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OS DESAFIOS DO ENSINO DA LÍNGUA INGLESA EM DIFERENTES

FAIXAS ETÁRIAS

Relma Lúcia Passos de Castro Mudo


Zaira Dantas de Miranda Cavalcanti

Universidade de Pernambuco-Campus Petrolina e Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina


E- mail: [email protected]
Universidade de Pernambuco-Campus Petrolina
E- mail: [email protected]

Resumo: Ensinar uma língua estrangeira não é apenas desenvolver competências linguísticas, mas o
saber, relacionando-o ao dia a dia e à faixa etária dos alunos, como também que, para que o aluno
possa utilizá-la como instrumento de comunicação, é preciso ter um conhecimento mais aprofundado
de suas estruturas, vocabulário e boa desenvoltura oral e escrita. Partindo desse pressuposto, o referido
artigo tem como objetivo realizar um estudo teórico sobre o ensino da Língua Inglesa em diferentes
faixas etárias baseado em olhares e dizeres dos estudiosos como Libâneo (2002), Leffa (2001), Paiva
(2009), Tapia e Fita (1999), Marcuschi (2010), dentre outros, além do olhar e da experiência das
autoras enquanto professoras de Inglês. Com isso, as discussões e resultado da pesquisa não pretendem
ser absolutos, mas propõem um re-olhar sobre a questão do ensino-aprendizagem da Língua Inglesa e
sua prática metodológica nas referidas fases. Assim, espera-se que o artigo possa contribuir para uma
reflexão sobre a importância de se fomentar no ambiente de sala de aula a satisfação das necessidades
dos alunos e, consequentemente, um possível aumento da motivação.

Palavras-chaves: Ensino da Língua Inglesa, Didática, Faixa Etária.

Introdução

Como professoras de Língua Inglesa há muitos anos, podemos afirmar que o processo
de ensino e aprendizado de um idioma não constitui tarefa fácil visto que requer empenho e
dedicação, tanto por parte do professor quanto pelos alunos, independentemente de sua faixa
etária. Partindo desse pressuposto, sentimos a necessidade de externar como se dá esse
desafio.
Nessa perspectiva, surgiu a seguinte indagação: até que ponto os professores de Inglês
estão preparados metodologicamente para lidar com essas diferenças de comportamentos.
Para buscar respostas, nosso estudo tem como objetivo realizar um estudo teórico sobre o
assunto baseada em olhares e dizeres dos estudiosos. Para tanto, foram consultados autores
como: Libâneo (2002), Leffa (2001), Paiva (2009), Tapia e Fita (1999), Marcuschi (2010),
dentre outros. Ademais, trago também um pouco do meu olhar e da minha experiência
enquanto professora de Inglês.
Com isso, esperamos que os resultados obtidos possam contribuir para um repensar
sobre a importância de se fomentar no ambiente de sala de aula a satisfação das necessidades
dos alunos e um possível aumento da motivação, como também uma reflexão metodológica,
principalmente para os profissionais da nossa área.

Resultados e Discussão

O ensino aprendizagem de idiomas tem sido discutido constantemente por estudiosos e


por professores uma vez que se encontra em constante processo de construção. De acordo
com Paiva (2009), o ensino da Língua Inglesa deve ser visto de forma contextualizada, onde o
aprendiz se sinta motivado, visto que, essa motivação gera uma aprendizagem mais agradável,
bem como a necessidade de buscar novas formas de ampliar os seus conhecimentos.
Contudo, vale ressaltar, que mesmo após a inserção de diversos métodos e abordagens, esse
ensino, em algumas escolas, ainda é feito por meio de análise de regras gramaticais e
traduções.
Diante desse pressuposto, podemos ressaltar a importância da didática do professor.
Conforme Libâneo (2002), a didática trata dos objetivos, condições e meios de realização do
processo de ensino, ligando meios pedagógico-didáticos a objetivos sociopolíticos. O autor
afirma ainda que, a didática e as metodologias específicas das disciplinas, apoiando-se em
conhecimentos pedagógicos e científico-técnicos, orientam a ação docente partindo das
situações concretas em que se realiza o ensino. Assim, podemos dizer que a didática é
fundamental para o desempenho do professor em sala de aula e na relação professor-aluno,
uma vez que, é um campo de estudo que se ocupa na busca do conhecimento necessário para
a prática pedagógica e na elaboração de formas adequadas de intervenção, de modo que o
processo de ensino e aprendizagem se realize de maneira positiva e que viabilize a
aprendizagem dos alunos.
Libâneo (2002) destaca também o papel do professor, que é o de planejar, selecionar e
organizar os conteúdos, programar tarefas, criar condições de estudo dentro da classe,
incentivar os alunos, a fim de que estes se tornem sujeitos ativos da própria aprendizagem.
Corroborando com esse ponto de vista, Martinez (2009), diz que a didática contribui para o
ensino aprendizagem de uma língua estrangeira, frequentemente apoiada em metodologias
indutivas, que permitem demonstrar que a noção de língua está sempre em (re)construção. E
nesse direcionamento, devemos levar em consideração as palavras de Leffa (2001, p. 2):
A formação de um professor de línguas estrangeiras envolve o domínio de
diferentes áreas de conhecimento, incluindo o domínio da língua que ensina,
e o domínio da ação pedagógica necessária para fazer a aprendizagem da
língua acontecer na sala de aula. A formação de um profissional competente
nessas duas áreas de conhecimento, língua e metodologia, na medida em que
envolve a definição do perfil desejado pela sociedade, é mais uma questão
política do que acadêmica. A sala de aula não é uma redoma de vidro,
isolada do mundo, e o que acontece dentro da sala de aula está condicionado
pelo que acontece lá fora.

Partindo desses pressupostos, asseguramos que, o uso da didática nas aulas de Língua
Inglesa engloba a construção de saberes advindo de outro idioma com diferentes sociedades e
culturas, o que exige preparo do professor. Portanto, planejar uma aula requer objetivos
específicos ao conteúdo, atrelando-os à necessidade do aluno. E nesse contexto, faz-se
necessário compreender que as relações entre conhecimento, cultura e proposta pedagógica da
instituição de ensino.
Por outro lado, temos os alunos com idades e visões diferentes. Porém, com algo em
comum: a necessidade de desenvolver as quatro habilidades linguísticas para ter uma
formação completa no idioma que estuda, ou seja, essa aprendizagem requer que o aluno seja
capaz de falar, escutar, escrever e ler em Língua Inglesa. Essas reflexões sobre o sujeito e a
aprendizagem de línguas nos levam a problematizar a questão da identidade. Sobre isso,
Coracini (2003) ressalta que, quando se fala de busca da identidade, pretende-se encontrar
características capazes de definir o indivíduo ou o grupo social por aquilo que ele tem de
diferente com relação aos demais indivíduos. Assim sendo, tentaremos falar um pouco sobre
os desafios do processo de ensino aprendizagem em cada etapa da vida dos alunos (infância,
adolescência e a adulta), ressaltando algumas necessidades pedagógicas. Vejamos:
Estudiosos falam que a melhor época da vida para estudar uma língua estrangeira é na
infância, uma vez que a criança está desenvolvendo sua fala. Além disso, a aprendizado de
idiomas pode ajudar no desenvolvimento mental, ativar a criatividade e o raciocínio e
melhorar as habilidades de memória e concentração. Nesse contexto, Tapia e Fita (1999)
asseguram que a motivação é tida como um meio de condução e inseparável do processo de
aprender. Ou seja, aulas para crianças devem ser comunicativas e lúdicas, para que as mesmas
se envolvam ao conteúdo proposto. Por isso, contar histórias, promover jogos, brincadeiras,
dramatizações e músicas são ótimas opções.
Sobre o assunto, Tapia e Fita (1999) dizem ainda que, a motivação deve ser harmônica
ao processo de aprendizagem. Isso significa que, no momento em que as crianças são
estimuladas e orientadas durante o aprendizado de um novo idioma sentem prazer em
demonstrar aos familiares e coleguinhas o seu desenvolvimento. Por esse motivo, o professor
precisa ter certos cuidados para ensinar a língua inglesa, visto que elas possuem ritmos
diferentes, necessitando, algumas vezes, de estímulos específicos que as motivem. Não podem
se sentir pressionadas, cobradas e, muito menos, excluídas ou atrasadas dentro de um grupo. E
nesse contexto, o professor de Língua Inglesa tem uma grande responsabilidade de buscar
continuadamente melhorar suas habilidades para que possa atender às necessidades de seus
alunos.
A adolescência é uma das fases consideradas mais difíceis pelos psicólogos, isso
porque o ser humano está em transformação física e mental. Por outro lado, é uma fase
bastante dinâmica, repleta de interesses, desejos e necessidades. São considerados nativos
digitais, visto que nascem e cresceram cercados por computadores, internet, videogames,
celulares, dentre outros instrumentos e programas facilitadores da vida. Nascimento (2013)
menciona que os docentes devem entender como as diferentes tecnologias se ajustam a sua
área de conhecimento e às atividades de sala de aula, para trazer mudanças qualitativas nas
formas de ensinar e aprender. A autora assegura ainda que, a preocupação maior do professor
deve estar centrada em identificar qual a estratégia pedagógica que melhor pode ajudar na
aprendizagem do aluno.
Com base nesse olhar, o professor de idiomas precisa estar atento, não somente pelas
mudanças comportamentais dos seus alunos, mas pelas transformações tecnológicas da
atualidade que impõem novos ritmos e dimensões à tarefa de ensinar e aprender, ou seja, é
preciso estar em permanente estado de aprendizagem e de adaptação ao novo, tanto na forma
como o ensino-aprendizagem ocorre, mas também aos instrumentos utilizados na
transferência de informação. Na visão de Libâneo (2002), não há técnica pedagógica sem uma
concepção de homem e de sociedade, como não há concepção de homem e sociedade sem
uma competência técnica para realizá-la educacionalmente.
Além do exposto acima, Paiva (2009) acrescenta que, os alunos precisam ser
incentivados a ouvir música, assistir filmes e ler muito fora do ambiente escolar. E neste
último ponto, segundo a autora, é importante também que, no estudo de uma língua
estrangeira, os alunos tenham oportunidade de ter contato com textos de diversos gêneros,
como os jornalísticos, textos literários como poemas, que são muito adequados para a leitura
em voz alta e contribuem para a aprendizagem de pronúncias por meios de rimas, e os contos
e romances, que podem ser adaptados pelos próprios alunos para dramatizações.
Em suma, o professor passa a ser visto mais como um facilitador do que como aquela
pessoa capaz de passar toda a informação já pronta, o aluno deixa de receber passivamente
toda a informação e juntos, professor e aluno, dividem experiências e constroem a
aprendizagem. Para que estes se sintam parte importante do processo de aprendizagem e
obtenham resultados significativos e de forma contextualizada (PAIVA, 2009).
Já os Adultos, precisam alcançar objetivos que busquem desenvolver a capacidade de
compreender e de ser compreendido oralmente e por escrito, seja para expressar sentimentos,
opiniões, informações ou valores culturais, comparando suas experiências de vida com as de
outros povos, e percebendo-se como parte integrante de um mundo plurilíngue e hegemônico.
Sendo assim, para tal etapa, torna-se importante trabalhar com diferentes gêneros textuais que,
no ponto de vista de Marcuschi (2010), são fenômenos históricos, profundamente vinculados
à vida cultural e social. O autor assegura ainda que os mesmos são inúmeras as situações
sócio comunicativas que circundam pelo nosso cotidiano. Diante desse ponto de vista,
podemos afirmar que a aprendizagem de uma Língua Estrangeira por meio de gêneros
textuais é uma possibilidade de aumentar a auto percepção do aluno.
De acordo com Fiorin (1990), a linguagem cria a imagem do mundo, mas é também
produto social e histórico. O autor diz ainda que, à medida que os sistemas linguísticos vão se
constituindo vão ganhando certa autonomia em relação às formações ideológicas, entretanto,
o componente semântico do discurso continua sendo determinado por fatores sociais. Com
isso, a formação ideológica do sujeito, estimulada pelo uso de diversos gêneros orais e
escritos, tem como um de seus componentes várias formações discursivas interligadas e
materializadas na/pela linguagem.
Sobre isso, Arruda (2012) diz que a utilização de gêneros como objeto de ensino-
aprendizagem se apresenta como uma alternativa para nortear um trabalho em sala de aula
que não seja a tradicional, e que explorar os gêneros textuais vem sendo indicado como
alternativa promissora para o desenvolvimento de habilidades comunicativas na Língua
Estrangeira. Em outras palavras, podemos dizer que o papel do professor nessa fase de ensino,
consiste em adotar práticas pedagógicas, atitudes e posicionamentos perante os conteúdos de
sala de aula, relacionando-os a situações reais de debates e reflexão crítica por meio de temas
atuais. Ou seja, são práticas pedagógicas que contemplem o estudo da língua como ferramenta
de interação social e cultural e que permitem a participação dos alunos no mundo
contemporâneo.
Nesse interim, sugerimos também, aulas baseadas na Abordagem Comunicativa,
muito bem apresentada por Almeida Filho (2008). Em seu livro, o referido linguista relata que
o ensino comunicativo de Língua Estrangeira é aquele que organiza as experiências de
aprender em termos de atividades e tarefas de real interesse e/ ou necessidade do aluno para
que ele se capacite a usar a Língua alvo para realizar ações de verdade na interação com
outros falantes, que também são usuários dessa nova língua. Diante disso, o autor afirma
ainda que, para que ocorra impacto perceptível, realizar mudanças e inovações no material
didático e mobiliários não são suficientes, defendendo a ideia de que são necessárias novas
compreensões de aprender e de ensinar dos professores.
Levando tudo isso em consideração, acreditamos que, ao ensinar uma língua
estrangeira, o professor não pode se limitar a transmitir conhecimentos linguísticos sobre esse
idioma, é preciso, pois, reconhecer o ensino como uma força transformadora de identidades
concebidas em meio às constantes mudanças no contexto sócio-histórico-cultural de cada
etapa da vida dos alunos. Assim, fica clara a necessidade de o docente estar aberto a sua
própria reciclagem, consciente de seu papel enquanto facilitador e certo de que é dele a
responsabilidade de criar situações propicias a aprendizagem dos seus alunos, e para que isso
ocorra, o mesmo necessita de constante renovação de suas práticas pedagógicas.

Considerações Finais

A atual constituição da organização da sociedade tem propiciado o aparecimento de


inúmeros cursos de idiomas que prometem, por meio de diferentes métodos de ensino, a
aprendizagem da língua estrangeira em um espaço mínimo de tempo. No entanto, alguns
fatores incidem sobremaneira no difícil processo de ensinar uma Língua Estrangeira,
principalmente quando falamos em habilidades e competências.
Diante disso, temos como resultados a percepção que o ensino da Língua inglesa pode
funcionar em diversas idades desde que exista, por parte do professor, a busca e a inserção de
novas didáticas de ensino que dinamizem esse processo e tornem as aulas mais criativas,
motivadoras e que despertem nos alunos a curiosidade e o desejo de aprender e fazer
descobertas.
Outro ponto importante está relacionado à instituição escolar que atualizou ou
modificou seus métodos de ensino impostos pela tecnologia, gerando a flexibilização de
estudos por meio de equipamentos informatizados, novos softwares e novas formas de
informação e de comunicação na área educacional. Entretanto, faz-se necessário ressaltar
que essas relações não são sempre bem sucedidas. Há uma grande quantidade de
professores que, mesmo com o aprimoramento de métodos, abordagens e técnicas, não
conseguem estabelecer uma relação de identificação entre a língua estrangeira e a informática.
Assim sendo, podemos afirmar que a Língua Inglesa, de um ponto de vista discursivo,
não pode apenas representar algo já dado, sendo parte de uma construção social que rompe
com a ilusão de naturalidade entre os limites do linguístico e os do extralinguístico. Trata-se
de uma transdisciplinaridade com um foco específico entre o mundo social e a linguagem. E
nesse sentido, destacamos que os sentidos e os sujeitos se constituem em processos em que há
transferências de jogos simbólicos e ideologias.
O indivíduo, independentemente da sua faixa etária, tem a necessidade de, pelo uso da
linguagem, entender e ser entendido, uma vez que, no momento em que o sujeito aprende um
novo idioma, abre-se um caminho de diferenças sócio-histórico-culturais onde cada um tem
seus valores. Podemos, pois, afirmar que um ensino direcionado abre um caminho de
diferenças sócio-histórico-culturais onde cada um tem seus valores, e, por conseguinte, sua
linguagem e sua forma de expressão. Em outras palavras, consideramos que, ao ensinar uma
língua estrangeira, o professor não pode se limitar a transmitir conhecimentos linguísticos
sobre esse idioma, é preciso, pois, reconhecer o ensino como uma força transformadora de
identidades concebidas em meio às constantes mudanças no contexto sócio-histórico-cultural
de cada etapa da vida dos alunos.
Em função disso, sugerimos que os professores de idiomas envolvam mais seus alunos
em atividades contextulaizadas e em conformidade com suas faixas etárias, a fim de que os
mesmos se sintam contribuindo com o próprio processo de ensino-aprendizagem. Assim,
poderão visualizar as aulas de Língua Inglesa como um momento de interação intelectual e
humana, de dialogismo, de inclusão social, tornando o processo de ensino-aprendizado mais
próximo, confiante e eficaz. Por fim, gostaríamos de dizer que os pressupostos teóricos bem
como alguns aspectos colocados em nosso artigo significam apenas uma pequena abordagem,
em meio a tantas mais, que poderiam ser elencadas como contribuições no processo de ensino
da Língua Inglesa.

Referências

ALMEIDA FILHO, José Carlos Paes de. Dimensões Comunicativas no ensino de línguas.
Campinas-SP: Pontes, 2008.
ARRUDA, Climene F. Brito. O ensino de LE por meio de análises de gêneros textuais:
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LEFFA, V. J. Aspectos políticos da formação do professor de línguas estrangeiras. In:
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TAPIA, J. A. e FITA, E. C. A motivação em sala de aula: o que é, como se faz. São Paulo:
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