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ELETROTERAPIA NAS DISFUNÇOES SEXUAIS

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Como atuar nas disfunções sexuais

Podemos fazer eletroestimulação nas disfunções sexuais?

A resposta imediata para esta pergunta é SIM. Porém, precisamos discutir o nível da
evidencia sobre este assunto, visto a baixa qualidade dos ensaios clínicos, aliado ao baixo
numero de indivíduos por estudos têm gerado revisões sistemáticas com baixo poder de
conclusão. Esse assunto tem o seu valor para que não seja gerada conclusões equivocadas
sque culminem no uso indiscriminado da eletroestimulação para melhorar sintomas
relacionados as funções sexuais.

As disfunções sexuais (DS) são condições comuns que afetam significativamente a qualidade
de vida de indivíduos em todo o mundo. Em mulheres, essas disfunções podem se manifestar
como problemas persistentes e recorrentes com a resposta sexual, desejo, orgasmo ou dor,
causando estresse e impactando negativamente os relacionamentos. A prevalência das
disfunções sexuais em pacientes com disfunções do assoalho pélvico, como bexiga hiperativa
(BH), incontinência fecal (IF) ou disfunção miccional, é particularmente alta.

Estudos recentes têm explorado o uso da estimulação do nervo tibial posterior (ENTP),
como abordagem terapêutica preconizada para essas condições, com resultados
variados. A ENTP é uma técnica não invasiva de neuromodulação que estimula o plexo
sacral (S2-S4) indiretamente via nervo tibial. Essa técnica tem sido amplamente utilizada para
tratar disfunções do assoalho pélvico, incluindo BH e IF. A eficácia da ENTP em melhorar a
função sexual em mulheres com disfunções do assoalho pélvico foi investigada em diversos
estudos. Um ensaio clinico específico com pacientes do sexo feminino com esclerose múltipla
(EM) e sintomas de BH demonstrou que a ENTP, assim como o treinamento dos músculos do
assoalho pélvico (PFMT) com biofeedback, melhorou a função sexual e a qualidade de vida
sexual das pacientes, embora a diferença entre os métodos não tenha sido significativa​​.

A meta-análise conduzida por Kershaw et al. (2019) analisou apenas quartro ensaios clinicos
e destacou alguns efeitos positivos da ENTP na função sexual. A análise dos quatro estudos
que avaliaram a função sexual como desfecho secundário em tratamentos para BH, dor
pélvica ou IF. Os resultados mostraram uma melhora na função sexual geral com o tratamento
de ENTP, e as melhorias específicas nos domínios sexuais foram inconsistentes​​. Esses
achados sugerem que a melhoria dos sintomas urinários e intestinais pode ter um efeito
secundário positivo na função sexual, mas a evidência não é robusta.
Efeitos clínicos da ENTP

Observe o gráfico em floresta abaixo da revisão sistemática Kershaw et al 2019. Este gráfico
comparou a realização de TMAP com e sem ENTP para desfechos relacionados às
disfunções sexuais. Verifique que todos os ensaios clínicos apresentaram um intervalo de
confiança elevado que tocam o eixo vertical. Isso significa que os resultados dos 4 estudos
não foram significativos entre os grupos. Veja também que o numero total de indíviduos foi
baixa (52 com ENTP e 58 sem ENTP). esse numero é muito baixo para garantir que o
resultado é consistente e robusto.

Apesar do gráfico demonstrar resultado favorável ao uso da ENTP, os dados são frágeis e
incosistentes.

Intervalo de
confiança

Mecanismos de Ação e Implicações Clínicas

O mecanismo de ação da ENTP na melhora da função sexual ainda não é completamente


compreendido, e as hipóteses propostas são variadas. Uma possibilidade é que a
neuromodulação através do nervo tibial possa melhorar diretamente a inervação nervosa da
vulva, vagina e musculatura circundante, potencialmente melhorando as funções de
lubrificação e sensação genital. No entanto, as melhorias observadas podem ser, em
grande parte, secundárias à redução da ansiedade e do desconforto associados a BH e
IF, em vez de um efeito direto sobre a função sexual.

Estudos como o de Polat Dunya et al. (2021) fornecem evidências de que tanto a ENTP
quanto o treinamento dos mpusculso do asoalho pélvico (TMAP) são opções viáveis para o
manejo das disfunções sexuais em pacientes com esclerose múltipla e bexiga hiperativa, mas
sem diferenças significativas entre os métodos​​. As intervenções resultaram em algumas
melhorias nos domínios de desejo, orgasmo, satisfação e sintomas urinários, com uma
correlação positiva entre a melhora na anorgasmia e os sintomas de bexiga hiperativa. Esses
achados, embora promissores, devem ser interpretados com cautela devido às
limitações metodológicas e ao pequeno tamanho da amostra.

Embora os resultados atuais sejam encorajadores, há várias limitações nos estudos


disponíveis, incluindo o tamanho pequeno da amostra, a falta de grupos controle em alguns
estudos e o uso de diferentes ferramentas de avaliação da função sexual. Além disso, a
maioria dos estudos se concentra em mulheres, destacando a necessidade de pesquisas
futuras que incluam pacientes do sexo masculino para avaliar a eficácia dessas intervenções
em uma população mais ampla.
A eletroestimulação, particularmente através da ENTP, mostra-se como uma intervenção
potencialmente eficaz para melhorar a função sexual em mulheres com disfunções do
assoalho pélvico. No entanto, mais estudos clínicos, especialmente ensaios controlados
randomizados com amostras maiores e seguimentos de longo prazo, são necessários para
confirmar esses achados e otimizar os protocolos de tratamento. A evidência atual, embora
promissora, ainda é limitada e requer validação adicional.

Nível de evidencia e recomendação

A ENTP pode ser utilizada em pacientes com disfunções sexuais, mas seus resultados podem
ser devido a melhorias de outros desfechos e o impacto nas fisfunções sexuais ocorra de
forma indireta. Diante disto, recomendamos que o uso da ENTP como uma terapia
complementar opcional.

Sugerimos que não baseie plano terapêutico exclusivamente neste recurso, visto a baixa
qualidade das ecidências disponíveis atualmente.

Sugestão de parâmetros para estimulação sensorial

Caso deseje realizar a ENTP em pacientes com disfunção sexual, segue abaixo os
parâmetros sugeridos

TENS Interferencial Russa AUSSIE

Modo Normal - Contínuo Contínuo

Frequência portadora (KHz) - 4 KHz - 4KHz

Frequência (Hz) 5-10hz 5-10hz 5-10hz 5-10hz

Delta AMF (variação) - - - -

SLOPE (Sweep) - 6/6 - -


Parâmetros
técnicos Duração do burst (ms) - - - 4ms

Ciclo de trabalho - - 50% -

Largura de pulso (ms) 200 - 500µs - - -

Intensidade (mA) Máximo tolerável Máximo tolerável Máximo tolerável Máximo tolerável

Tempo de aplicação (min) 30 - 60min 30 - 60min 30 - 60min 30 - 60min

Posicionamento do eletrodo Tibial posterior Tibial posterior Tibial posterior Tibial posterior
Parâmetros
Número de semanas 4 a 12 semanas 4 a 12 semanas 4 a 12 semanas 4 a 12 semanas
clínicos
Sessões por semana 3x semana 3x semana 3x semana 3x semana
Referências bibliográficas

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