Ato Normativo 02 2019
Ato Normativo 02 2019
Ato Normativo 02 2019
RESOLVE:
TÍTULO I
CAPÍTULO I
Art. 1º. O pagamento de quantia certa a que for condenada a Fazenda Pública será realizado
nos termos deste Ato Normativo, sendo obrigatória, para o pagamento de precatórios, a
utilização do sistema institucionalizado para expedição dos respectivos ofícios de requisição;
Parágrafo único. Compete à Presidência do Tribunal de Justiça rever a regularidade formal dos
ofícios de requisição de precatórios, bem como assegurar a obediência aos critérios
constitucionais estabelecidos para o seu pagamento.
Art. 2º. Compete ao juízo da execução exercer o exame da regularidade da expedição dos
precatórios e Requisições de Pequeno Valor (RPV), com observância das normas contidas no
presente Ato Normativo, notadamente:
II ¿ velar para que a expedição ocorra somente depois de caracterizado o trânsito em julgado
da sentença condenatória ou à vista de título executivo extrajudicial líquido, certo e exigível,
após fiel cumprimento e encerramento da execução;
III ¿ determinar a atualização do crédito devido, segundo parâmetros definidos nos autos do
processo de conhecimento ou de execução;
d) a intimação dos sucessores para que informem o juízo sucessório onde tramita o processo
de inventário dos bens deixados pelo falecido, a permitir, perante tal juízo, o oportuno
pagamento do crédito;
III ¿ denomina-se:
a) prévia: reprodução do ofício de requisição, a ser juntado pelo juízo aos autos, para
conferência das partes.
d) crédito preferencial: o crédito alimentar, previsto no art. 100, § 1º, da Constituição Federal,
em relação ao crédito comum;
e) crédito prioritário: a parcela preferencial citada no art. 100, § 2º, da Constituição Federal,
em relação ao crédito alimentar previsto no art. 100, § 1º da Constituição Federal, passível de
adiantamento aos credores originários ou sucessores em razão de doenças graves, deficiência
na forma da lei ou idade superior a 60 (sessenta) anos;
h) crédito suplementar: decorre de mero erro de cálculo que implica em requisição a menor,
gerando a necessidade de nova requisição para possibilitar a quitação integral.
Art. 4º. Para a regular expedição do ofício de requisição será considerado beneficiário toda e
qualquer pessoa, física ou jurídica, que faça jus ao recebimento de valores por meio da
requisição de pagamento, assim considerados:
CAPÍTULO II
Art. 5º. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas em virtude de sentença judicial ou
acórdão, far-se-ão exclusivamente mediante precatório e RPV.
§ 3º. Para os fins do § 2º, será considerada, por exequente, a conta de liquidação produzida
nos termos do inciso III do art. 2º deste Ato Normativo, nela incluído, se houver, o valor dos
honorários contratuais.
§ 4º. As RPVs serão requisitadas diretamente pelo juízo da execução, observando o disposto
no art. 535, § 3º, inciso II, do Código de Processo Civil.
CAPÍTULO III
Art. 7º. O ofício de requisição deverá obrigatoriamente ser instruído com os seguintes dados:
IV - nome dos beneficiários como tais definidos os indicados no inciso I do art. 4º do presente
Ato Normativo, com a indicação do CPF ou CNPJ, inclusive quando se tratar de incapazes,
espólios, massas falidas e outros;
VII - data-base da atualização monetária dos valores, assim considerada o termo final do
último cálculo de atualização do crédito;
XII - informação quanto a incidência ou não de imposto de renda sobre o valor a ser pago no
precatório;
Art. 8º. O montante do crédito a requisitar será informado discriminadamente (principal, juros
e valor total), atendendo-se aos critérios fixados na sentença exequenda transitada em
julgado, ou no título executivo extrajudicial, e na legislação em vigor.
§ 1º. Deve ser enviada ao Tribunal de Justiça, junto com o ofício eletrônico de requisição, cópia
digitalizada da conta homologada que originou os valores discriminados.
Art. 9º. Os ofícios de requisição serão enviados por via eletrônica de forma individualizada, por
credor originário, mesmo que haja litisconsórcio, acompanhados da documentação digitalizada
necessária à comprovação das informações neles inseridas.
Art. 10. São documentos que devem obrigatoriamente acompanhar o oficio de requisição em
anexo digitalizado:
I - sentença condenatória e, quando for o caso, o acórdão que a tiver mantido ou modificado;
III - cálculo elaborado nos moldes das normas em vigor para cada espécie de execução;
V - decisão que julga os embargos à execução ou impugnação, se houver, e, quando for o caso,
o acórdão que a tiver mantido ou modificado;
VI - certidão de trânsito em julgado da decisão que julgou os embargos à execução ou
impugnação, se houver;
Art. 11. Ao advogado poderá ser atribuída a qualidade de beneficiário do precatório quando
se tratar de honorários sucumbenciais ou contratuais.
§ 1º. Se o advogado quiser receber diretamente o que lhe couber por força de honorários
contratuais (art. 22, § 4º da Lei n. 8.906, de 1994), deverá juntar aos autos do processo de
execução, antes do envio do ofício de requisição ao Tribunal de Justiça, o respectivo contrato;
§ 3º. É possível o pagamento de honorários sucumbenciais por RPV, ainda que o crédito
original a que estejam vinculados tenha que ser pago por precatório;
§ 4º. Não é possível o pagamento de honorários contratuais por RPV quando o crédito original
a que estejam vinculados tenha que ser pago por precatório.
Art. 12. Ausentes quaisquer dos dados ou documentos que devem instruir o ofício de
requisição, este não será gerado no sistema informatizado deste Tribunal de Justiça.
Art. 15. O Juiz Gestor de Precatórios decidirá pela autuação e processamento do ofício de
requisição ou pela sua recusa em caso de preenchimento em desacordo com as normas em
vigor ou inadequada instrução.
§ 2º. Recusado o ofício, cabe à unidade jurisdicional requisitante promover novo e regular
envio.
Art. 16. Constituem-se causas para não autuação e consequente devolução do ofício de
requisição:
III - a constatação de que o valor apontado no ofício de requisição não guarda conformidade
com o título executivo e correspondente execução, inclusive em caso de erro material;
VI - quando verificado que o ofício de requisição foi expedido em autos de processo julgado
em exercício da competência delegada de que trata o art. 109, § 3º da Constituição Federal;
VII - quando ausente alguma das informações previstas no artigo 7º ou algum dos documentos
obrigatórios relacionados no artigo 10 deste Ato Normativo.
Art. 17. Não se constitui em causa para a recusa de que trata o art. 16:
TITULO II
DO PRECATÓRIO
CAPÍTULO I
DA AUTUAÇÃO E PROCESSAMENTO
Art. 18. A autuação do ofício de requisição nos termos do presente Ato Normativo autorizará,
pela data de seu protocolo, o ingresso do credor, em favor de quem expedido, e para os
devidos fins, na respectiva lista cronológica, conforme a natureza do crédito, do respectivo
ente ou entidade devedora, na qual aguardará o regular pagamento.
Parágrafo único. Para o cumprimento do disposto no caput do artigo 100 da Constituição
Federal, os precatórios deverão estar regularmente protocolizados até o dia 1º de julho de
cada ano.
Art. 19. Admitido o ofício de requisição, será determinada a autuação e o registro no sistema
de precatórios.
Art. 20. Para efeito do disposto no § 5º do artigo 100 da Constituição Federal, considera-se a
data de 1º de julho como o momento de apresentação dos precatórios encaminhados pelos
juízos da execução ao Tribunal de Justiça entre 02 de julho do ano anterior e 1º de julho do
ano de elaboração da proposta orçamentária.
CAPÍTULO II
Art. 21. O ofício requisitório a que se refere o parágrafo único do art. 20 será, à vista das
informações produzidas em cada um dos precatórios que passarem a tramitar, e
independentemente de despacho, expedido em 2 (duas) vias assinadas pelo Presidente do
Tribunal de Justiça, devendo constar:
III - a soma total dos valores dos precatórios apresentados até 1º de julho.
Parágrafo único. As cópias mencionadas no caput deste artigo terão a seguinte destinação:
CAPÍTULO III
§ 2º. Deve ser pago primeiramente o precatório de menor valor quando entre dois precatórios
não for possível estabelecer a precedência cronológica.
Art. 23. Haverá uma lista de ordem cronológica por entidade devedora, assim considerada a
entidade da administração direta e as integrantes da administração indireta, desde que
dotadas de orçamento e personalidade jurídica próprias.
Art. 24. Até o dia vinte de julho de cada ano serão publicadas junto ao Diário de Justiça
Eletrônico as listas de ordem cronológica de todas as entidades devedoras.
Art. 25. A formação da lista de que trata esta seção observará as seguintes regras:
I - será considerada, para ingresso na ordem cronológica do precatório, a data de apresentação
do ofício de requisição que atenda ao disposto nos artigos 7 e 10 deste Ato Normativo;
II - a ordem cronológica agrupará os créditos por ano de exercício junto ao qual inscrito
precatório, preferindo os créditos de natureza alimentar apontados no art. 100, § 1º da
Constituição Federal aos créditos comuns dentro do mesmo ano;
CAPITULO IV
Seção I
Do Aporte Voluntário
Art. 26. É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba
necessária ao pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas em julgado,
constantes de precatórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento
até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente.
§ 1º. Efetuado o depósito integral, junto a cada um dos precatórios cujo pagamento foi
requisitado, a correção monetária e os juros passarão a observar as regras pertinentes aos
depósitos judiciais, cessando sua incidência segundo os critérios definidos para precatórios.
§ 2º. Quando não ocorrer o depósito ou quando este se der em valor menor que o devido, será
certificada a ocorrência nos autos dos precatórios parcial ou integralmente inadimplidos,
intimando os credores para que digam se têm algo a requerer em face do art. 100, §§ 5º e 6º,
da Constituição Federal, salvo se o ente estiver no regime especial, previsto no ADCT,
oportunidade em que se observará a legislação pertinente.
§ 3º. Fica autorizado, na hipótese do § 2º, o pagamento parcial do precatório com o valor
disponível em conta de depósito judicial vinculada, após liquidação dos precatórios mais
antigos.
Art. 27. No intuito de viabilizar o regular, tempestivo e integral pagamento atualizado do
precatório, faculta-se à entidade devedora formalizar convênio com o Tribunal de Justiça para:
I - permitir que os depósitos sejam feitos, no regime especial, de forma automatizada pelo TJRJ
junto ao Banco do Brasil.
Seção II
Art. 28. Nos casos de quebra de ordem cronológica, ou nas hipóteses em que se verificar não
ter ocorrido efetiva alocação de recursos visando a satisfação integral do débito do ente
público consignado em precatório, faculta-se ao credor interessado requerer o pagamento
mediante o sequestro do valor devido atualizado.
§ 1º. Idêntica faculdade possui o credor, pelo valor do remanescente, nos casos em que o
ofício requisitório tenha sido cumprido, ou o precatório pago, sem a observância do disposto
na parte final do art. 100, § 5º, da Constituição Federal.
Art. 29. O requerimento de sequestro deverá ser dirigido ao Presidente do Tribunal de Justiça
pelo interessado, por procurador habilitado.
§ 1º. O pedido será juntado aos autos do precatório para regular apreciação.
d) houver algum outro impedimento legal para o pagamento, que seja de fácil percepção e
identificação.
§ 5º. Havendo requerimento expresso de sequestro, em precatório que não seja o mais antigo,
em razão do não adimplemento ou da ausência de alocação orçamentária, para evitar a
preterição, o Presidente do Tribunal determinará o sequestro dos valores de todos os
precatórios antecedentes.
Art. 30. Realizado o sequestro, a apreensão do numerário será informada nos autos do
precatório e será dado prosseguimento ao procedimento de pagamento da dívida.
CAPÍTULO V
DO PAGAMENTO DE PRECATÓRIO
Seção I
Da Atualização
Art. 31. Os valores requisitados de acordo com o art. 2º deste Ato Normativo serão atualizados
monetariamente desde a data do cálculo realizado no juízo de origem, até o seu pagamento
ou crédito em nome do beneficiário.
Art. 32. Os precatórios sofrerão atualização monetária e incidência de juros entre a data do
cálculo e a data da inscrição no orçamento, bem como após vencido, sem adimplemento, o
período previsto para pagamento no artigo 100, § 5º da Constituição Federal.
§ 1º. No curso do período compreendido entre a data de inscrição no orçamento e o último dia
do exercício financeiro subsequente, o precatório sofrerá, tão somente, atualização monetária.
§ 2º. É vedada a incidência de juros sobre juros no cálculo da atualização dos precatórios.
§ 4º. A partir de 25.03.2015, em face da decisão do STF no julgamento das ADIs n.º 4.357/DF e
n.º 4.425/DF, a correção se dará pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E)
e os juros serão de 0,5% ao mês, nos precatórios que não se refiram a créditos tributários;
Art. 33. Atualizado o precatório para fins de pagamento, serão intimados os interessados, por
5 (cinco) dias, para manifestação.
§ 1º. Após o prazo previsto no caput deste artigo, será enviada a determinação de pagamento
à Instituição Financeira, que realizará o recolhimento dos tributos incidentes, impossibilitando
qualquer tipo de alteração nos valores no âmbito deste Tribunal de Justiça, de modo que
eventuais insatisfações deverão ser tratadas administrativamente no âmbito da entidade
credora dos tributos.
Seção II
Da Incidência de Tributos
Art. 34. Compete ao juízo da execução informar no oficio de requisição a incidência de imposto
de renda e contribuição previdenciária sobre o valor a ser pago no precatório.
Art. 35. Será dispensada a retenção do imposto quando o beneficiário comprovar que os
rendimentos recebidos são isentos ou não tributáveis ou que, em se tratando de pessoa
jurídica, encontra-se a mesma inscrita no Regime Especial Unificado de Arrecadação de
Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte Simples
Nacional, instituído pela Lei Complementar n.º 123, de 14 de dezembro de 2006.
Art. 36. A isenção do imposto de renda deverá ser comprovada por decisão administrativa ou
judicial, até a data da expedição do precatório. Na hipótese de inexistência de decisão
administrativa ou judicial, e sendo o caso de incidência de imposto de renda, fica ressalvado o
direito à parte de propor a ação autônoma cabível para reconhecimento do direito à isenção,
sem prevenção do juízo que expediu o precatório.
Parágrafo único. A isenção do imposto de renda poderá ser reconhecida pela Presidência do
Tribunal de Justiça após a expedição do precatório, mediante a comprovação da decisão
judicial ou administrativa que conferiu o direito ao beneficiário do crédito.
Art. 39. Será retida na fonte, por ocasião do adimplemento do débito, nos termos da Lei, a
contribuição social previdenciária incidente sobre os créditos objeto de requisições judiciais de
pagamento devidos aos beneficiários sujeitos à incidência do referido tributo;
Art. 40. Quanto ao regime, a retenção das contribuições previdenciárias observará o seguinte:
Seção III
Art. 41. São passíveis de revisão, pelo Presidente do Tribunal, de ofício ou a requerimento das
partes, as contas elaboradas para aferir o valor dos precatórios antes de seu pagamento ao
credor.
Art. 42. O pedido de revisão dos cálculos, em fase de precatório, previsto no art. 1º-E da Lei nº
9.494/97, apenas poderá ser acolhido desde que:
III - o critério legal aplicável ao débito não tenha sido objeto de debate nem na fase de
conhecimento, nem na fase de execução.
§ 2º. Havendo qualquer controvérsia ou pendência ainda não esclarecida nos autos em relação
ao crédito individualizado, o valor bruto ficará depositado na conta judicial vinculada ao
processo de precatório e não será expedido alvará para levantamento do crédito, até que seja
decidida a controvérsia ou resolvida a pendência.
Art. 43. Os atos do Presidente do Tribunal que disponham sobre processamento e pagamento
de precatório não possuem caráter jurisdicional.
Parágrafo único. É defeso praticar atos que venham a rescindir, no todo ou em parte, decisões
prolatadas nos feitos judiciais de onde originadas as requisições de pagamento, não se
conhecendo de impugnação ou pedido de revisão que verse, dentre outros, sobre:
Art. 44. No Tribunal de Justiça a requisição não poderá sofrer alteração que implique aumento
da despesa prevista no orçamento.
Seção IV
Do Pagamento
§ 2º. Não havendo requerimento ou impugnação que obste o levantamento, serão expedidos
os mandados de pagamento em favor dos respectivos beneficiários.
§ 6º. Para o recebimento do mandado de pagamento por outra pessoa que não o beneficiário,
será necessário a apresentação de procuração atualizada, contendo poderes específicos,
mencionando expressamente o precatório, com firma reconhecida perante o tabelião de notas
ou oficial de registro.
II - será considerada como data de pagamento, a data em que for efetuada a transferência do
crédito, da conta do regime especial do ente devedor para a conta específica aberta em nome
do(s) credor(es) ou beneficiário(s);
III - as prioridades deferidas e que digam respeito a orçamentos vencidos ou em curso terão o
pagamento processado independentemente da regra da anualidade, condicionado à
disponibilidade financeira.
§ 8º. No que diz respeito aos entes sujeitos ao regime comum de pagamento, o ente devedor
efetuará o pagamento dos valores atualizados em conta de depósito judicial vinculada a cada
processo de precatório, obedecendo às prioridades deferidas e a ordem cronológica de
inscrição.
Parágrafo único. Apenas com o pagamento integral do débito é que será providenciado o
arquivamento dos autos, com definitiva retirada do credor da lista de ordem cronológica.
Art. 47. É vedada a expedição de mandado de levantamento em favor do ente público devedor
de eventual diferença restante, por ter havido sobra ou excesso no valor depositado na conta
individual para pagamento de precatório, em razão de incidente remetido ao juízo de origem
do precatório.
§ 1º. Havendo sobra ou excesso no valor depositado na conta individual para pagamento de
precatório, em razão da decisão no incidente remetido ao juízo de origem, deverá ser
expedido mandado de transferência da quantia para a conta vinculada ao pagamento de
precatórios que o ente federado devedor possua junto ao Tribunal de Justiça.
§ 2º. Sendo insuficiente o valor depositado na conta judicial para pagamento de precatório,
em razão da decisão do incidente remetido ao juízo de origem, este deverá expedir precatório
suplementar para pagamento da diferença apurada.
Art. 48. A Divisão de Precatórios manterá atualizada a lista de precatórios em que houve
depósito para pagamento imediato e a lista de precatórios em que houve depósito cuja
liberação dependa de decisão do juízo de origem do precatório, por conta de requerimento ou
impugnação a ele encaminhado.
Seção V
Art. 49. O credor ou sucessor hereditário idoso, deficiente ou doente grave fará jus ao
pagamento antecipado da parcela prioritária do precatório alimentar, limitada ao triplo da
obrigação de pequeno valor vigente para o ente devedor no regime ordinário e a cinco vezes
no regime especial.
§ 1º. Inclusive no regime especial, para exame do pedido de pagamento prioritário, faz se
necessária a antecedente comunicação acerca do precatório ao ente devedor, por ocasião do
período de inscrições, e o deferimento não implica em pagamento imediato, sujeitando-se a
existência de disponibilidade financeira.
Art. 51. O pagamento a que alude esta seção, se de outra forma não disciplinar o Conselho
Nacional de Justiça:
II - será realizado uma única vez, por credor, nos autos de cada precatório alimentar de que for
titular, desde que oriundos de processos de execução distintos;
III - não configura quebra de ordem cronológica, nem fracionamento do valor da execução;
Art. 52. Não dispondo o Conselho Nacional de Justiça de forma diversa, o pagamento da
parcela prioritária será autorizado, pelo juízo gestor de precatórios, caso comprove contar o
credor originário ou sucessor hereditário com mais de 60 (sessenta) anos de idade na data do
requerimento, possua alguma deficiência, nos termos do disposto na Lei n. 13.146, de 2015 ou
demonstre ser portador de qualquer das seguintes doenças graves listadas no inciso XIV do
artigo 6º da Lei n. 7.713, de 1988, com a redação dada pela Lei n. 11.052, de 2004, mesmo que
essa tenha sido contraída após o início do processo, como abaixo discriminado:
a) tuberculose ativa;
b) alienação mental;
c) neoplasia maligna;
d) cegueira;
e) esclerose múltipla;
f) hanseníase;
h) cardiopatia grave;
i) doença de Parkinson;
j) espondiloartrose anquilosante;
k) nefropatia grave;
o) hepatopatia grave;
p) moléstias profissionais.
Art. 53. O pedido de pagamento prioritário deverá ser dirigido à Presidência do Tribunal,
juntado aos autos do Precatório respectivo, que o deferirá a vista da comprovação dos
requisitos citados nos artigos anteriores.
Seção VI
Art. 56. O precatório poderá ser quitado mediante compensação de valores, conforme
regramento legal instituído pela entidade devedora.
Art. 57. A compensação do precatório com crédito tributário não acarretará, sob pena de
configuração da quebra da ordem cronológica constitucional, a imediata exclusão do crédito
requisitado da ordem de pagamento, salvo se este ocupar a mais antiga posição na lista de
credores da entidade devedora.
Parágrafo único. A compensação parcial do crédito objeto do precatório não obsta a cobrança
do valor restante da requisição.
Art. 58. Não se admitirá compensação do precatório devido por um ente público com o valor
de tributos devidos a outros integrantes da federação, ressalvado o caso de lei que assim
preveja de forma diversa.
TÍTULO III
Art. 60. Considera-se Requisição de Pequeno Valor (RPV) aquela relativa a crédito cujo
montante atualizado, no momento de sua expedição, seja igual ou inferior a:
I - sessenta (60) salários mínimos, se a devedora for a Fazenda federal (art. 17, § 1º, da Lei n.
10.259, de 12 de julho de 2001);
II - quarenta (40) salários mínimos, se o crédito for de natureza alimentar e a devedora for a
Fazenda Estadual (art. 4º da Lei Estadual 7781/2017);
III - vinte (20) salários mínimos, se o crédito for de natureza comum e a devedora for a Fazenda
Estadual (art. 4º da Lei Estadual 7781/2017);
IV - trinta (30) salários mínimos ou o valor estipulado pela legislação do ente devedor
municipal (art. 87, inciso II, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias).
§ 1º. Para os fins do disposto nos incisos acima, observar-se-á o disposto no § 4º, parte final,
do art. 100 da Constituição Federal.
§ 2º. Para o devedor que editou lei definindo a obrigação de pequeno valor, mas, perante o
juízo da execução não comprovou sua publicação, o enquadramento do crédito observará o
disposto nos incisos e caput deste artigo.
Art. 61. Quando o montante da execução ultrapassar o valor da obrigação definida em lei
como de pequeno valor para o ente devedor, o juízo da execução expedirá o precatório.
I - para que possa receber o crédito por meio de RPV, renunciar, perante o juízo da execução,
observada, em sendo o caso, a necessidade de procuração com poderes específicos nos
termos do art. 105 do Código de Processo Civil, e antes da expedição do ofício de requisição,
ao que exceder o valor da obrigação de pequeno valor citada no art. 100, § 3º, da Constituição
Federal;
§ 1º. Não se aplica o disposto no caput deste artigo à cessão parcial de crédito e aos
honorários contratuais, que compõem o crédito principal.
§ 2º. O advogado poderá receber o crédito relativo aos honorários sucumbências através de
RPV, ainda que o crédito principal deva ser objeto de precatório;
§ 2º. O ofício requisitório deverá observar o modelo próprio existente no sistema e conterá os
dados necessários, de acordo com o art. 7º do presente Ato Normativo.
I - a primeira entregue à autoridade citada para a causa, com certificação da data e hora do
recebimento pela entidade executada, contando-se a partir desta o prazo de 2 (dois) meses
para a implementação do depósito a que se refere o art. 17 da Lei n.10.259, de 2001, e o art.
535, § 3º, inciso II, do Código de Processo Civil;
Art. 64. Verificado o inadimplemento da RPV, mesmo que parcial, o juízo da execução:
§ 1º. O valor atualizado do crédito objeto da RPV não paga no prazo legal pelo ente devedor,
não se sujeita, para fins de sequestro, ao limite da obrigação de pequeno valor, de necessária
observância apenas quando do momento de sua expedição.
Art. 65. Os honorários contratuais podem ser identificados e destacados junto ao valor da
condenação e pagos diretamente ao beneficiário desde que haja pedido expresso, instruído
com cópia do respectivo contrato, apresentado na forma disciplinada pelo art. 22, § 4º, da Lei
n. 8.906, de 4 de julho de 1994, antes da expedição da requisição.
Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, será expedida uma única RPV, que conterá
discriminadamente o valor devido ao credor e o valor devido ao advogado a título de
honorários contratuais.
TÍTULO IV
DA PENHORA DE CRÉDITOS
Art. 66. A penhora de créditos será solicitada pelo juízo interessado diretamente ao juízo da
execução responsável pela expedição do precatório, que estabelecerá a ordem de preferência,
havendo concurso de credores, independentemente de anterior remessa do precatório ao
Tribunal de Justiça.
Art. 67. Deferida a penhora total ou parcial dos créditos do beneficiário do precatório:
Art. 68. Caberá ao juízo da execução decidir sobre a efetiva abrangência da incidência da
penhora sobre o objeto do precatório, levando em consideração, além da questão tributária, a
necessidade do possível pagamento de honorários contratuais (art. 22, § 4º, EOAB) e das
cessões de crédito já registradas.
Parágrafo único. Não sendo possível o pagamento integral do precatório, a parcela disponível
será consumida com o cumprimento do disposto no caput deste artigo até o limite do valor
penhorado.
TÍTULO V
DA CESSÃO DE CRÉDITO
Art. 70. O credor de precatório poderá ceder, total ou parcialmente, seus créditos a terceiros,
independentemente da concordância do devedor, não se aplicando ao cessionário a
preferência de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 100 da CF.
§ 1º. O disposto no caput não obsta o gozo, pelo cessionário, da preferência de que trata o §
1º do art. 100, quando a origem do débito se enquadrar em uma das hipóteses nele previstas.
§ 2º. Quando a cessão for comunicada após o registro da preferência de que trata o § 2º do
art. 100, deve o Tribunal de origem do precatório adotar as providências para a imediata
retirada e, se for o caso, inclusão da preferência do § 1º do art. 100 da CF.
§ 3º. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos após comunicação, por meio de
petição protocolizada, ao juízo de origem e à entidade devedora, antes da apresentação da
requisição da cessão ao Tribunal.
TÍTULO VI
CAPÍTULO I
Seção I
Art. 71. Os entes públicos que, no Estado do Rio de Janeiro, nos termos da norma
constitucional em vigor, e em conformidade com o determinado pelo Supremo Tribunal
Federal junto aos autos das ADI nº. 4.357/DF e nº. 4.425/DF, possuírem débitos judiciais
vencidos e não pagos até 25 de março de 2015, terão seus precatórios, inclusive os expedidos
durante a vigência do regime especial criado pelo art. 101 do ADCT, adimplidos de acordo com
o disposto no art. 45, § 7º deste Ato Normativo.
§ 1º. Os precatórios expedidos durante a vigência do regime especial integrarão, para todos os
fins, o saldo devedor e serão pagos até o ano de 2024, nos termos do art. 101 do ADCT,
observado percentual de comprometimento mínimo da receita corrente líquida vigente sob a
égide da Emenda Constitucional n.º 94/2016.
§ 2º. O pagamento do saldo devedor será realizado com o aporte das parcelas mensais a cargo
dos entes devedores.
§ 3º. Para fins de enquadramento do ente público no regime especial do artigo 101 do ADCT,
consideram-se as dívidas de precatórios anteriores a 25 de março de 2015 que o mesmo
possuir perante o Tribunal de Justiça, o Tribunal Regional do Trabalho e o Tribunal Regional
Federal, não sendo possível que o ente esteja no regime especial perante um dos Tribunais
relacionados e não esteja perante os demais Tribunais.
§ 4º. O plano de pagamento de que trata o artigo 101 do ADCT deve ser refeito anualmente,
considerando, para fins de cálculo do estoque atualizado de dívida, o montante pago no
regime especial no ano anterior e o aporte de novos precatórios que o ente público teve para
o ano subsequente.
§ 5º. A omissão do ente público em apresentar, até o dia 1º de cada ano, o plano de
pagamento a vigorar no ano seguinte, adequado as diretrizes da Emenda Constitucional n.º
99/2017, permite que o Tribunal de Justiça elabore o mesmo e cobre seu cumprimento pelo
ente devedor.
Art. 72. Para o pagamento dos precatórios expedidos por parte dos entes inseridos no regime
especial, a Presidência do Tribunal de Justiça confeccionará uma única lista em ordem
cronológica por ente federado devedor.
Seção II
Da Gestão das Contas Especiais
Art. 73. A gestão das contas especiais compete ao Presidente do Tribunal de Justiça, com o
auxílio do magistrado designado como Juiz Gestor de Precatórios.
Parágrafo único. Para cada entidade devedora haverá uma conta especial, onde ocorrerão os
depósitos e da qual se originará o necessário repasse.
Art. 74. Faculta-se à Presidência do Tribunal de Justiça firmar convênios com os entes
federados devedores de modo a garantir a regularidade e tempestividade dos repasses às
contas especiais, por meio de retenções diretas junto às transferências do Fundo de
Participação dos Estados ou dos Municípios ou das transferências constitucionais obrigatórias
feitas pelo Estado aos Municípios, aplicando-se, no que couber, o disposto no artigo 27 deste
Ato Normativo.
Seção III
Art. 75. No caso de não liberação tempestiva dos recursos financeiros pela entidade devedora,
a Presidência do Tribunal de Justiça poderá determinar:
a) do sequestro de recursos em contas bancárias do ente federado devedor (art. 104, inciso I,
do ADCT);
b) da comunicação à Secretária do Tesouro Nacional para que proceda à retenção dos repasses
do Fundo de Participação dos Estados ou dos Municípios, nos termos do art. 104, inciso III, do
ADCT;
c) da comunicação ao Estado do Rio de Janeiro para que proceda à retenção dos repasses de
que trata o artigo 158 da Constituição Federal, nos termos do art. 104, inciso IV, do ADCT.
Art. 76. Para os fins do inciso III, alínea "a", do art. 75:
II - com ou sem resposta, e ainda remanescendo mora, poderão os autos ser encaminhados ao
Ministério Público, que se manifestará em até 10 (dez) dias;
III - com ou sem manifestação ministerial, ainda existindo mora, o Presidente do Tribunal de
Justiça decretará o sequestro, que será realizado por meio do sistema BacenJUD;
Art. 77. Havendo determinação de retenção de repasses, será comunicada para tal fim a
União, por meio da Secretaria do Tesouro Nacional STN, ou o Estado membro, sendo-lhe
fornecidos os dados necessários à prática do ato, preferencialmente por meio eletrônico,
limitada a apreensão ao valor das parcelas em mora.
Parágrafo único. Os valores retidos serão depositados na conta especial única aberta em nome
do ente devedor.
Seção IV
§ 1º. Em qualquer caso, estão os pagamentos limitados à disponibilidade financeira das contas
especiais vinculadas a cada modalidade de liquidação.
Art. 79. Admite-se o acordo direto como modalidade válida de pagamento de precatórios
sujeitos ao regime especial, nos termos do art. 102, parágrafo primeiro, do ADCT.
§ 1º. O acordo direto é aquele realizado perante a entidade devedora, na forma definida em lei
própria.
§ 2º. Os critérios definidos em lei própria para celebração de acordo direto deverão ser
objetivos, vedada redução superior a 40% do valor do crédito atualizado.
§ 3º. A realização de acordos diretos nos termos do artigo 102, § 1º do ADCT depende, além da
prévia existência de lei própria definindo critérios objetivos, de autorização da Presidência do
Tribunal de Justiça, do aporte de recursos na conta vinculada a essa modalidade de liquidação
e da publicação de edital dirigido aos credores para que manifestem sua adesão ou não a
proposta de transação formulada pelo ente devedor.
§ 4º. Competirá o pagamento das transações havidas em acordo direto à Presidência do
Tribunal de Justiça nos limites da disponibilidade da conta especial destinada a esse fim.
§ 5º. Não poderá ser objeto de liquidação por acordo direto o precatório que envolva interesse
de incapaz e menor de idade e em relação ao qual penda recurso ou defesa judicial.
Art. 80. Não será realizado o pagamento mediante acordo direto com os credores se:
III - concedido deságio superior a 40% (quarenta por cento) do crédito atualizado, ou se não
acordado qualquer percentual de deságio;
IV - firmado por pessoa que não ostente condição de credor ou beneficiário do precatório, ou
de legítimo sucessor ou inventariante dos bens deixados pelo exequente ou beneficiário
falecido, nos termos da lei, devidamente habilitado perante o processo originário;
Parágrafo único. Para os fins deste artigo, a Divisão de Precatórios fornecerá aos entes
devedores, mediante requerimento, o saldo da conta especial referida no art. 79, § 4º, deste
Ato Normativo.
Art. 81. Havendo saldo na conta de acordo direto do ente devedor oriundo de parcelas do
regime especial, sem utilização durante o ano de depósito ou sequestro, tais valores serão
transferidos para a conta de pagamento da ordem cronológica e utilizados primeiramente para
a quitação dos créditos preferenciais; após quitados esses, da ordem cronológica.
Seção V
CAPÍTULO II
Art. 85. Para a garantia da transparência dos pagamentos, todas as listas citadas deverão ser
agrupadas por ente devedor e disponibilizadas para consulta pública junto à página do
Tribunal na internet.
§ 2º. As listas que contenham, tão somente, informações relativas a precatórios já pagos,
deverão indicar os valores recebidos, mantido o sigilo em relação ao nome do beneficiário, na
forma do artigo 31 da Lei 12.527, de 18 de novembro de 2011.
Art. 87. Os prazos previstos neste ato observarão as regras estabelecidas nos artigos 67 e 68 da
Lei da Lei 5427 de 2009.
Art. 88. Este Ato Normativo entra em vigor na data de sua publicação, sendo, no que respeita
as normas procedimentais, aplicável aos ofícios de requisição que ingressarem na Divisão de
Precatórios a partir de sua edição.
Art. 89. Ficam revogados o Atos Normativos TJ 08/2002 e 05/2011 e os Atos Executivos
Conjuntos n.º 11/2012 e 23/2012.