Frequência-16-CLEE.pdf
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Situação A
Foi notificado para prestar depoimento no âmbito de um processo decorrente de
uma queixa-crime contra ofensas corporais, desencadeado pela família do Sr.
António a quem prestou cuidados e a quem foi realizado um cateterismo cardíaco
(não urgente= sem que este (vígil e orientado) tenha dado consentimento. No pós-
cateterismo o Sr. António iniciou um quando de confusão e posteriormente
hemiparesia à direita, disfagia e retenção urinária.
A1. Qual a responsabilidade do Enfermeiro em relação ao Consentimento
Informado e nesta situação em particular?
O médico é que deveria ter obtido o consentimento uma vez que se trata de um
procedimento médico, o enfermeiro apenas tem o dever de “informar o individuo e a
família no que respeita aos cuidados de Enfermagem” artigo 105º alínea a) do Código
Deontológico.
Neste caso o enfermeiro tem o dever de “respeitar, defender e promover o direito
da pessoa ao consentimento informado” artigo 105º alínea b) do Código Deontológico,
portanto o enfermeiro deveria ter falado com o médico respeitando o direito à
autodeterminação do Sr. António.
Situação B
Encontra-se na sala de trabalho do Serviço de Internamento de Cirurgia e toca o
telefone. Atende e do outro lado alguém se identifica como filho do Sr. António (que
se encontra em pós-operatório imediato e ainda um pouco sonolento) e lhe pede para
saber como este se encontra, o que realmente lhe fizeram na cirurgia, se tem febre
ou dor, se está a fazer antibiótico, se já teve visitas e de quem? O seu interlocutor
diz morar longe, não ter condições para ir ao hospital neste momento e é insistente
em qerer saber informações sobre o Sr. António.
B1. Redija um/dois parágrafo(s) (em discurso direto) o que respondeu (se
respondesse) ao seu interlocutor.
Boa tarde, compreendo a sua situação e peço-lhe desde já desculpas, mas não
estamos autorizados a dar esse tipo de informação. O que lhe posso dizer é para contactar
mais tarde o seu pai, sendo que só ele lhe poderá dar esse tipo informação caso pretenda
fazê-lo. Peço que compreenda não é que esteja sequer a duvidar que é filho dele, mas
imagine uma situação em que não era realmente você, como profissionais de saúde
estamos condicionados a não dar esse tipo de informação. Tenha uma boa tarde.
B2. Enquadre e fundamente deontologicamente a sua opção e resposta.
Enquanto enfermeira estou obrigada a guardar segredo profissional sobre o que
tomamos conhecimento no decorrer da nossa profissão e que tenho que “considerar
confidencial toda a informação acerca do alvo de cuidados e da família, qualquer que seja
a fonte “artigo 106º nº1 alínea a) do Código Deontológico sendo que poderia “partilhar a
informação pertinente só com aqueles que estão implicados no plano terapêutico” artigo
106º nº 1 alínea b) do Código Deontológico.
Situação C
O enfermeiro Pedro é testemunha de Jeová e objetor de consciência relativamente à
colocação de derivados de sangue em qualquer pessoa que deles venha a precisar.
Está a trabalhar com a enfermeira Rita (que não é objetora) num turno da tarde
num Serviço de Medicina. O Sr. Gregório de 78 anos encontra-se, nesse turno, a
realizar uma Unidade de Concentrado Eritrocitário (UCE) por anemia com 6,5 g/dl
de hemoglobina. Durante a perfusão de UCE, colocada em curso pela enfermeira
Rita, o Sr. Gregório desenvolveu uma reação alérgica exacerbada (choque
anafilático) seguido de paragem cardiorrespiratória.
C1. Em que medida deverá o enfermeiro Pedro participar nos cuidados ao Sr.
Gregório?
Enquadre e fundamente deontologicamente a sua resposta.
De acordo com o Código Deontológico artigo 96º nº2 alínea e) é ainda um direito
de um membro efetivo da ordem a objeção à consciência. Sendo que de acordo com o
artigo 113º do Código Deontológico, este não poderá prejudicar os direitos das pessoas
sendo que deve declarar previamente a sua qualidade de objetor de consciência de forma
a que sejam assegurados os cuidados a prestar.
Contudo o Enfermeiro Pedro é apenas objetor de consciência relativamente à
colocação de derivados de sangue em qualquer pessoa que venha a precisar, como
enfermeiro objetor tem ainda o dever de “respeitar as convicções pessoais, filosóficas,
ideológicas ou religiosas da pessoa e dos outros membros da equipa” artigo 113º nº 1
alínea c) , nesta situação esta objeção de consciência não influência a prestação de
cuidados que tem realizar, tendo que realizar a sua prestação sem realizar qualquer tipo
de juízos de valor.
Estando explanado que enquanto enfermeiro visto que neste caso a objeção de
consciência não se aplica tem que “cuidar da pessoa sem qualquer discriminação
económica, social, politica, étnica, ideológica ou religiosa” artigo 102º alínea a) do
Código Deontológico, assim como tem de “abster-se de juízos de valor sobre o
comportamento da pessoa e não lhe impor os seus próprios critérios e valores no âmbito
da consciência e da filosofia de vida” artigo 102º alínea e) respeitando e fazendo-se
respeitar como vem disposto na alínea f) do mesmo artigo.
Portanto o enfermeiro teria de “corresponsabilizar-se pelo atendimento do
individuo em tempo útil, de forma a não haver atrasos no diagnóstico da doença e
respetivo tratamento” artigo 104º alínea a) do Código Deontológico.