contato com o
evangelho através da pregação de Miguel Nardi,
em 1891 se converteu e no ano seguinte, junta-
mente com o grupo de Miguel Nardi e de algu-
mas famílias da igreja Valdense , fundou a Pri-
meira Igreja Presbiteriana Italiana. Sendo eleito
Filippo Grilli como pastor, Francescon foi eleito
diácono e posteriormente ancião. Em 1894,
Francescon, lendo Colossenses 2.12, passou a
questionar a forma de batizar por aspersão e no
princípio de setembro de 1903, convenceu Gi-
useppe Beretta a se batizar por imersão: “Então,
servindo-se Deus também de outros meios, con-
venceu-se e dois dias após fez-se batizar mesmo
em Elgin, por um irmão americano pertencente
à Igreja dos Irmãos (Church of the Brethren). Na
ocasião lhe disse: Irmão Beretta, agora que sois
batizado, na próxima segunda-feira, dia 7 é o
Dia do Trabalho, batizar-me-ás também” (FRAN-
CESCON, 1977, p. 09).
Com a viagem do pastor Filippo Grilli para a
Itália, coube a Francescon, como ancião, pre-
sidir à reunião dominical no dia 06 de setem-
bro de 1903, oportunidade em que, após 9 anos
da revelação acerca do batismo por imersão,
falou com a Igreja acerca deste assunto, o que
fez, convidando a todos os membros da Igreja
Presbiteriana Italiana para assistir ao seu batis-
mo por imersão. O batismo foi realizado no dia
07 de setembro de 1903, em Lake-front em Chi-

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Área para suas anotações
cago, onde compareceram cerca de 25 irmãos,
dos quais 18 irmãos, incluindo Francescon se
batizaram por imersão. Com a chegada do pas-
tor Filippo Grilli da Itália, Francescon e seu gru-
po desligaram-se da igreja, estabelecendo uma
pequena comunidade evangélica livre, reunin-
do-se na casa dos irmãos.
Em fins de 1907, o grupo liderado por Fran-
cescon entrou em contato com o nascente mov-
imento pentecostal, participando das reuniões
realizadas na missão localizada na West North
Avenue, 943, que tinha como pastor William H.
Durham . No dia 25 de agosto de 1907, Fran-
cescon recebeu a experiência pentecostal e al-
gum tempo depois o pastor Durham informou
a ele que o Senhor o havia chamado para levar
essa mensagem à colônia italiana.
O grupo de crentes italianos vinha há algum
tempo reunindo-se na W. Grand Avenue, 1139, e
no dia 15 de setembro de 1907 surgiu a primeira
comunidade evangélica italiana de fé pentecos-
tal: a Assembleia Cristiana. Além de Francescon,
outros nomes pioneiros são: Pietro Ottolini, Gia-
como Lombardi, Lucia Menna, Umberto Gazzeri
e Giuseppe Petrelli.
O movimento pentecostal italiano expan-
diu-se, surgindo congregações na Filadélfia, Cal-
ifórnia e Nova York, além de Illinois; atualmente,
estas congregações formam a Igreja Cristã da
América do Norte, que surgiu da junção de duas
denominações pentecostais ítalo-americanas:
Assembleias de Deus Pentecostais Italianas e a
Igreja Cristã Italiana Inorganizada da América do
Norte .
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Área para suas anotações
No dia 04 de setembro de 1909 Francescon e
Giacomo Lombardi embarcaram de Chicago para
a cidade de Buenos Aires, capital da Argentina,
onde em contato com familiares de membros da
igreja italiana norte-americana instalaram o tra-
balho pentecostal entre as colônias italianas; at-
ualmente, a igreja que ali surgiu foi incorporada
pela Igreja Cristã Pentecostal da Argentina.
Em 08 de março de 1910 Francescon e Giaco-
mo Lombardi embarcaram de Buenos Aires para
São Paulo; no segundo dia no Brasil, evangeli-
zaram um italiano chamado Vicenzo Pievani na
Praça da Luz. Aparentemente o início do tra-
balho foi pouco promissor, até que no dia 18 de
abril Giacomo Lombardi partiu para Buenos Ai-
res. Francescon foi para Santo Antônio da Platina
no Paraná, chegando no dia 20 de abril de 1910
e estabeleceu ali um pequeno grupo de crentes
pentecostais, os primeiros no Brasil. No dia 20
de junho de 1910, Francescon retorna para São
Paulo capital, entrando em contato com a Igre-
ja Presbiteriana do Brás, onde alguns membros
aceitaram a mensagem pentecostal, bem como
alguns batistas, metodistas e católicos romanos,
surgindo a primeira igreja pentecostal organi-
zada no Brasil. A partir daí o trabalho se espal-
hou entre as colônias italianas, notadamente na
região sudeste do país, principalmente nos Es-
tados de São Paulo e do Paraná. Seu fundador,
Louis Fancescon, faleceu em 07 de setembro de
1964 na cidade de Oak Park, Illinois, EUA.
O sociólogo Paul Freston assim definiu a Con-
gregação Cristã no Brasil: “O iluminismo e apelo
ao Espírito leva a uma rejeição da organização.
História do Pentecostalismo - Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Min. Belém - Campinas/SP 29
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Área para suas anotações
O modelo das igrejas evangélicas representa a
ingerência do humano na obra divina. O mod-
elo da Congregação Cristã, segundo Nelson,
é o de parentesco, ou patriarcal. A burocracia
é mantida no mínimo absoluto, e não há pas-
tores, mas somente anciãos não remunerados.
Provavelmente a figura de Francescon ajudou a
solidificar esse modelo; ele representava uma
autoridade incontestável, mas quase sempre au-
sente. Outro fator é a estrutura familiar italiana.
A liderança é por antiguidade mais do que por
carisma ou por competência. A dependência da
tradição oral fortalece essa liderança. O modelo
é reforçado pelo imaginário de uma família ex-
tensa; a igreja é conhecida como “irmandade”
(ANTONIAZZI (org.), 1994, p. 105-106).
A recusa à organização é uma característica
do movimento pentecostal, essa ojeriza a toda
forma de organização que pudesse abafar a at-
uação do Espírito Santo está presente nos pri-
meiros pentecostais. O grande líder pentecostal
sueco Lewi Petrus ao se referir sobre a questão
da organização da Assembleia de Deus, assim
declarou: “Durante os últimos anos, temos sido
enganados aqui na Suécia com a notícia de que
os missionários e a missão no Brasil estava orga-
nizada numa denominação bastante forte. Quem
nos disse isto, mencionou que a sede da organi-
zação está no Pará e que no princípio consistia
somente de três missionários, mas que depois se
estendeu, dominando a obra em todo Brasil. Os
missionários no Brasil, estão, quando se trata do
assunto da organização, inteiramente no mesmo
ponto de vista que as igrejas livres da Suécia. To-
História do Pentecostalismo - Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Min. Belém - Campinas/SP 30
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Área para suas anotações
dos expuseram a sua perfeita aprovação sobre
o pensamento bíblico de igrejas, locais e inde-
pendentes, entre as quais deve haver uma co-
laboração espiritual, mas sem a organização da
qual os missionários agora tinham sido acusados
que professavam e praticavam (VINGREN, 1973,
p. 157).
Embora a Congregação Cristã no Brasil seja a
primeira igreja pentecostal no Brasil, seu com-
portamento sectário não permite um estudo
para a compreensão do imaginário pentecostal
sobre Jerusalém, porque não há literatura e seus
líderes são avessos a entrevistas; esse compor-
tamento está presente na maioria dos membros
dessa comunidade. Na década de 50 o professor
Émile G. Léonard, ilustre historiador francês, já
apontava para essas questões: “Parece-nos, en-
tretanto, haver nas Congregações uma profunda
fraqueza, que faz com que não as possamos con-
siderar absolutamente protestantes (o que, alías,
elas não pretendem, mantendo-se afastadas de
todas as igrejas), mas que nos faz desejar que o
protestantismo brasileiro se interesse pelo prob-
lema que elas apresentam. Não se trata de nada
relativo ao Espírito ou a essas manifestações,
que atraem a atenção, e sobre as quais não in-
sistimos; as curas miraculosas, a glossolalia, os
êxtases e, eventualmente, as convulsões. Aqui
não há nada desconhecido, anticristão ou antibí-
blico. Muitas outras denominações protestantes
tiveram essas manifestações, nos seus primeiros
tempos, e lamentam secretamente não serem
mais privilegiadas. Entretanto, tal como na Ig-
reja Evangélica Brasileira, o papel da Bíblia aqui
História do Pentecostalismo - Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Min. Belém - Campinas/SP 31
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Área para suas anotações
também parece bem pequeno. Os fiéis parecem
considerá-la mais um livro de oráculos, que se
abre para encontrar a resposta do Espírito a uma
questão ou a uma necessidade, do que o rela-
to de uma Revelação que deve ser conhecida e
meditada sistematicamente. As escolas dominic-
ais são substituídas pelos “cultos para menores”,
cópia dos cultos comuns, com os três cânticos
de início, os testemunhos, as orações (nas quais
os fenômenos de glossolalia), o sermão, novas
preces e a bênção final. O conhecimento bíblico
que as crianças possuem reduz-se, muitas vezes,
a um certo número de passagens ou versículos
particularmente comentados. Os próprios guias
espirituais declaram, sem embaraço, que não le-
ram toda a Bíblia. Suas prédicas, feitas apenas
sob a inspiração do Espírito, sobre textos que
lhes são “dados” naquele momento, não são
preparadas. Não possuem livro algum, nem jor-
nal de edificação, nem cultura alguma religiosa,
considerando ilegitima toda literatura humana
– o que é para eles, aliás, motivo de glória – o
mesmo acontecendo com todos os seus fiéis.
Pode-se dizer que todos os conhecimentos bíbli-
cos mais ou menos sistemáticos que existem nas
Congregações provém de prosélitos recrutados
nas denominações protestantes. Felizmente eles
são numerosos, pois certas comunidades evan-
gélicas perdem importantes frações que passam
para comunidade vizinha... O movimento “glória”
é um fato, e fato considerável, que possui, cer-
tamente, centenas de milhares de batizados e
simpatizantes. Por importante que seja o recru-
tamento entre protestantes, a grande maioria

História do Pentecostalismo - Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Min. Belém - Campinas/SP 32


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Área para suas anotações
deles provem de meios católicos, e desses mei-
os proletários perante os quais não se encon-
tram muito comodamente, não obstante toda
sua boa vontade. Há, aqui um grande problema.
Essas almas serão abandonadas apenas às man-
ifestações do Espírito, num conhecimento insu-
ficiente da Revelação, da Bíblia e, através dela,
do Salvador e de sua Cruz?” (LÉONARD, 2002, p.
382-383).
Essas considerações do historiador professor
Émile G. Léornad são importantes para com-
preender que, apesar dos membros da Congre-
gação Cristã no Brasil não possuírem literatura
ou estudos da Bíblia de maneira sistemática,
foram profundamente influenciados pelos adep-
tos oriundos de outras igrejas pentecostais.

CAPÍTULO V
A ORGIEM DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS NO
BRASIL

Igreja Evangélica Assembleia De Deus (1911)

Trata-se da maior denominação evangélica do


país e a segunda mais antiga igreja pentecostal
do Brasil, se constituiu no país em 19 de junho de
1911 em Belém no Norte do país, no Estado do
Pará. Foi organizada pelos missionários suecos
Daniel Berg e Gunnar Vingren, ambos oriundos
de um vasto movimento espiritual que ocorreu
no início do século XX. Segundo Duncan Alexan-
História do Pentecostalismo - Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Min. Belém - Campinas/SP 33
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Área para suas anotações
der Reily: “As vidas de Daniel Berg (1885-1963) e
Gunnar Vingren (1870-1933) são notavelmente
paralelas. Nascidos na Suécia, os dois se tor-
naram batistas, e foram batizados por imersão Daniel Berg (1884-1963)
– Missionário batista de
no país de origem; depois emigraram para os Es-
origem sueca que esteve no
tados Unidos, respectivamente em 1902 e 1903. Brasil por 52 anos, morrendo
Os dois homens afirmam ter recebido o dom do na Suécia em 1963, juntam-
Espírito Santo em 1909. De volta à Suécia para ente com Gunnar Vingren
visitar seus familiares, Berg soube sobre o Batis- fundaram a Assembleia de
mo no Espírito Santo através de um ex-amigo de Deus.
Gunnar Vingren (1870-
infância, agora pastor, e alega ter recebido essa
1933) – Missionário batista
graça na viagem de regresso aos Estados Unidos. de origem sueca que esteve
Logo a seguir, passou para a Igreja batista de W. no Brasil por 22 anos, mor-
H. Durham, em Chicago. Vingren estudou teolo- rendo na Suécia em 1933,
gia em Chicago de 1904 a 1909, no Seminário juntamente com Daniel Berg
Batista Sueco. Foi a Chicago para assistir a uma fundaram a Assembleia de
Deus.
conferência pentecostal, onde, conforme seu
próprio testemunho, recebeu o Espírito e o dom
de línguas. Ao volta à sua paróquia, Vingren es-
candalizou sua Igreja e foi despedido, assumin-
do logo depois um pastorado em South Bend,
Indiana, que dista uns cem quilômetros de Chi-
cago. Foi a essa altura que os dois se julgaram
chamados divinamente para a missão no Bra-
sil. Obedientes ao chamado, embarcaram para
o Brasil, aportando em Belém do Pará a 19 de
novembro de 1910. Localizaram a Igreja Batista,
onde foram hospedados pelo pastor; colabor-
aram nesta Igreja, na medida do possível. Suas
práticas pentecostais resultaram em dissenções,
e depois de algum tempo Berg e Vingren foram
convidados a se retirar; saíram, levando dezoi-
to membros da Igreja Batista com eles” (REILY,
1993, p. 371-372).

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Área para suas anotações
Daniel Berg e Gunnar Vingren e os dezoito
membros da Igreja Batista de Belém do Pará que
os acompanharam deram à sua nova igreja a de-
nominação Missão da Fé Apostólica e posterior-
mente Assembleia de Deus.
O ano de 1918 foi de suma importância para
a continuação do movimento pentecostal no
grande país. O trabalho já contava com alguns
anos. Agora chegou o tempo de registrar a igreja
oficialmente, para que fosse pessoa jurídica. Isto
aconteceu no dia 11 de janeiro de 1918, quando
a igreja foi registrada oficialmente com o nome
de ‘Assembleia de Deus’”. (VINGREN, 1973, p. 91
Apud ALENCAR, 2010, p. 62).
A Assembleia de Deus no Brasil cresceu de
maneira extraordinária, com mais de 12,3 mil-
hões de membros . Possui vários ministérios in-
dependentes, várias convenções, sendo a Con-
venção Geral das Assembleias de Deus do Brasil
(CGADB) a maior e mais influente. Possui um
grande parque gráfico, denominado Casa Pub-
licadora das Assembleias de Deus (CPAD) , in-
centiva ao estudo sistemático do Bíblia e produz
a maior quantidade de material evangélico do
Brasil.
O Credo doutrinário das Assembleias de Deus é
dispensacionalista, pré-tribulacionista e milenis-
ta. O Mensageiro da Paz publicou matéria com
o título Concepção Escatológica dos Cristãos, de
autoria de Wagner Tadeu dos Santos Gaby em
agosto de 2002 com a seguinte redação: “Das
três concepções escatológicas acima descritas, a
que mais se harmoniza com a exegese bíblica é
a da Escola Pŕe-Milenista Dispensacionalista. É
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a posição mais condizente com os ensinamen-
tos dos profetas, de Jesus e dos apóstolos. A
Declaração de Fé das Ads no Brasil, em seus itens
de 11 a 14, norteia sua concepção escatológica
na perspectiva da Escola Pré-Milenista Dispensa-
cionalista. A Declaração de Verdades Funda-
mentais aprovada pelo Concílio Geral das ADs
nos EUA, de 2 a 7 de outubro de 1916, também
acompanha a mesma perspectiva escatológi-
ca em seus itens de 14 a 17. Na contra-capa do
livro Manual de Doutrina das Assembleias de
Deus no Brasil (CPAD), elaborado pelo Conselho
de Doutrina da CGADB, lê-se a advertência: “as
doutrinas fundamentais nunca foram tão ataca-
das como agora. Modismos revestidos de misti-
cismo e superstição têm investido contra a Igre-
ja com a impetuosidade de uma tormenta. São
ventos de doutrina, mas eles estão conseguindo
arrancar do coração dos crentes o que deveri-
am ser sólidas convicções. E por que essas con-
vicções se tornaram tão frágeis? Porque nossos
crentes – e até alguns líderes – se acostumaram
a escutar e a reproduzir tudo o que lhes chega
aos ouvidos como Palavra de Deus sem confron-
tar o que estão ouvindo com o texto sagrado.
Assim, a sua fé enfraquece e as nossas igrejas
ficam expostas aos movimentos espúrios, às te-
ologias deturpadas e às falsas revelações”. Todos
que amam a Vinda do Senhor devem se voltar
ao estudo sistemático da Palavra de Deus, prin-
cipalmente da Escatologia, a fim de não se de-
scuidar acerca da verdade incontestável: Jesus
breve virá” (Mt 24.44-51). Maranata! (MP, 2000,
p. 248-249, Vol. 3).

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A Assembleia de Deus no Brasil cresceu de ma-
neira extraordinária, somando mais de 30 milhões
de membros. Possui vários ministérios indepen-
dentes, várias convenções, sendo a Convenção
Geral das Assembleias de Deus do Brasil (CGADB)
a maior e mais influente. Possui um grande parque
gráfico denominado Casa Publicadora das Assem-
bleias de Deus (CPAD) , um incentivo ao estudo
sistemático da Bíblia e produz a maior quantidade
de material evangélico do Brasil.
Sua crença está expressa em seu credo
doutrinário denominado Cremos no Jornal Men-
sageiro da Paz ou na sua DECLARAÇÃO DE FÉ,
onde aparece a abordagem da literalidade e iner-
rância da BÍBLIA SAGRADA.

CAPÍTULO VI

OUTRAS DENOMINAÇÕS PENTECOSTAIS NO


BRASIL

IGREJA DO EVANGELHO QUADRANGULAR


(1951)

Terceira igreja pentecostal mais antiga do Bra-


sil foi classificada como sendo da segunda onda,
porque possui características similares as igrejas
que surgiram nesse período da década de 50. Pri-
meira igreja organizada por uma mulher, Aimee

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Elizabeth Kennedy (1890-1944), evangélica desde
sua juventude, casou-se com o evangelista Rob-
ert Semple, trabalharam como missionarios na
China, onde seu esposo morreu de malária. Com
essa perda a viúva regressou para os Estados Uni-
dos com sua filhinha recém-nascida.
Em 1917 desenvolveu um enorme e inédito
trabalho evangelístico com várias campanhas
em diversas cidades nos Estados Unidos, cinco
anos depois, em 1922, durante um culto na ci-
dade de Oakland, recebeu uma impactante visão
do evangelho quadrangular, expressão que daria
nome à denominação fundada por ela em janeiro
de 1923, com a inauguração do Angelus Temple
na grande Los Angeles no Estado da Califórnia –
EUA.
Aimee faleceu em setembro de 1944, a
presidência da igreja foi assumida por seu filho
Rolf McPherson, período da chegada da igre-
ja no Brasil. No dia 15 de novembro de 1951 o
missionário Pastor Hardol Ewin Willians auxilia-
do pelo pastor Jesus Hermirio Vasquez fundaram
em São João da Boa Vista-SP a primera igreja. Em
1952 foram para São Paulo, capital, para realizar
campanhas evangelisticas a convite de um pas-
tor da igreja Presbiteriana do Cambuci e pouco
tempo depois foram para uma tenda de lona no
mesmo bairro. De lá foram para o bairro da Agua
Branca e então para o salão da Rua Brigadeiro
Galvão, 713. A tenda passou então a viajar pelo
estado de São Paulo como a tenda número um,
nos salões da rua Brigadeiro Galvão as senhoras
da igreja começaram a ajudar um irmão que havia
trabalhado muito tempo com um circo e que as
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ensinou a costurar tendas.
As tendas compradas ou fabricadas na própria
igreja sairam peregrinando por VÁRIOS lugares.
Numa onda contagiante o movimento crescia e
cada tenda dava origem à um novo núcleo que se
constituia em uma nova igreja.

IGREJA PENTECOSTAL O BRASIL PARA CRISTO


(1955)

Fundada pelo missionário Manoel de Mello,


essa igreja nasceu do trabalho de um ex-diácono
da Assembleia de Deus, trata-se de uma igreja
autóctone. Em 1952 após ser milagrosamente
curado de uma enfermidade, dedicou-se integral-
mente ao trabalho missionário, desligando-se da
Assembleia de Deus e integrando-se na Cruzada
Nacional de Evangelização (Igreja do Evangelho
Quadrangular).
Segundo Manoel de Mello, após uma visão
divina, recebeu ordens para evangelizar o Brasil,
através de um movimento de re-avivamento es-
piritual, formou-se então um grupo que passou a
organizar campanhas e cultos em tendas impro-
visadas dando inicio na Campanha Evangelística
“O Brasil Para Cristo”. Logo, o grupo organizou-se
para a realização de campanhas e cultos em ten-
das improvisadas dando início aos trabalhos da
Igreja Jesus Betel – O movimento do caminho.

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IGREJA PENTECOSTAL DEUS É AMOR (1962)

Fundada em 03 de junho de 1962 pelo dissi-


dente assembleiano Missionário David Martins
Miranda, trata-se de uma igreja autóctone.
A crença doutrinária da Igreja Pentecostal Deus
é Amor foi elaborada por seu líder fundador e
presidente Missionário David Martins de Miran-
da e demais membros do Conselho Deliberativo e
Diretoria Executiva.
A IPDA iniciou com apenas três membros, Da-
vid, sua mãe Anália Miranda e sua irmã Araci Mi-
randa.
Com o passar dos anos, inúmeras igrejas foram
abertas em todos os continentes, totalizando
mais de vinte e duas mil. Após a morte de David
Miranda, ocorrida no dia 21 de fevereiro de 2015,
sua esposa Ereni de Oliveira Miranda assumiu a
presidência da denominação.

CAPÍTULO VII
CARACTERISTICAS DO PENTECOSTALISMO
BRASILEIRO

O que aconteceu com o Pentecostalismo no


Brasil, ele virou um problema para as elites mun-
danas: Uma luta entre o cristianismo e o sistema
do mundo.
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OS PENTECOSTAIS SÃO UM GRANDE PROBLE-
MA PARA O SISTEMA DO MUNDO.
PORQUE IMPEDEM A IMPLANTAÇÃO PREPA-
RATÓRIA DO REINO DO ANTICRISTO, OU SEJA, O
PRÉ DOMÍNIO DAS TREVAS.
SENÃO VEJAMOS:
O Sistema quer acabar com a família tradicional -
OS PENTECOSTAIS DEFENDEM A FAMÍLIA TRADI-
CIONAL;
O Sistema quer impor a ideologia de gênero –
OS PENTECOSTAIS SÃO CONTRA;
O Sistema quer impor a liberação das drogas –
OS PENTECOSTAIS SÃO CONTRA;
O Sistema quer impor liberação total do aborto –
OS PENTECOSTAIS SÃO CONTRA;
O Sistema quer impor a eutanásia – OS PENTE-
COSTAIS SÃO CONTRA;
O Sistema quer impor a liberação dos jogos de
azar– OS PENTECOSTAIS SÃO CONTRA;
O Sistema quer impor o controle de natalidade –
OS PENTECOSTAIS SÃO CONTRA;
Os PENTECOSTAIS não são somente contra, eles
condenam explicitamente o sistema e são os úni-
cos que combatem firmemente o projeto que o
SISTEMA DO MUNDO quer implementar, seja pela
mídia, seja pelo voto, seja pela cultura.

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Mas por que que os cristãos pentecostais lu-


tam contra o sistema do mundo?
A Bíblia responde:

“E NÃO VOS CONFORMEIS COM ESTE MUNDO,


MAS TRANSFORMAI-VOS PELA RENOVAÇÃO
DO VOSSO ENTENDIMENTO” (RM 12.2).

CAPÍTULO VIII
BIBLIOGRAFIA

SOARES, Esequias – O Pentecostalismo Brasile-


iro – Um Guia Histórico e Teológico Para Com-
preender o Pentecostes no Brasil – CPAD

HORTON, Stanley – O Avivamento Pentecostal –


as origens e o futuro do maior movimento es-
piritual dos tempos modernos. CPAD.

FONSECA, Alberto Alves da – Jerusalém no Imag-


inário Religioso – Do Judaísmo ao Pentecos-
talismo.

História do Pentecostalismo - Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Min. Belém - Campinas/SP 42

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