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Livro Eletrônico
Aula 00
Conhecimentos Específicos de Psicologia (Tópicos 1 a 8) p/ STJ (Analista - Psicologia) - Pós-Edital
Professor: Viviane Silva
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Ma. Viviane Silva - Aula 00
PSICOTERAPIA BREVE
O termo Psicoterapia Breve originou-se da tentativa de Ferenczi e
Rank (1924) de encurtar o tempo de duração dos tratamentos psicanalíticos. Na época era imprescindível a referência à psicanálise por não haver outra modalidade de tratamento psicoterapêutico. O termo Psicoterapia Breve, para os autores ingleses é chamada de "brief psychotherapy" e para os norte-americanos "short-term psychotherapy". A psicoterapia breve é uma modalidade de tratamento psicológico que tem como especificidade o limite de tempo estabelecido e a ênfase no trabalho com um foco, o qual pode ser definido como o principal problema que motiva a pessoa a buscar ajuda. Podemos concluir que ela é um tipo de tratamento psicológico que tem foco e tempo determinados. Podemos salientar que, em geral, uma pessoa busca algum tipo de ajuda psicológica quando há um sofrimento presente, que o está incomodando. Ou seja, as pessoas reconhecem a necessidade da ajuda, mas, por motivos diversos, não podem ou não desejam dar início a um tratamento longo e oneroso. Na psicoterapia breve é de suma importância que as preferências e necessidades, bem como as expectativas e possibilidades, tanto do paciente quanto do terapeuta, sejam respeitadas. Não é a duração do tratamento que irá garantir as condições necessárias para um bom trabalho e sim a qualidade da experiência vivida entre terapeuta e seu paciente, no estabelecimento de uma relação na qual o paciente possa ser respeitado e compreendido em seu desejo e que a ética também esteja presente. O profissional, mesmo diante da limitação temporal, deve conhecer seu paciente, investigar os vários aspectos de sua vida e personalidade e ajudá-lo a compreender melhor o que se passa com ele, o que desencadeou seu sofrimento e, consequentemente, proporcionar não o
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máximo, mas o suficiente para ajudá-lo em um momento mais difícil de
sua vida. A atenção deve recair sobre a queixa principal do paciente e nas primeiras sessões deve definido um foco, bem como as estratégias para alcançá-lo. Nesse sentido, a psicoterapia breve se divide em três modalidades: Estrutural ou de impulso: são utilizadas entrevistas e testes psicológicos, com a finalidade de elaborar um diagnóstico de conflito primário associado ao problema principal do paciente. Com base nos resultados, será feito um trabalho terapêutico com duração e finalidade determinadas. Relacional: preocupa-se, nessa modalidade, menos com a técnica, com o tempo e com critérios, dando mais importância ao momento presente e à experiência particular do paciente. Integrativo ou eclético: nessa modalidade o psicoterapeuta utiliza vários recursos, que, posteriormente, serão analisados e adaptados à situação atual do paciente. O foco sempre deverá ser a necessidade do paciente.
A psicoterapia breve pode ser individual que consiste no
atendimento clínico para crianças, jovens e adultos ou de casal que consiste no atendimento clínico para casais e orientação a pais. Como é sabido, muitos pacientes têm receio de procurar ajuda profissional, sendo assim, é necessário deixar claro e tranquilizar o paciente que a procura ocorre por motivos diversos, seja incapacidade de lidar com obstáculos e superar as dificuldades que são inerentes à vida, sentimento de impotência, de menos valia, falta de iniciativa, pessimismo, desesperança, ansiedade, dores constantes e sem causa física, insônia ou excesso de sono, dentre outros sintomas físicos ou psicológicos, sinais de que algo pode não estar bem. Devemos enfatizar e tranquilizar o paciente que procura a psicoterapia que isso não é sinal de desequilíbrio, fraqueza ou
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incompetência para enfrentar nossos problemas e desafios pessoais, mas
sim, um sinal de reconhecimento de que somos humanos e, portanto, sujeitos a limitações perante as diversas situações muitas vezes inesperadas que a vida nos impõe. Na psicoterapia breve o profissional se expressa mais, assumindo uma postura mais ativa e com maior número de intervenções e no geral, o tratamento possui três fases: Inicial: O psicoterapeuta faz uma avaliação curta, cuja finalidade é identificar a real situação do paciente e o meio em que ele está inserido. Nessa fase é elaborado um planejamento terapêutico com a queixa a ser trabalhada, bem como o objetivo a ser atingido e as estratégias de tratamento. Medial: aqui serão colocadas em prática as estratégias estabelecidas na primeira fase. Se for necessário, o especialista fará adaptações de acordo com o progresso da terapêutica, e também uma revisão sobre o trabalho até o momento. Final ou terminal: já nessa etapa, o paciente e o profissional caminham para a finalização do processo, analisando o trabalho já realizado. Além disso, é realizado um estudo dos objetivos alcançados e daqueles que se mantiveram até o fim da terapia.
Segundo Hector Fiorini, na primeira entrevista em psicoterapia
breve é necessário uma avaliação diagnóstica sobre diversos aspectos do paciente, devolutivas do psicólogo ao paciente acerca de possíveis indagações, confrontação entre expectativas do paciente e a perspectiva do profissional e proposição de um contrato terapêutico. Fiorini comunga da premissa que o foco em psicoterapia breve deve ser estabelecido junto com o cliente, que o profissional deve ser empático, espontâneo e com iniciativa e que deve motivar o paciente,
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esclarecer os objetivos, reforçar todo o processo e utilizar-se de recursos
facilitadores na investigação e compreensão da problemática. Na psicoterapia breve, o prazo máximo, por convenção, é de um ano, podendo durar alguns meses ou algumas sessões. Porém, a duração do processo pode e vai depender da problemática do paciente, de seus recursos e também da experiência e da formação do profissional nesta modalidade de tratamento. Em geral, são realizadas sessões semanais com duração de 50 minutos em data e hora combinadas. A Psicoterapia Breve é dividida em duas grandes linhas: Abordagem psicodinâmica - com origem nos primeiros atendimentos psicanalíticos do início do século XX, as Psicoterapias Breves Psicodinâmicas. Abordagem cognitiva e comportamental - originadas das teorias de aprendizagem de Skinner e Thorndike, as Psicoterapias Breves Cognitivo/Comportamental. A Terapia Focal é uma modalidade de Psicoterapia Breve Psicodinâmica e sendo uma abordagem objetiva e de fácil aplicação, inclusive em âmbito institucional, baseia-se nos conceitos de Experiência Emocional Corretiva (EEC) e Efeito Carambola. Para F. Alexander (1946) a Experiência Emocional Corretiva pode ocorrer sem haver conhecimento completo das causas determinantes da problemática atual por parte do paciente. Ela representa a possibilidade de o paciente experimentar situações traumáticas do passado, penosamente reprimidas, revivendo-as na relação com o terapeuta. A ideia é que uma nova experiência emocional possa ocorrer na relação terapêutica. O profissional age como uma espécie de “coach" num progressivo treinamento, proporcionando repetidas experiências emocionais corretivas através de interações menos patológicas com o paciente. Portanto, seu papel é o de servir de catalisador no processo de mudança do paciente. Lemgruber (1995) desenvolveu o conceito de Efeito Carambola para exemplificar o mecanismo de potencialização dos ganhos terapêuticos
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através de repetidas EEC. Para tanto, fez uma analogia utilizando-se um
jogo de bilhar, onde quando há o ato de uma tacada em uma bola essa bola tocada gera movimento em outras bolas que não foram diretamente atingidas pelo impacto inicial do taco. O Efeito Carambola provoca mudanças no “script” usados habitualmente pelo paciente, isto é, na maneira como ele se percebe e reage diante da vida. As repetidas interações corretivas criam um novo "set" cognitivo e afetivo e possibilitam a reestruturação da imagem interna da pessoa como um todo, transformando a forma como vê o mundo e sua relação com outros indivíduos. Como base psicodinâmica para a compreensão dos comportamentos e dificuldades dos pacientes, usa-se o Modelo dos Triângulos, modificado por L. McCullough (1998). O Triângulo do Conflito, conhecido também como Triângulo Psicanalítico, derivou-se da Teoria Estrutural de Freud e era geralmente interpretado sob o referencial do conflito intrapsíquico, inerente às três instâncias freudianas (Id, Ego, Superego). O Triângulo da Pessoa é um esquema representativo de padrões de respostas mal adaptadas do paciente, originadas nas relações passadas e que continuam a ser repetidas, tanto nas relações de seu cotidiano como com o terapeuta. É da articulação desses dois triângulos que será possível planejar as experiências emocionais corretivas. O conceito de Experiência Emocional Corretiva, de F. Alexander, foi rejeitado na década de 40 e também injustamente ignorado por várias décadas no meio psicanalítico. Segundo Lemgruber (2010) recentemente a EEC obteve o reconhecimento e a comprovação através da interpretação dos dados da neurociência. Com base nos estudos neurocientíficos que comprovam as modificações cerebrais resultantes do processo de aprendizagem do ser humano, infere-se que a EEC ajuda a estabelecer novas conexões neuronais mais satisfatórias em relação à problemática original do paciente.
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Segundo resultados de pesquisas translacionais, considera-se hoje
que a EEC é o estabelecimento de novas conexões sinápticas e a formação de novos circuitos neuronais, obtidas por meio de experiências de aprendizagem e vivenciar EEC dá um novo significado às experiências passadas. Surge outra interpretação, formam-se trajetos para as percepções e comportamentos. Novas redes de conexões neuronais são estabelecidas, mapas corticais são remodelados, o que resulta em novas representações internas do Self. O Efeito Carambola é resultante dessas experiências de reaprendizagem emocional e, ao promover novas conexões neuronais mais satisfatórias em relação à problemática do paciente, leva a constantes modificações na plasticidade das sinapses. A psicoterapia breve apresenta resultados terapêuticos bastante eficazes, podendo-se observar melhoras significativas já nos primeiros meses de tratamento. Alguns estudos e pesquisas, realizados quanto ao uso de diferentes serviços psicológicos, mostram que as psicoterapias com tempo limitado são realizadas pelos pacientes com mais frequência do que as psicoterapias de duração não limitada.
PSICOTERAPIAS INDIVIDUAIS E GRUPAIS
O psicólogo pode intervir de duas maneiras, em diferentes
contextos, com um foco clínico ou psicossocial, em grupo ou individual. Os atendimentos individuais ou em grupo com foco clínico, denominadas psicoterapias são feitos quando a pessoa busca um tratamento de maneira espontânea, por conta de conflitos relacionados a si mesma. O psicólogo deve respeitar o momento dos participantes de falar, mas também deve impor limites, expressar sua visão sobre a situação e sugerir melhorias, estabelecer-se como uma pessoa imparcial em todos os momentos sejam eles de entrevista, de reunião familiar, de audiências ou de visitas domiciliares.
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