MOD I - Administração Pública e Ato Administrativo (1)

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MÓDULO I

ES-PAS 2024/1

NOTA DE EDIÇÃO
Esta apostila foi elaborada pela Seção de Capacaitação com apoio da Assessoria
de Apoio para Assuntos Jurídicos da DFPC e faz parte do material de apoio didático do
Estágio Setorial de Capacitação em Processo Administrativo Sancionador para o Sistema de
Fiscalização de Produtos Controlados(ES-PAS 2024/1).
O ES-PAS foi autorizado pela Portaria 098-DGP/AGP, de 14 de maio de 2018 e
possui o código de habilitação OAPP01.
Publicação e distribuição interna, todos os direitos reservados.

Autores
Cel Wenceslau de Almeida Lopes
Cap Veterano Marcelo Miyoshi Iizuka
2º Ten Cícero Carlos Vieira de Sousa

Revisor
2º Ten Cícero Carlos Vieira de Sousa

Equipe Técnica
2º Ten Cícero Carlos Vieira de Sousa

REPRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA

Edição revisada e atualizada em junho de 2024


MÓDULO I
ES-PAS 2024/1

APRESENTAÇÃO

Esta apostila refere-se ao Módulo I e abordará a disciplina: Administração


Pública e Ato Administrativo, cujo objetivo é apresentar ao militar do SisFPC os
conceitos básicos sobre tais matérias, fornecendo uma base didática para o estudo do
Processo Administrativo Sancionador.
Este material de apoio ao estágio foi elaborado em linguagem simples para
melhor entendimento do aluno. Vale ressaltar que ele, por si só, não substitui a
necessidade de consulta às normas específicas, bem como a interação com os demais
colaboradores do Sistema e a pesquisa individual visando à construção do
conhecimento.
As orientações de estudo apresentadas no Guia do Aluno serão de grande valia
para vencer esse desafio. O conhecimento adquirido pelo estagiário ao final deste
módulo facilitará o prosseguimento para o Módulo II “Poder de Polícia Administrativa”.
Em caso de dúvidas, o aluno deverá buscar apoio pedagógico no Fórum de
Dúvidas ou nos canais de comunicação disponibilizados.

Não prossiga com dúvidas!


MÓDULO I
ES-PAS 2024/1

SUMÁRIO

1. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ................................................................................... 5

CONCEITO ................................................................................................................... 5
PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ................................................................... 6
PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ................................................................ 9
ATO ADMINISTRATIVO .............................................................................................. 1
Elementos do Ato Administrativo ................................................................................ 9

São modalidades de atos administrativos: .................................................................. 9

2. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..............................................................................11


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1. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CONCEITO
O conceito de “administração pública” pode ser entendido como sendo o
conjunto de tarefas e objetivos que compõe os objetivos estatais ou como os agentes
públicos e órgãos que executam tais atividades.
Administração pública em sentido amplo abrange os órgãos de governo - e as
funções políticas que eles exercem - e também os órgãos e pessoas jurídicas que
desempenham funções meramente administrativas.
Deve-se entender por função política, neste contexto, a elaboração das
diretrizes e programas de ação governamental, dos planos de atuação estatal, a
determinação das denominadas políticas públicas. De outra parte, função administrativa
resume-se a simples execução - de forma profissional, técnica, neutra - das políticas
públicas formuladas no exercício da atividade política.
Segundo a consagrada jurista e mestra Dra Maria Sylvia Zanella Di Pietro,
basicamente, são dois os sentidos em que se utiliza mais comumente a expressão
“administração pública”:
• sentido subjetivo, formal ou orgânico. Designa os entes que exercem a
atividade administrativa, compreendendo pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos
incumbidos de exercer uma das funções em que se triparte a atividade estatal: a função
administrativa. Quando usada nesse sentido, escreve-se “administração pública” em
letras minúsculas; e
• sentido objetivo, material ou funcional. Designa a natureza da atividade
exercida pelos referidos entes. Assim, administração pública é a própria função
administrativa que se incumbe, predominantemente, o Poder Executivo. Podem ser
encontradas na doutrina outras distinções possíveis em relação a Administração Pública.
Por isso, escreve-se “Administração Pública” com letras maiúsculas.
No campo jurídico, segundo o douto professor Hely Lopes Meirelles,
o Direito Administrativo é o ramo do direito que envolve as normas
jurídicas que disciplinam a administração pública nosentido de exercício da sua função
administrativa.

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PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


 Poder normativo ou regulamentar: o poder normativo, assim denominado por
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, ou também conhecido como poder regulamentar,
qualifica-se como o poder que a Administração possui de editar atos para complementara lei,
buscando sua fiel execução.

 Poder hierárquico: tem como objetivo propiciar, à luz dos princípios


constitucionais e diretrizes legais, a organização, orientação, fiscalização e correição das
atividades exercidas pelos órgãos e seus agentes vinculados.

 Poder disciplinar: competência atribuída para a Administração Pública para


aplicar sanções administrativas aos seus agentes ou administrados pela prática de
infrações de caráter funcional ou administrativo. Pressupõe supremacia especial (vínculo
especial).

 Poder de polícia: capacidade legal de restringir, frenar, condicionar, limitar o


exercício de direitos e atividades econômicas dos particulares para preservar os
interesses da coletividade. Conceito extraído do art. 78 do CTN.

 Poder vinculado: é aquele pelo qual o administrador público não detém


liberalidade na sua decisão, nem pode exercer qualquer juízo de valor referente a
conveniência e oportunidade da ação. Isso significa dizer que, preenchidos os requisitos
previstos na lei, o agente público é funcionalmente obrigado a praticar o ato dentro
dos ditames estabelecidos na norma.

 Poder discricionário: É a prerrogativa legal conferida à Administração Pública


para a prática de determinados atos administrativos com liberdade na escolha de sua
conveniência, oportunidade e conteúdo. Sendo assim, tem-se por discricionariedade a
liberdade de ação da Administração Pública dentro dos limites estabelecidos na lei.

PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


“Princípio é, pois, por definição, mandamento nuclear de um
sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia
sobre diferentes normas, compondo-lhes o espírito e servindo de critério
para exata compreensão e inteligência delas, exatamente porque define
a lógica e a racionalidade do sistema normativo, conferindo-lhes a
tônica que lhe dá sentido harmônico. Violar um princípio é muito mais
grave do que violar uma norma. A desatenção ao princípio implica
ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo
sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou
inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio violado, porque
representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores
fundamentais.”
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 17 ed. São Paulo: Malheiros, 2004, p
.451. (fonte: https://www.migalhas.com.br/depeso/187502/25-anos-da-constituicao- cidada-e-os-principios-
fundamentais-de-direito-penal-e-processual-penal ).
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PRINCÍPIOS BASILARES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:


Constituição Federal /88.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência(...).

 Legalidade – o cumprimento da lei


O princípio da legalidade trata-se da valorização da lei acima dos
interesses privados, ou seja, pessoais. Nesse sentido, a administração pública
só pode ser exercida se estiver de acordo com as leis, fazendo com que a
atuação do Executivo concretize os interesses da coletividade.
 Impessoalidade – o tratamento igualitário
Em sua essência, diz respeito à necessidade de o Estado agir de modo
imparcial perante terceiros, não podendo beneficiar nem causar danos a
pessoas específicas, mas sempre buscando chegar à comunidade ou um grupo
amplo de cidadãos.
 Moralidade – respeito aos princípios éticos estabelecidos por lei
Esse princípio evita que a Administração Pública se distancie da moral e
obriga que a atividade administrativa seja pautada não só pela lei, mas também
pela boa-fé, lealdade e probidade.

 Publicidade – A prestação de contas para a sociedade


Diz respeito à divulgação oficial do ato para conhecimento público. O
princípio da publicidade é requisito da eficácia e da moralidade. Sendo assim,
todo ato administrativo deverá ser publicado, com exceção dos que possuem
sigilo nos casos de segurança nacional, investigações policiais ou de interesse
superior da Administração, conforme previstos na lei.

 Eficiência – a boa gestão dos recursos e serviços públicos


Este princípio exige que a atividade administrativa seja exercida de
maneira eficiente, com rendimento funcional. A eficiência exige resultados
positivos para o serviço público e um atendimento satisfatório, em tempo
razoável.

Lei nº 9.784/99 – rege a Administração Pública Federal


Art. 2º. A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,
finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa,
contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.

 Finalidade
É sinônimo de interesse público, uma vez que todo e qualquer ato da
administração deve ser praticado visando à satisfação do interessepúblico.
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 Motivação
Este princípio determina que para toda ação administrativa, o agente
público deve apresentar as razões que motivaram aquela decisão para os seus
administrados. Ele se torna uma exigência por ser um direito do administrado e
sem a sua explicitação, pode levar a possibilidade de ocorrência de desvio ou
abuso de poder dos gestores.

 Razoabilidade
Tem como objetivo impedir a prática de atos que fogem a razão e ao
equilíbrio do “pensamento comum”, como tomadas de decisões que
beneficiem somente pessoas mais próximas.
 Proporcionalidade
A proporcionalidade funciona como um parâmetro para avaliar a
adequação e a necessidade de um determinado comando.
 Moralidade
Este princípio propõe que o administrador atue tendo como base a
ética na Administração, devendo não somente averiguar os critérios de
conveniência, oportunidade e justiça em suas ações, mas também distinguir o
que é honesto do que é desonesto.
 Ampla Defesa
Corresponde a um direito constitucional conferido ao acusado, para
que o mesmo possa se defender, sem qualquer espécie de impedimento de
seus direitos constitucionais.
 Contraditório
O princípio do contraditório é um corolário do princípio do devido processo legal,
e significa que todo acusado terá o direito de resposta contra a acusação que lhe
foifeita, utilizando, para tanto, todos os meios de defesa admitidos em direito.

 Segurança Jurídica
A segurança se traduz objetivamente, através das normas e instituições do sistema
jurídico. Portanto o exercício do princípio da segurança jurídica estabelece nas
relações confiança e a previsibilidade dos atos no Estado Democrático de Direito.
 Interesse Público
Ele também é chamado de Princípio da Finalidade. Trata dos interesses coletivos dos
administrados, ou seja, todos os atendimentos devem sercom fins de interesses gerais.

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ATO ADMINISTRATIVO
Segundo Hely Lopes Meirelles: "Ato administrativo é toda manifestação
unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha
por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar
direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria".
O ato administrativo constitui, assim, um dos modos de expressão das
decisões tomadas por órgãos e autoridades da Administração Pública, que produz efeitos
jurídicos, em especial no sentido de reconhecer, modificar, extinguir direitos ou impor
restrições e obrigações, com observância da legalidade.

Elementos do Ato Administrativo

 Sujeito competente ou Competência: é o poder que decorre da lei ou por


delegação de autoridade superior, conferida ao agente administrativo para o
desempenho regular de suas atribuições.
• Forma: a forma é o modo de exteriorização do ato, a maneira de se
manifestar no mundo externo. Por exemplo, o edital é a forma de se tornar pública a
realização do concurso público. Em sentido amplo, também se incluem como forma as
exigências procedimentais para realização do ato. Já que as formalidades estão previstas
em lei e devem ser seguidas, também se considera a forma como elemento vinculado dos
atos administrativos.
• Finalidade: a finalidade geral do ato administrativo é satisfazer ao interesse
público. Já a finalidade específica, por sua vez, é aquelaque a lei elegeu para o ato em
específico. Não se pode conceber que o ato não satisfaça ao interesse público ou da
finalidade prevista em lei.
• Motivo: é a justificativa da necessidade de execução de determinada ação
pela Administração Pública, demonstrando-se as razões de fato e de direito que fizeram o
agnte público decidir pela prática do ato.
• Objeto ou Conteúdo: Considerando que a finalidade é o resultado mediato
desejado para o ato, considera-se que o objeto é o fim imediato do ato. Assim sendo,
representa o resultado prático a que determinado ato administrativo conduz, ou seja,
aquilo que é pleiteado pela parte requerente.

São modalidades de atos administrativos:

Atos Negociais - atos que concedem algo pleiteado pelo terceiro junto a
Administração Pública;

Atos Normativos – atos de fiel execução de lei pelos agentes da Administração


Pública;
Atos Ordinatórios – atos de distribuição interna de competênciasou direitos.
Assim, dentro do conceito de ato administrativo, podemos exemplificar os seguintes atos
praticados no Sistema de Fiscalização de ProdutosControlados(SisFPC):

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- edição de portarias normativas (COLOG);


- instauração de PAS;
- homologação do requerimento de concessão de CR;
- concessão de autorização para aquisição de arma de fogo;
- concessão de Certificado Internacional de Importação;
- aplicação de medidas acauteladoras (interdição, suspensão de registro, etc); e
- outros.
Portanto, como atos administrativos que são, as autorizações, concessões e
demais atividades exercidas pelo SisFPC necessitam possuir os elementos
constitutivos do ato administrativo, caso contrário são considerados nulos desde o
seu nascimento.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da disciplina “Administração Pública” cujos
objetivos é entender o conceito de Administração Pública e como são
aplicados os princípios e os poderes administrativos é fundamental para o
desempenho das atribuições públicas, principalmente no que tange ao
SisFPC, que trata com o público externo (pessoas físicas e jurídicas) na
área de regulamentação, fiscalização e autorização de PCE.
Faça uma revisão sumária dos tópicos abordados e procure construir
um conhecimento basilar desse assunto.
Lembre-se! Não é a quantidade de estudo que consolida o
conhecimento, mas a qualidade do estudo.

Não se esqueça de fazer o QUIZ DA HORA.

Bons estudos!

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